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Nidificação de Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) na Região Centro

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PNicolau
Paulo Lemos
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Nidificação de Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) na Região Centro Empty Nidificação de Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) na Região Centro

Mensagem por Paulo Lemos Seg Jun 29, 2015 2:03 pm

Viva!
Bem... provavelmente o título é um calafrio para os mais "conservadores" :p.
Decidi criar este tópico apesar de um pouco tarde, mas ainda a tempo de observações (e estamos na "época da fruta", a espécie ainda cria, sendo mais observável rondando essas árvores).

Já tenho abordado observações improváveis como exemplos uma Acrocephalus sp. "às riscas" não identificada (com segurança) e do Lanius collurio como nidificantes localizados no Oeste ainda nos 80s (quando os senator ainda eram aos montes).
Observação menos polémica será na minha opinião porém a de dom-fafe nidificante na Região Centro, desde os 70s e pouco mais adiante portanto também NÃO estamos perante uma espécie que se expande para Sul nem me inclino para que entretanto tenha estado ausente. Eu é que estive das regiões e locais de observação para os ver e mesmo hoje pouco desloco às zonas favoráveis dessa ampla região, especialmente na época quente, em horas decentes e sem ser para olhar de perto para o chão ou para os arbustos.

Baseado no palpite de que se conserva ainda uma população "estável" com distribuição mais ou menos ampla na Região Centro, especialmente a mais montanhosa englobando da Estrela à Serra da Lousã, em Março deste ano juntei  à "inscrição" para o Atlas um pequeno texto de disponibilidade (compensando a falta dela para sistemática) para detectar qdo possível, mapear e orientar dicas para espécies mais interessantes cujo estatuto actual será, este caso, um dos exemplos.
Mesmo assim confesso que não deixaram de me surpreender observações mais recentes (2015) tão a Sul, coincidentes com nidificação, como se nada tivesse mudado desde há décadas e após a regressão de outras espécies. Pela razão já referida, "nidificação" realmente confirmada de Pyrrhula por mim no Centro não tinha nenhuma desde os 80s, apenas observações em fuga ou IDs não confirmadas com segurança, sendo ultimo o registo desta espécie em cria uma fêmea em construção de ninho numa zona mais a Norte, em Carnicães (Trancoso) observação conjunta minha e da M. J. Fernandes, companheira na altura. A observação foi recente o suficientemente para a ter incluído numa lista-selecção para ultimo o Atlas que saiu.
Provavelmente no Outono observam-se os residentes misturados com os Invernantes e não sei como se movimentam, mas é curioso que sempre os observei mais no Verão do que no Inverno, nas zonas de cria. Especialmente no Fim do Verão em grupos (famílias?).
A partir daqui só "pontos de interrogação".

Alguem tem-nos visto?

Pelo que sei e que pode ser util, entre prós e contras, e percebendo porque "pouca gente" detecta a espécie até agora (a principal deve ser haver poucos observadores):

A ave é discreta na época de nidificação (que começa cedo aparentemente e não sei ao certo até quando), permanece e move-se a meia altura no arvoredo ou coberto arbustivo denso, voa directa e rapidamente entre um grupo de vegetação e outro, saindo e entrando a meia altura, dificil de ver ao contrário de outros fringilídeos que pousam mais cimeiros. Voa rápida e vigorosamente até em sentido ascendente encosta acima por exemplo. Em contrapartida, as cores do macho são uma autentica bandeira.. mas só com sorte vermos uma ave passagem. Talvez se ficarmos no local "séculos" como estátuas até a passarada ficar à vontade. Não se ouvem... gerelmente são silenciosos ou contactam-se baixinho qdo em conjunto.

As zonas que vejo como preferenciais são o caos de vegetação verdejante junto aos vales, como tantas outras a perder de vista entre os solos escaldantes das serras actuais, geralmente encostas soalheiras perto de água mas não propriamente junto a ela, podendo eles nidificar centenas de metros encosta acima. Vegetação luxuriante, preferencialmente arbustos e balseiras entre grupos de carvalhos (e outras folhosas), pomares ou olivais, podem ser socalcos ou outros ambientes rurais menos trabalhados, em especial os que ficaram ao abandono com silvados e espinheiros bem desenvolvidos. Parece-me alguma ligação com focos de Prunus spinosa (ninho em 1 caso) e fortemente ligados a jovens ou velhos carvalhais iluminados, desde que coesos e quase semi-climax, já cheios de liquenes e com ramagem farta no estrato médio onde as aves passam a maior parte do tempo.
Presença humana parece ser factor de atracção (não só o ambiente), pois os casais/territórios conhecidos criavam perto do Homem, mais ou menos nos limites entre o "silveste" e o rural de subsistência, mas não imediatamente junto das casas como outros Fringilídeos. Muitas aves seguem este padrão e por vezes os ultimos focos de populações residuais, até as insectívoras como os Lanius.
Mesmo perto do Homem, os caminhos podem ser labirinticos por "montes e vales", especialmente se já semi-abandonados e atulhados de vegetação e alguns acessos são privados dissuadindo visitas. Ponto positivo: o relevo e os binóculos, caso se escolha um ponto elevado com boa visibilidade. Lá pelas aldeias de montanha e aldeias de xisto devem criar muitos casais, na minha opinião e por exemplo.

