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Código de conduta para arroladores de raridades

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Mensagem por Luis Gordinho Sáb Dez 17, 2011 3:25 pm

Boa noite a todos.
A propósito da foto que podem ver seguindo o link abaixo indicado, lembrei-me que talvez fosse interessante discutir aqui o tópico em epígrafe.
http://www.flickr.com/photos/juliomneto/6525750865
No Reino Unido já se debate esta questão há muito tempo. Nesse país os primeiros códigos de conduta de que tenho conhecimento são de 1982 e podem ser obtidos aqui:
http://tbf.me/a/ujyvC (British Birds 75: 301-303)
Noutros países também com muito mais observadores que Portugal, o tema continua na ordem do dia. Podem ver o exemplo dos EUA no seguinte URL:
http://www.aba.org/about/ethics.html
No site da SPEA existem uma série de “conselhos verdes” mas penso que não está disponível qualquer código de conduta para observadores de aves e, muito menos, para arroladores ou fotógrafos de raridades.
http://www.spea.pt/pt/como-ajudar/conselhos-verdes
O ICNB criou códigos de conduta para os visitantes de áreas protegidas:
http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/86ABBCFF-98EB-4383-A26A-A6A661855082/0/CodiConduta.pdf
e para as empresas de turismo de natureza:
http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/F90E6897-97EF-4C85-A506-B3C5B9332CD0/0/Port_651_2009.pdf
Mas penso que não tem nada específico para observadores de aves.
O Roteiro de Turismo de Natureza – Observação de Aves publicado recentemente pelo Turismo de Portugal inclui um breve código de conduta do observador de aves (na pág. 7):
http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/Noticias/Pages/RoteirodeTurismodeNaturezaObservacaodeAves.aspx
Se conheceram algo mais, talvez seja útil irem adicionando aqui. Assim, quando a SPEA se debruçar sobre este assunto, já estará compilado algum material de base.
Espero é que seja antes de aparecer a Locustella fluviatilis!!
Cumprimentos, Luís G
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Mensagem por alcedo Sáb Dez 17, 2011 4:26 pm

No caso em apreço não penso que se aplique com utilidade um código de conduta, só estando lá se pode ver "a ave rara que ali está". O sítio tem uma frequência permanente de pescadores à linha, é na foz do Ave, surfistas em doses cavalares que levam os carros até ao local, mesmo onde está o chasco, pares de namorados que prolongam a actividade até altas horas da noite deixando o chão juncado de embalagens do Macdonals e outros itens. para além disto dezenas de caminhantes, biciclistas e catadores do lixo das praias sem contar com crianças e familias ao fim de semana e algumas dezenas de birdwatcher's. Apesar de tudo isto o chasco continua calmo e sereno alimentando-se no meio do lixo e dos jacintos de água atirados para a praia. Quando me ajoelhei ele descreveu um circulo à minha volta ficando em ocasiões a menos de 2 metros de mim sem o mínimo sinal de stress. É uma autêntica "avis rara" que quase parece procurar o contacto com as pessoas coisa que nunca vi em mais de 30 anos a observar aves.

E agora o caso concreto do código de conduta concordo em absoluto, muitas vezes esquece-se o principio sagrado da ave antes da foto, e a perseguição e perturbação ao ninho ou à ave encerra uma verdadeira ameaça ao seu bem estar e nem sempre se tem o bom senso na hora de fisgar mais uma raridade ou um boneco.
Secundo a proposta de um debate sobre o tema
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Mensagem por Gonçalo Elias Sáb Dez 17, 2011 5:20 pm

alcedo escreveu:
E agora o caso concreto do código de conduta concordo em absoluto, muitas vezes esquece-se o principio sagrado da ave antes da foto, e a perseguição e perturbação ao ninho ou à ave encerra uma verdadeira ameaça ao seu bem estar e nem sempre se tem o bom senso na hora de fisgar mais uma raridade ou um boneco.

É um facto, mas no caso das raridades temos que ter em conta que:
- não estão a nidificar por isso a questão da perturbação do ninho não se coloca
- a maioria das raridades, arrastadas para muito longe da sua área normal de distribuição, acabará por perecer sem se voltar a reproduzir; são, à partida, aves "condenadas". Isto é especialmente verdade para raridades de origem neárctica ou, como este chasco, vindo de África.

As "aves raras" (que são globalmente escassas e ameaçadas e suscitam, por isso, preocupações de conservação, como por exemplo o priolo, a abetarda ou a águia de bonelli) não devem ser confundidas com as "raridades" (aves que aparecem fora da sua área normal de distribuição e que são raras no nosso país mas que são muito comuns dentro da sua área normal de ocorrência. No caso deste chasco, posso referir que quando estive em Marrocos vi dezenas de Oenanthe deserti - esta espécie é muito comum por lá não suscita preocupações a nível de conservação.

