Melro passa a ser caçável

De acordo com a Portaria n.º 147/2011, publicada ontem em Diário da República, o melro pode ser legalmente abatido durante as próximas três épocas de caça.

O texto da Portaria em questão pode ser consultado aqui.

Não estando de acordo com a caça do melro, é mais preocupante a caça a pega e a galinhola pelo menos pelos sítios que conheço são muito mais raras

jheitor escreveu:Não estando de acordo com a caça do melro, é mais preocupante a caça a pega e a galinhola pelo menos pelos sítios que conheço são muito mais raras

Bom dia,

Infelizmente assistimos a mais uma barbaridade que só prova o desconhecimento de quem elabora e\ou aprova as leis da caça.
Referente á opiniao do jheitor francamente a questao da galinhola nao me parece muito preocupante pois trata-se de uma ave migratoria que frequenta habitats de vegetaçao densa, sendo por isso de dificil localizaçao e\ou abate.
Nao tenho acesso a dados mas garantidamente o nº de galinholas abatidas no continente é bastante reduzido.
Só para ter uma noçao numa comunidade de aproximadamente 30 caçadores que conheço nos ultimos 20 anos entre todos nao foram abatidas 10 galinholas.
Sobre a pega e a gralha pessoalmente acho outra barbaridade.
Acerca do melro entao chegámos ao limite da ignorancia, pois tratando-se de uma ave residente com baixa densidade abatendo-se aquela pequena comunidade que frequenta aquele biotopo especifico...acabou-se o melro naquela zona.
Temos outro caso tambem bastante grave - a tordeia - padece do mesmo mal do melro. Densidades muito baixas e localizadas e no entanto é autorizado o seu abate.
Numa herdade do nordeste alentejano que frequento há 4 anos convivo anualmente com 2 casais de tordeias.Se estas aves fossem abatidas, ( o que é autorizado ) dificilmente outras voltariam a colonizar aquele espaço. ( dou esta opiniao apenas por em cerca de 15 anos de observaçao nunca ter registado as tordeias nos terrenos envolventes da freguesia).
Defendo no entanto a possibilidade de se vir a incluir o estorninho preto na lista de especies cinegeticas devido há elevada densidade e aos danos que causam em alguns tipos de produçoes.

Cumprimentos,
Antonio Ribeiro

A ideia não é regular nada, nem nenhuma outra desculpa......... a ideia é ter o que matar, e como Melros até andam por ai alguns, então tá a matar esses, alguém acredita que um caçador vai comer os Melros que apanha????? Amanhã quando os Melros (ou outros) forem poucos, tá de permitir "o exercício da caça" aos pardais.
E já agora o Tordo-Zornal, por aqui são raros de ver, mas volta e meia lá vão 1/2 dúzia no cinto do caçador. Em relação à Galinhota discordo do que o António defende, as poucas Galinhotas abatidas deve ser mesmo devido à sua baixa densidade pois apesar do seu habitat 1/2 dúzia de cães (que todo o caçador regra geral tem) chegam para varrer e levantar bastantes hectares durante um dia de caça. Já em relação ao Estorninho-Preto vejo-me tentado a concordar, já agora os Mandarins , que esses por aqui estão uma autentica praga.
Abraço
João

Curioso, na lista do post do Gonçalo não dá para ver, mas ao Estorninho-Malhado está permitido o abate. Ao preto não????
É de ser invernante???? Já agora a lista tem mais aberrações, Gamo, Corço e Veados????
Abraço
João

Respondendo á questao do Joao Ferreira, penso que o facto de se poder caçar o estorninho malhado e nao o preto deve-se precisamente ao facto de ser migratorio e ser considerada a ave mais numerosa da europa.Já o preto ocupa o lugar deste na peninsula iberica.
De qualquer forma em acto de caça é impossivel distinguir as especies.
Sobre as restantes aberraçoes mencionadas pelo Joao Ferreira eu pessoalmente ainda acrescentava mais algumas, mas fiquemos por aqui.
Reparo que o Joao denota alguma surpresa relativamente a algumas especies de caça maior embora as densidades nao sejam tao baixas assim ( nomeadamente no caso do veado ).Passo a descrever alguns casos:
O veado tem grande abundancia na zona da serra de Portel, na zona de barrancos,em Mertola, no nordeste alentejano junto á raia e sobretudo na beira baixa na zona do tejo internacional locais onde se realizam montarias que resultam no abate de sistematico de um bom volume de reses.
No resto do país francamente nao conheço toda a realidade como tal a abundancia provavelmente será menor ( digo eu por desconhecimento ).
Portanto acredito que quem nao tenha contacto com este tipo de informaçao ponha em causa a existencia deste grupo de animais em Portugal, quanto mais acreditar na possibilidade de serem caçados.
Quanto ao gamo devido a acçoes de repovoamento existem algumas densidades na serra de portel e na Contenda em Barrancos.
Acerca do corço desconheço totalmente o status da espeçie em Portugal.
Sei que é uma especie caçada por aproximaçao como tal os resultados tambem devem de ser muito diminutos.
Compete á entidade gestora da zona de caça adequar o nº de caçadas e o nº de reses abatidas em funçao das contagens na zona.

