avistamento de abutre negro em Queluz

Boa noite colegas do forum

Partilho uma informação interessante:

Hoje, dia 3-09, fui surpreendido em pleno jardim do palácio nacional de Queluz pelo avistamento de um abutre negro juvenil; envio fotos do inesquecível encontro.



Saudações ornitológicas

José Pascoal

José Pascoal

Época de eleições, já se sabe...

Espectacular esta observação!

Creio que se trata do primeiro registo recente para o distrito de Lisboa.

Apenas tenho conhecimento de um registo anterior, mas este já antigo: 1 ind. em Colares (Sintra), no séc. XIX - este exemplar, presumivelmente capturado, terá sido conservado no Museu de Lisboa, que ardeu em 1978

Se ele andar muito insistentemente pelo Oeste, acaba definitivamente em terra (várias causas, inclusive fome). É só esperar.

Segundo me recordo, terá acontecido pelo menos 2x (ave enfraquecida).

Confesso que estou preocupado, oxalá tenha melhor sorte do que o congénere do sec XIX.

O que vi há uns anos na Lagoa de Óbidos, parece ter sido antecedido ou seguido por mais observações, e acabou por terra dias depois mais a Norte (capturado para recuperação ainda vivo, se bem me recordo). Não sei se foi o mesmo animal, mas a probabilidade e a direcção em que seguia, confere...
Portanto, uma captura em 2017 pode significar sorte para o bicho, e não azar .

Neste fim de Verão, tenho visto um numero superior de grandes rapinas, aparentemente de passagem mais a Oeste. Outra novidade, parece ser avistá-las mais sobre povoações. Apesar de nas caldas ser suspeito, pois há cada vez mais gaivotas presentes, que dão o alarme e ajudam na detecção.

Pelo menos 3 cobreiras na semana passada, sobre as Caldas (Centro de Saude/Modelo, CENCAL e Avenal) parecendo mirar o solo dos baldios e não exactamente subindo em círculos.
Será um pouco rebuscado, sugerir que devido as crescentes áreas ardidas no Verão, haverá mais presas junto do meio urbano e se vão habituando a isso? Naaa...

Relativamente à ave do séc. XIX, de momento não tenho comigo mais informação. Sei que vem citado neste trabalho:
Souza, J. A. 1869. Catálogo das Collecções Ornithologicas. Psittaci e Acciptres. Museu Nacional de Lisboa. Imprensa Nacional, Lisboa.

Pelo título do trabalho, seria um inventário daquilo que existia no museu. Presumo, sem qualquer certeza, que no museu houvesse informação sobre a origem da ave.

Paulo Lemos escreveu:Será um pouco rebuscado, sugerir que devido as crescentes áreas ardidas no Verão, haverá mais presas junto do meio urbano e se vão habituando a isso? Naaa...

Ainda hoje vi duas cobreiras pousadas em postes eléctricos bem no meio de uma vasta área que ardeu por completo durante este verão, concelho de Vila Velha de Ródão.

Pois, eu também acho que, quando o que arde são prados e campos, muitas rapinas tiram vantagem. E os animais (que sobrevivem) ficam mais expostos e vulneráveis.
Aliás isso é quase "universal", bem como a procura dos próprios incêndios (onde são realmente endémicos), como estratégia de caça.

De qq modo, é normal essas aves fazerem esperas em campo aberto . Podendo ou não haver relação com áreas ardidas, mas sem duvida que sim com campo aberto.
E podiam ser aves inexperientes :p.

Por falar em rapinas pouco vistas no "Centro Oeste", aqui fica mais um pequeno "SPAM" (e já chega por esta semana, pois vou de férias uns dias) .

Se conhecem alguns ninhos de vespa-comum no solo, visitem-nos e confiram que durante este mês, cerca de 1/3 a metade sucumbirá à migração de Pernis (sobrevivem umas obreiras e as rainhas e machos que fogem). Sobra um buraco no solo, uns restos de "papel" do ninho, e umas vespas adultas.
Já me aconteceu descobrir uns ninhos extra, ao surpreender aves que levantam a uns escassos 2-3 metros, para poisarem uns 10 mais adiante (sem temor). As que vejo nesta época, deslocam-se/pousam entre o coberto arborizado, em voo lento e leve. Podem pousar nos arbustos e ramos finos, baixo, difíceis de ver.
Os ninhos de vespa que mais encontro escavados e devorados, são tb em solo florestal (coberto de qq altura, e até semi-fechado), em matos densos e até eucaliptal ou pinhal.

Hasta!

Obrigado ao Gonçalo e ao Paulo por todas essas informações valiosas, vou andar atento aos ninhos de vespas...