Não estou com isto a dizer que o observador / fotógrafo deve perturbar as raridades a seu belprazer, mas apenas a salientar que as preocupações em matéria de conservação da natureza não se aplicam a raridades / divagantes da mesma forma que às aves reprodutoras.
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Mensagem por Luis Gordinho Dom Dez 18, 2011 12:29 pm

Olá aos dois, obrigado pelos comentários.

Ao ler a mensagem do Gonçalo, apercebi-me que o título que dei a este tópico não foi o mais adequado ao tema que pretendia ver discutido. Devia ter optado por “Código de conduta para arroladores de (aves) divagantes”.
Como o Gonçalo referiu, o caso das aves divagantes tem uma série de particularidades que justifica que seja discutido à parte.
Concordo que as aves raras a nível global que ocorrem regularmente e em números importantes no nosso país para nidificar, invernar ou apenas durante a migração, devem ser o foco principal das preocupações e acções conservacionistas. No entanto, não era a estas que me estava a referir.

Em relação às aves divagantes, concordo que estas não estão sujeitas a algumas das ameaças que afectam as aves de ocorrência regular. No entanto, também é necessário ver o reverso da medalha. Uma única ave divagante pode atrair uma quantidade de observadores muito superior à concebível no caso das aves globalmente ameaçadas a que o Gonçalo fez referência. Se a ave for muito arisca e os observadores pouco cuidadosos, a presença destes pode, por exemplo, levar a que aquela esteja horas sem se alimentar. Mesmo que não fosse um problema de conservação, seria certamente um problema ético.
Além disso, não concordo integramente com algumas das afirmações do Gonçalo, por exemplo:
a maioria das raridades, arrastadas para muito longe da sua área normal de distribuição, acabará por perecer sem se voltar a reproduzir; são, à partida, aves "condenadas". Isto é especialmente verdade para raridades de origem neárctica ou, como este chasco, vindo de África
A maioria talvez, mas uma boa parte provavelmente não. Por exemplo, custa-me a crer que alguns dos bandos de limícolas e patos americanos que ocorrem nos anualmente nos Açores não consigam reorientar-se e, em condições meteorológicas favoráveis, regressar às Américas (mas isto ainda não foi provado). Além disso, alguns divagantes são apenas indivíduos pioneiros a descobrir novas rotas migratórias ou até novas áreas de invernada e de nidificação. Quando o Gonçalo e eu começamos a observar aves espécies como Plegadis falcinellus ou Egretta alba eram consideradas divagantes. Agora são invernantes regulares e o Plegadis até já nidificou!
Já agora, um detalhe: Não tenho qualquer evidência de que este Oenanthe deserti tenha vindo de África. Por exemplo no Reino Unido, há registos de aves provenientes quer da Ásia (O. d. deserti) quer do Norte de África (O. d. homochroa). Alguns autores até sugerem que, no caso dos registos outonais, é mais plausível uma proveniência asiática. Só é possível distinguir com segurança as subespécies na mão (por detalhes do tipo padrão da face interna da base das remiges).

Relativamente ao que disse o José Flores (aka alcedo), concordo que este chasco foi um caso excepcional. Por ser muito confiante e por se encontrar em terrenos públicos. Tantas visitas a uma ave mais arisca e/ou presente em terrenos privados, poderiam ter dado mau resultado. Como estas peregrinações não eram habituais em Portugal há uns anos e como o número de observadores e fotógrafos não pára de crescer, pareceu-me um bom momento para abordar esta questão. Notem que actualmente a SPEA tem 3400 sócios, o Fórum Aves 1200 utilizadores registados e o grupo Flickr Aves em Portugal 780 membros…

Cumprimentos, Luís G
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Mensagem por alcedo Dom Dez 18, 2011 2:49 pm

Caro Luís G

Concordo absolutamente com as tuas palavras e sinto no terreno a presença de um número crescente de observadores de aves com todas as consequências positivas e negativas que isso possa ter. Um milhar de observadores atrás de uma "avis rara" significam muitos problemas e quase certa o enterro da dita, pelo contrário 1000 observadores de aves se bem mobilizados são um bloco de pressão para combater uma ameaça a um sítio, uma lei errada ou a caça desregrada ou a actividade de passarinheiros.
Temos que saber comportar-nos no terreno, temos que saber quando e como interagir com as aves, com os proprietários dos terrenos, com as autoridades, a nossa paixão pelas aves deve ser didáctica e interveniente. Se conseguirmos demover um caçador de matar uma ave que seja, já é uma vitória mas se pudermos fazer algo mais, são pequenas lutas que por vezes perdemos mas outras ganhamos.
As sugestões que deste nos vários links são úteis, e se calhar, nem sempre as seguimos, mas aqui é o lugar certo para debater essas questões e denunciar, se for o caso, os comportamentos menos correctos as atitudes imperdoáveis de quem coloca o seu hobby á frente da segurança e bem estar dos seres vivos que nos fascinam
Um abraço
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Mensagem por pedro121 Seg Dez 19, 2011 3:26 am

Gonçalo Elias escreveu:
Não estou com isto a dizer que o observador / fotógrafo deve perturbar as raridades a seu belprazer, mas apenas a salientar que as preocupações em matéria de conservação da natureza não se aplicam a raridades / divagantes da mesma forma que às aves reprodutoras.

