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Mensagem por alcedo Qua Fev 08, 2012 2:49 pm

Nota: o presente tópico resulta da cisão deste tópico

Meus caros, com argumentos desses chegou-se há umas décadas atrás, às campanhas "contra os nocivos" em que dezenas de milhares de predadores de todas as espécies, desde linces a águias imperiais, foram abatidos com recompensa porque a acção dos predadores prejudicava a caça.
Estes argumentos foram logicamente desmascarados, e mesmo ridicularizados, por todas as autoridades cientificas do que resultou ainda na década de 70 a protecção estrita a todas as aves de rapina.
Agora passando aos vossos argumentos (sem querer bater em ninguém), primeiro os predadores vivem em equilíbrio com os predados, se houver muitos predadores as presas desaparecem, ou reduzem-se tanto, que os predadores não têm alimento e ou mudam de poiso ou morrem.
Em textos com mais de 50 ou mais anos em Espanha e Portugal, refere-se que eram raros os postes de telegrafo que não tivessem um buteo em cima, e ainda hoje os sítios onde há mais predadores são curiosamente onde há mais presas ou seja ao predarem ajudam ao desenvolvimento das presas eliminando os fracos e doentes e permitindo populações sadias. Um local com bastantes rapinas é naturalmente um local considerado com em equilibrio natural.
O impacto de um buteo ou de um peneireiro nas populações de insectos ou pequenos repteis e anfíbios é mínima, muito pior é o impacto de um frasco de pesticida atirado meio vazio para um charco ou um esgoto ligado a um riacho ou até um "palerma" armado com uma espingarda de pressão de ar.
Uma estrada em época de reprodução pode matar num único dia mais anfíbios do que uma família completa de predadores num ano inteiro.
E pronto acho que chega, durante anos esgrimi estes argumentos perante caçadores e agricultores e citadinos pensei que já não era preciso mais
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Mensagem por Paulo Lemos Qua Fev 08, 2012 5:37 pm

Infelizmente, tudo surge de como cada pessoa interpreta a natureza.

Nos textos de Felix R. de La Fuente são claras as alusões à riqueza dos ecossistemas da Peninsula Ibérica à medida que recuamos no tempo. Essa riqueza espelhava-se na quantidade de predadores, mas num cenário natural de diversidade plena, não o de hoje. Essa riqueza já não existe, substituiu-a um (des)equilíbrio desajustado da verdadeira diversidade biológica, aquela que o longo de milénios se moldou aos nossos espaços.

Confrontando flutuações populacionais de pequenos roedores, surtos de mixomatose (perante os quais o bútio temporariamente lucra e até controla a doença) e flutuações das ratazanas que infestam as nossas linhas de água tão poluídas, as minhas observações confinam-se a nível local mas não me enganam.
Mais ou menos a partir de 90s, os adultos experientes destas aves viraram-se para a captura de presas menos preferenciais, incluindo Doninhas que tanto abundavam pelo Oeste, e até ouriços capturados mais ao crepúsculo.
Os vestígios não mentiam, espalhados por todo o lado.
As populações desse tipo de presas continuam em aparente declínio, sendo elas tambem predadoras num mundo natural que deixou de gerar a produtividade de outrora.
Esta interpretação pode ser polémica (explicada assim em resumo), a natureza é complexa, mas ao longo de anos tenho assistido bem de perto, por uma visão quase sistemática, a toda uma série de relações predador/presa que às vezes levam ao desaparecimento de algumas espécies locais, sejam quais forem com os seus estatutos nas pirâmides ecológicas.


Se a verdade continuar a passar ao lado da nossa percepção, seja em observação ou em estudos atentos, se através destes não chegarmos à base do problema, o grande desastre ecológico continuará.
O Homem, em vez de compreender a plenitude da natureza e de se regrar pelo seu equilíbrio, mais facilmente se revê a remenda-la através decisões absurdas e promotoras de mais desequilíbrio. Ou pior, o autismo deixa que singrem sábias manhas, como os tais pretextos que levaram a decisões puramente vocacionadas a rentabilizar actividades lucrativas (como a caça).

Os "crescentes" amantes da natureza portugueses não pode continuar "estupidificados" por conceitos superficiais e tabus desenquadrados. Estes ultimos sim, são um verdadeiro tiro no pé em conservação da natureza.
A natureza não é um conto de fadas, é o mais puro realismo à espera de ser decifrado.
A natureza não é um escape banal, é o dia a dia, é o nosso meio ambiente. É testemunho que passa em primeira mão, é contágio de mão em mão, investido no conhecimento e na sua partilha.
Nada mais interessante do que isso.

Mas é certo que há rumos mais virtuais...


