Ano sim para fringilídeos?
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Francisco Barros
Gonçalo Elias
Pedro Fernandes
7 participantes
Fórum Aves :: Aves :: Aves de Portugal
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Ano sim para fringilídeos?
Boas,
será este Inverno um ano sim para os fringilídeos? Ontem em conversa com o Carlos David Santos, soube que anda por aí por Lisboa muito Lugre Carduelis spinus (não vi nenhum por enquanto, e como não lhe tenho o chamamento fixado é bem possível que me tenham escapado mesmo as minhas barbas), e que provavelmente estavamos em ano de irruption (não sei o nome correcto em Português). Lembro-me de ver aqui uma entrada sobre números interessantes de Tentilhão-Montês Fringilla montifringilla na fronteira com a Galiza. Ainda de conversa, falou-se de ciclos de quatro anos para estes eventos e eu recordo-me de há uns tempos atrás (preciso de rever a fata certa, era giro se batesse certo), ter apanhado um Lugre morto em Benfica. Mais uma vez veio à baila o tal corte de coníferas no Norte da Europa e eu gostava de saber se isto é mesmo assim ou se isto é uma explicação um bocado pela rama. É que no estado de Nova Iorque, junto a fronteira com o Canadá, este ano está a ser bom de fringilídeos, e custa-me a acreditar que o abate de árvores na Escandinávia tenha algo que ver com isto...
Venham de lá essas opiniões e observações!
Abraço,
Pedro
será este Inverno um ano sim para os fringilídeos? Ontem em conversa com o Carlos David Santos, soube que anda por aí por Lisboa muito Lugre Carduelis spinus (não vi nenhum por enquanto, e como não lhe tenho o chamamento fixado é bem possível que me tenham escapado mesmo as minhas barbas), e que provavelmente estavamos em ano de irruption (não sei o nome correcto em Português). Lembro-me de ver aqui uma entrada sobre números interessantes de Tentilhão-Montês Fringilla montifringilla na fronteira com a Galiza. Ainda de conversa, falou-se de ciclos de quatro anos para estes eventos e eu recordo-me de há uns tempos atrás (preciso de rever a fata certa, era giro se batesse certo), ter apanhado um Lugre morto em Benfica. Mais uma vez veio à baila o tal corte de coníferas no Norte da Europa e eu gostava de saber se isto é mesmo assim ou se isto é uma explicação um bocado pela rama. É que no estado de Nova Iorque, junto a fronteira com o Canadá, este ano está a ser bom de fringilídeos, e custa-me a acreditar que o abate de árvores na Escandinávia tenha algo que ver com isto...
Venham de lá essas opiniões e observações!
Abraço,
Pedro
Pedro Fernandes- Número de Mensagens : 703
Local : Rabat
Data de inscrição : 01/07/2007
Re: Ano sim para fringilídeos?
Olá Pedro,
O tema é interessante!
Este ano tenho visto alguns lugres (não muitos) mas temo que a minha percepção seja um pouco enviesada porque não ando pelos mesmos sítios todos os anos e por isso não tenho uma base de comparação fiável. Aliás, este é o problema das comparações não sistematizadas...
Quanto à história do corte de coníferas no norte da Europa, não me parece que sirva de explicação para uma possível irrupção, a menos que se trate de uma coisa em muito larga escala.
Por fim, os ciclos de 4 anos: sei que estão documentados para predadores (particularmente os que se alimentam de roedores), mas será que também há ciclos de 4 anos para granívoros? Se calhar até há mas eu desconheço referências precisas sobre o assunto...
1 abraço,
Gonçalo
O tema é interessante!
Este ano tenho visto alguns lugres (não muitos) mas temo que a minha percepção seja um pouco enviesada porque não ando pelos mesmos sítios todos os anos e por isso não tenho uma base de comparação fiável. Aliás, este é o problema das comparações não sistematizadas...
Quanto à história do corte de coníferas no norte da Europa, não me parece que sirva de explicação para uma possível irrupção, a menos que se trate de uma coisa em muito larga escala.
Por fim, os ciclos de 4 anos: sei que estão documentados para predadores (particularmente os que se alimentam de roedores), mas será que também há ciclos de 4 anos para granívoros? Se calhar até há mas eu desconheço referências precisas sobre o assunto...
1 abraço,
Gonçalo
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25581
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Ano sim para fringilídeos?
Boas,
Quanto aos ciclos, a minha experiência perceptiva de cerca de 27 anos diz-me que não parece haver, pelo menos aqui nesta zona, qualquer padrão em relação ao nº de fringilídeos invernantes (tenho notado alguma relação relativamente às condições atmosféricas, embora com algumas falhas...).
