Candeeiros ou Candieiros?

Esta é dirigida em especial ao Francisco Barros, mas se mais alguém souber responder...

Pergunta: Qual é a grafia correcta: Candeeiros ou Candieiros?

Quando era pequeno aprendi que se escrevi Serra dos Candieiros. Também em livros antigos (por exemplo, no Guia de Portugal, de Raul Proença, 1927), o nome da serra aparece escrito repetidas vezes como “Serra dos Candieiros”. Desconfio que “Candeeiros” (que se tornou a forma corrente de escrever o nome da serra) mais não é que uma corruptela de “Candieiros”.

É curioso notar que na Serra da Estrela existe um grande vale glaciar denominado “Ribeira da Candieira”, que ainda surge com esta grafia na maioria dos mapas da região.

Francisco, conheces alguma referência à grafia Candieiros, nomeadamente em documentos antigos do PNSAC? E, já agora, conheces algum significado para “Candieiro” ou “Candieira” (já ouvi dizer que este nome designa uma planta).

1 abraço,
Gonçalo

Olá Gonçalo,

Acordo com uma referência excelente sobre os nome das plantas o:

F.M:Fernandes, L.M. Carvalho, Portugal Botânico de A a Z, 2003 - ISBN: 972-757-265-0

Diz que Candeeira is Lycopodium clavatum (uma planta vascular quase cerca dos fetos que produze esporas em vez de sementes - em Portugal só na área de Serra da Estrela entre 700m e 2000m). A Flora ibérica dá outra nome - Licopódio-de-estrela.

Não há outra nome aqui listado com o nome Candeeiro ou Candieiro etc.

No entanto não me estranho nada que se calhar o nome da serra é por causa das imensas (dezenas de milhares!) da orquídea Aceras anthropophorum que parecem pequenas candeeiros incandescentes - o seu nomes listados são; Erva-do-homen-enforcado e Rapazinhos.

Um abraço

Simon

Gonçalo Elias escreveu:Esta é dirigida em especial ao Francisco Barros, mas se mais alguém souber responder...

Pergunta: Qual é a grafia correcta: Candeeiros ou Candieiros?

Quando era pequeno aprendi que se escrevi Serra dos Candieiros. Também em livros antigos (por exemplo, no Guia de Portugal, de Raul Proença, 1927), o nome da serra aparece escrito repetidas vezes como “Serra dos Candieiros”. Desconfio que “Candeeiros” (que se tornou a forma corrente de escrever o nome da serra) mais não é que uma corruptela de “Candieiros”.

É curioso notar que na Serra da Estrela existe um grande vale glaciar denominado “Ribeira da Candieira”, que ainda surge com esta grafia na maioria dos mapas da região.

Francisco, conheces alguma referência à grafia Candieiros, nomeadamente em documentos antigos do PNSAC? E, já agora, conheces algum significado para “Candieiro” ou “Candieira” (já ouvi dizer que este nome designa uma planta).

1 abraço,
Gonçalo

Boas Gonçalo,

Corruptela, não diria, mas provavelmente uma alteração na grafia com o tempo, tal como em muitas outras palavras...

Sinceramente, já trabalho por aqui há 18 anos e nunca consegui uma explicação 100% segura do porquê da Serra dos Candeeiros se chamar... Serra dos Candeeiros. Mesmo a população residente com mais idade não sabe. Sempre ouviram isso dos seus pais e estes dos seus avós... e por aí fora...

As unicas duas versões que consegui apurar com alguma consistencia, não por ter lido, mas por me terem sido referidas:

1ª - Parece que os monges de Cister quando atravessavam a serra à noite, faziam-no em fila indiana e levavam as suas candeias de iluminação. Daí os candeeiros (pessoas que transportavam as candeias).

2ª - Segundo um botânico, a planta Phlomys lychnitis (bastante comum na região), conhecida localmente por Salva-da-serra ou Erva-candeeira (porque a flor lembra uma candeia invertida), pode também estar na orígem do nome da serra.



Existe também uma pequena povoação na base da serra, no concelho de Alcobaça, que também tem o nome de Candeeiros. Nunca ninguem me conseguiu explicar o porquê desse nome.
Talvez o Eduardo Barrento ou o Pedro Correia, residindo no dito concelho, tenham já ouvido falar de alguma coisa...

Quanto à grafia propriamente dita, estou em crer que se deve à alteração da palavra candeeiro (instrumento de iluminação) que provávelmente já se escreveu candieiro noutros tempos...
No PNSAC, não conheço qualquer documento que faça referencia à palavra candieiros (por acaso não me recordo o termo exacto no livro do Fernandes Martins...), mas também não temos por cá documentos propriamente "antigos"...

Olá a todos,
Fui para aqui chamado mas, de facto, não serei dos mais habilitados sobre a questão: estou a trabalhar em Alcobaça vai para 4 anos, mas só cá vivo há pouco mais de um ano. Sempre vi "Candeeiros" e não "Candieiros", mas esta é uma região onde os nomes têm, com frequência, várias grafias: a povoação onde nasce o rio Alcoa é chamada Chiqueda, Chaqueda e Chequeda, por exemplo. Também não faço ideia de onde surgiu o nome da serra. Talvez o Marco Correia, que é daqui possa responder...
Abraços,
Eduardo Barrento

Desculpa Gonçalo e Francisco!