Última edição por Paulo Lemos em Qui Fev 09, 2012 8:05 pm, editado 2 vez(es)
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Mensagem por alcedo Qui Fev 09, 2012 4:24 pm

Caro Paulo Lemos começo por lhe dar os parabéns pelo texto que escreveu, gostaria no entanto de acrescentar alguns comentários.
Em primeiro lugar o retrato de Espanha do Félix Rodriguez de la Fuente é um retrato datado da década de 60 e 70 período em que a campanha dos nocivos ainda estava em marcha e aliás os programas dele (que eu segui religiosamente) ajudaram a terminar. Hoje Espanha está de novo cheia de aves de rapina e são muitos os lugares em que se reconquistou o equilíbrio e o mesmo se passa um pouco por cá.
Há 30 anos, em Portugal, não se viam aves de rapina mas também não havia mais nada nem patos nem perdizes nem pintassilgos nem limícolas o deserto era completo.As rapinas pareciam conhecer a fronteira na zona das Beiras, abundavam no lado espanhol e não existiam do lado português.
Em segundo lugar custa-me a crer (pelo menos sem dados científicos concretos) que se possa imputar o desaparecimento ou diminuição de uma população concreta como de doninhas ou outra, à acção de predação por parte de búteos. Acredito mais na acção humana com venenos, armadilhas, destruição de nichos favoráveis e similares como responsável por essa diminuição(já perdi a conta aos ouriços mortos aqui na A28 ou nas estradas da região e é quase impossível encontrar um ouriço vivo por aqui). No caso do Oeste , que confesso conheço mal, a alteração do uso dos solos para a industrialização agrícola, as estufas, a utilização maciça de pesticidas, adubos e monoculturas em geral, terá certamente impacto no equilíbrio ecológico muito superior ao de algumas dúzias de búteos.
Aproveito para lhe dizer que este “bate-papo” está a ser muito agradável e é para isto mesmo que servem estes fóruns, outros que não encarnam esta sadia troca de conversas vão morrendo, enquanto que este mostra bem a sua vivacidade
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Mensagem por Paulo Lemos Sex Fev 10, 2012 7:28 am

No texto anterior tive o cuidado de retirar um comentário relativo aos pequenos roedores, parecia dar a entender que o butio tinha algo a ver. Foi apenas um modo de dizer que “os campos “já não produzem”, mais vale prevenir mal entendidos.



Não leve a mal mas parece haver aí alguma confusão.
Poderá tratar-se de testemunho em ambiente localizado e diferente do que tenho observado?


Mas vamos por partes:

A diferença entre o lado espanhol e o português começa logo no habitat. É essa a grande diferença. O nosso país caracteriza-se por grande degradação ambiental, abundam sinais da exploração insustentável, desde a nossa típica pseudofloresta desordenada aos atentados criminosos que, durante anos, foram os incêndios. A degradação é visível entre fronteiras de facto.

É claro que o bútio terá sempre algum impacto em espécies sensíveis que sobrevivem em ambiente sujeito a alterações, todos os predadores têm, nada mais natural do que isso. Os butios não têm acção negativa sobre aquilo que entendemos por equilíbrio ecológico, sobre as suas presas mais típicas e naturais, mas acabam por ter nalgumas espécies vulnerabilizadas nesse tipo de ambiente.

Mas tal não justifica o controlo de predadores e muito menos o ódio absurdo e preconceituoso. Porque se haveria de controlar um sintoma através de uma medicação mais nociva do que a doença? Há sim que combater a verdadeira enfermidade ou mesmo preveni-la: a degradação ambiental e descontinuidade de biotopos ricos e diversos.

Agir? Quando muito, pode-se ter atenção em zonas onde se pretenda gerir a sobrevivência de uma hipotética espécie ameaçada, mas estamos a falar de caso pontual que não envolveria interferir directamente com a rapina e sim com a espécie a defender... ou com o habitat.

Há espécies que, encontrando recursos alternativos, usam da sua adaptabilidade para manter o seu número estavel, apesar de a produtividade diminuir nos espaços. Alguns casos são predadores de topo que vivem de recursos do meio rural/urbano e até de espécies exóticas (quando eles próprios não são alienígenas também). São exemplos o açor, o falcão-peregrino, a raposa, a gineta, etc., que nos últimos 25 anos tem se mantido no Oeste vivendo do aumento de patos, das rolas turcas, dos pombos ferais, de lixo, etc, e dos coelhos e pequenos mamíferos ainda existentes. Há até predadores cuja população aumenta, por exemplo a garça-real e o bufo-real, ave que tem vindo a adaptar-se ao ambiente modificado, bem perto do Homem.
Recordo que, depois de anos de perseguição na Alemanha, esta última espécie sofreu uma recuperação incrível após reintegrada. Mas o acompanhamento desta acção cedo justificou precupação com espécies mais raras ameaçadas pelo mocho. A culpa não é dele, nem de quem o introduziu, mas sim da actual raridade de certas espécies. Conheci quem tivesse colaborado nessa campanha e tive contacto com um dos animais progenitores da nova população.

Hoje, um pouco por todo o lado, a natureza carece de cuidados especias baseados no conhecimento de causa.


