Grifos e Abutre-Pretos

Bom dia,

Depois de ver as fotos, em particular a última, não me restam dúvidas que se trata de um grifo. Há de facto muita variação de plumagem nas aves imaturas e há indivíduos difíceis. Também há alguma variação de tamanho e a postura também nos pode iludir bastante. Dos Rueppell que já vi (pelo menos 6 ind diferentes entre Portugal e Espanha) fiquei sempre com a impressão de que eram ligeiramente mais pequenos que os grifos, mas tenho visto fotos em que a diferença parece não existir. Pela bibliografia também se pode verificar que há uma grande sobreposição de tamanhos entre as duas espécies.

Nada como continuar a fotografar para que se consigam tirar as dúvidas!

António,


a ultima foto esclarece tudo!

Abraços

HB

Boas,

no primeiro momento pensava tambem que a ave na primeira photo (depois curtado e em magnificação mais em baixo) é um G. rueppellii mas depois de ver tudo - não acho.

Eu acho que é um Grifo juv/immaturo, sujo de sangue (cabeça e pesço escuro, bico um cado amarelo). Pareçe ser muito marcado nas cobertas e nas "costas", mas isto é porque a ave tem plumagem "aberto" (fluffy, shaking) e as partes mais profundo são mais escuro.

A photo que mostra a parte inferior das asas (abertas) confirme que é um Grifo. A cor tambem é falso aqui (corpo e asas) - faltha o aspecto mais cinzento-escuro dentro a cor de castanha do rueppellii.

Falta tambêm a differencia da tamanhão (c. 10 %) - devia ser visivel, mas não é.

Estive na "Planicie" entre Castro Verde e Mértola ante ontem e observei la c. 60 Griffos junto com 4 Abutres-pretos, muito deles por algum tempo e não muito longe. 2 a 3 Individuos eram muito interessante - mais escuro e com muito pouco contraste no parte superior da asa, entre as cobertas pequenas e as grandes penas (remiges). Mas os marcações em baixo da asa indicavam sempre Grifo, infelizmente. Mas sempre ficou com um resto de duvida, como tambem aqui
Boas photos e registo e discussão interessante !

Cumprimentos
Georg

Foi bom ter surgido esta duvida que nos levou a todos a pesquisar e a debruçarmo-nos sobre estas especies . Aprendi bastante no decorrer deste tópico e fica o meu bem haja a todos os intervenientes pelo empenho em dissecar a duvida .
Eu vou continuar atento ao local e a todas as movimentações destas especies na zona e sempre que possivel vou partilhar convosco as fotos que fizer .
Em jeito de conclusão resta-me referir que as aves que tenho observado nesta zona são muito provavelmente provenientes das colonias que existem no Parque Natural de las Batuecas na Serra de Penã de Francia em Espanha , da colonia que conheço até á Freineda são cerca de 60 Km em linha recta , portanto uma distancia facilmente coberta por estas aves .

Olá,

Deixo aqui uma pequena provocação:

Que aspecto terão eventuais híbridos entre Gyps fulvus e Gyps rueppellii ?

Com a quantidade de Gyps rueppellii que andam do lado de cá de Gibraltar e com, pelo menos, uma tentativa de reprodução que envolveu um Gyps rueppellii no seu cv talvez não tarde muito a aparecerem híbridos.

Será que eles "andem" aí?

Pedro Cardia

Já me tinha ocorrido quando é que surgiria esta questão... Tinha que vir de um homem da genética!
Até ao momento a única tentativa de reprodução confirmada em que ocorreu postura no Paleártico foi cá em Portugal, em 1999, no Tejo Internacional. Quando descobri o ninho estava um Rueppell adulto a incubar um ovo. Visitei o local por 4 vezes nas semanas seguintes e em 3 delas vi sempre um Rueppell sozinho no ninho e nunca consegui confirmar se se tratava de um casal de Rueppells puro ou se era misto com grifo. Entretanto a colónia onde este "casal" nidificou teve um fallhanço generalizado, resultado de perturbação e não foi sequer possível recolher o ovo para análise, pois desapareceu.
Alguns anos mais tarde surgiu o indivíduo que permanece até hoje nas Portas de Ródão. Quando apareceu era ainda imaturo, mas agora já é um adulto perfeito. Este indivíduo, que eu suspeito ser um macho, construiu ninho vérios anos consecutivos, que defende acerrimamente dos grifos, mas nunca arranjou parceira (o), grifo ou não.
Isto tudo para dizer que não existem quaisquer provas de que ocorra hibridação natural entre as duas espécies e aparentemente deverá haver mecanismos comportamentais ou outros que o limitam (se não o amigo das Portas de Ródão já se tinha "orientado"). Poderá ocorrer, mas até ao momento não se pode afirmar que sim.
Já em cativeiro a história é outra. Precisamente com essa dúvida, encontrei há uns anos um artigo que referia os cruzamentos de aves de rapina em cativeiro e até fiquei arrepiado. Para além de híbridos de grifo com Ruepell e destes com outros Gyps, havia de tudo.
Quase só faltava águia real com gavião :-)
Vamos ver o que acontece com este influxo de Rueppells que tem havido para a Península, mas eu aposto que antes de casais híbridos, vão aparecer casais de Rueppells puros.

Abraço

Carlos Pacheco escreveu:casais híbridos, vão aparecer casais de Rueppells puros.

Carlos,

Não é preferível dizer "casais mistos"? É que "híbridos" serão os eventuais rebentos que resultem duma tal união mista, parece-me...

1 abraço,
Gonçalo

Tens toda a razão, caro amigo. Isto de escrever à pressa tem os seus deslizes. Obrigado pela correcção!

Na minha opinião tratam de Grifos adultos.