Sim, é verdade, no entanto é possível acontecer que uma raridade apareça num habitat onde qualquer perturbação pode ser prejudicial para as espécies residentes, como exemplo se aparecer um pato raro na etar da Atouguia e os observadores/fotógrafos saltarem a cerca para se aproximarem da ave isso é mau por três motivos:

1º É uma invasão de propriedade privada, e ainda por cima cercada e com avisos claros de não entrar.

2º Se for dia de caça os patos podem levantar, o que aumenta o risco para os patos invernantes.

3º É chato para os observadores/fotógrafos locais que tentam manter boas relações com a comunidade que depois hajam problemas derivados da actividade.

Para alem disso, que moral temos nos de chamar a GNR porque estão caçadores onde não deviam, quando os colegas fazem exactamente o mesmo, se bem que com resultado menos graves.
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Mensagem por pedro121 Seg Dez 19, 2011 3:31 am

alcedo escreveu:
Concordo absolutamente com as tuas palavras e sinto no terreno a presença de um número crescente de observadores de aves com todas as consequências positivas e negativas que isso possa ter. Um milhar de observadores atrás de uma "avis rara" significam muitos problemas e quase certa o enterro da dita

Bem, não necessariamente, é só ver o exemplo de Inglaterra, concentrações na ordem das centenas de arroladores em simultâneo para ver uma ave são frequentes, e no entanto raramente acontece algo de mau á ave, o que pode acontecer é que as distancias não são mantidas e a ave dá á sola, mas nada sofre com isso, quem sofre são os arroladores, o impacto pode ser mais grave em termos de habitat, ou de perturbação da comunidade local, com a chegada repentina de milhares de pessoas, mas isso é um cenário muito distante em Portugal, o máximo que se consegue cá é uma concentração na ordem das dezenas e só em circunstancias excepcionais.
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Mensagem por Gonçalo Elias Seg Dez 19, 2011 4:22 am

pedro121 escreveu:
Sim, é verdade, no entanto é possível acontecer que uma raridade apareça num habitat onde qualquer perturbação pode ser prejudicial para as espécies residentes, como exemplo se aparecer um pato raro na etar da Atouguia e os observadores/fotógrafos saltarem a cerca para se aproximarem da ave isso é mau por três motivos:

1º É uma invasão de propriedade privada, e ainda por cima cercada e com avisos claros de não entrar.

2º Se for dia de caça os patos podem levantar, o que aumenta o risco para os patos invernantes.

3º É chato para os observadores/fotógrafos locais que tentam manter boas relações com a comunidade que depois hajam problemas derivados da actividade.

Para alem disso, que moral temos nos de chamar a GNR porque estão caçadores onde não deviam, quando os colegas fazem exactamente o mesmo, se bem que com resultado menos graves.

Eu entendo o raciocínio, mas confesso que num país onde haverá, no máximo, uns 100 arroladores e 300 mil caçadores (números oficiais) não me parece que sejam os arroladores aqueles que mais danos causam às aves, sejam elas raras ou não. Não tenho nada contra o código de conduta e não estou sequer a sugerir que se deve perturbar as aves, estou apenas a tentar alertar para a dimensão relativa do problema.

No Reino Unido (e noutros países mais a norte) há milhares de arroladores e a caça não tem, nem de perto nem de longe, a dimensão que tem cá, por isso nesses países o problema da perturbação adquire uma dimensão relativa diferente.

Mas nem precisamos de meter os caçadores ao barulho: basta ir à praia de Carcavelos e observar o pessoal do jogging - não são raros os que fazem uns desvios do seu percurso para irem deliberadamente espantar as gaivotas... ou então aquela malta que larga os cães para os deixar perseguir o gaivotame a seu belprazer. Onde está a ética nestes casos? Ou será que a questão ética só se aplica aos birdwatchers? Rolling Eyes



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Mensagem por pedro121 Seg Dez 19, 2011 4:47 am

Gonçalo Elias escreveu:
Mas nem precisamos de meter os caçadores ao barulho: basta ir à praia de Carcavelos e observar o pessoal do jogging - não são raros os que fazem uns desvios do seu percurso para irem deliberadamente espantar as gaivotas... ou então aquela malta que larga os cães para os deixar perseguir o gaivotame a seu belprazer. Onde está a ética nestes casos? Ou será que a questão ética só se aplica aos birdwatchers? Rolling Eyes

Sim, mas lá está, se formos falar de tudo o que está mal... o tema da discussão proposta é precisamente um código de conduta durante um arrolamento e é só isso que está a ser debatido.