Ainda relativo ao Oeste:

Há variações a nível local, é certo... mas testemunhos, vozes ligadas à terra, ainda vivem para confirmar que há aí um engano quanto ao seu testemunho de 30 anos.
Há 30 anos, em certos pontos no Oeste, chegavam a nidificar grandes rapinas, os pequenos peneireiros eram aos montes, criavam coruja-das torres por todo o lado e os bufos-pequenos ocupavam grande parte dos ninhos já abandonados de outras aves.
No Oeste, que sempre encarei pobre em relação a outros sítios que visitava, os bandos de pardais e de estorninhos quase escureciam os céus, os pintassilgos eram em bandos de centenas, os campos pululavam de gafanhotos e outros bio-indicadores. Em plena diversidade e abundância criavam aves como o Rolieiro, o Mocho-de-orelhas, o Picanço-de-dorso ruivo (apesar de já raro) e cheguei a presenciar nidificação regular de uma Acrocephalus não identificada, de padrão riscado.
Os coelhos e melros eram tantos que faziam estragos nas culturas, os Papa-figos eram mais comuns do que os melros hoje, os territórios não chegavam para tanto Picanço-barreteiro em busca espaço livre para caçar gafanhotos, criando nas margens dos pinhais, em pinheiros. Entre cada campo, cantavam vários machos de Felosa-poliglota, na margem de cada ribeiro não cabiam todos os rouxinóis...
Etc...
E nada disto é exagero, embora haja gente que “flipe” em desacreditação a este testemunho.
Foi mesmo assim.

Durante esses 30 anos, a poucos quilómetros da minha casa usavam-se venenos, morriam animais atropelados, e comiam-se passarinhos nas tascas. Mesmo assim, havia pássaros. Hoje, quase 10 anos depois dessas práticas abrandarem, os pássaros continuam a desaparecer como nunca. Talvez não os mais directamente perseguidos como os pintassilgos, algumas limícolas, etc, mas outros pássaros, outros seres vivos.
As causas, são subtís (globalizadas), mas tudo conta.


Já agora, o termo "equilibrio é sempre relativo.
Há milénios que o homem tem vindo a alterar os ecossistemas, mas mesmo assim temos bases sólidas para defender o que ainda existe, em cenários mais sustentáveis e realistas do que a actual tendência.
Hoje a natureza é talvez um assunto absolutamente "novo", complicado de gerir... mas temos um bom passado para nos ajudar, com bons e maus exemplos...
O conhecimento e o "combate" aos equívocos são a melhor ajuda.




Última edição por Paulo Lemos em Sex Fev 10, 2012 9:46 am, editado 2 vez(es)
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Mensagem por pedro121 Sex Fev 10, 2012 7:55 am

Paulo Lemos escreveu:No texto anterior tive o cuidado de retirar um comentário relativo aos pequenos roedores, parecia dar a entender que o butio tinha algo a ver mas era só um modo de dizer “os campos “já não produzem”. Mais vale prevenir mal entendidos.



Não leve a mal mas parece haver aí alguma confusão.
Esse poderá tratar-se de testemunho em ambiente localizado e diferente do que tenho observado?


Mas vamos por partes:

A diferença entre o lado espanhol e o português começa logo no habitat. É essa a grande diferença. O nosso país caracteriza-se por grande degradação ambiental, abundam sinais da exploração insustentável, desde a nossa típica pseudofloresta desordenada aos atentados criminosos que, durante anos, foram os incêndios. A degradação é visível entre fronteiras de facto.

É claro que o bútio terá sempre algum impacto em espécies sensíveis que sobrevivem em ambiente sujeito a alterações, todos os predadores têm, nada mais natural do que isso. Os butios não têm acção negativa sobre aquilo que entendemos por equilíbrio ecológico, sobre as suas presas mais típicas e naturais, mas acabam por ter nalgumas espécies vulnerabilizadas em ambiente alterado.

Mas isso não justifica o controlo de predadores e muito menos o ódio absurdo e preconceituoso. Porque se haveria de controlar um sintoma através de uma medicação mais nociva do que a doença? Há sim que combater a verdadeira enfermidade ou mesmo preveni-la: a degradação ambiental e descontinuidade de biotopos ricos e diversos.

Agir? Quando muito, pode-se ter atenção em zonas onde se pretenda gerir a sobrevivência de uma hipotética espécie ameaçada, mas estamos a falar de casos pontuais que não envolveriam interferir directamente com a rapina e sim com a espécie a defender... ou com o habitat.

Há espécies que, encontrando recursos alternativos, usam da sua adaptabilidade para manter o seu número estavel, apesar de a produtividade diminuir nos espaços. Alguns casos são predadores de topo que vivem de recursos proporcionados pelo meio rural/urnano e até espécies exóticas (quando eles próprios não são alienígenas também). São exemplos o açor, o falcão-peregrino, a raposa, a gineta, etc., que nos últimos 25 anos tem se mantido no Oeste vivendo do aumento de patos, das rolas turcas, dos pombos ferais, de lixo, etc, e dos coelhos e pequenos mamíferos ainda existentes. Há até predadores cuja população aumenta, por exemplo a garça-real e o bufo-real, ave que se vai adaptando ao ambiente modificado bem perto do Homem.
Recordo que, depois de anos de perseguição na Alemanha, esta última espécie sofreu uma recuperação incrível após reintegrada. Mas o acompanhamento desta acção cedo justificou alguma precupação com as espécies mais raras ameaçadas pelo mocho. A culpa não é dele, de quem o introduziu, mas sim da raridade actual de certas espécies. Conheci quem tivesse colaborado nessa campanha e tive contacto com um dos animais reprodutores.