Cumprimentos,
Antonio

em relação a galinhola eu conheço bem porque já fui caçador entre sensivelmente 1980 e 1992ou 1993, e só para terem uma ideia eu num desses anos matei 16 galinholas só num ano e só eu, isto no alto Alentejo concelho de gavião e agora não tenho conhecimento nos cerca de 10 caçadores que conheço por la que tenho morto alguma .

Apesar de não ser de acordo com a caça a aves.
A minha opinião é que por um lado a caça ao Melro poderá controlar melhor a espécie,desde que seja de acordo com gestão sustentável das espécies cinegéticas.Com base nos números que tenho aqui na minha área os melros ano após ano têm aumentado significativamente, pois é uma ave que tem bastante alimento á disposição e poucos predadores naturais na qual o meio onde vivemos ajuda para essa proliferação e ausência de predadores.

Relativamente ao Calendário Venatório há algumas questões que me levantam mais dúvidas do que as suscitadas até aqui. A questão das galinholas não é de todo discutível. A galinhola é uma espécie invernante muitíssimo regulare. A dificuldade da sua observação consiste nos seus hábitos crepusculares e no seu habitat. Para observadores conhecedores dos seus hábitos é muito fácil realizar observações ao cair na noite. O Tordo-zornal, apesar de ser um invernante menos regular, é uma espécie numerosa no resto da Europa. Pode ser observado em Portugal em número generosos durante os Invernos mais rigorosos. A Tordoveia e o Melro já são mais discutíveis tal como refere o Srº António Ribeiro. São ambas sedentárias, podendo a Tordoveia ser reforçada com indivíduos invernantes. A sua distribuição e abundância é própria de determinados biótopos. Claramente que existirão locais onde a sua caça não terá grandes implicações nas populações e, por outro lado, lugares onde a pressão excessiva poderá originar em casos extremos o seu desaparecimento.

Mas as questões mais preocupantes para mim, são relativas à Rola-comum e aos Patos, mais concretamente o Pato-real. O número de indivíduos de Rola-comum é cada vez menos numeroso. Tendo em conta esta tendência, há que considerar ainda, os métodos de alimentação artificial utilizados pelos caçadores com o intuito de obterem boas jornadas de caça. Isto tem permitido dizimar a sua população, não só em Portugal, mas também em Espanha e França. A caça a esta espécie deveria ser seriamente ponderada a nível Europeu. Quando falo em ponderação da sua caça, refiro-me concretamente ao limite de abate diário e período venatório. Tudo isto deveria ser (mais) coordenado a nível Europeu. Em caso extremo, defendo mesmo a necessidade de proibição total do seu abate. Na questão dos Patos, não concordo de todo com o período venatório. A sua abertura deveria ser claramente retardada e o seu fim deveria ser antecipado. No mês de Janeiro o Pato-real tem um comportamento muito mais displicente devido ao seu precoce acasalamento, sendo facilmente surpreendido em locais e condições de fácil abate. Mas há a outra face. O contingente das aquáticas invernantes é grande e permanece entre nós até mais tarde sendo uma boa e legítima fonte de divertimento para alguns caçadores mais especializados, caso das zonas do Mondego e da Ria de Aveiro. Dado a dificuldade de identificação das aquáticas aquando do acto de caça, maioritariamente realizada em condições de fraca visibilidade, não me parece de todo viável alterar o período venatório exclusivamente para o Pato-real. Como tal, aqui fica uma boa questão...

Cumprimentos

Ricardo Barrela

Não estando muito dentro do assunto, acho que está errado ser permitida a caça ao Melro, o meu pai diz que a caça quando não é em excesso serve para controlar as espécies, e penso que as pessoas que não percebem nada disto acham que "há muitos Melros"!
Já tenho ouvido dizer "agora há tantos Melros!", "há Melros por todo o lado!" eu não sei sinceramente no que as pessoas se baseiam para dizer isto.
Quanto a come-los não vejo porque não, já que os caçam, a carne do melro e muito gostosa segundo consta, que fique assente que nunca comi mais do que um pombo e de capoeira e nunca matei nada! Mas pronto, vamos crer que já que os matam que seja para comer e não para "enfeitar".
Espero é que isto não venha colocar a espécie em risco!

Olá,

Vejo aqui um outro perigo. O melro tem tendência a frequentar locais perto de habitações. Ora, conhecida a comichão que muitos caçadores (não generalizando) têm no dedo indicador e o desrespeito que têm pelas regras de segurança que os proíbem de disparar perto de povoados, aumenta a probabilidade de "acidente".

Muito sinceramente quer-me parecer que alguém andou à procura de mais alguma espécie para caçar e o Melro está "mesmo a jeito". Saía mais caro e menos popular investir em medidas de conservação que promovessem a recuperação de outras espécies.

Cptos

PS: que vontade tenho de falar de outras coisas, como a "caça" noturna, o "controlo de predadores" ... don't get me started ...

Boas.
Há uma petição pública «Diga não à caça ao Melro.».
Eu já assinei.

Para quem quiser subscrever, cá está o link:

http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N10013

Abraço,
Alberto

Eu também já assinei. Acho bastante ofensivo que uma acção destas seja feita sem base em qualquer dado científico e aparentemente apenas com base em impressões pessoais ou por algum tipo de conveniência. Isto não é gestão cinegética, é apenas uma tristeza. E obviamente indica uma tendência por parte dos orgãos de gestão que importaria travar o quanto antes.

Já assinei e partilhei no facebook!