Pernis apivorus (chegada)

Hoje dia 5 de Maio: 1 ind. de Pernis apivorus a voar baixo sobre a aldeia de Rosmaninhal, concelho de Idanha-a-Nova. Tratava-se de um indivíduo muito escuro, o que tornaria a identificação muito complicada, não fora o facto de estar a voar extremamente baixo.

Julgo que se trate do primeiro registo desta espécie em 2008 (será?)

Mais logo tentarei colocar aqui uma foto da ave em causa.

1 abraço,
Gonçalo

Aqui ficam duas fotos da ave vista hoje no Rosmaninhal.

A primeira está muito escura, quase sem tratamento. Esta foto reflecte, de forma bastante aproximada, as circunstâncias e o aspecto que a ave tinha quando passou por cima: o céu estava quase branco (devido a nuvens altas) e a ave era muito escura, o que tornava difícil o reconhecimento de qualquer pormenor da plumagem - apenas notei o pescoço fino com a cabeça saliente e uma das duas riscas da cauda:




A segunda foto foi objecto de um tratamento detalhado - modificação exagerada do contraste e do brilho. Após este tratamento aparecem diversos pormenores da plumagem, que são característicos desta espécie: punhos escuros, sequências de pintas pretas nas coberturas intermédias e duas riscas na cauda, mais a barra terminal:



Em Portugal raramente tenho visto Pernis apivorus tão escuros, normalmente são muito mais claros e com a plumagem mais contrastada.

1 abraço,
Gonçalo

Caro Gonçalo,

Tenho dois registos este ano: 1/mar (Penamacor) e 18/abr (Benavente).

Não sendo uma espécie que fazia parte do lote das "principais" até 2007, não tenho registos de anos anteriores. Mas o registo de 1 de março é capaz de ser bastante cedo.

Um abraço,

Henk

Viva Gonçalo,

Interessante este teu registo! O "tratamento da imagem" também ajuda a clarificar, embora aquela estrutura de cabeça, mesmo em contra-luz, denuncie tambem a espécie.

Mas mais interessante: Um colega meu, o Fernando Faria Pereira (que provávelmente alguns de vocês conhecerão como "Puças"), disse-me hoje de manhã, ter observado ontem (04-05-08 ) um Pernis com características idênticas em Penha Garcia - Idanha-a-Nova, durante a visita no âmbito do I Congresso Ibérico de Vigilantes da Natureza, Agentes Florestales e Medioambientales.

Pela descrição e pela proximidade das observações, quase afirmaria tratar-se do mesmo bicho!!!

Olá Francisco,

Francisco Barros escreveu:Um colega meu, o Fernando Faria Pereira (que provávelmente alguns de vocês conhecerão como "Puças"), disse-me hoje de manhã, ter observado ontem (04-05-08 ) um Pernis com características idênticas em Penha Garcia - Idanha-a-Nova, durante a visita no âmbito do I Congresso Ibérico de Vigilantes da Natureza, Agentes Florestales e Medioambientales.

Pela descrição e pela proximidade das observações, quase afirmaria tratar-se do mesmo bicho!!!

Epá, parece perto mas não é. Há que ter em conta que o concelho de Idanha-a-Nova é um dos maiores do país (salvo erro o terceiro maior, com mais de 1400 km quadrados). O facto de ambas as observações terem sido no mesmo concelho cria uma falsa sensação de proximidade. Nota que de Penha Garcia ao Rosmaninhal, embora estejam no mesmo concelho, vão 35 km em linha recta (e 64 km por estrada). É uma distância equivalente à que separa Cadaval de Alcobaça... ou, se preferires, o alto de Montejunto do ponto central da Serra dos Candeeiros. E, contudo, se eu e tu víssemos, cada um, uma ave com estas características em cada um destes locais, dificilmente nos passaria pela cabeça que fosse o mesmo indivíduo.

Eu desconfio é que estes indivíduos escuros não são assim tão raros... podem até ser comuns a nível regional, como acontece com os Circus pygargus melânicos no norte do país.

1 abraço,
Gonçalo

Gonçalo Elias escreveu:Olá Francisco,

Francisco Barros escreveu:Um colega meu, o Fernando Faria Pereira (que provávelmente alguns de vocês conhecerão como "Puças"), disse-me hoje de manhã, ter observado ontem (04-05-08 ) um Pernis com características idênticas em Penha Garcia - Idanha-a-Nova, durante a visita no âmbito do I Congresso Ibérico de Vigilantes da Natureza, Agentes Florestales e Medioambientales.

