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Grandes voos turísticos sem passar pelo check in

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Mensagem por Gonçalo Elias Qua Ago 03, 2011 12:39 pm

Grandes voos turísticos sem passar pelo check in
Data: 02.08.2011
Fonte: publico.pt

Ao longe, de asas abertas, parece um avião a fazer-se à pista. O ganso-patola prepara um voo picado para apanhar os peixes que escapam das redes da armação do atum. O barco pára e em seu redor há uma nuvem de aves que se aproxima. Os golfinhos desta vez não apareceram. Quem não faltou foi a pardela-de-bico-amarelo (da família dos albatrozes) e a andorinha-do-mar.

A observação de aves (birdwatching) é uma das actividades turísticas em crescimento. Há até quem faça muitas centenas de milhas só para obter uma fotografia de um pássaro raro. Na zona no Ludo, junto à cosmopolita Quinta do Lago (Loulé), foram referenciadas mais de 250 espécies diferentes. Muitas delas são imigrantes, fizeram escala durante as longas viagens migratórias entre do Norte da Europa e África. Algumas passaram entretanto à condição de "turistas residentes".

O ordenamento, a fauna e a flora são questões que vão estar hoje em debate na pousada de Estói, Faro, numa reunião em que participam hoteleiros e empresas ligadas ao turismo a natureza. O objectivo é criar com as associações de desenvolvimento local e empresários privados uma plataforma conjunta de todo o tipo de oferta turística existente na região, virada para as questões ambientais.

À caça de raridades

O birdwatching acontece, em Agosto, nos sapais da ria Formosa, onde se podem observar a andorinha-do-mar anã, pernas longas, entre muitas outra espécies.

As gaivotas, como é habitual, caem em bando quando lhes cheira a pescado, junto à armação de atum - um projecto de uma empresa japonesa, com a colaboração do IPIMAR - localizado ao largo da Fuzeta.

George Schreirer, guia turístico especializado em observação de aves, aponta os binóculos e descobre um ganso-patola, com uma envergadura de asas de quase dois metros, em aproximação: "É bonito, não é?", pergunta, virando de imediato os binóculos para as gaivotas, descortinando os pormenores desta espécie: "Estão ali uma quinhentas", diz. Como é que contou? "É a experiência", responde. "Podem parecer todas iguais, mas não são - em Portugal estão referenciadas 18 espécies diferentes" de gaivotas.

Na região, há apenas meia dúzia de profissionais que se dedicam a esta actividade, e não lhes falta trabalho.

"Na Primavera, levei a Alcoutim [Nordeste algarvio] uns 30 clientes para fotografar um casal de andorinhão-cafre - espécie originária do Norte de África, que se fixou no Sul de Portugal, existindo apenas cinco casais referenciados". "A raridade é que atrai os turistas, não a quantidade", vinca.

O rouxinol-do-mato atrai as atenções pelo canto, mas também por ser uma ave rara. Nesta altura já partiu para terras africanas.

O mês de Agosto não é o mais indicado para quem gosta de estar em contacto com aves. A melhor altura o Outono e a Primavera, quando estão em migração ou nidificação. Porém, é nesta altura que a empresa dos Passeios da Ria Formosa, sedeada na Fuzeta, tem mais clientela. "Temos programas, e se não conseguimos ver as aves na ria, proporcionamos uma visita aos golfinhos no mar alto", diz Ricardo Badalo, acrescentando outra atracção: "Por vezes, também se avista tartarugas e tubarões". Os golfinhos, que nos últimos anos passaram a ser visita constante na costa algarvia, são a principal atracção dos que dedicam as férias ao turismo náutico. "As senhoras e as crianças até choram", diz Ricardo Badalo, recordando as cenas a que assiste com frequência, quando o animal se aproxima das pessoas. " O animal entra na brincadeira, e não nos larga", diz. Os golfinhos são avistados regularmente.

Encontro em Sagres

Os especialistas no birdwatching têm encontro marcado em Sagres, de 30 de Setembro a 2 de Outubro - onde são esperados 1000 participantes de todo o mundo. Nas rotas migratórias das aves entre a Europa e a África, este é o sítio de passagem obrigatório. As aves de rapina são uma das atracções. Durante três dias, cruzam-se conhecimentos de pessoas, oriundos dos cinco continentes, unidas pela magia do lugar, e pelo canto das aves.

Nesta edição, diz Anabela Santos, da associação ambientalista Almargem e da organização, vai haver "uma bird race" - uma competição, à semelhança do que se faz noutros países, para ver quem consegue fotografar mais pássaros, num determinado lugar. O programa inclui ainda passeios e conferências sobre o tema do festival e sobre património natural, com destaque para os aspectos geológicos de um dos sítios mais visitados em Portugal, pelo seu significado e simbolismo na época dos Descobrimentos.

O mundo dos observadores de aves gira à velocidade da Internet. Em diversos países, existem grupos e operadores turísticos especializados no birdwatching. Só nos Estados Unidos da América estima-se que haja 4,5 milhões de turistas amantes desta actividade. Na Europa, a família real britânica é uma referência, e a Alemanha conta com 800 mil adeptos. O festival de Sagres (www.birdwatchingsagres.com) realiza-se pela segunda vez, conta com a presença de operadores turísticos da Suécia, "país onde se realiza um festival semelhante", com destaque para as aves de rapina. George Schreirer lamenta não poder estar presente no encontro. "Tenho muito trabalho nessa altura". Este guia, alemão, residente no Algarve há seis anos, tem um site ligado aos principais operadores internacionais. Alguns dos clientes, diz, " já trazem uma lista do que querem ver, e vêm armados com potentes máquinas fotográficas, para registar a melhor imagem". Em Portugal, esta actividade tem cada vez mais aderentes. "Pena é que não esteja a ser dada a devida atenção", lamenta.

O lixo no mar, principalmente plásticos, é uma das ameaças às aves marinhas: "Confundem o plástico com as alforrecas, de que se alimentam, e acabam por morrer", diz Schreirer.

O birdwatching, acrescenta Anabela Santos, da Almargem, "tem como função contribuir, também, para a preservação das espécies". Por esse motivo, o Festival de Sagres vai desenvolver uma acção de limpeza dos chorões no promontório, "devolvendo o espaço invadido por esta planta à nidificação".

http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1505834
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