Relativamente a Lugres, sim, tenho observado nesta época com regularidade vários (muitos mesmo) bandos que, diga-se de passagem não observava há uns bons anos.
Em relação a Tentilhões (Fringilla coelebs), pelo contrário, estou a achar a época bastante fraca em afluencia de individuos invernantes.
Mas isto é por aqui, pois não faço a mínima do que se passa no resto do país...
Quanto aos ciclos, a minha experiência perceptiva de cerca de 27 anos diz-me que não parece haver, pelo menos aqui nesta zona, qualquer padrão em relação ao nº de fringilídeos invernantes (tenho notado alguma relação relativamente às condições atmosféricas, embora com algumas falhas...).
Relativamente a Lugres, sim, tenho observado nesta época com regularidade vários (muitos mesmo) bandos que, diga-se de passagem não observava há uns bons anos.
Em relação a Tentilhões (Fringilla coelebs), pelo contrário, estou a achar a época bastante fraca em afluencia de individuos invernantes.
Mas isto é por aqui, pois não faço a mínima do que se passa no resto do país...
Re: Ano sim para fringilídeos?
ca no algarve notei nas 3 semanas passadas bastantes mais lugres (carduelis spinus) que o normal, tambem turdus iliacus em grandes numeros, grupos com mais de 80 ind. alguns dias. nunca tinha visto tantos nos ultimos 8 anos. tambem notei que tentilhoes haviam poucos.
outras especies este inverno que me supreenderam foram um jynx(anilhado), grifo (com anilha de cor que foi lida),H. pennatus, cobreiras estas ultimas ja sao frequentes nos ultimos invernos.
abraco
thijs
outras especies este inverno que me supreenderam foram um jynx(anilhado), grifo (com anilha de cor que foi lida),H. pennatus, cobreiras estas ultimas ja sao frequentes nos ultimos invernos.
abraco
thijs
Re: Ano sim para fringilídeos?
Aproveito para referir igualmente que na região do Porto e de Vila Nova de Gaia (por exemplo no Parque Biológico de Gaia) também, ao contrário do ano anterior onde estiveram praticamente ou mesmo totalmente ausentes, tenho observado muitos Carduelis spinus. Quanto ao que provocou esta grande afluência entendo que deverá ser certamente resultado de vários factores conjugados e não apenas um só.
Abraço, Rui Brito.
Abraço, Rui Brito.
Rui Brito- Número de Mensagens : 8
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Ano sim para fringilídeos?
Em Pedrógão Pequeno, distrito de Castelo Branco, a coisa também andava animada. Nuns plátanos um bandinho de cerca de 50 Lugres (Carduelis spinus), escavacava as sementes dos ditos, enquanto junto ao solo num olival um bando misto de umas dezenas de Milheirinhas (Serinus serinus), Verdilhões (Carduelis chloris) e Pintarroxos (Carduelis cannabina) trabalhava com afinco tudo o que era restolho. Tentilhões (Fringilla coelebs) iam e vinham (e eu de binóculo afiado em busca do Tentilhão-montês (Fringilla montifringilla), mas nada). Curiosamente, o habitualmente omnipresente Pintassilgo (Carduelis carduelis) foi visto apenas uma vez durante o dia.
Pedro Fernandes- Número de Mensagens : 703
Local : Rabat
Data de inscrição : 01/07/2007
Re: Ano sim para fringilídeos?
Na minha opinião, penso, e concordando com o Rui Brito, que a dinâmica das populações de granívoros, sobretudo dos efectivos invernantes, está intimamente ligada a um conjunto de factores, inter-dependentes.
Nomeadamente, a disponibilidade de alimento nas áreas preferenciais de invernada, que está directamente ligada com as condições atmosféricas nos mesmos locais, assim como do sucesso reprodutor que influencia os timings da migração, assim como das condições físicas das aves (esta relacionada com a capacidade de acumular reservas energéticas nas concentrações pré-migratórias).
Normalmente, associam-se as irrupções de Loxia curvirostra, Fringilla montifringilla e Carduelis spinus a condições atmosféricas bastante adversas no norte de centro da Europa. Mas lembro que o ano passado foi um ano bastante bom para observar L. curvirostra e F. montifringilla em Portugal, mas foi só «assim-assim» para C. spinus...e nem foi extremamente rigoroso. Por outro lado, o ano tem sido bastante bom para C. spinus em Portugal, mas nem por isso para as restantes espécies - e não tem sido um Inverno rigoroso no Norte e Centro da Europa.
Isto atesta a interdepêndencia de alguns factores favoráveis à ocorrência destas espécies em Portugal, mas que variam de umas para as outras conforme os seus requisitos.
