ESPÉCIE: Cartaxo-nortenho (Saxicola rubetra)

Ricardo Melo escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:

Ricardo Melo escreveu:Será tudo especulação até se ir ao terreno com um censo/atlas da espécie (área).

Finalmente de acordo

Estivemos sempre de acordo...

Óbvio.

Ricardo Melo escreveu:Afinal os dados do eBird sempre servem para alguma coisa...

lrodrigues escreveu:

Ricardo Melo escreveu:Luis, se eu for à Mourela na primeira quinzena de Junho nos próximos 5 anos (2020-2025), mais ninguém lá for e eu vir sempre cartaxo-nortenho, isso para ti não seria representativo porque não confiarias nos dados, certo?

Pá, isso ia significar que obviamente eu acreditava que viste sempre cartaxo-nortenho. Não está em causa. Também obviamente isso não seriam dados suficientemente representativos para se analisar e tirar ilações sobre a evolução da espécie. E tu sabes bem isso. As aves têm asas e voam...

Quem é o "Pá"?
Evolução da espécie???
Agora não percebi...

Evolução da espécie = evolução demográfica = evolução da população da espécie = tendência populacional.

Gonçalo Elias escreveu:Evolução da espécie = evolução demográfica = evolução da população da espécie = tendência populacional.

Pensei que "evolução da espécie" era tipo o bicho desenvolver uma terceira asa para fugir da área mais rapidamente.

Ricardo Melo escreveu:
Pensei que "evolução da espécie" era tipo o bicho desenvolver uma terceira asa para fugir da área mais rapidamente.

Pá, não avacalhes o tópico ao moço

lrodrigues escreveu:

Ricardo Melo escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:

Ricardo Melo escreveu:Será tudo especulação até se ir ao terreno com um censo/atlas da espécie (área).

Finalmente de acordo

Estivemos sempre de acordo...

Óbvio.

Que seca, novelas com final feliz. Boring!!!

PNicolau escreveu:

lrodrigues escreveu:

Ricardo Melo escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:

Ricardo Melo escreveu:Será tudo especulação até se ir ao terreno com um censo/atlas da espécie (área).

Finalmente de acordo

Estivemos sempre de acordo...

Óbvio.

Que seca, novelas com final feliz. Boring!!!

lrodrigues escreveu:

PNicolau escreveu:

lrodrigues escreveu:

Ricardo Melo escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:

Ricardo Melo escreveu:Será tudo especulação até se ir ao terreno com um censo/atlas da espécie (área).

Finalmente de acordo

Estivemos sempre de acordo...

Óbvio.

Que seca, novelas com final feliz. Boring!!!

vocês querem é sangue

Regressando ao que interessa...  

Segundo o CRAMP, a alimentação da espécie é feita maioritariamente por invertebrados e algumas sementes:

"The following recorded in diet in west Palearctic.
Invertebrates:
mayflies (Ephemeroptera),
dragonflies (Odonata),
grasshoppers, etc. (Orthoptera),
earwigs (Dennaptera),
bugs (Hemiptera: Pentatomidae, Cicadellidae, Aphidoidea),
adult and larval Lepidoptera (Noctuidae, Geometridae, Arctiidae),
larval caddis flies (Trichoptera),
flies (Diptera: Tipulidae, Stratiomyidae, Tab anidae, Rhagionidae, Asilidae, Empididae, Syrphidae, Tachinidae),
Hymenoptera (sawfLies Tenthredinidae, Braconidae, ants Fonnicidae, bees Apoidea),
adult and larval beetles (Coleoptera: Cicindelidae, Carabidae, Dytiscidae, Silphidae, Scarabaeidae, Bynhidae, Elateridae, Cantharidae, Tenebrionidae, Coccinellidae, Chtysomelidae, Curculionidae),
spiders (Araneae),
woodlice (Isopoda),
centipedes and millipedes (Myriapoda),
snails (Gastropoda),
earthworms (Oligochaeta).
Plant material: seeds and blackberries Rubus.
(Rey 1908; Steinfatt 1937; Witherby et al.1938b; Kovgevia arid Danon 1952; Schmidt and Hantge 1954; Scott 1962b; Prokofieva 1980; Steinbacher 1981; Kostin 1983.)"

Relativamente ao habitat nas áreas de nidificação, CRAMP refere alguns dados curiosos, como, por exemplo, no respeitante à competição em territórios contíguos com o cartaxo-comum:

"In west Palearctic, breeds largely to north of Stonechat S. torquata, in boreal and temperate but only marginally in steppe and Mediterranean zones of middle and upper middle latitudes, with more continental bias than S. torquata, although favouring moister and less rough habitats.

General separation of range suggests avoidance of interspecific competition with S. torquata and greater use of seasonal growth of green vegetation such as bracken Pteridiwn and tall grasses or herbage in preference to permanent woody shnibs; where the 2 species breed near each other, S. torquata apparently dominant (Phillips 1970).

Accepts sparser and less robust perches than S. tf_Drciziata, often using posts, fences, or tall weeds; accordingly less dependent on heaths and moors and on coastal situations (except open dunes) and more attracted to gassy areas, including some farmland types, young conifer plantations with gassy ground cover, railway embankments, verges of quiet roads, fringes of wetlands, and gassy uplands to c. 500 m in Britain. (Shanock 1976; Fuller 1982.)

In Canton Bern (Switzerland), prefers level or gently sloping moist or wet terrain, such as meadows, depressions, and rec.:it:ie.:is free of flooding, but avoids cornfields or other crops, and meadows where hay cut before 1 July; thus, up to altitude of c. 670 m, concentrated in marshy areas (Ltips et al. 1978).