Hoje, um pouco por todo o lado, a natureza carece de cuidados especias baseados no conhecimento de causa.


Ainda relativo ao Oeste:

Há variações a nível local, é certo... mas testemunhos, vozes ligadas à terra, ainda vivem para confirmar que há aí um engano quanto ao seu testemunho de 30 anos.
Há 30 anos, em certos pontos no Oeste, chegaram a nidificar grandes rapinas.
No Oeste, que sempre encarei pobre face a outros sítios que visitava, os bandos de pardais e de estorninhos escureciam os céus, os pintassilgos eram em bandos de centenas, os campos pululavam de gafanhotos e outros bio-indicadores. Em plena diversidade e abundância criavam aves como o Rolieiro, o Mocho-de-orelhas, o Picanço-de-dorso ruivo (apesar de já raro) e cheguei a presencia nidificação regular de uma Acrocephalus não identificada, de padrão riscado.
Os coelhos e melros eram tantos que faziam estragos nas culturas, os Papa-figos eram mais comuns do que os melros hoje, os territórios não chegavam para tanto Picanço-barreteiro em busca espaço livre para caçar gafanhotos, criando nas margens dos pinhais, em pinheiros. Entre cada campo, cantavam vários machos de Felosa-poliglota, na margem de cada ribeiro não cabiam todos os rouxinóis...
Etc...
E nada disto é exagero, embora haja gente que “flipe” em desacreditação a este testemunho.
Foi mesmo assim.

Durante esses 30 anos, a poucos quilómetros daminha casa usavam-se venenos, morriam animais atropelados, e comiam-se passarinhos nas tascas. Mesmo assim, havia pássaros. Hoje, quase 10 anos depois dessas práticas abrandarem, os pássaros continuam a desaparecercomo nunca. Talvez não os mais directamente perseguidos como os pintassilgos, algumas limícolas, etc, mas outros pássaros.
As causas, são subtís, tudo conta.


Já agora, o termo "equilibrio é sempre relativo.
Há muito tempo que o homem tem vindo a alterar os ecossistemas, mas mesmo assim temos bases sólidas para defender o que ainda existe, em cenários mais sustentáveis e realistas.
Hoje a natureza é um assunto absolutamente novo, complicado... mas temos um bom passado para nos ajudar, com bons e maus exemplos...




Só uma questão Paulo, a descrição que tu fazes relativa ao Oeste, abrange que áreas geográficas? Ou melhor, estamos a falar de que concelhos? Acho que é importante definir as áreas, o Oeste tem habitats diferentes e praticas agrícolas diferentes consoantes as zonas, e sítios com boa biodiversidade podem existir em paisagens completamente humanizadas e completamente rodeadas de agricultura intensiva, algo que a mim faz-me alguma confusão especialmente por causa dos insectívoros, mas no entanto…
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Mensagem por Paulo Lemos Sex Fev 10, 2012 9:15 am

Epa tem razão lol. É hábito tudo nesta terra chamar-se Oeste.
Vivi em Mafra até aos 12 anos (como era o "coca bichos" do bairro, conhecia a ecologia local até então, há uns 30 anos quase), e vivo nas Caldas até hoje, percorrendo mais intensivamente até aos limites de alguns concelhos (Caldas, Óbidos, Cadaval/Bombarral, Rio Maior, Nazaré...) e alguma faixa costeira. Só abrandei há uns 5.

Sim a diversidade ambiental no Oeste é uma grande "misturada", há também aspectos climáticos distintos, até espécies separadas pela geografia (não aves), mas a perda em biodiversidade é geral, apesar de relativa de acordo a cada conjunto de condições e influências. Essa perda foi tão súbita que ainda temos localizados exemplares de aves, grandes répteis e anfíbios sobreviventes dessas épocas, quase relíquias-exemplo das populações de outrora.

Percorri também zonas das beiras com alguma frequência... por exemplo Arganil e Oliveira do Hospital, onde aponto o mesmo, embora nessas zonas ainda encontremos "boa" natureza (resume-se a "suficiente", contra o antigo "excelente"... deu para entender).
Na primeira localidade houve de facto "aumento" de certas rapinas: peneireiros e mochos-galegos, uns anitos após o rescaldo dos incêndios. Obviamente devido a alteração de habitat/perda de massas florestais substituídas por colinas "desertas".

Aliás um pouco por todo o lado, até no topo das serras mais intocadas que visitei desde criança, é visível uma perda em biomassa e talvez em diversidade. Reflecte-se sobretudo noutros grupos da fauna para além das aves. Por todo o mundo tem sido descrita a mesma situação, portando nada de novo por aqui.