No entanto já que falamos de gaivotos, no inicio deste ano assisti a uma que foi claramente para alem dos limites do aceitável, na praia do molhe leste estavam dois estrangeiros, um deles fotografo a fotografar um bando de gaivotas, quando para meu espanto o acompanhante começa a atirar pedras as gaivotas para elas voarem para o fotografo tirar fotos em voo das mesmas, numa situação normal (cães, crianças, joggers) eu teria ficado chateado mas provavelmente teria deixado passar, mas naquele caso tive que ter uma conversinha com os dois idiotas... o que não foi fácil já que ambos só falavam francês... Mad Mad , o pior é que eram fotógrafos de paisagem e acharam que ficava bem umas fotos do porto com o sol a pôr-se e as gaivotas a voar… que giro…
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Mensagem por RuiCaratao Seg Dez 19, 2011 5:00 am

8. Do not try to get closer than anyone else to view or—especially—to photograph the
bird: let binoculars, telescopes and telephoto lenses cover the distance


Acho este ponto, muito importante, e talvez o que mais se adequa à realidade portuguesa, já que o numero de potenciais arroladores (birdwathers/twitchers) é baixo, e contentam-se com uma boa vista da ave, sem precisarem de estar excessivamente perto.
Contudo o mesmo poderá não se passar com os fotografos, que aspiram sempre pela menor distância possivel à ave, para fazer um retrato bonito.
Esta ave de Vila do Conde tem propiciado bons momentos, belas fotos e aproximações,e pelo menos no dia em que arrolei a mesma não vi qualquer falta de civismo ético por parte dos presentes, tanto observadores como fotografos.

No entanto à duas semanas atrás, na Giganta, pela manhã deparo-me com um nevoeiro intenso, que não permitia sequer observar as aves nos talhões de arrozal. Decidi então ir até ás lagoas e à Ponta da Erva, e assim fazer tempo para o nevoeiro levantar. A meio da manhã deparo-me com um fotografo (não presente no forum que eu saiba), a caminhar pelos cômoros que ladeiam os talhões de arrozal em direção ao bando de Flamingos que estava no fundo do talhão. Parei o carro e observei de longe, a aproximação ás aves, que teve o desfecho esperado....400 ou + flamingos a voar em direção ao estuário e tudo o mais que levantou tambem assustado.
Avancei e esperei pela pessoa, pois não me aguentava sem lhe dizer nada, tal era a volta que tinha no estomago. Perguntei-lhe se a fotografia tinha valido a pena...ficou surpreso, e retaliou que nimguem era mais conservacionista do que ele, ao que respondi que varios fotografos têm tirado excelentes fotografias sem sairem do carro ou do caminho de acesso...a resposta foi de novo engraçada, e retorqiu que a lente dele não era muito potente...como o nó no meu estomago era cada vez maior, sobretudo após me dizer que os flamingos no dia seguinte estariam lá de novo, desejei-lhe um bom dia e fui-me embora.

Gonçalo Elias escreveu:basta ir à praia de Carcavelos e observar o pessoal do jogging - não são raros os que fazem uns desvios do seu percurso para irem deliberadamente espantar as gaivotas... ou então aquela malta que larga os cães para os deixar perseguir o gaivotame a seu belprazer

Nunca dei por isso Gonçalo!!!!! scratch .......... Very Happy Very Happy
As vezes imagino que o meu telescopio, é uma potente arma bélica!!!!!! Laughing

cumps,
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Mensagem por pedro121 Seg Dez 19, 2011 5:09 am

RuiCaratao escreveu:
Nunca dei por isso Gonçalo!!!!! scratch .......... Very Happy Very Happy
As vezes imagino que o meu telescopio, é uma potente arma bélica!!!!!! Laughing

Tu tambem? Pensei que era só eu... felizmente que aqui o pessoal do jogging não vai para o molhe leste, e o pessoal do surf não incomoda tanto, mas temos que dizer que as gaivotas são um caso aparte, elas lidam bem com a situação, e são bastante resistentes á intrusão, são muito mais incomodadas pelos não birdwatchers do que pelos birdwatchers, e olha que eu quando por qualquer motivo faço com que algumas levantem voo (estarem a tomar banho numa poça no meio de uma estrada de terra batida é o normal) peço-lhes sempre desculpa.
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Mensagem por RuiCaratao Seg Dez 19, 2011 5:22 am

Pedro121 escreveu:Tu tambem? Pensei que era só eu...