O calor estival reduz significativamemente a conspicuidade das aves e por qq razão já por si são desconfiadas e atentas (abundancia de predadores talvez), mas mesmo na hora da brasa, na época de cria e coma tenção observam-se domfafes em movimento entre o ninho e arvores de fruto ou cursos de água.
A espécie gosta de cerejas e outros frutos, portanto bons locais de observação, de onde recolhem alimento e se observa movimento, apesar de que algumas árvores são vigiadas por gaviões e as aves muito nervosas. Convém por isso não alertarmos outras aves pois os gritos de alarme são percebidos entre espécies e tudo se complica se a árvore-alvo não for unica na zona.

Quem invertigador ou obsv. de confiança quiser ver destas aves ao vivo, estou disponivel de terça a Quinta desta semana e depois a partir do dia 12. Uma lente de 300mm ou mais tb é util (a minha é uma macro, fracos registos). Contactos MP.
Omiti as localizações.


https://www.flickr.com/photos/69055300@N05/19355003331/

Nidificação de Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) na Região Centro 1rbthf


Última edição por Paulo Lemos em Qui Jul 02, 2015 9:32 am, editado 13 vez(es)
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Mensagem por Paulo Lemos Ter Jun 30, 2015 3:36 pm

Boa Noite!
Reforçando a opinião de que as aves são pouco conspícuas e de que pode ser realmente difícil prospectar no seu território, após 1 manhã inteira quase não consegui visualizar uma delas, senão entre ramagens contra luz. Pior foi ver que as cerejeiras ficaram despidas de frutos em 3 dias, já não concentram as aves arruinando o meu plano de as seguir e observar melhor os seus comportamentos. E o terreno não permite muita visibilidade, necessitava desse plano de emboscada pois não sei (a nível local especialmente e considerando que podem ter hábitos nunca descritos) que outras fonte de alimento a ave procura com a mesma intensidade.

Pretendia, se possível, localizar ninho num território localizado em propriedade privada. Mas mesmo o dono, sendo conhecedor de muitas aves desde miudo, afirma que nunca viu tal bicho com a descrição que lhe dei. No entanto, anda um casal na sua propriedade e terras anexas.
Só para fazerem ideia da atenção que usei contra tudo o que se mexesse (não só aves), visualizei e fotografei um numero recorde de Thecla betulae em várias espécies de árvores e confirmei nidificação de várias outras aves em diversos estratos, 2 novas para a zona.

Mas não venho de mãos vazias: afinal a espécie pode ouvir-se. E após, ontem, estudar vocalizações na internet e hoje as raras ouvidas/gravadas no campo (e na ressalva de saber que as vocalização das nossas aves por vezes diferem bastante das gravações disponiveis na net, de aves mais nortenhas ou de Leste), trago mais 2 dicas:

A 1ª nada ajuda de facto, pois o chamamento assemelha-se ao grito melancólico dos machos tentilhões mais emitidos na Primavera, que pode às vezes ainda ouvir-se em Junho.

A 2ª pode ser muito importante: a Sylvia atricapilla inclui por vezes o chamamento perfeito do domfafe ao iniciar o canto, é uma ave comum no mesmo habitat e canta o dia todo. Provavelmente, esta observação pode ser util e aplicável se se repete noutras "n" zonas onde as 2 espécies residem ou se juntam para nidificar.
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Mensagem por Paulo Lemos Qui Jul 02, 2015 7:02 am

Entretanto já estou em casa e posso ver as fotos (mas tiradas com 100mm com fullframe a uns 6-7m não há milagres).
Editei o 1 post com imagem, algumas do macho a recolher alimento com papo bem cheio até ao bico, que depois algumas vezes ao dia leva para local mais ou menos identificado. Procura cerejas bravas já secas e também vejo mordiscar nos frutos de Lonicera e folhas de uma planta que não consegui identificar, desloca-se entre locais com movimentos algo furtivos.
Nem pensar vasculhar a zona em busca do ninho e isto por várias razões. A 1ª é que as fuinhas costumam seguir-me durante a noite (sem temor), um animal com bom olfato e que trepa como um esquilo, além de que se eu progredir no elevado emaranhado de silvas que cobre o olival não só largo o meu cheiro como me obrigaria a fazer grande estrago e alteração de habitat, expondo acessos. Daqui a semanas vou lá ver.

De qq modo, as fotos, video, referências locais, etc, etc, que recolhi, e o comportamento documentado e observado, são claros e suficiente evidência da nidificação. Ou mesmo pode perceber-se talvez que a fêmea ainda está ligada ao ninho com ninhegos +ou- recém nascidos (ou então pede/come que se farta!). A Fêmea só a vi uma fez junto ao macho (e nunca a colher alimento), vocalizando entre um grupo de mimosas perto do local onde parece situar-se o ninho. Provavelmente a 2ª postura mas não vi mais nenhum exemplar na zona.
Quanto aos textos escritos à pressa e descrições dei um jeito (+ ou -)...