Não há estudos que apontem dados no nosso país, mas há testemunhos.
Havia de se anotar uma boa serie deles, antes que seja tarde demais. Há informação muitíssimo valiosa na memória de malta mais velha ligada à terra. Acabei por conhecer a natureza para aquem do meu tempo, puxando conversa. O mais engraçado é que por vezes encontramos pessoas atentas à natureza, que sabem do que falam, descrevem com pormenor surpreendentemente fidedigno (é fácil chegar às espécies e interpretar o contexto).
De algum modo acabei por fazer o mesmo com o meu próprio testemunho, por exemplo nalguns insectos localmente "extintos" que tento actualmente identificar ou aproximar indentificação.
As observações atrás descritas são minhas, testemunhada e vivida por amigos também.


BTW: Olha que muitas áreas sujeitas a agricultura "intensiva" no Oeste ainda garantem continuidade e recursos a muitas espécies! E as raras zonas sujeitas à agricultura tradicional nem se fala! No ambiente urbano tambem podemos encontrar vestígios populacionais interessantes: por exemplo gafanhotos que já desapareceram por quase todo o restante concelho e vizinhos.
Os ultimos picanços-barreteiros que vi nidificar nas imediações dos concelhos descritos criavam na cidade da Caldas (Bairro dos arneiros), em campos repletos insectos que permitiam às aves não se afastarem muito do ninho, de forma a defende-lo prontamente de gaios, estando também mais livres dos principais predadores de adultos.
No ano passado topei uma cobra-rateira com uns 2,5m mesmo sob as nossas barbas, num local esquecido e livre de predadores. Já não se vêem cobras todos os dias como há anos, quanto mais uma desse tamanho.
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Mensagem por alcedo Sáb Fev 11, 2012 1:42 am

Continuando a conversa que já vai longa, como disse o meu conhecimento do Oeste é reduzido passei uns meses em Santarém na velha EPC no inicio dos anos 80 ( que não é bem o Oeste a que se refere) mão tive nessa altura a visão de uma grande abundância de aves, apenas de observar espécies que aqui não existem.
Nas longas marchas que fazíamos por pequenas aldeias cujo nome esqueci, via cegonhas (na altura consideradas em perigo critico) vi um peneireiro cinzento, abelharucos e um dia na parada fomos sobrevoados por um flamingo o que quase fez cair metade do pelotão de costas por termos ficado a olhá-lo pasmados para raiva do capitão. Não tive essa visão de riqueza e abundância. Recordo grandes percursos sem vermos mais do que pardais e pouco mais.
Quanto ao testemunho dos mais velhos, tenho, por experiência profissional, algum cuidado na sua obtenção. Na memória das pessoas ficam normalmente mais os dados excepcionais como a caçada de uma abetarda, maior que um peru, em Beiriz, (aqui perto) ou invasões de codornizes ou rolas bravas. As situações corrente e banais são assim muitas vezes enfabuladas por este acontecimentos excepcionais e generalizadas. Há dias conversando com um velho e próspero agricultor explicou-me como se extinguiram as lebres aqui nos nossos campos. Como os campos eram todos murados as lebres tinham aprendido a passar de campo em campo pelos portões feitos de paus vai daí os agricultores puseram velhas redes de pesca nos portões e largavam cães no interior dos campos. As lebres faziam o que tinham aprendido e ficavam presas nas redes. Resultado nos finais da década de 50 caçaram a última lebre na região. Rematou a história dizendo que a culpa do desaparecimento da caça por aqui era dos predadores suspeitos do costume.
Concordo em absoluto que a situação é complicada e o desequilibro está instalado há dias que vou para o campo e que não vejo literalmente nenhuma ave e depois fico menos apreensivo quando vejo retornar as cotovias pequenas à Cividade de Terroso, ou entrevejo um picapau verde, ou um bando pequeno de chapins rabilongos ou mais de cem pilritos das praias a correrem no interior do porto de pesca. Há sinais de esperança mas cabe-nos a nós amantes das aves "evangellizar" continuamente para que a sociedade entenda o valor destes pequenos e grandes seres emplumados e a falta que nos fariam se desaparecessem.

BTW: Tenho que me decidir a ir ao Oeste
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Mensagem por Luscinia Megarhynchos Sáb Fev 11, 2012 4:56 am

Note-se que eu comecei o ano passado a interessar me pela natureza que há á minha porta e estou a aprender a gostar dela.

É normal que haja ideias erradas e só com a diversidade de opiniões se chega á conclusão que podemos estar errados e corrigir esses erros.

Também fiz erros,ja fui o palerma da pressão de ar,já matei sem saber o que era 2 ou 3 passeriformes. ( felizmente e repito felizmente tinha pouca pontaria) mas cheguei á conclusão que era errado (dentro de mim), e mudei me para o outro lado e não estou arrependido!

Isto para dizer que a zona, influencias e praticas de cada zona não são fáceis de contrariar e não há controlo sobre elas.