Nada de mal em perpetuar a imaginação fertil da criança que há em nós!!!! Embarassed
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Mensagem por Carlos Pacheco Seg Dez 19, 2011 5:59 am

Mas nem precisamos de meter os caçadores ao barulho: basta ir à praia de Carcavelos e observar o pessoal do jogging - não são raros os que fazem uns desvios do seu percurso para irem deliberadamente espantar as gaivotas... ou então aquela malta que larga os cães para os deixar perseguir o gaivotame a seu belprazer. Onde está a ética nestes casos? Ou será que a questão ética só se aplica aos birdwatchers?

Pois então isso dependerá das zonas. Na lagoa de Albufeira é frequentíssimo observarem-se pessoas (crianças e adultos) a irem às ilhas de areia junto da barra e a correr deliberadamente para fazer voar as gaivotas. Também já observei pessoas a atravessar o canal só para ir levantar as gaivotas. O mesmo é muito comum nas praias de Alvor e Rocha (Portimão).
A minha última experiência do género foi há 2 semanas, num parque junto à praia de Caxias, em que um velhote na casa dos 70 anos, perseguiu por 5 vezes (não me enganei, foram mesmo 5 vezes) um bando com cerca de 300 gaivotas de várias espécies de bicicleta. Elas levantavam e pousavam noutro sítio mais à frente e lá ía ele deliberadamente atrás delas. A sorte dele foi que eu já tinha passado o bando a pente fino e lido todas as anilhas que existiam. Se não tinha-lhe avariado a bicicleta :-)
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Mensagem por Gonçalo Elias Seg Dez 19, 2011 6:53 am

pedro121 escreveu:
Sim, mas lá está, se formos falar de tudo o que está mal... o tema da discussão proposta é precisamente um código de conduta durante um arrolamento e é só isso que está a ser debatido.

Sim, Pedro, eu sei que é isso que está a ser debatido: a perturbação causada por arroladores.

E para analisar este assunto temos duas opções: ou fingimos que não existe qualquer outra fonte de stress sobre as aves e que se conseguirmos convencer os todos os arroladores a portarem-se bem, então o problema do stress das aves fica resolvido; ou então procuramos perceber qual é a real dimensão deste problema face a todas as fontes de perturbação e stress que são causadas pela população humana.

Como referi acima, a população de arroladores em Portugal é diminuta. Acho óptimo que não se cause stress sobre as aves, mas num país onde as fontes de perturbação são muitas e variadas, creio que acima de tudo estes cuidados por parte dos arroladores servem para ficarmos todos bem com a nossa consciência. Para as aves portuguesas o efeito é negligenciável.

Olha, considera o seguinte exemplo: como julgo que saberás, todos os anos morrem milhares de aves vítimas de atropelamento (colisões com veículos). Não sendo viável pedir a toda a população que deixe de andar de carro, poderia apelar-se aos observadores de aves para usarem apenas os transportes públicos, deixando de usar viatura própria, de modo a reduzir o número de potenciais colisões. Esta medida teria algum efeito prático? Certamente que sim, pois iria reduzir o número de colisões. Esta redução seria significativa no panorama nacional? Se calhar não...

pedro121 escreveu:as gaivotas (...) são muito mais incomodadas pelos não birdwatchers do que pelos birdwatchers

Certamente. As gaivotas e já agora todas as outras aves.

Diz-me lá uma espécie que seja mais perturbada por birdwatchers que por não birdwatchers Very Happy

pedro121 escreveu:e olha que eu quando por qualquer motivo faço com que algumas levantem voo (estarem a tomar banho numa poça no meio de uma estrada de terra batida é o normal) peço-lhes sempre desculpa.

Estou certo que as gaivotas ficam muito sensibilizadas com essa tua atitude Cool
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Mensagem por Camilo Carneiro Seg Dez 19, 2011 9:57 am

Olá

Gonçalo, acho que o ideal será um meio termo: pensar apenas no caso dos arroladores/observadores, mas não esquecer, claro, que existem inúmeras causas de perturbação.

Do meu ponto de vista, um comportamento adequado por parte da comunidade de observadores (e por cada indivíduo, evidentemente) não é somente uma questão de consciência. Concordo que o efeito desse grupo de pessoas possa ser negligenciável, mas se os observadores (e fotógrafos) seguirem/cumprirem um código de conduta, isso permitirá também manter uma boa imagem da comunidade e impedir que outras (caçadores, "pessoas que atiram pedras às gaivotas", "pessoas que as perseguem de bicicleta", etc.) apontem o dedo. Além disso, a comunidade nunca poderá mal vista pela sociedade, pois não haverão razões para isso.

