Estrada ameaça aves na ilha de São Miguel

Quercus diz que nova estrada de São Miguel constitui atentado ao desenvolvimento sustentável
11-06-2007 19:38:00
por Lusa/AO


A associação ambientalista Quercus afirmou hoje constituir um atentado ao desenvolvimento sustentável dos Açores a construção de uma estrada na costa da ilha de São Miguel, numa importante zona de nidificação de aves.


Além das implicações ambientais, o núcleo de São Miguel da Quercus refere em comunicado que a obra em causa é “insustentável do ponto de vista técnico e financeiro”.

A associação aponta que se trata de um investimento sem projecto, nem orçamento, estudo de impacto ambiental, garantia de viabilidade técnica e sem ponderação de custos/benefícios.


“Milhares estão a ser enterrados numa estrada sem destino”, salienta a Quercus, acrescentando que está a ser destruída uma importante zona de nidificação de cagarros e o ecossistema da falésia.


O organismo garante já ter “alertado verbalmente” o Tribunal de Contas (TC) para “as vicissitudes da obra”, que constitui um “atentado real a um ecossistema antes estável”.


Recentemente, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alertou para os impactos negativos que a construção da via de acesso à Fajã do Calhau poderá ter nas aves.

Em comunicado, a SPEA exigiu das autoridades que a segunda fase da obra, a começar brevemente, inclua um estudo de incidências ambientais e um plano de protecção ambiental que salvaguardem a protecção deste troço de costa da maior ilha do arquipélago.


O cagarro é uma ave marinha muito abundante nos Açores, que escolhe o litoral das ilhas e de ilhéus para nidificar.


A SPEA estima que nesta área se concentrem cerca de 10.000 cagarros e 25 casais de frulhos.


A costa entre o Nordeste e Faial da Terra está, desde 2003, identificada pela SPEA, de acordo com critérios internacionais, como uma Área Importante para as Aves (IBA), devido ao elevado número de cagarros que tem sido contabilizado ao longo desta área.

O director regional dos Recursos Florestais garantiu na ocasião que a obra “não tem praticamente influência” na população de cagarros, alegando tratar-se de um intervenção “numa pequena zona da costa”.


José Mendes disse que a obra abrange uma extensão de três quilómetros e era esperada “há mais de 50 anos” pela população local, que reivindicava “um caminho seguro” e de fácil acesso.


Segundo adiantou, estão a ser tomados todos os devidos cuidados na intervenção, estando também a ser implementado um plano de recuperação paisagística do local, com recurso exclusivo a plantas endémicas dos Açores.

Fonte: http://acorianooriental.sapo.pt/noticia.asp?pid=16&nid=112874