Pergunta se aqui a qualquer agricultor e ate um apicultor ele diz: Pardais,tordos,pegas e abelharucos "quem me dera que não houvesse"

Eles não tem noção de que aves são e a meu ver eles não podem ser minimamente responsabilizados.

Se mostrar uma foto de um abelharuco eles não fazem a mais pálida ideia do que é!

Ainda hoje se usa o costil e venenos contra certas pragas de insetos que é bastante pior!

Também não sei se estes venenos de hoje estão feitos para não prejudicar tanto a fauna,mas duvido!

Agora acho que só mesmo com a chegada de gerações mais compreensivas e com outra educação mental.Mas sempre há-de haver,isso é inevitável.

Há falta de respeito pela grandiosidade da natureza.

Vamos ver se piora ou melhora eu aqui na minha zona acho que há pernas para andar mas só o tempo o dirá.

Abraço Luscinia

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Mensagem por alcedo Sáb Fev 11, 2012 7:21 am

Caro Luscinia
Estás no bom caminho e isso é que importa. Há agricultores para todos os gostos desde os que desconhecem por completo o sítio e o mundo em que vivem até aqueles que têm um perfeito sentido do ambiente e compreensão sobre o funcionamento do ambiente. às vezes é preciso é ajudar e explicar que se os pardais comem grãos uma parte do ano na outra alimentam as crias com insectos, muitos deles prejudiciais para as colheitas. Os abelharucos comem abelhas O nome é muito ingrato) mas também vespas e outros insectos. As pegas comem todo o tipo de bicharias e os tordos a mesma coisa.
A zona da Covilhã é uma óptima região por isso há que aproveitar e boas observações
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Mensagem por Paulo Lemos Dom Fev 12, 2012 1:15 pm

Hoje andei à procura de vestígios de predação de uma Águia de bonelli.

Conheço uma.
Imagino que é uma, mas se calhar até são mais...

Ela, ou elas, quando não conseguem apanhar um bom coelho, costumam visitar as áreas em volta da Lagoa de Óbidos tentando rapinar uma garça-boieira ou uma garca-branca-pequena.
Por acaso encontrei o que procurava, no melhor sítio possível: numa área arenosa mais baixa que ao longo de anos tem conservado alguns charcos permanentes.
Esses charcos já concentraram muita VIDA num passado menos recente. Já acolheram milhares de larvas de várias espécies de anfíbios, que dessa forma mantinham as suas populações em boa saúde..



Não tenho nada contra as garças.

Parece que a garça-cinzenta está a aumentar e nada sei do estado da população de garça-branca-pequena. Mas sei que hoje existem relativamente mais garças do que certos animaizinhos que dependem destes charcos. Há uns 30 anos, contavam-se aos milhares, formando massas surpreendentes em cada sítio alagado favorável.

As garças vivem destes animais, mas também de outros recursos alternativos, principalmente daqueles que o Homem não consegue involuntariamente destruir ou até beneficia (infestantes como gambusias, lagostins e oportunistas como tainhas) por isso a quantidade destas aves parece manter-se, bem como aumenta a procura a este charco... além disso, a cada dia assustam-se menos com o Homem que passa ao largo.
Devido a tanta coisa já, as poças estão quase limpas de animais aquáticos, hoje nem sequer topei as ditas espécies infestantes.

Ora... numa época em que as populações de anfíbios sofrem sério colapso, não devido às garças mas a alterações ecológicas uma escala globalizada, às vezes apetece-me aprofundar mais o charco ou atulhar as margens de vegetação impenetrável, de forma a que os poucos exemplares ou larvas sobreviventes não sejam dizimadas pelas aves.

O charco principal fica sobranceiro a uma zona elevada onde crescem grandes árvores e se espalham algumas mais pequenas (cortadas) encosta abaixo, acompanhando o trajecto ideal para uma caçada fulminante de uma grande rapina.

E eis que o equilíbrio da natureza parece ter passado por aqui:

Buteo (discussão) Img8444b

Provavelmente foi isso que aconteceu.
Neste caso a garça não conseguiu fugir mais do que uns metros do charco, em linha recta em relação às árvores altas (acima, cortadas na linha do poste), e após semi-depenada foi levada para outro local.

Se foi obra de "quem" penso, se tal significar o que suspeito (uma presa para a companheira?), no futuro as garças pousarão ali em menor número e menos à vontade.

Abate de rapinas: não obrigado.


