Campanha para salvar o priolo acaba hoje

A iniciativa de crowdfunding para salvar a ave reuniu até agora apenas metade do valor ambicionado.

Fonte: http://expresso.sapo.pt/
Data: 01.03.2013


Faltam pouco horas para terminar a campanha de financiamento internacional crowdfunding que visa angariar 28 mil dólares (21.500 euros) para prosseguir o trabalho de conservação do priolo, uma ave que só existe na ilha de São Miguel, nos Açores, e cuja conservação tem sido possível devido ao trabalho desenvolvido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

A iniciativa para salvar o Priolo, conseguiu reunir até agora perto de metade do valor ambicionado (cerca de nove mil euros). O maior donativo (2500 dólares) foi feito por um cidadão australiano ligado ao turismo de natureza.

Mas a SPEA, a organização não governamental que tem desenvolvido o projeto de conservação na última década, não desanima. "A campanha, que arrancou em janeiro e chega ao fim amanhã, teve uma grande divulgação, o que também é bom para o projeto", sublinha Joaquim Teodósio, o responsável da SPEA pelo Projeto Laurissilva Sustentável.

Para manter os cerca de 20 trabalhadores que estão envolvidos na manutenção do habitat florestal da laurissilva micaelense -- único lugar do mundo onde vive esta espécie -- a SPEA tenciona avançar com outros projetos de angariação de fundos, entre os quais uma linha de valor acrescentado.

Na calha está também o possível financiamento comunitário por via de um projeto Life 2013 que já foi candidatado, mas para o qual ainda não há uma resposta de Bruxelas.


O priolo é uma pequena ave com pouco mais de 15 centímetros e 30 gramas de peso que se alimenta de flores, frutos e sementes das espécies nativas da laurissilva micaelense.

Há cerca de quatro anos, estimava-se que existiriam cerca de mil priolos, ou seja, cinco vezes mais do que os referidos duas décadas antes, o que permitiu que o Pyrrhula murina (nome científico) passasse da categoria de "criticamente em perigo" para só "em perigo". Os dados finais do último Atlas do Priolo, realizado no verão passado estão para sair em breve.

Em meados do século XX chegou a pensar-se que o priolo estava extinto. A invasão da ilha com plantas exóticas, como as criptomérias, os incensos ou as conteiras, e o facto de os agricultores correrem a chumbo de caçadeira os priolos que gostavam de comer as flores dos laranjais fizeram com que a espécie quase desaparecesse.

Projeto em risco se não surgirem apoios

Estes dois Life foram galardoados com os prémios Best of the Best, da União Europeia. No total receberam cerca de 4,5 milhões de euros, que ajudaram a dinamizar a economia local. "Estes projetos são dos poucos que permitiram que uma espécie passasse do estatuto de 'criticamente em perigo' para 'em perigo", e não continuar este trabalho pode deitar tudo a perder", sublinha Luís Costa.

O diretor-executivo da SPEA lembra que, "além dos valores ambientais alcançados (aumento populacional do priolo, replantação de 300 hectares de floresta nativa, fixação de carbono e purificação da água), os projetos permitiram o desenvolvimento socioeconómico da região, criando emprego e atraindo turismo", o que terá "permitido um retorno de sete milhões de euros para a região em impactos diretos e indiretos".



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