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Nuno Sá, o fotógrafo que colabora com a "National Geographic"

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Nuno Sá, o fotógrafo que colabora com a "National Geographic" Empty Nuno Sá, o fotógrafo que colabora com a "National Geographic"

Mensagem por jheitor Qui Jul 19, 2012 3:24 am

Nuno Sá, o fotógrafo que colabora com a "National Geographic"

fonte : jpn.c2com.up.pt

18.07.2012

Já editou seis livros e é colaborador regular de revistas como a "National Geographic". Nuno Sá conta com 10 distinções em concursos internacionais de fotografia de natureza e é membro do maior projeto da área a nível mundial, o "Wild Wonders of Europe".

Como começou o seu interesse pela fotografia?
Sinceramente, o meu interesse pela fotografia começou mais através da paixão pelo mar. Formei-me em direito e a meio do curso de direito tirei um curso de mergulho e comecei a ter contacto com a vida marinha. Quando terminei o curso percebi que estava na área errada e que pensava muito mais nas aventuras que gostava de passar no mar do que nos casos que podia ganhar na barra do tribunal. Então mudei-me para os Açores e inscrevi-me no curso de biologia marinha e comecei a trabalhar com observação de cetáceos. Foi aí que comecei a tirar fotografias. Queria mostrar à família e aos amigos o que via nos Açores, que na altura para mim eram experiências que nunca pensei vir a viver.

Como foi desenvolvendo, então a sua formação em fotografia?
Ser fotógrafo de natureza era mais um sonho do que propriamente um objetivo, porque nunca tinha trabalhado em fotografia. Depois fui investindo os meus ordenados numa máquina melhor, em mais uma lentezinha e levando a fotografia cada vez mais a sério, até que acabei por suspender o meu curso de biologia marinha e dedicar-me a tempo inteiro à fotografia. Fiz alguns workshops e já tinha feito um curso básico de fotografia, mas a aprendizagem acabou por ser muito autodidata também. Hoje em dia, para tipos de fotografia muito específicos existem fóruns e sites na Internet que reúnem experiências de fotógrafos de todas as partes do mundo e foi muito por aí que fui evoluindo.

O que costuma fotografar? Algo em específico ou tudo o que faz parte do meio subaquático?
Durante o inverno, normalmente programo aquilo que vou fotografar no verão: escolho e desenvolvo temas, estudo o comportamento das espécies, etc. Tendo a levar cada vez mais a minha fotografia para o campo da conservação de espécies ameaçadas, para dar algum contributo para que as pessoas se apercebam do nosso património natural. O que eu gosto mais de fazer é trabalho com grandes espécies em alto mar, porque é a fotografia mais imprevisível.

Qual foi, até hoje, o trabalho que deu mais gosto fazer?
Penso que foi fotografar as focas-monge nas Ilhas Desertas, na Madeira. Tanto profissionalmente, como do ponto de vista pessoal, foi muito importante para mim. Foi uma experiência incrível estar numa ilha deserta só com os vigilantes de natureza durante 15 dias e estar perto da foca mais rara do mundo, o mamífero marinho em maior perigo de extinção a nível mundial. Correspondeu àquela imagem um pouco heróica que se tem das experiências que o fotografo da natureza tem de passar para conseguir "a imagem". Foi muito importante também porque fiz a minha primeira capa para a National Geographic Portugal e foi a primeira vez que publiquei uma imagem na National Geographic internacional.

Que características ou requisitos tem de ter um bom fotografo da natureza?
Eu acho que acima de tudo tem de estar muito informado e estudar muito o que se passo por todo o mundo, o que os outros fotógrafos estão a fazer. Temos de nos preparar muito bem e saber o que é um tema que tem interesse a nível nacional e internacional.

Qual é, na sua opinião, a importância da fotografia de natureza no panorama geral da ciência?
Acima de tudo, penso que passa por alertar as pessoas para o que está a ser feito em termos de estudos e para o conhecimento e preservação de espécies. Muitas vezes, a ciência está muito afastada da sociedade em geral e tentando mostrar a beleza dos animais e da natureza podemos chamar a atenção das pessoas.