As Sylvia imitam por vezes 2 tipos de chamamentos desta espécie (o de voo tambem, raramente ouvido: apenas ao pousar, 1x), no canto pode surgir uma estrofe completa só com imitação e confunde a presença ou não momentanea dom fafe, para quem já se habituou à sua voz. A voz do dom fafe é pouco notória, é dificil de "entrar e não fica no ouvido", isto na minha opinião, e não se destaca no ambiente sonoro em geral dos habitat.
Costumo ser sensível a novos/raros sons de qq coisa que mexa mas esta espécie é uma excepção.
Qdo puder compilo todos os velhos e novo registos noutro local (a público por princípio não divulgo localizações e afins).
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Mensagem por Paulo Lemos Sex Mar 25, 2016 6:41 pm

Hello!

Pouco tempo para dar dicas na net, mas fica para já um resumo:

Infelizmente não visitei locais no Inverno mas pelo menos os machos, se não permaneceram sempre como residentes, estão nos seus territórios de cria desde meados de Fevereiro no mínimo. Este facto e o comportamento ajudou a confirmar posteriormente (Março) mais 4 locais de nidificação algo distantes entre si e a excluir outros estatutos possíveis das aves observadas.

Aparentemente são mais conspícuos e vocais na fase pré-nupcial. Não só porque a vegetação está menos exuberante... pois até os observei-os pousados no topo de arbustos junto ao local onde se situará o ninho (como que a chamar a atenção para a fêmea?). Cantam frequentemente (por vezes escondidos por entre árvores ou arbustos).
Em inícios de Março já os casais davam alarme perto do local dos ninhos e em fins deste mês já os há construídos, provavelmente até já iniciada a 1ª postura  mas ainda não confirmei..
Agora em fins de Março, estão mais "furtivos".

Confirmo que as Sylvia atricapilla e também os piscos-de peito ruivo (nesta altura cantam especialmente, ou por vezes os tordos, incluem sons da espécie nos seus cantos (todas as provavelmente residentes desse território).

O que me preocupa, como ameaça certa às populações desta espécie, é que as zonas de nidificação escolhidas são "fóbicas" a qualquer teoria ou prática, seja a mais benigna e selectiva, de limpeza de matos e silvados. Portanto, sobrevivem à feliz incúria de proprietários... desde que me lembro.
Independentemente da localização no relevo (altitude, nos vales ribeirinhos ou bem mais acima em encostas e cumes), o local de nidificação é algo soalheiro e a espécie não teme o calor.

Apesar de os habitat terem floresta próxima (que pode ser mais aberta e pobre em espécies) a relação com carvalhais parece secundária, sendo o principal coberto o arbustivo denso com algumas árvores de médio porte, numa sucessão característica de espécies em ambiente semi-rural "descuidado" (outrora mais frequente, apesar do êxodo rural) desde que atulhe uma área considerável ou redes da mesma. Numa das zonas de nidificação, tal sucessão centra-se entre Matagal med. com dominância de Pinus.
Até agora sempre em relevo, junto a agricultura tradicional pouco activa com pequenos pomares ou árvores de fruto espalhadas, focos de arbustos e "edgerons" bem desenvolvidos, tudo bastante atulhado de silvados e sebes. Especialmente importantes parecem ser espécies caducifólias como "espinheiros", mais ou menos desenvolvidos (Prunus spinosa e Crataegus) com os quais pode haver várias relações.

Isto forma um ambiente difícil de explorar mas especialmente zonas rico em diversidade e abundância de pequenas aves, pelo tipo diverso de vegetação, de recursos que a mesma proporciona e pela impenetrabilidade como factor de protecção.

Já me parecia desde há anos e de facto as minhas observações mais recentes vão confirmado que a presença bem sucedida de Dom-fafe nos locais que conheci (e onde continuam) se deve ao factor protecção que este ambiente "caótico" proporciona (superior ao da floresta), o aos espinheiros. Nas zonas onde vejo ser efectuada limpeza regular em pelo menos metade da "área de aspecto favorável", ou simplesmente arranjo das propriedades rurais de x em x anos, muitas das aves residentes nesses territórios costumam ver-se "aos restos" (penas, etc) capturadas por Gavião nos dias ou semanas seguintes. Ou desaparecem sem rasto mas desconfio que não "foram embora", apenas sucumbiram por tentar permanecer. Provavelmente os ninhos tb mais expostos aos corvídeos. Presumo que o Dom-fafe seja potencial vitima de ambientes em mutação mais regular.
Observado também que, ao mínimo sinal de alarme desta rapina (por outras aves), os Dom Fafe enfiam-se nos espinheiros entre silvados e trepadeiras que por vezes cobrem a altura das copas e bordas arborizadas. Como se conhecessem os velhos cantos da casa, em relativamente extensa continuidade.