Seguindo a sugestão do Luís Gordinho, deixo aqui mais alguns links com códigos de conduta:
http://floridabirdingtrail.com/index.php/conservation/birding_ethics/
http://www.naturalistsclub.org/birding-ethics/
http://www.hungarianbirdwatching.com/birdwatching.htm
http://fwp.mt.gov/recreation/ethics/birdWatching.html
http://www.njaudubon.org/SectionNatureNotes/BirdingEthics.aspx
É evidente que existe muita redundância entre eles. Sugiro que leiam pelo menos a "introdução" no primeiro link e ainda esta história: http://www.birdingmaine.com/rare-species-and-birding-ethics.htm

Cumprimentos
Camilo
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Mensagem por Luis Gordinho Seg Dez 19, 2011 10:35 am

Boa tarde a todos. Aqui vão alguns comentários às últimas mensagens:

raramente acontece algo de mau á ave
Ou melhor, raramente se fica a saber se aconteceu algo mau à ave e, sobretudo, raramente se consegue provar q aconteceu algo mau à ave por causa das acções dos arroladores.

o que pode acontecer é que as distancias não são mantidas e a ave dá á sola, mas nada sofre com isso, quem sofre são os arroladores
Nem sempre é assim. Se uma ave que só utiliza determinados micro-habitats raros é desalojada, isso pode ter consequências. Imaginem uma limícola americana q acaba de atravessar o Atlântico e chega aos Açores (ou a Sagres) à beira da inanição. Se ela encontrar umas das poucas pequenas áreas onde se pode alimentar (de forma eficiente) mas for desalojada, poderá não sobreviver até encontrar nova área. Mesmo um passeriforme florestal divagante que se abrigue temporariamente num pequeno aglomerado de árvores no meio de uma vasta planície desarborizada, se for desalojado, poderá ser predado quase de imediato (em situação normal só abandonaria o local depois de recuperar a sua condição física e, provavelmente, de noite).

No Reino Unido actualmente há milhares de arroladores, mas não foi agora que se começaram a preocupar com esta questão. Os códigos que vos enviei são de 1982 (têm quase 30 anos!) e, nessa altura, havia muito menos arroladores lá. É certo que, mesmo assim, eram muito mais do que existem hoje em Portugal, no entanto, penso que eles gostariam de ter agido mais cedo. Dessa forma, provavelmente teria sido possível evitar muitas situações que ainda hoje dão má reputação aos arroladores do Reino Unido no seu próprio país.

Ou será que a questão ética só se aplica aos birdwatchers?
A questão ética aplica-se a toda a gente. A mim é que me pareceu que o Fórum Aves só seria o local adequado para discutir a ética dos Observadores de Aves.

Diz-me lá uma espécie que seja mais perturbada por birdwatchers que por não birdwatchers
É muito difícil saber isso mas, considerando apenas perturbação directa (dirigida à espécie ou ao indivíduo e não ao habitat), tens quase todos os passeriformes divagantes. Mais alguém, sem serem os observadores de aves, anda atrás desses bichos? Talvez alguns passarinheiros especializados em passeriformes migradores capturem alguns…

E para analisar este assunto temos duas opções: ou fingimos que não existe qualquer outra fonte de stress sobre as aves e que se conseguirmos convencer os todos os arroladores a portarem-se bem, então o problema do stress das aves fica resolvido; ou então procuramos perceber qual é a real dimensão deste problema face a todas as fontes de perturbação e stress que são causadas pela população humana.
Pois, eu acho que há outras opções para analisar este assunto. Por um lado, tentar ver um problema de cada vez. Mesmo que o problema global seja maior do que uma mera soma de pequenos problemas, minorar um pequeno problema já seria uma batalha ganha. Por outro lado, não me parece necessário “fingirmos que não existe qualquer outra fonte de stress sobre as aves”, basta termos a noção de que o Fórum Aves provavelmente não é o local mais adequado para lidar com essas fontes de stress. Se eu fizesse aqui um apelo aos caçadores ou a quem pratica jogging na praia, provavelmente esse apelo só ia chegar a uma ínfima parte deles.

8. Do not try to get closer than anyone else to view or—especially—to photograph the bird: let binoculars, telescopes and telephoto lenses cover the distance
O Rui, e provavelmente outros membros do fórum, foram ler os códigos de conduta – já valeu a pena ter iniciado este tópico!

Cumprimentos, Luís G

PS- Mt bom Camilo, obrigado.
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Mensagem por RuiCaratao Seg Dez 19, 2011 11:15 am

Por acaso, já tinha o código de conduta, no Rare Birds of Britain and Europe, mas a ideia é essa Wink

cumps,
Rui
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Mensagem por Luis Gordinho Seg Dez 19, 2011 11:25 am

Bem visto Rui. Realmente os códigos de conduta propriamente ditos estão lá. Não tem é aquela introdução do artigo original que, na minha opinião, dá um bom enquadramento ao tema. +Cumprimentos, Luís G
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Mensagem por Gonçalo Elias Seg Dez 19, 2011 11:54 am

Olá Luís,

Há uma coisa que ainda não percebi aqui: se a necessidade de estabelecer um código de conduta para os arroladores de raridades surge como consequência de situações concretas que já se verificaram em Portugal, envolvendo arroladores portugueses.