Trabalha muito em parceria com centros de investigação?
Sim, todos os anos passo algum tempo ou em cruzeiros científicos ou a acompanhar o trabalho de investigadores. E mesmo quando faço trabalhos por iniciativa própria, conto muito com a ajuda de investigadores para a fundamentação teórica, sobre o habitat do animal, o estado da sua população.

Como é o processo criativo? Vai sempre para o terreno com uma ideia muito fixa do que quer fotografar?
Como existe tanta fotografia a ser feita no mundo inteiro, passa muito por investigar o que já foi feito com determinada espécie e onde e o que ainda se pode fazer de novo. De maneira que, regra geral, grande parte do trabalho preparo antes. Às vezes até levo para debaixo de água uma 'cábulazinha' com as imagens que quero fazer. Mas claro que por vezes somos surpreendidos com espécies que não contamos encontrar, ou surge um rasgo de sorte ou de inspiração e aí acabo por improvisar.

Conseguir uma boa foto é sempre muito trabalhoso, ou às vezes é uma questão de sorte?
Especificamente no tipo de fotografia que eu estou a fazer, com espécies em alto mar, é muito trabalhoso. Por exemplo, para tirar uma fotografia boa de um tubarão baleia, ou de uma espécie do género, às vezes é preciso estar uma semana no mar durante 10 ou 12 horas e também ter sorte de apanhar aquele momento certo para conseguir a imagem. Portanto, é um tipo de fotografia que exige muito tempo e muita dedicação mas, por outro lado, os minutos em que realmente temos sucesso são muito intensos e muito recompensadores.

Quais são as principais dificuldades que enfrenta?
O mar, principalmente, é imprevisível, quer em termos das espécies que vamos encontrar e dos seus comportamentos, quer em termos dos elementos que são importantes para uma fotografia (o estado do mar, as condições de luz).

E situações de perigo, já enfrentou alguma?
Nunca! Já trabalhei com várias espécies de tubarões, com as maiores baleias e nunca passei por uma situação de perigo. Já tive momentos de algum receio e, às vezes, de interpretar mal o comportamento dos animais, mas o que é certo é que fui ficando cada vez mais à vontade e, com o tempo, interpretamos melhor o comportamento do animal.

São precisos muitos cuidados evitar essas situações de perigo, muito conhecimento do próprio animal?
Sem dúvida. E vamos percebendo também como devemos comportar-nos para evitar comportamentos mais perigosos dos animais. Vamos interagindo de uma maneira cada vez mais pacífica e harmoniosa com os animais.

Como define estado de desenvolvimento da fotografia da natureza em Portugal?
Nos últimos anos tem havido uma evolução enorme. Até há cerca de cinco anos, existiam três ou quatro nomes reconhecidos de fotógrafos de natureza em Portugal. Hoje em dia temos algumas dezenas de fotógrafos a fazer um trabalho fantástico. A verdade é que Portugal tem um potencial enorme, uma vida natural riquíssima, tanto em terra como no mar, o que ajuda bastante.

A nível pessoal o que destaca como mais enriquecedor nesta atividade?
Para mim é viver um sonho. Desde que sou fotógrafo de natureza, nunca tirei um dia de férias, porque prefiro estar no campo a trabalhar do que numa praia ou de férias seja onde for. É ter a oportunidade de poder fazer exatamente o que quero e o melhor momento que posso passar é mesmo estar a trabalhar.

Que projetos tem para o futuro?
Estou atualmente envolvido num projeto de divulgação da vida natural dos Açores, o projeto Oásis, que envolve uma exposição de imagens em grandes formatos e vai arrancar no Oceanário de Lisboa, a 19 de julho. A exposição fica no Oceanário durante um mês, depois vai passar pelo Faial, S. Miguel e outras cidades nacionais e internacionais. O meu objetivo é surpreender os portugueses com o impacto que a nossa vida marinha tem. Poucos sabem que temos na nossa costa a baleia azul, por exemplo. Este é um projeto que me tem ocupado imenso tempo e é por aí que quero seguir num futuro próximo.

http://jpn.c2com.up.pt/2012/07/18/nuno_sa_o_fotografo_que_colabora_com_a_national_geographic.html
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