Id toutinegra morta

Olá a todos,
Vindo de um passeio com a minha cadela, num caminho paralelo a uma mata, vi este passeriforme morto, que julgo ser uma toutinegra. Mas estou um bocado baralhado com o id. Não me parece Sylvia melanocephala, que são as mais comuns aqui, juntamente com Sylvia atricapilla. Será Sylvia undata? Que vos parece?
Hoje em Perafita, Matosinhos.

Sylvia undata

Obrigado! Junto esta à minha lista regional de aves da freguesia

Macho.

Pedro Cardia

Luisfssantos escreveu:Obrigado! Junto esta à minha lista regional de aves da freguesia

Humm, vais colocar na tua lista uma ave morta?

Acha que não devo Pedro? Penso que todos os registos contam. Nunca vi nenhuma viva por aqui, mas o facto de ter encontrado aqui uma pode ser sinal que, das duas uma, ou realmente andam por estes lados ou seria um individuo a dispersar. É só uma teoria claro, nem sei se as undatas costumam dispersar sazonalmente.

pedro121 escreveu:

Luisfssantos escreveu:Obrigado! Junto esta à minha lista regional de aves da freguesia

Humm, vais colocar na tua lista uma ave morta?

Pedro , o comentário do Luis faz sentido eu tenho um registo no ebird de um Bufo Real encontrado morto numa estrada perto da Amareleja que considero importante para minha referência , existe algum obstáculo ou alguma preocupação legitima para não considerar estes registos.

Uma coisa é contar a espécie para a lista do local, mesmo no caso do Bufo é importante perceber que uma ave encontrada morta à beira de uma estrada pode na realidade ter sido atropelada de dezenas ou mesmo centenas de Km e ficando presa no carro/camião é depois largada mais à frente, existe um caso bem documentado de um mocho-funebre que na melhor das hipóteses foi "largado" a mais de 200 km do local do atropelamento. As aves marinhas são outro problema, nada garante que uma ave encontrada morta numa praia tenho falecido perto, na realidade pode nem ter morrido em aguas Portuguesas, pode ter sido apanhada num arrastão e depois largada perto do porto sendo arrastada pelas marés.

Portanto e dando uma resposta algo simples, sim, para efeitos do eBird são aceites registos de aves mortas se o cadáver for mesmo muito fresco.

Para efeitos da nossa lista pessoal, bem cada um conta aquilo que quiser, normalmente não se contam espécies em que só se viu cadáveres, mas é como tudo, desde que não se queira comparar totais.

Sim o Bufo era mesmo um cadaver muito recente , encontramo-lo de madrugada bem visivel na berma da estrada, muito provavelmente atropelado nessa mesma noite.

Ok vou retirar o meu registo do Archaeopteryx bolas o fossil era lindo.

pedro121 escreveu:Portanto e dando uma resposta algo simples, sim, para efeitos do eBird são aceites registos de aves mortas se o cadáver for mesmo muito fresco.

Pois, acho que não Pedro:
"Only include living birds. In the long run we hope to gather information on dead birds, but at this point eBird is intended only for living birds."

Fonte

Eu já inseri uma ou outra ave morta, mas o revisor deverá invalidar essas listas.

Se como observador tivesse de excluir aves mortas, despojos, penas e outros vestígios identificáveis de uma lista, 1/4 ficaria de fora, sendo desses metade dos mais interessantes.

Paulo Lemos escreveu:Se como observador tivesse de excluir aves mortas, despojos, penas e outros vestígios identificáveis de uma lista, 1/4 ficaria de fora, sendo desses metade dos mais interessantes.

Pois, mas isso será importante noutro contexto. Não no âmbito do E-bird nem na grande maioria dos observadores.
Se andasse à procura de "aves mortas, despojos, penas e outros vestígios identificáveis" quando saio para o campo ia perder aquilo que, para mim, realmente é interessante, as aves vivas.

Paulo Alves escreveu:

Paulo Lemos escreveu:Se como observador tivesse de excluir aves mortas, despojos, penas e outros vestígios identificáveis de uma lista, 1/4 ficaria de fora, sendo desses metade dos mais interessantes.

Pois, mas isso será importante noutro contexto. Não no âmbito do E-bird nem na grande maioria dos observadores.
Se andasse à procura de "aves mortas, despojos, penas e outros vestígios identificáveis" quando saio para o campo ia perder aquilo que, para mim, realmente é interessante, as aves vivas.

Não vou opinar acerca de contexto nem de ambitos dos quais não estou a par, mas quanto à tua 2ª frase, não faz sentido nenhum. Assim o entendo no que, para mim, é a observação da natureza e das aves, independentemente de as registar ou não onde que que seja.

Por exemplo: para determinado trabalho rigoroso e bem feito é bem que só "procures" certas espécies vivas após um breve prospectar dos seus vestígios que (sabendo) são o mais fiável e evidente. E a lista de espécies afins é grande aqui, diurna ou nocturna.
Ou em contrapartida perdes tempo apenas "a passear" e não vês metade do "filme", que é o mais certo...
É por isso principalmente que temos ainda uma vasta lista de espécies tidas como raras em PT e vamos continuar a ter? Implicitamente, aqui também conta a representatividade, dos dados, etc... mas como já disse, não vou estabelecer paralelo com âmbitos dos quais não estou a par e aliás concordo plenamente que certo tipo de "observações/prospecções" devam permanecer longe do contexto generalista/mediático/competitivo, devido ao seu possível impacto (ou seja, regras nesse contexto acho bem vindas).