Esta espécie provavelmente cria a Sul da Serra da Lousã.
Havia aqui alguém a observar a espécie em Tomar há uns dias. Olho neles, se o ambiente for apropriado.
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Mensagem por PNicolau Sáb Mar 26, 2016 4:36 am

Esta espécie está neste momento em migração e Março é um dos melhores meses para os observar. O ano passado vi dezenas em fins de Março (quase Abril) na Serra de Grândola, e já por vários anos consecutivos que são vistos no Ribatejo também nesta altura.
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Mensagem por João Tomás Sáb Mar 26, 2016 5:22 am

PNicolau escreveu:Esta espécie está neste momento em migração e Março é um dos melhores meses para os observar. O ano passado vi dezenas em fins de Março (quase Abril) na Serra de Grândola, e já por vários anos consecutivos que são vistos no Ribatejo também nesta altura.

Eu estou com o Pedro. Creio que é um pouco cedo para afirmar que vão/estão a nidificar. Não estou a dizer que não haverá essa possibilidade, até porque se houver habitat saudável as aves, e os animais em geral, têm tendência a instalar-se e a reproduzir-se.

Posso dar o exemplo aqui de Vila Real (Universidade): já há pelo menos 4-5 anos que faço saídas regulares aqui no Campus da Universidade. Ora, o que vejo é que chega a Março e as aves parece que ficam com mais confiança pois começam as cantorias (e como as árvores estão despidas ajuda na detecção). Agora, o que constatei é que, por exemplo, neste Inverno (Novembro-Fevereiro) nas visitas que fiz apenas detectei 2-3 indivíduos no máximo - posso chamar as estas aves de invernantes na UTAD (universidade). Neste mês de Março comecei a observar um bando com cerca de 7-8 aves a alimentar-se numa árvore (todos os anos é visitada pela espécie quando está em flor), sendo que os machos já começaram a cantarolar. Chegando a última semana de Março puff... deixei de os ver Razz todos os anos eles deixam-me com esperanças de que vai ser este o ANO dos dom-fafes se reproduzirem por aqui, mas não! Estas serão aves que já estão em migração pré-nupcial, e como é bastante comum nas espécies durante esta migração, os machos vão cantando e exibindo os seus dotes para as fêmeas ou apenas para manter o território de alimentação por 1 dia/horas.

Quanto à situação que expões Paulo, talvez seja ainda um pouco cedo para se afirmar que estamos perante um caso de reprodução. Daqui a umas semanas falamos Smile eheheh
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Mensagem por Paulo Lemos Sáb Mar 26, 2016 12:01 pm

Suspect Very Happy  Podia jurar que tinha escrito algo parecido com "não me venham cá perguntar como sei se são aves nidificantes ou não"... mas devo ter apagado sem querer, ao organizar alguma linha por copy-paste.
Claro que tive de confirmar o que realmente fazem ali as aves e não estive atento por acaso já que há observações menos recentes de que a ave cria por cá muito cedo, pelo menos no centro (construção dos ninhos em Março como já disse no ano passado). As observações de comportamento descartam qq possibilidade de se tratarem de aves de passagem. As aves têm território bem definido, já têm ninho e definitivamente não andam em bandos nem "calmas e descontraídas".

A própria "tese" que apresentam pode dar-me razão, pelo menos nalguns casos: como disse, as aves a partir desta altura tomam-se muito furtivas, portanto como sabem que não se escondem por aí algures perto dos locais onde as observam, em vegetação luxuriante? As que consideram de passagem, sê-lo-ão mesmo todas e em todas as localizações? Por mim essas aves que se vêem em bandos podem de população migradora de Norte que criará mais tarde, ou jovens aves do ano passado, aves não acasaladas, etc., que o sendo podem também ser (ou pelo menos algumas) da "nossa" população.

Não é possível em nenhum dos casos aproximar-me do ninho sem fazer danos (um deles nem dá para ver onde fica, apenas se perde a fêmea no meio do silvado com "ervas" no bico, portanto têm de aguardar por fotos decentes em que se note claramente que são ninhos da espécie. Já no ano passado mal consegui filmar 2 juvenis recem-voadores e foi impossível chegar ao ninho.
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Mensagem por PNicolau Sáb Mar 26, 2016 1:17 pm

Bem, este Março já vi narcejas a acasalar, lugres a cortejarem-se, combatentes em parelha, entre muitas outras espécies que nidificam bem no Norte, cá pelo sul.

Os dom-fafes até podem nidificar na regiao centro, que nem sem bem que região é especificamente, e até em mais locais, é verdade. Mas comportamentos em Março não são confirmatórios a menos que se vejam aves no ninho ou equivalente. Agora, não digo que não nidifiquem, até acredito que o façam.
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Mensagem por João Tomás Sáb Mar 26, 2016 1:51 pm

PNicolau escreveu:Bem, este Março já vi narcejas a acasalar, lugres a cortejarem-se, combatentes em parelha, entre muitas outras espécies que nidificam bem no Norte, cá pelo sul.

Os dom-fafes até podem nidificar na regiao centro, que nem sem bem que região é especificamente, e até em mais locais, é verdade. Mas comportamentos em Março não são confirmatórios a menos que se vejam aves no ninho ou equivalente. Agora, não digo que não nidifiquem, até acredito que o façam.