Última edição por Paulo Lemos em Dom Fev 12, 2012 6:51 pm, editado 2 vez(es)
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Mensagem por alcedo Dom Fev 12, 2012 3:11 pm

Apoiado e já agora uma pequena história sobre os anfíbios.
Há mais de 40 anos aqui nas redondezas havia dezenas de sítios onde abundavam anfíbios, antigas pedreira ou lugares de simples extracção de pedra abandonadas regurgitavam de girinos de rãs e sapos e provavelmente reinetas, tritões e salamandras, que eu na altura não identificava. Hoje esses locais desapareceram debaixo de escolas urbanizações ou ruas.
Nas noites de Verão o coaxar das reinetas e rãs ecoava a quilómetros de distância hoje é o silêncio ou o troar dos motores.
Nas dunas a Norte do Concelho, ha 20 anos, formavam-se lagos e poças sazonais que se enchiam de sapos corredores e rãs comuns na altura da reprodução e até o pleurodelus watl por lá aparecia. Sítios óptimos para despejar embalagens de pesticidas meias vazias, despejos de uma fábrica de gessos, conteúdo de fossas e plásticos de estufas, para terminar lugar para provas de 4x4.
A predação das cobras de água algum peneireiro (na altura raros), não faziam desaparecer estas populações. Hoje nada resta e os culpados são fáceis de encontrar...
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Mensagem por Paulo Lemos Dom Fev 12, 2012 3:45 pm

Por aqui, ainda podemos "pescar" embalagens vazias de pesticidas nos charcos, vestígios de más práticas numa agricultura já quase abandonada há mais de 15 anos. Mas essas não acabaram com as populações de reineta.
Os bichos lá recuperavam, uns anos melhor, outros pior... só mais recentemente é que mal recuperam, a ponto de as cobras que deles dependiam terem desaparecido primeiro.

Essa agricultura, apesar de nociva, era a que continuava a abrir e a manter muitas das valas e poças, que afinal não eram mais do que reservatórios para rega.
Se não estivessem demasiado envenenadas, produziam gerações de anfíbios.
Tenho fotos de reinetas a cantar em cima de embalagens vazias, sinal de que o ecossistema acabava por combater o nosso veneno.

Também já pouco uso dão aos velhos campos agrícolas perto desse charco aí acima. Ultimamente, nem lá passam os jipes... e ironicamente é pena, porque foram os últimos a criar zonas mais fundas livres de certos predadores. Em tempos Pré-históricos eram os grandes mamíferos...

É complicado...
Às vezes, a natureza parece vitima de uma conspiração muito bem arquitectada onde vários factores se podem ligar da pior maneira.


Ao longo dos anos sempre me perseguiu este dilema: será errado interferir para salvar uma espécie ou devemos encarar a sua extinção um processo natural?
Agora não tenho dúvida: se deixarmos de agir, podemos um dia acordar num planeta deserto de diversidade... e para lá caminhamos.
O mundo não é só aves, mas muitas dessas também se adivinham em mau destino.

É quase certo que o "natural" vai passando à História, ou pelo mal ou pela cura.
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Mensagem por pedro121 Qua Fev 15, 2012 6:34 am

Paulo Lemos escreveu:Hoje andei à procura de vestígios de predação de uma Águia de bonelli.

Conheço uma.
Imagino que é uma, mas se calhar até são mais...

Ela, ou elas, quando não conseguem apanhar um bom coelho, costumam visitar as áreas em volta da Lagoa de Óbidos tentando rapinar uma garça-boieira ou uma garca-branca-pequena.
Por acaso encontrei o que procurava, no melhor sítio possível: numa área arenosa mais baixa que ao longo de anos tem conservado alguns charcos permanentes.
Esses charcos já concentraram muita VIDA num passado menos recente. Já acolheram milhares de larvas de várias espécies de anfíbios, que dessa forma mantinham as suas populações em boa saúde..



Não tenho nada contra as garças.

Parece que a garça-cinzenta está a aumentar e nada sei do estado da população de garça-branca-pequena. Mas sei que hoje existem relativamente mais garças do que certos animaizinhos que dependem destes charcos. Há uns 30 anos, contavam-se aos milhares, formando massas surpreendentes em cada sítio alagado favorável.

As garças vivem destes animais, mas também de outros recursos alternativos, principalmente daqueles que o Homem não consegue involuntariamente destruir ou até beneficia (infestantes como gambusias, lagostins e oportunistas como tainhas) por isso a quantidade destas aves parece manter-se, bem como aumenta a procura a este charco... além disso, a cada dia assustam-se menos com o Homem que passa ao largo.
Devido a tanta coisa já, as poças estão quase limpas de animais aquáticos, hoje nem sequer topei as ditas espécies infestantes.

Ora... numa época em que as populações de anfíbios sofrem sério colapso, não devido às garças mas a alterações ecológicas uma escala globalizada, às vezes apetece-me aprofundar mais o charco ou atulhar as margens de vegetação impenetrável, de forma a que os poucos exemplares ou larvas sobreviventes não sejam dizimadas pelas aves.

O charco principal fica sobranceiro a uma zona elevada onde crescem grandes árvores e se espalham algumas mais pequenas (cortadas) encosta abaixo, acompanhando o trajecto ideal para uma caçada fulminante de uma grande rapina.

E eis que o equilíbrio da natureza parece ter passado por aqui:

Buteo (discussão) Img8444b

Provavelmente foi isso que aconteceu.
Neste caso a garça não conseguiu fugir mais do que uns metros do charco, em linha recta em relação às árvores altas (acima, cortadas na linha do poste), e após semi-depenada foi levada para outro local.

Se foi obra de "quem" penso, se tal significar o que suspeito (uma presa para a companheira?), no futuro as garças pousarão ali em menor número e menos à vontade.

