Gaivota Argêntea - Espécie tolerante e oportunista

A Gaivota-argêntea (Larus michahellis) será, certamente, a gaivota melhor conhecida do cidadão comum. É tão presente e abundante que muitas vezes já não lhe damos a devida importância, passando literalmente ao lado. Contudo, há uma semanita atrás, deparei-me com uma situação que me fez parar para observar esta nobre gaivota no seu quotidiano e sobretudo para pensar como é, na verdade, uma espécie verdadeiramente notável. Esta situação, registada em imagem e agora partilhada convosco, como podem ver, trata-se de um espécime a alimentar-se num contentor do lixo. É uma imagem bem conhecida de todos certo? Pelo menos para aqueles que vivem no meio urbano litoral são situações frequentes. Voçês devem estar a perguntar-se, mas o que é que uma imagem de gaivota argêntea a alimentar-se em meio urbano tem de tão especial para ter maravilhado o Lemuel? Bom, estas imagens "falam-nos" de uma espécie completamente selvagem que demonstra uma capacidade enorme a nível de tolerância e adaptabilidade, num mundo dominado, modificado e tantas vezes ecologicamente destruído pelo homem e isso é verdadeiramente notável. A gaivota argêntea conseguiu não só adaptar-se à expansão urbana mas prosperar de tal forma que já não se limita à orla costeira. Hoje em dia contam-se em milhares de indivíduos e utilizam as nossas cidades, inclusivé do interior rural do país, como enormes campos de reprodução e de alimentação. Portanto, adaptaram-se a nidificar nos nossos edificios e a comer os nossos desperdicios alimentares....bom, na verdade esta espécie aprendeu a comer de tudo, até pombos, o que não era comum ver há dez anos atrás e que nada tem a ver com o seu regime alimentar original. Realmente, que capacidade louvável de adaptação e força. Creio que é a espécie de ave tolerante ao ser humano que mais tem prosperado nos últimos tempos. Fora ela existem pardais, pombos e melros mas, sinceramente, todas estas três espécies já viram melhores dias. A gaivota argêntea vive o seu expoente máximo. Estes são os seus dias dourados, repletos de glória

Ao contemplarem as minhas fotografias pensem, por favor, no que elas simbolizam. Uma demonstração de grande adaptabilidade entre as aves num mundo em mudança. É um óptimo augúrio. É bom saber que a vida encontra sempre maneira de ultrapassar os desafios que constantemente criamos, à natureza, no nosso dia a dia. A vida encontrou um caminho

tens razão aqui na foz do Tejo vê se as centenas delas e vêem para junto das pessoas como a pedirem comida e tem sorte porque muita gente lhes dá

Belas fotos!

jconceicao

no CC Vasco da Gama em Lisboa é frequente vê-las a "gamarem" restos de comida nas mesas da esplanada

Lemuel Silva escreveu:Estes são os seus dias dourados, repletos de glória

... a comer lixo

Desculpa lá Lemuel, não resisti

Felizmente, sou apaixonada pelas aves ditas banais, os mencionados pardais, pombos, melros e gaivotas... não deixam de me fascinar! Ouço muitas vezes o comentário: é só um pombo, ou é só uma gaivota, mas são diferentes entre eles, gosto de os observar, de ver como andam, como se alimentam, como interagem entre eles e connosco... são fascinantes! A "esperteza" dos pardais, a flexibilidade e a coragem dos pombos, o cantar dos melros (o som que mais gosto de ouvir na natureza) e a sagacidade das gaivotas são impagáveis! As fotos são excelentes, dá para atentar naquilo que mais gosto nas gaivotas: o olhar! Obrigada pela partilha e por também gostar de aves "vulgares"!

As gaivotas são a definição da palavra "oportunista". E são absolutamente intratáveis. Acho que já relatei aqui esta história. Há uns anos, no cais de Sesimbra, vi um gato a roubar um peixe a uma. Pagou caro o erro. Levou uma série de bicadas, fugiu para debaixo das caixas do peixe. Mas a gaivota não desistiu e perseguiu-o até largar o peixe. Comeu o peixe e foi novamente à procura do gato. Tivemos que a espantar dali com medo que o matasse.

Em relação aos relatos acima, alguém tem alguma indicação de que estes hábitos alimentares lhes possam ser eventualmente prejudiciais?

L_Almeida escreveu:As gaivotas são a definição da palavra "oportunista". E são absolutamente intratáveis. Acho que já relatei aqui esta história. Há uns anos, no cais de Sesimbra, vi um gato a roubar um peixe a uma. Pagou caro o erro. Levou uma série de bicadas, fugiu para debaixo das caixas do peixe. Mas a gaivota não desistiu e perseguiu-o até largar o peixe. Comeu o peixe e foi novamente à procura do gato. Tivemos que a espantar dali com medo que o matasse.

Em relação aos relatos acima, alguém tem alguma indicação de que estes hábitos alimentares lhes possam ser eventualmente prejudiciais?

É assim, em relação aos nossos desperdícios alimentares propriamente ditos não sei de nada mas é comum gaivotas argênteas e outras aves morrerem sufocadas com plásticos quando se alimentam nas nossas lixeiras. O lixo humano é um flagelo mortal para as aves. E uma das coisas também muito prejudiciais são as pastilhas elásticas que deitamos para o chão. Imaginem o que é que aquilo faz as aves quando as procuram ingerir. Desde bicos colados para sempre, que condenam a ave a uma morte lenta e horrível à fome, até sufocamento. As aves pequenas, como os pardais, são as principais afectadas.

Aqui no Barreiro, as gaivotas são presença assídua. Caçam patinhos e pintos de galinha-d’água no parque da cidade, que engolem vivos. Costumo observá-las muito, já que a minha casa é junto ao estuário do rio Coina. As gralhas também estão a ganhar terreno por aqui.

Sei que não é comparável ao exemplo da gaivota, mas por vezes aparecem surpresas destas em locais inesperados.

Também já vi uma gaivota a engolir uma cria de pato-real, aproximou-se em voo picado que mais parecia o de um falcão. Foi muito estranho. Enfim.....pena não ter fotografado.