Paulo Alves escreveu:Eu já inseri uma ou outra ave morta, mas o revisor deverá invalidar essas listas.

Como é que o revisor toma conhecimento desses registos? A menos que seja uma raridade, não dispara o filtro, logo o registo passa.

Gonçalo Elias escreveu:

Paulo Alves escreveu:Eu já inseri uma ou outra ave morta, mas o revisor deverá invalidar essas listas.

Como é que o revisor toma conhecimento desses registos? A menos que seja uma raridade, não dispara o filtro, logo o registo passa.

Não toma, e passa.

Paulo Alves escreveu:
"Only include living birds. In the long run we hope to gather information on dead birds, but at this point eBird is intended only for living birds."
.

Eu não tenho a certeza mas acho que já vi a recomendação de que se a ave tiver morrido literalmente no momento podia ser introduzida, já que não alterava a proveniência. mas posso estar errado.

Olá a todos,
Ressuscitei este tópico só para declarar que hoje avistei uma Sylvia undata viva. Mostrou-se tolerante, no entanto não consegui registos digno de nota. Agora sim posso junta-la à lista de aves (vivas) da zona de Perafita.
Nunca tinha reparado nelas aqui antes, não sei se apenas vem cá passar o Inverno, ou estarão de passagem.

Luisfssantos escreveu:Nunca tinha reparado nelas aqui antes, não sei se apenas vem cá passar o Inverno, ou estarão de passagem.

Embora na maioria dos guias a espécie seja dada como residente, não tenho a mais pequena dúvida que existem várias zonas no nosso território onde a espécie ocorre unicamente durante a estação fria.

Concordo, mas limito essa concordância dependendo da definição de "zonas".
Curiosamente é uma espécie que detecto melhor nos meses mais frios e talvez nessa época se alargue mais ou um pouco para lá seu "habitual" curto território. Mas quanto?
Aqui na minha zona envolta há (ainda) vários casais nidificantes muito localizados que só detecto na Primavera/Verão se "quase os pisar".

Paulo Lemos escreveu:Concordo, mas limito essa concordância dependendo da definição de "zonas".

Eu deixei o termo propositadamente vago porque essas zonas estão mal delimitadas (por falta de informação).

Paulo Lemos escreveu:Curiosamente é uma espécie que detecto melhor nos meses mais frios e talvez nessa época se alargue mais ou um pouco para lá seu "habitual" curto território. Mas quanto?
Aqui na minha zona envolta há (ainda) vários casais nidificantes muito localizados que só detecto na Primavera/Verão se "quase os pisar".

O que também pode acontecer é a magra população residente de uma dada área ver os seus efectivos aumentados a partir do Outono com a chegada de indivíduos de origem alóctone. Se são mais abundantes, vais detectar melhor a espécie.

Gonçalo Elias escreveu:
O que também pode acontecer é a magra população residente de uma dada área ver os seus efectivos aumentados a partir do Outono com a chegada de indivíduos de origem alóctone. Se são mais abundantes, vais detectar melhor a espécie.

O que noto é quase desaparecerem das localizações exactas de nidificação, onde na época estival são observação garantida.

De resto apenas quis sugerir que é uma espécie mais abundante ou dispersa do que parece.
Nos últimos anos quando que mapeei Saturnia pavonia no Oeste por matos baixos e urzais, encontrei mais casais do que esperava, bem secretivos e localizados. No Outono e Inverno pareceram alargar-se para uma maior área de matos propícios nas proximidades (talvez porque se proporcionam diferentes recursos sazonais aproveitados em micro-habitats que se formam ou se tornam mais dispersos/raros (soalheiros e abrigados ricos em insectos), mas não sei se os mesmos individuos, ou se a sua prole, ou outra possibilidade que inclua aumento de efectivos.

Talvez o mesmo se passe com a felosa dos valados, mas sendo esta muito mais conspícua.
Tenho experiência já muito antiga com esta espécie (semi-cativa e depois totalmente libertos e seguidos por meses em estreita relação sem incluir qualquer manutenção para além de mantido o vínculo/contacto) e sei que um grupo familiar pode manter-se junto até tarde no ano, durante o dia alargarem-se numa área bastante vasta que inclui a de outras famílias e nalguns locais misturarem-se e até mudarem de território (sempre em regime semi-social). São espécies interessantes, para tão curta experiência.

Só as vi mesmo este fim-de-semana, pela primeira vez. Tirando o individuo morto. Hoje voltei a ver uma. É possível que sejam efectivamente, indivíduos que passam por aqui na estação fria, visto que nunca vi mais nenhuma toutinegra aqui, a não ser a atricapilla e melanocephala, durante o ano. Se bem que agora estou mais atento, noutros anos acho que não estava tão preocupado em detectar espécies novas