Concretamente, há registo de casos em que os arroladores portugueses tenham tido comportamentos inadequados em território nacional? Em caso afirmativo, de quantos casos estamos a falar e que comportamentos foram esses?

1 abraço,
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Mensagem por Luis Gordinho Seg Dez 19, 2011 12:34 pm

Olá Gonçalo,

Não, que se saiba (ou pelo menos que eu saiba), não. A ideia é prevenir e não remediar. Penso que o chasco-do-deserto foi a primeira raridade em Portugal Continental a ser observada e fotografada por dezenas de pessoas em poucos dias. Como já foi amplamente ventilado, é uma ave muito confiante que "assentou arraiais" em terrenos públicos. Apesar disso, fez-me pensar que, sem os observadores estarem minimamente alerta para estes problemas, uma raridade arisca e/ou em terrenos privados podia gerar problemas.

Nestas coisas o panorama pode mudar quase "do dia para a noite".
Repara que, por exemplo, o Peter Alfrey foi para o Corvo procurar raridades sozinho pela primeira vez em 2005 e, este ano, o cenário já era este:
http://peteralfreybirdingnotebook.blogspot.com/2011/10/purple-patch.html

Posso estar enganado, mas prevejo um aumento acentuado do número de arroladores nos próximos anos. A estreia em Portugal do filme "The Big Year" (prevista para 2012) também é capaz de ajudar à festa...

Um abraço, Luís G
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Mensagem por Gonçalo Elias Seg Dez 19, 2011 3:25 pm

Olá Luís,

Luis Gordinho escreveu:Não, que se saiba (ou pelo menos que eu saiba), não.

Bem, se não há registo de comportamentos inadequados por parte de arroladores nacionais, não percebo muito bem esta súbita necessidade de disciplinar um grupo que, ao que tudo indica, não precisa de ser disciplinado.

Já agora, o exemplo do Corvo parece-me extemporâneo: primeiro porque todos ou quase todos os arroladores que lá vão são estrangeiros e não portugueses, por isso aquilo que se passa por lá não pode ser considerado representativo do comportamento dos arroladores portugueses; segundo, porque aquilo que acontece no Corvo não é um mero afluxo de arroladores que se dirigiram lá para arrolar uma dada raridade; trata-se antes de uma espécie de "festival da raridade", em que o pessoal vai para lá uma semana de férias, à espera de arrolar uma boa maquia de passeriformes americanos (na base de "tudo o que vier à rede é peixe"). O Corvo é um caso singular no panorama nacional, devido à quantidade anormalmente elevada de raridades por metro quadrado; tanto quanto se sabe, tamanha densidade de raridades não se verifica em nenhum outro local do país e por esse motivo não me parece provável que este género de concentrações de arroladores venham a acontecer no resto do território nacional.

1 abraço,
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Mensagem por RuiCaratao Seg Dez 19, 2011 3:35 pm

Bem os Açores são um caso muito especial no oeste do Paleártico, e com todas as condições para grandes cenários de arrolamento.
No entanto, e tal como o Luis acredito que em Portugal, com o aumento do numero de observadores e aumento da área do territorio nacional a ser mais sistematicamente visitada, que o numero de aves e especies consideradas raras seja de ano para ano mais frequente, e faça cada vez mais sentido debater um código de conduta, ou pelo menos dar a conhecê-lo.


De cada vez que vejo as fotos dos maiores "twitches" na Grã-Bretanha de sempre, não me posso deixar de admirar com organição/disposição dos observadores no terreno, mantendo entre todos uma igual distância de segurança da ave...sem terem tendência para o nosso bem tradicional xico-espertismo...
http://www.freewebs.com/garybirder/thetwitch.htm
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Mensagem por Luis Gordinho Ter Dez 20, 2011 4:59 am

Bom dia.