Não vi o que viste mas concordo inteiramente. Paulo eu também acredito que eles nidifiquem por essas bandas... e até que era porreiro para a espécie pois ajudava a perceber melhor o mapa de nidificação da mesma Smile Depois envias fotos dos bebés para nos fazer "abrir os olhos" Razz
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Mensagem por pedro121 Sáb Mar 26, 2016 2:01 pm

Talvez seja preferível definir primeiro exactamente o que entendem por região centro.

Parece-me também oportuno sugerir uma consulta a esta obra:

http://biblioteca.avesdeportugal.info/breedingalgarve.html
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Mensagem por Gonçalo Elias Sáb Mar 26, 2016 3:58 pm

Para além da questão dos limites da "região centro", conviria também que fossem dados mais elementos sobre as datas de observação.

Eu também já vi muitas vezes dom-fafes no "centro" em Março e tenho também dois registos na primeira semana de Abril (ambos a dia 6).

Quanto aos comportamentos "nupciais", eles valem o que valem, há muitas aves migradoras, nomeadamente passeriformes, que cantam nos seus territórios de Inverno e também durante a migração. E também já vi narcejas a "cantar" (isto é, a fazer parada nupcial em voo) nos territórios de invernada no Alentejo.
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Mensagem por Paulo Lemos Sáb Mar 26, 2016 6:10 pm

Quando criei o tópico considerei esta região: http://www.vacances-location.net/aluguer-ferias/maps/normal/portugal/centro.png. Poucos dados ainda mas caso desta espécie talvez limitada a locais montanhosos ou de intrincado relevo, ou apenas coincide assim porque o nicho de nidificação está melhor conservado nessa áreas?

Eu também "acredito" que haja por aí mais espécies residuais a nidificar "out of range", não faço ideia quantas mas algumas já eu testemunhei há uns anos e darei novidades qdo as confirmar de novo, ou nalguns casos a espécie e não só o Genus (exemplo Acrocephalus x, Emberiza y...).
Espécies em display há aos montes em qq época... mas também há evidencias de nidificação, e há sempre diferenças comportamentais, ainda que subtís (dependendo das espécies), entre aves residentes/nidificantes ou passageiras.
Não tive dúvidas de que nalguns territórios os Dom-fafe não estariam de passagem, um deles o do ano passado (apesar de o local do ninho ter mudado este ano, talvez porque os silvados estão diferentes e ainda nús).

Outra coisa para a discussão é que não é meu hábito, geralmente, transmitir em local publico informação EXACTA delicada (ou de espécies sensíveis, perseguidas ou de população desconhecida). A teoria de que compensa darmos a conhecer "para se poder proteger" é importante sim, cativa a atenção de muita gente mas continuo a não gostar de a ver aplicada para qualquer observador, já que os mais experientes poderão expor a nível local, por exemplo, um "mapa" bastante rigoroso de espécies sendo algumas sensíveis ou procuradas/perseguidas (e assim mais facilmente essas pessoas serão seguidas e essa informação usada para fins menos claros?).

Haverá alguma coisa que nos escape, no quão perseguidas são as nossas espécies de aves? Lembro o caso das orquídeas, nas quais será bastante mais fácil de controlar a perseguição a que são sujeitas após divulgação nas redes sociais por exemplo. Vários posts anunciam que no lugar delas apenas ficam os buracos.

Sei que há gente que faz vida disso, já me cruzei com alguns nos campos. Quando estudava em Lisboa nos 90s, mais do que 1x me cruzei com personagens estilo "arrumadores de carros", carregando mochilas apertadas de onde se ouviam várias espécies de aves juvenís silvestres, incluindo insectívoras, provavelmente para serem vendidas em massa a um "receptor qualquer".

Ainda não explorei o e-birds outras bases de dados e desconheço se há ou não forma de limitar a visibilidade de certos dados e, se sim, quem terá acesso a eles e para quê. Por outro lado, até "em prol da ciência" já me deparei com mais do que 1 situações que... enfim...
Outra questão é o impacto "local" de divulgarmos conhecimento, ou efectuarmos visitação assumida (ou dificil de esconder) a um local, sem ponderação prévia do contexto humano residente... isto porque "longe das cidades" nem toda a gente "gosta" de natureza como nós, e de facto o que mais vejo são práticas que, por má vontade ou ignorância, tendem a subtrair qualquer impulso conservantista ou mesmo contrariá-lo com destruição compulsiva. Muitos dizem sim pela nossa frente, mas no outro dia vão buscar o serrote.
Se há muitos equívocos na conservação, nada de novo haver populações equivocadas, desconfiadas e até revoltadas relativamente a estes e outros assuntos... não apenas "o zé-povinho" como até quadros superiores, já para não falar em quezílias e interesses relacionados com práticas pouco amigas da natureza). Às vezes tudo se passa sem nos apercebermos, as pessoas agem e calam-se.
De forma simples, muito comum é isto:
"Olha um sobreiro pequeenino no meu quintal... vou já cortá-lo antes que alguem o veja".
Deduz-se então que nos locais dos Dom-fafe haverá disto:
"Deixa-me cá já cortar os espinheiros do meu terreno... não vão um dia proibir-me de o fazer".