A propósito, esse registo de 50 lugres bárbaros é muito interessante, pois penso que se trata de uma concentração elevada. Nas minhas dioptrias nunca passaram mais que 10 juntos.
Obrigado pelas tuas palavras, Pedro.
Abraços a todos
Nomeadamente, a disponibilidade de alimento nas áreas preferenciais de invernada, que está directamente ligada com as condições atmosféricas nos mesmos locais, assim como do sucesso reprodutor que influencia os timings da migração, assim como das condições físicas das aves (esta relacionada com a capacidade de acumular reservas energéticas nas concentrações pré-migratórias).
Normalmente, associam-se as irrupções de Loxia curvirostra, Fringilla montifringilla e Carduelis spinus a condições atmosféricas bastante adversas no norte de centro da Europa. Mas lembro que o ano passado foi um ano bastante bom para observar L. curvirostra e F. montifringilla em Portugal, mas foi só «assim-assim» para C. spinus...e nem foi extremamente rigoroso. Por outro lado, o ano tem sido bastante bom para C. spinus em Portugal, mas nem por isso para as restantes espécies - e não tem sido um Inverno rigoroso no Norte e Centro da Europa.
Isto atesta a interdepêndencia de alguns factores favoráveis à ocorrência destas espécies em Portugal, mas que variam de umas para as outras conforme os seus requisitos.
A propósito, esse registo de 50 lugres bárbaros é muito interessante, pois penso que se trata de uma concentração elevada. Nas minhas dioptrias nunca passaram mais que 10 juntos.
Obrigado pelas tuas palavras, Pedro.
Abraços a todos
Alexandre_Leitão- Número de Mensagens : 91
Local : Lisboa
Data de inscrição : 15/06/2007
Re: Ano sim para fringilídeos?
Caro Alexandre
Costumo observar os Carduelis spinus em Fevereiro na Mata da Margaraça Arganil) em bandos de 500 a 800 individuos. Juntam-se para se alimentarem das flores de cerejeira e carvalho. E penso que o Tó Pereira já referenciou o mesmo aspecto de concentração para a Mata de Albergaria no Gerês.
No periodo de inverno passado não fiz qualquer observação desta espécie pela zona centro.
Um abraço
Paulo Tenreiro
Costumo observar os Carduelis spinus em Fevereiro na Mata da Margaraça Arganil) em bandos de 500 a 800 individuos. Juntam-se para se alimentarem das flores de cerejeira e carvalho. E penso que o Tó Pereira já referenciou o mesmo aspecto de concentração para a Mata de Albergaria no Gerês.
No periodo de inverno passado não fiz qualquer observação desta espécie pela zona centro.
Um abraço
Paulo Tenreiro
Re: Ano sim para fringilídeos?
Alexandre_Leitão escreveu:Normalmente, associam-se as irrupções de Loxia curvirostra, Fringilla montifringilla e Carduelis spinus a condições atmosféricas bastante adversas no norte de centro da Europa. Mas lembro que o ano passado foi um ano bastante bom para observar L. curvirostra e F. montifringilla em Portugal, mas foi só «assim-assim» para C. spinus...e nem foi extremamente rigoroso. Por outro lado, o ano tem sido bastante bom para C. spinus em Portugal, mas nem por isso para as restantes espécies - e não tem sido um Inverno rigoroso no Norte e Centro da Europa.
Olá Alexandre,
Relativamente aos cruza-bicos (Loxia curvirostra) gostaria de lembrar que nas duas últimas grandes invasões (1990 e 1993) as aves começaram a chegar em grande número no início de Agosto, ou seja muito antes da chegada do Outono e das condições meteorológicas adversas, do Inverno rigoroso, etc.
Estou convicto que, pelo menos no caso dessa espécie, há outros factores (sobrepopulação resultante de um ano bom para nidificação?) que estão por trás dessas invasões.
1 abraço,
Gonçalo
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25581
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Ano sim para fringilídeos?
Gonçalo Elias escreveu:
Relativamente aos cruza-bicos (Loxia curvirostra) gostaria de lembrar que nas duas últimas grandes invasões (1990 e 1993) as aves começaram a chegar em grande número no início de Agosto, ou seja muito antes da chegada do Outono e das condições meteorológicas adversas, do Inverno rigoroso, etc.
Estou convicto que, pelo menos no caso dessa espécie, há outros factores (sobrepopulação resultante de um ano bom para nidificação?) que estão por trás dessas invasões.
1 abraço,
Gonçalo
Parece que ocorreu algo do género em 1999, pelo menos na zona das Caldas da Rainha e que parece ter motivado a nidificação de alguns indivíduos da espécie nessa zona durante esse ano.
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