Não era a minha intenção a interromper este discurso - só visitei a Serra dos Candeeiros 3 vezes - adorei a área e ficou mesmo triste a ver os parques eólicas mal situadas. Também ficou quase desmaiado fazendo contagens das orquídeas.

Um abraço

Simon

barrento escreveu:Olá a todos,
Fui para aqui chamado mas, de facto, não serei dos mais habilitados sobre a questão: estou a trabalhar em Alcobaça vai para 4 anos, mas só cá vivo há pouco mais de um ano. Sempre vi "Candeeiros" e não "Candieiros", mas esta é uma região onde os nomes têm, com frequência, várias grafias: a povoação onde nasce o rio Alcoa é chamada Chiqueda, Chaqueda e Chequeda, por exemplo. Também não faço ideia de onde surgiu o nome da serra. Talvez o Marco Correia, que é daqui possa responder...Abraços,
Eduardo Barrento

Olá Eduardo,
Peço desculpa pelo lapso e agradeço a correcção. De facto queria dizer Marco Correia, mas não sei porquê, saiu-me Paulo...

Simon Wates escreveu:Desculpa Gonçalo e Francisco!

Não era a minha intenção a interromper este discurso - só visitei a Serra dos Candeeiros 3 vezes - adorei a área e ficou mesmo triste a ver os parques eólicas mal situadas. Também ficou quase desmaiado fazendo contagens das orquídeas.

Um abraço

Simon

Simon,
Não tem que pedir desculpa, pois o Gonçalo pediu a mais pessoas que podessem ajudar a esclarecer a sua dúvida.

Em relação aos parques eólicos da Serra dos Candeeiros, de facto, pelo menos relativamente ao impacto visual, fiquei com um "nó" no estomago quando percebi que seriam "forçosamente" aprovados, mesmo mediante os pareceres contrários por nós emitidos.

De qualquer forma, o impacto sobre a avifauna não se mostrou tão nocivo como eu previa, felizmente.
A monitorização que tem sido efectuada logo após a instalação dos mesmos, indicam que a mortalidade para a globalidade das espécies é praticamente nula, excepto para Falco tinnunculus, que já conta (se não estou em erro) com 5 baixas...

Mas o impacto sobre a avifauna não se mede apenas pela mortalidade. Houve algumas alterações do comportamento de outras 2 espécies:

1- Pyrrhocorax pyrrhocorax - mudança de comportamento: O casal que nidificava perto de um aerogerador, embora ocupasse o mesmo local de nidificação, mudou a estratégia de voo. Anteriormente, deslocava-se em altitude para chegar ao local de nidificação, após a instalação dos aerogeradores, o voo começou a ser razante ao solo. Este casal, embora por outras razões acrescidas, mudou de local de nidificação, sendo que no ano passado não teve sucesso reprodutivo (mas isso acontece com alguma frequencia quando casais desta espécie mudam de local de nidificação, no geral).

2- Alauda arvensis - Nota-se perfeitamente um efeito de "vazio" em determinadas zonas onde eram muito comuns. Neste momento concentram-se em grande nº nos locais mais espaçados entre aerogeradores, mantendo nºs reduzidos juntos aos mesmos. Embora não tenha sido detectada nenhuma baixa, o seu comportamento de canto nupcial em altitude, parece que as levou a afastarem-se dos aerogeradores.

Neste momento, a empresa responsável pela monitorização (e depois de análise conjunta com o PNSAC) irá canalizar esforços dirigidos apenas para a monitorização de 2 espécies na zona de influencia do parque eólico:

Pyrrhocorax pyrrhocorax- Pelo estatuto da espécie e na prespectiva de perceber as alterações comportamentais da mesma face ás torres éolicas, bem como o seu sucesso reprodutivo e qual a gravidade do impacto.

Falco tinnunculus - Pela mortalidade detectada por colisão com as hélices das torres eólicas.


Quanto à escassez de Orquídeas, de facto este ano é constatável. Isso não tem a ver directamente com o parque eólico, mas indirectamente. Após a instalação deste parque, a afluencia ao local cresceu exponencialmente. Ora a capacidade de carga tem limites. E neste caso o facto de "virar moda" a colecta ilegal de plantas silvestres, faz destas coisas...
Embora se tenha colocado paineis informativos a alertar para a protecção legal de muitas dessas espécies, o facto é que chegamos a detectar colheita ilegal.
Embora este ano não seja dos melhores para a floração de algumas espécies de orquideas (condições climáticas..), tenho grandes suspeitas de que a grande ausencia destas espécies junto ao caminho principal da Serra dos Candeeiros, se deve a colectas em anteriores anos de modo algo sucessivo...

PS: Desculpem lá este offtopic...

Francisco,

Não tens que pedir desculpa, pois não se trata de um offtopic - afinal de contas estamos na sala de ambiente.

1 abr
Gonçalo