Há até quem confesse: "detesto estas paisagem de matos silvas e mais silvas... se não desse trabalho e problemas metia já fogo naquilo (e todos os Verões é a mesma coisa).

Não vejo pressa em divulgar dados e o que expus é suficiente para outros observadores estarem atentos à espécie em ambiente propício. E, caso contrário, também convidei no ano passado (para quem se organizar de forma selectiva, ou para quem estudar estes assuntos) quem pretenda visitar local e observar as aves. Daqui a mais 1 semana voltarei lá.
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Mensagem por pedro121 Dom Mar 27, 2016 2:18 am

Paulo Lemos escreveu:Quando criei o tópico considerei esta região: http://www.vacances-location.net/aluguer-ferias/maps/normal/portugal/centro.png.
.

O link não é valido.
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Mensagem por pedro121 Dom Mar 27, 2016 2:34 am

Paulo Lemos escreveu:

Eu também "acredito" que haja por aí mais espécies residuais a nidificar "out of range", não faço ideia quantas mas algumas já eu testemunhei há uns anos e darei novidades qdo as confirmar de novo, ou nalguns casos a espécie e não só o Genus (exemplo Acrocephalus x, Emberiza y...).
Espécies em display há aos montes em qq época... mas também há evidencias de nidificação, e há sempre diferenças comportamentais, ainda que subtís (dependendo das espécies), entre aves residentes/nidificantes ou passageiras.
Não tive dúvidas de que nalguns territórios os Dom-fafe não estariam de passagem, um deles o do ano passado (apesar de o local do ninho ter mudado este ano, talvez porque os silvados estão diferentes e ainda nús).

Outra coisa para a discussão é que não é meu hábito, geralmente, transmitir em local publico informação EXACTA delicada (ou de espécies sensíveis, perseguidas ou de população desconhecida). A teoria de que compensa darmos a conhecer "para se poder proteger" é importante sim, cativa a atenção de muita gente mas continuo a não gostar de a ver aplicada para qualquer observador, já que os mais experientes poderão expor a nível local, por exemplo, um "mapa" bastante rigoroso de espécies sendo algumas sensíveis ou procuradas/perseguidas (e assim mais facilmente essas pessoas serão seguidas e essa informação usada para fins menos claros?).

Haverá alguma coisa que nos escape, no quão perseguidas são as nossas espécies de aves? Lembro o caso das orquídeas, nas quais será bastante mais fácil de controlar a perseguição a que são sujeitas após divulgação nas redes sociais por exemplo. Vários posts anunciam que no lugar delas apenas ficam os buracos.

Sei que há gente que faz vida disso, já me cruzei com alguns nos campos. Quando estudava em Lisboa nos 90s, mais do que 1x me cruzei com personagens estilo "arrumadores de carros", carregando mochilas apertadas de onde se ouviam várias espécies de aves juvenís silvestres, incluindo insectívoras, provavelmente para serem vendidas em massa a um "receptor qualquer".

Ainda não explorei o e-birds outras bases de dados e desconheço se há ou não forma de limitar a visibilidade de certos dados e, se sim, quem terá acesso a eles e para quê. Por outro lado, até "em prol da ciência" já me deparei com mais do que 1 situações que... enfim...
Outra questão é o impacto "local" de divulgarmos conhecimento, ou efectuarmos visitação assumida (ou dificil de esconder) a um local, sem ponderação prévia do contexto humano residente... isto porque "longe das cidades" nem toda a gente "gosta" de natureza como nós, e de facto o que mais vejo são práticas que, por má vontade ou ignorância, tendem a subtrair qualquer impulso conservantista ou mesmo contrariá-lo com destruição compulsiva. Muitos dizem sim pela nossa frente, mas no outro dia vão buscar o serrote.
Se há muitos equívocos na conservação, nada de novo haver populações equivocadas, desconfiadas e até revoltadas relativamente a estes e outros assuntos... não apenas "o zé-povinho" como até quadros superiores, já para não falar em quezílias e interesses relacionados com práticas pouco amigas da natureza). Às vezes tudo se passa sem nos apercebermos, as pessoas agem e calam-se.
De forma simples, muito comum é isto:
"Olha um sobreiro pequeenino no meu quintal... vou já cortá-lo antes que alguem o veja".
Deduz-se então que nos locais dos Dom-fafe haverá disto:
"Deixa-me cá já cortar os espinheiros do meu terreno... não vão um dia proibir-me de o fazer".

Há até quem confesse: "detesto estas paisagem de matos silvas e mais silvas... se não desse trabalho e problemas metia já fogo naquilo (e todos os Verões é a mesma coisa).

Não vejo pressa em divulgar dados e o que expus é suficiente para outros observadores estarem atentos à espécie em ambiente propício. E, caso contrário, também convidei no ano passado (para quem se organizar de forma selectiva, ou para quem estudar estes assuntos) quem pretenda visitar local e observar as aves. Daqui a mais 1 semana voltarei lá.