Abate de rapinas: não obrigado.

Esta charca não é aquela que fica junto ao parque de estacionamento ao lado da casa onde morava (?) o Holandês que tinha os cavalos?
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Mensagem por RuiCaratao Qua Fev 15, 2012 8:49 am

É complicado...
Às vezes, a natureza parece vitima de uma conspiração muito bem arquitectada onde vários factores se podem ligar da pior maneira.

Paulo concordo com muito do que dizes, mas ás vezes parece-me haver aí um certo rancor para com as aves Very Happy , estás a subestimar a causa que mais é apontada como sendo o pricipal factor de declinio dos anfibios, morcegos e insectos: poluição e pesticidas. Nos trabalhos do Atlas dos morcegos posso-te dizer que não detectamos qualquer Pipistrellus, ou morcego que seja dentro de Vilas Alentejanas, onde nos campos envolventes abunda a vinha, ou regime intensivo e mesmo superintensivo de Olival.

De qualquer forma, parece ser este o caminho da natureza, favorecer espécies mais oportunistas, que beneficiam com a pressão constante exercida por nós humanos, sob os habitats. De qualquer forma a balança do equilibrio natural está sempre em acção, mas neste processo dos quais nós somo única e exclusivamente culpados, é provavel que algumas espécies se venham a extinguir localmente e mesmo outras se possam extinguir na íntegra.

Continuo a ver neste processo uma evolução natural onde sempre se extinguiram e surgiram várias espécies nos milhões de anos da História do planeta, mas nos ultimos 100 anos acelarámos exponencialmente o processo
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Mensagem por JDGS Qua Fev 15, 2012 10:33 am

Continuo a ver neste processo uma evolução natural onde sempre se extinguiram e surgiram várias espécies nos milhões de anos da História do planeta, mas nos ultimos 100 anos acelarámos exponencialmente o processo

Não só aceleramos como mudamos o rumo que este processo de extinção e aparecimento de espécies levaria naturalmente.
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Mensagem por Paulo Lemos Qua Fev 15, 2012 3:24 pm

Por mim mudem como considerarem melhor.

Pedro, a tal "ave" anda por essa zona há 5 anos pelo menos.

RuiCaratao escreveu:
É complicado...
Às vezes, a natureza parece vitima de uma conspiração muito bem arquitectada onde vários factores se podem ligar da pior maneira.

Paulo concordo com muito do que dizes, mas ás vezes parece-me haver aí um certo rancor para com as aves Very Happy , estás a subestimar a causa que mais é apontada como sendo o pricipal factor de declinio dos anfibios, morcegos e insectos: poluição e pesticidas. Nos trabalhos do Atlas dos morcegos posso-te dizer que não detectamos qualquer Pipistrellus, ou morcego que seja dentro de Vilas Alentejanas, onde nos campos envolventes abunda a vinha, ou regime intensivo e mesmo superintensivo de Olival.

De qualquer forma, parece ser este o caminho da natureza, favorecer espécies mais oportunistas, que beneficiam com a pressão constante exercida por nós humanos, sob os habitats. De qualquer forma a balança do equilibrio natural está sempre em acção, mas neste processo dos quais nós somo única e exclusivamente culpados, é provavel que algumas espécies se venham a extinguir localmente e mesmo outras se possam extinguir na íntegra.

Continuo a ver neste processo uma evolução natural onde sempre se extinguiram e surgiram várias espécies nos milhões de anos da História do planeta, mas nos ultimos 100 anos acelarámos exponencialmente o processo



A maior causa não é a poluição directa nem os pesticidas, ou quaisquer outras que apontámos no passado, embora nenhuma esteja "obsoleta" quanto à necessidade de atenção. No contexto da actualidade até se reforça necessidade de as resolver diante do verdadeiro novo problema.
E é claro que a degradação é sempre maior onde as tais causas que referiste têm acção mais incisíva.

Alguem que seja atento à natureza, aos pormenores junto ao solo, aos pequenos seres que o compôem, que dele brotam, repara nas alterações. Já ao nível da própria estrutura do solo, da vegetação, das comunidades de invertebrados com os seus ciclos de vida cada vez mais deturpados. Até no topo das serras.
As responsáveis são sem dúvida todas as alterações que a nível global afectam os ecissistemas, estas chegam ao pondo de as notarmos, como alterações climáticas, etc.
Se alguem tem aquário, note o que uma diferença de 0,5ºC pode fazer num ecossistema e aos seus seres...

Quanto às aves, não tenho nenhum rancor. São dos seres que mais me fascinam, e com os quais quase "me identifico".
E bem me marcou ter visto já desaparecer tantas aves da minha zona, apercebendo-me nalgumas porque tal acontece (uma complexidade de causas combinadas e o golpe final onde "a própria natureza se volta contra si mesma").
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Mensagem por Gonçalo Elias Qua Fev 15, 2012 3:50 pm

Este tópico foi dividido e transferido para a sala "Aves de Portugal".
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