On Swiss mountains, breeds up to c. 1800m, exceptionally to 2000-2200 m in zone of scattered juniper Juniperus and other alpine shnibs (Glutz von Blotzheim 1962).

In USSR also breeds in, glades, clearings, and burnt patches in forests, even where dense and unbroken all around; in mountains of Atmeniya breeds up to 2230 m (Dementiev and Gladkov 1954b)."

CRAMP acerca da população:

"Declined markedly in Netherlands, Belgium, and France, less so in West Germany and Czechoslovakia. Recent increase after decline in Britain and perhaps Ireland.

BRITAIN. 10 000-100 000 pairs; declined in Midlands and south-east of England in last 50-60 years, probably partly due to habitat loss, but some increase in upland Britain due to increase in young conifer plantations (ParsloviT 1973). 20 000-40 000 pairs; some increase since early 1960s (Shan-ock 1976).
FRANCE. 10 000-100 000 pairs (Yeatman 1976); decline in north (Mouton 1984).
BELGIUM. About 1000 pairs (Lippens and Wile 1972).
NETHERLANDS. About 1000-1100 pairs (Teixeira 1979); marked decline caused by habitat changes and Sahel drought (Warm-nes et al. 1983; CSR).
WEST GERMANY. 55 000-60 000 (1Theinwald 1982), perhaps too high (AR'). Declining in some areas; for detailed counts see Bauer and Thielcke (Bauer and Thielcke 1982).
SWEDEN. About 350 000 pairs  (tTIfitrarld and Hogstedt 1976).
FINLAND. About 300 000 pairs (ivIerikallio 1958). Catastrophic decline in south in last 2-3 years (OH), but some increase in north (Vsanen 1983); decreased 1978-83 (Vickholm and Vaisanen 1984).
CZECHOSLOVAKIA. Decreased in 20th century, especially in lowlands; at higher altitudes, small increase after 1966 (Hudec 1957; KR).
SWITZERLAND. Some decline (Geroudet 1983; Mouton 1984).
GREECE. A few tens of pairs (GM).

Survival. West Germany: annual adult mortality (breeding birds) 54%; annual 1st -year mortality 67 (Schmidt and Hantge 1954)."

Creio que a situação em Espanha é relevante para compreender a evolução da população nacional.

Aqui fica a ficha da espécie no segundo atlas de nidificantes, publicado em 2003.

https://www.miteco.gob.es/es/biodiversidad/temas/inventarios-nacionales/tarabilla_nortenia_tcm30-100155.pdf

Do livro "Aves da Limia II - Paseriformes" de González et al (dados recolhidos entre 1975 e 2017), partilhado pelo Paulo Belo (a quem agradeço), onde os autores referem que houve, em época nidificante, uma redução acentuada da espécie que teve início nos anos 80, onde existiam 10 a 16 casais, passando de 4 a 6 casais nos anos 90, sendo que desde 1996 não há qualquer registo na área.

Deixo aqui para lerem o ficheiro partilhado pelo Paulo Belo:



Ps.: Não consegui hospedar a imagem via fórum (não estava a funcionar), de forma que, terão que clicar nas imagens para ficarem maiores.

Retomando este assunto e depois de ter estado na Mourela algumas vezes este ano, observa-se uma subtil mas visível intensificação da gestão da paisagem de uma maneira geral, mas tb numa das melhores zonas para esta espécie na Mourela junto á estrada para Tourém. Já tinha discutido isto com a Joana Santana e José Lima Santos com o último a referir que nos últimos anos (pelo menos) há uma remoção mecânica dos matos, por exemplo dos matos baixos que os S. rubetra usavam na área e, isso pode efectivamente ser um factor importante para esta espécie. Pode não ser o único, mas pode ser um aspecto a ter em conta.

Abraço,
L

Depois de não ter havido qualquer registo em 2020, foram ontem (30 de Agosto) vistos dois em Tourém e um na Mourela:
https://ebird.org/portugal/checklist/S93958404
https://ebird.org/portugal/checklist/S93957944

Mas claro que atendendo à data parece-me que não podemos excluir a possibilidade de se tratarem já de indivíduos em passagem migratória outonal.

Sim acho que nesta data já não serão necessariamente reprodutores

Gonçalo Elias escreveu:Mas claro que atendendo à data parece-me que não podemos excluir a possibilidade de se tratarem já de indivíduos em passagem migratória outonal.

Acho que a hipótese de serem aves migradoras é a mais provável. Nos últimos dias a espécie tem sido vista um pouco por todo o país.

EBBA 1 e EBBA 2

Vermelho é onde havia no 1 e não foi visto no 2 - ver legenda.

Basicamente levou uma grande cacetada em todo o sul da Europa (Espanha, Itália e Grécia e áreas importantes de França).

Não é descabido pensar que a espécie tenha deixado de nidificar em Portugal de forma mais ou menos definitiva.

Partilho o link do webinário realizado em Fevereiro sobre o cartaxo-nortenho e a sua situação em Portugal.

Este ano volta a não haver observações de S. rubetra em Portugal em Maio e Junho (mapa abaixo).

impressão minha ou a contração também afecta Espanha?

pedro121 escreveu:impressão minha ou a contração também afecta Espanha?

Não é impressão, não. Afecta e não é pouco.

Falei disso neste webinário, minutos 22 a 25.

@Gonçalo Elias: suponho que os 50 a 1000 individuos inclua individuos em passagem. Se não o é, a origem dos dados devia ser clara.

HL escreveu:@Gonçalo Elias: suponho que os 50 a 1000 individuos inclua individuos em passagem. Se não o é, a origem dos dados devia ser clara.

Os valores referem-se à população nidificante.