Bom, eu dei-me ao trabalho de ler tudo o que postas-te e basicamente depois de exprimido o sumo da tonelada de considerações e divagações é muito pouco. Ou seja, viste Dom-fafes em época de passagem com comportamentos nupciais, incluindo a construção do ninho, mas não tens provas concretas disso. Afirmas que a espécie é muito secretiva na época de nidificação, mas eu já observei a espécie na época de nidificação em Portugal e Espanha e não concordo muito com isso, eles até podem ser mais fáceis de detectar porque se movem mais.

O habitat que indicas não faz muito sentido, dom-fafes em silvados? e não está particularmente de acordo com a literatura, mas tudo bem, as aves adaptam-se.

Quanto há divulgação de dados e locais, eu concordo com o principio, mas a espécie em causa tem uma população muito grande e não está de modo nenhum ameaçada ou é sensível, por isso faz-me um bocado de confusão a questão.

De qualquer modo a questão em si é apenas uma curiosidade, de pouca ou nenhuma importância no esquema das coisas, seria mais significativo que a população portuguesa estivesse em aumento sustentável do que saber se há casais a criar a sul da área de distribuição.

Bem, dito isto, porque não? a mim não me faz nenhuma confusão que haja por ai Dom-fafe a criar e se os há alguém eventualmente irá documentar o registo e divulga-lo.

Eu este ano quero ver Cruza-bicos e Melros-de-agua que estão a criar em Leiria, claro que nesses casos os locais são lógicos, a presença das aves documentada, e foram vistos por vários observadores.
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Mensagem por Luis Silva Dom Mar 27, 2016 5:58 am

pedro121 escreveu:
Paulo Lemos escreveu:Quando criei o tópico considerei esta região: http://www.vacances-location.net/aluguer-ferias/maps/normal/portugal/centro.png.
.

O link não é valido.


Pedro, basta retirar o ponto final do link

http://www.vacances-location.net/aluguer-ferias/maps/normal/portugal/centro.png

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Mensagem por Gonçalo Elias Dom Mar 27, 2016 6:42 am

pedro121 escreveu:foram vistos por vários observadores.

Esta questão é muito importante. De um modo geral, o facto de um registo invulgar ser testemunhado por mais de uma pessoa, reforça a credibilidade de uma observação, e este aspecto adquire particular relevo quando estamos a falar de registos que fogem ao padrão temporal ou espacial que é conhecido.

Escrevi isto também por causa desta parte:

Paulo Lemos escreveu:Outra coisa para a discussão é que não é meu hábito, geralmente, transmitir em local publico informação EXACTA delicada (ou de espécies sensíveis, perseguidas ou de população desconhecida). A teoria de que compensa darmos a conhecer "para se poder proteger" é importante sim, cativa a atenção de muita gente mas continuo a não gostar de a ver aplicada para qualquer observador, já que os mais experientes poderão expor a nível local, por exemplo, um "mapa" bastante rigoroso de espécies sendo algumas sensíveis ou procuradas/perseguidas (e assim mais facilmente essas pessoas serão seguidas e essa informação usada para fins menos claros?).

Entendo a preocupação em não divulgar publicamente e respeito que não o faças.

No entanto, por ser este um caso do tipo dos que descrevi acima (isto é, que foge aos padrões conhecidos para esta espécie), creio que seria bom que a observação fosse efectuada por mais um ou dois observadores experimentados. Conforme expliquei, isso contribui para reforçar a credibilidade de uma observação invulgar e, consequentemente, do observador. Sugiro que convides um ou dois observadores para ir contigo ao local em questão.

Gostaria de deixar claro que isto não é uma questão pessoal, mas sim transversal e que considero que se deveria aplicar a toda a gente. Os erros existem, toda a gente os faz e os observadores que estão mais preocupados com o rigor da informação dão bastante importância a este aspecto: eliminar a margem de erro - e isso consegue-se facilmente com testemunhas (isto é, criando condições para que o registo seja efectuado por mais de uma pessoa).

Um dos melhores observadores que conheci viveu em Portugal durante muitos anos e que descobriu dezenas de raridades no nosso país. Embora fosse uma pessoa muito respeitada na comunidade e cujas observações não eram em geral questionadas, ele tinha sempre a preocupação de garantir que qualquer raridade que ele descobrisse era vista por mais uma ou duas pessoas. Não por uma questão de twitching ou de fazer listas, mas porque ele tinha bem a noção de que quanto mais pessoas testemunhassem o registo invulgar, menor era a margem para o rigor da observação ser questionado. Por isso muitas vezes no dia em que descobria uma raridade, ele telefonava (a mim ou a outros observadores) a dizer "olhem, está uma ave da espécie X no sítio Y, se puderes passa por lá e faz umas fotos" (convirá referir que nessa época não havia internet e que o observador em questão não costumava fotografar).