Já expliquei porque é que me pareceu que esta seria uma boa altura para uma primeira discussão sobre o assunto em epígrafe. Outros observadores (incluindo o Gonçalo) poderão não aceitar essa explicação – é perfeitamente legítimo.
Claro que só tentar “disciplinar um grupo” depois de haver “registo de comportamentos inadequados” vai contra o conceito de prevenção. No entanto, pode argumentar-se que, neste caso, nem se justifica haver prevenção. Uma vez mais é uma questão de opinião.
Uma coisa é certa, em documentos com maior poder vinculativo que um código de conduta (e.g. estatutos e regulamentos) é normal estarem previstas situações que ainda não se verificaram (mas que se considera provável que se venham a verificar). Por exemplo, e tentando não me afastar do âmbito do Fórum Aves, os estatutos da SPEA (disponíveis em http://www.spea.pt/fotos/editor2/regulamento_interno.pdf) prevêem a criação de um Fundo de Reserva com a finalidade de assegurar a eventual solvência da associação (Artigo 6º) e também prevêem a exclusão ou suspensão de sócios no caso de admissão irregular, mediante declarações incorrectas ou omissas (Artigo 18º, alínea b). Nenhuma destas situações se verificou até ao momento (que eu saiba, pelo menos), no entanto estão lá previstas.
Além disso, eu não quis dizer que não havia registo de comportamentos inadequados por parte de arroladores nacionais (foi uma sobressimplificação minha). Penso é que não há registo desses comportamentos terem claros efeitos nefastos. Isto por os arroladores serem poucos. Claro que há vários registos de comportamentos inadequados por parte de observadores de aves nacionais e até concretamente de arroladores. O Rui Caratão já deu um exemplo com um observador e fotógrafo e eu posso dar outro, protagonizado por um arrolador: Para confirmar a ID de dois falaropos presentes nos cristalizadores das salinas de Vasa Sacos (Benavente), já vi um arrolador fazer levantar voo centenas de limícolas que aí se encontravam. Será que isso teve algum impacto significativo? Penso que não. Nessa manhã sucedeu o mesmo com a passagem de dois ou três tartaranhões e de um falcão-peregrino. Agora se forem quatro ou cinco observadores a fazerem o mesmo, um de cada vez, durante cada preia-mar, o impacto já poderá ser grande… O Gonçalo certamente já presenciou outros casos assim – que não tiveram impacto (significativo) num dado contexto, mas poderão ter noutros – penso que não vale a pena insistir na exemplificação.

Com o exemplo do Corvo pretendi apenas ilustrar que "Nestas coisas o panorama pode mudar quase do dia para a noite." Pensei que isso tivesse ficado claro, porque as duas frases estavam no mesmo bloco de texto. Em retrospectiva, reconheço que deviam estar num parágrafo único.
Ainda assim, o Corvo também é Portugal e, no nosso país, as nossas regras é que devem valer (e as da troika, pois…). Se os estrangeiros que vêm para cá arrolar verificarem que não há regras nem preocupações entre os observadores locais, vão sentir-se à vontade para fazer coisas que não fazem no país deles. “Off the record” (e isto citando António Oliveira), posso afirmar que, em Sagres, já vi um grupo de 15 Suecos a “baterem” o mato em linha às 17h, coisa que provavelmente não fariam na Suécia.

Globalmente, concordo com o Gonçalo que talvez seja cedo para a SPEA/ Comité Português Raridades ter na sua página um código de conduta para arroladores de raridades (embora não se perdesse nada – mais ano menos ano vai ser mesmo necessário). No entanto, parece-me boa altura para aquela associação disponibilizar on-line um código de conduta para observadores de aves e, eventualmente, para fotógrafos.
A propósito, pelo menos no Reino Unido, os códigos de conduta mais recentes tendem a ser muito sintéticos para observadores de aves:
http://www.britishbirds.co.uk/birding-resources/birdwatchers-code
http://www.rspb.org.uk/advice/watchingbirds/code/index.aspx
E bastante mais detalhados para fotógrafos:
http://www.britishbirds.co.uk/birding-resources/bird-photography-%e2%80%93-a-new-code-of-practice

Cumprimentos, Luís G
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Mensagem por pedro121 Ter Dez 20, 2011 5:12 am

Luis Gordinho escreveu:
Ainda assim, o Corvo também é Portugal e, no nosso país, as nossas regras é que devem valer (e as da troika, pois…). Se os estrangeiros que vêm para cá arrolar verificarem que não há regras nem preocupações entre os observadores locais, vão sentir-se à vontade para fazer coisas que não fazem no país deles. “Off the record” (e isto citando António Oliveira), posso afirmar que, em Sagres, já vi um grupo de 15 Suecos a “baterem” o mato em linha às 17h, coisa que provavelmente não fariam na Suécia.

Humm, esse exemplo é interessante, eu já ouvi comentar que bater o mato em linha é frequente em países nórdicos, estes comentários surgiram no Birdforum em sequência de flushs organizados e de uma comparação das atitudes em relação aos mesmos na Inglaterra e nos países nórdicos (onde foi dito que a pratica era corrente nesses países), portanto é possível que seja aceitável faze-lo na Suecia?

Diga-se que em Portugal é basicamente esse o método que eu acho que pode funcionar para se conseguir ver Crex crex e Gallinago media, ou seja para algumas espécies flush organizados são a solução?
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Mensagem por VozdoBerço Ter Dez 20, 2011 5:43 am

Dado que estão a debater este tema, aproveito para tentar esclarecer uma dúvida que tenho.
O uso de chamamentos para atrair uma ave para um local mais próximo de nós pode ou não prejudicá-la ou perturbá-la de alguma forma?
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