Pela descrição e pela proximidade das observações, quase afirmaria tratar-se do mesmo bicho!!!

Epá, parece perto mas não é. Há que ter em conta que o concelho de Idanha-a-Nova é um dos maiores do país (salvo erro o terceiro maior, com mais de 1400 km quadrados). O facto de ambas as observações terem sido no mesmo concelho cria uma falsa sensação de proximidade. Nota que de Penha Garcia ao Rosmaninhal, embora estejam no mesmo concelho, vão 35 km em linha recta (e 64 km por estrada). É uma distância equivalente à que separa Cadaval de Alcobaça... ou, se preferires, o alto de Montejunto do ponto central da Serra dos Candeeiros. E, contudo, se eu e tu víssemos, cada um, uma ave com estas características em cada um destes locais, dificilmente nos passaria pela cabeça que fosse o mesmo indivíduo.

Eu desconfio é que estes indivíduos escuros não são assim tão raros... podem até ser comuns a nível regional, como acontece com os Circus pygargus melânicos no norte do país.

1 abraço,
Gonçalo

Claro que tens razão Gonçalo...
Mas como se trata de uma espécie que só observo em média a cada 5 anos, e que segundo os dados dos trabalhos do Atlas, ficou por pouco mais de "meia dúzia" de observações, não creio ser uma espécie propriamente comum.
Se para outras espécies de rapinas residentes, 35 Km é uma "andada", para um migrador em deslocação ou à procura de território, mais "andada" será...

Não nego que os fenótipos escuros da espécie sejam comuns (aliás, nem é uma espécie de que eu perceba grande coisa, pois não estou suficientemente familiarizado com ela...), mas que 2 observações relativamente "perto" de indivíduos com características semelhantes em dias consecutivos, me fazem pensar no mesmo indivíduo, lá isso fazem...

Claro que é apenas especulação minha, e vale o que vale...

Francisco Barros escreveu:Mas como se trata de uma espécie que só observo em média a cada 5 anos, e que segundo os dados dos trabalhos do Atlas, ficou por pouco mais de "meia dúzia" de observações, não creio ser uma espécie propriamente comum.

Nota que a metodologia aplicada no atlas não é a melhor para detectar esta espécie (já para não falar do facto de ser difícil de identificar). Por isso os resultados do atlas podem não espelhar de forma muito realista a situação desta ave no nosso país.

Pela minha experiência a espécie é razoavelmente comum em certas zonas (Gerês, Nisa-Ponte de Sor, Mora-Cabeção...)

Francisco Barros escreveu:2 observações relativamente "perto" de indivíduos com características semelhantes em dias consecutivos, me fazem pensar no mesmo indivíduo, lá isso fazem...

Certo, mas nota que a segunda observação foi feita 35 km para sul da primeira. Se foi realmente o mesmo bicho, ele terá invertido o sentido da marcha

1 abraço,
Gonçalo

Gonçalo Elias escreveu: Certo, mas nota que a segunda observação foi feita 35 km para sul da primeira. Se foi realmente o mesmo bicho, ele terá invertido o sentido da marcha

Depende... se se trata de um indivíduo meramente de passagem para norte, não faz qualquer sentido, mas se se trata de um indivíduo em busca de território para nidificar, pode não ser descabido...


De qualquer modo, acho que o teu raciocínio é o mais consensual, no entanto como se trata de uma espécie relativamente mal conhecida, de modo geral em termos nacionais, existe esta tendencia para algumas especulações... Aliás, como já tem sido hábito no passado e no presente por alguns "experts" *...

* - Que não é o meu caso, pelo contrário...

Olá bom dia a todos, só em jeito de curiosidade, dois dos 3 individuos de Pernis que observei este ano eram da forma escura:

Um a 22 de Abril em Évora (Herdade da Mitra) e outro, eu e o Carlos Godinho, a 29 de Abril em Benavente (Companhia das Lezírias). O indivuduo claro foi observado tb na C. das Lezírias a 18 de Abril por mim, Carlos Godinho e Ana Marques.

um abraço,
Pedro Pereira

Eu observei hoje um ind. em Salreu, com a plumagem mais típica. Foi a primeira obs. que fiz desta espécie este ano.
J.