Noutra situação, em que eu era coordenador regional do altas de nidificantes, por volta do ano 2000, um dos colaboradores telefonou-me a dizer que tinha encontrado chapim-carvoeiro Periparus ater a nidificar no concelho de Almada. Naquela altura a ocorrência da espécie na Península de Setúbal não era conhecida por isso isto era uma novidade absoluta. Eu felicitei-o pelo registo, ele perguntou se eu queria ir lá ver, eu respondi que não duvidava da identificação, mas ele não desarmou, pois tinha noção de que o registo poderia ser questionado mais tarde e disse-me "eu faço questão que venhas comigo confirmar a observação". Eu então combinei com ele e lá fomos ao local em questão, e lá se confirmou a nidificação da espécie com um adulto a transportar alimento - na altura foi a primeira confirmação para o distrito.
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Mensagem por pedro121 Dom Mar 27, 2016 8:16 am

Luis Silva escreveu:
Pedro, basta retirar o ponto final do link

http://www.vacances-location.net/aluguer-ferias/maps/normal/portugal/centro.png

Obrigado, preguiça da minha parte. Very Happy Very Happy
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Mensagem por João Tomás Dom Mar 27, 2016 8:27 am

pedro121 escreveu:Eu este ano quero ver Cruza-bicos e Melros-de-agua que estão a criar em Leiria, claro que nesses casos os locais são lógicos, a presença das aves documentada, e foram vistos por vários observadores.

No interior do distrito Pedro? Também quero ver Laughing

Paulo Lemos escreveu:Outra coisa para a discussão é que não é meu hábito, geralmente, transmitir em local publico informação EXACTA delicada (ou de espécies sensíveis, perseguidas ou de população desconhecida). A teoria de que compensa darmos a conhecer "para se poder proteger" é importante sim, cativa a atenção de muita gente mas continuo a não gostar de a ver aplicada para qualquer observador, já que os mais experientes poderão expor a nível local, por exemplo, um "mapa" bastante rigoroso de espécies sendo algumas sensíveis ou procuradas/perseguidas (e assim mais facilmente essas pessoas serão seguidas e essa informação usada para fins menos claros?).

Concordo com o Gonçalo, há que respeitar as opções de cada um de divulgar ou não os dados que obtém no campo. Todos os dados que estão divulgados em bases de dados disponíveis na internet correm sempre o risco de ser bem ou mal utilizados, isso já sabemos.

E volto a reforçar o que já disse, é possível que os dom-fafes criem/venham a criar na região que referes (já agora no link que enviaste delimita uma zona bastante grande, é suposto?). A natureza, ao contrário do que alguns possam pensar, não é estática... o que hoje acontece amanhã já pode não acontecer o dár-se noutro local. Sem não se procurar não se pode afirmar que não existe. Daqui a umas semanas já sabemos se os dom-fafes nidificam a sul do limite que é conhecido. E como o Gonçalo diz, não custa muito convidar 2-3 observadores apenas para credibilizar mais o registo. Quer dizer, pode custar 2-3 cafés/cervejas Razz
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Mensagem por pedro121 Dom Mar 27, 2016 8:36 am

João Tomás escreveu:
No interior do distrito Pedro? Também quero ver Laughing

Bem no interior, os Melros d'agua em cima da fronteira com Castelo Branco, e os cruza-bicos literalmente em cima da fronteira com Coimbra
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Mensagem por Gonçalo Elias Dom Mar 27, 2016 8:43 am

pedro121 escreveu:Bem no interior, os Melros d'agua em cima da fronteira com Castelo Branco, e os cruza-bicos literalmente em cima da fronteira com Coimbra

rio Zêzere e serra da Lousã, suponho?
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Mensagem por João Tomás Dom Mar 27, 2016 8:54 am

pedro121 escreveu:Bem no interior, os Melros d'agua em cima da fronteira com Castelo Branco, e os cruza-bicos literalmente em cima da fronteira com Coimbra

Nos locais que o Gonçalo refere?
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Mensagem por pedro121 Dom Mar 27, 2016 9:04 am

João Tomás escreveu:
Nos locais que o Gonçalo refere?

Malta, para que é que serve o eBird? Smile
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Mensagem por João Tomás Dom Mar 27, 2016 9:07 am

pedro121 escreveu:Malta, para que é que serve o eBird? Smile

pedro121 escreveu:Obrigado, preguiça da minha parte. Very Happy Very Happy

Idem Razz
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Mensagem por Gonçalo Elias Dom Mar 27, 2016 9:08 am

pedro121 escreveu:
João Tomás escreveu:
Nos locais que o Gonçalo refere?

Malta, para que é que serve o eBird? Smile

nem todos os registos estão no eBird, como sabes.

Além disso deu-te mais trabalho escrever a frase anterior do que um simples "sim" Laughing
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Mensagem por pedro121 Dom Mar 27, 2016 9:11 am

Gonçalo Elias escreveu:
nem todos os registos estão no eBird, como sabes.
Além disso deu-te mais trabalho escrever a frase anterior do que um simples "sim" Laughing

É para estar enquadrado com o espírito deste tópico... Very Happy Very Happy Very Happy
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