Andorinhões e mais andorinhões e mais andorinhões

Olá viva!

Com o interesse aguçado pelas insistências do amigo José Frade e pelo facto de no distrito de Braga apenas estar inscrito o Apus apus, também fui aos andorinhões e logo percebi que, entre aqueles festins constituídos por muitas dezenas de indivíduos seguramente desta espécie, aparece uma ou outra ave notoriamente mais clara.

Também cedo percebi que estes bichos são danados para lhes acertarmos com o auto-focus, mas em mais de 50 fotos, obtidas na margem esquerda do estuário do Cávado sobre o casario de Fão, lá escaparam estas duas:









Apesar daquela asa esquerda esbranquiçada, a primeira imagem parece-me, com alguma segurança, de um A. apus. No entanto, a segunda, obtida às 8h35m, é de uma das tais aves mais claras (mesmo noutros ângulos, quando seguidas de binóculos, apresentam sempre estes tons). Será um juvenil, ou poderá ser um Apus pallidus? E porquê?

Grato!

Cumprimentos

Jorge

São tramados, não são?
Mas agora com máquina nova também já consegui umas bem melhores... Aguardem...

Concordo que a primeira é A. apus.

Quanto à segunda ave, em minha opinião apresenta todas as características de A. pallidus, a saber:

- plumagem cor de "café com leite"
- mancha branca na garganta (mento) muito mais extensa que a que se vê em A. apus
- zona clara ("janela") nas secundárias e primárias interiores, contrastando com as primárias exteriores mais escuras

Normalmente para mim o tira-teimas são as vocalizações, que são diferentes nas duas espécies.

O facto de não haver registos de A. pallidus no distrito de Braga poderá ficar a dever-se à falta de cobertura. A espécie nidifica no Alto Minho, nomeadamente em Arcos de Valdevez (confirmei a nidificação nesta vila em 2005 e voltei a vê-los e ouvi-los lá este ano, no início deste mês de Junho).

Concordo com o Gonçalo.

Grato a ambos!

Gonçalo Elias escreveu: Normalmente para mim o tira-teimas são as vocalizações, que são diferentes nas duas espécies.

Estive a ouvir durante vários minutos as vocalizações (gravadas) das duas espécies e de facto nota-se sem grandes dificuldades que são distintas.

O problema será que, salvo raras passagens, as aves surgem misturadas e torna-se quase impossível separar os “gritos” das duas.

Mesmo assim vou seguir a sugestão.

Mais uma vez obrigado.

Jorge

Araújo da Silva escreveu:O problema será que, salvo raras passagens, as aves surgem misturadas e torna-se quase impossível separar os “gritos” das duas.

A minha experiência é oposta à tua: embora possam surgir misturadas nos locais de alimentação, existe uma segregação nos locais de nidificação, tornando a identificação auditiva mais fácil nesses sítios.

Eu não consigo distinguir as vocalizações dos dois. Alguém tem alguma dica para me ajudar a fazê-lo?

Numa descrição muito sumária é assim:

A. apus: "iiiiiiiiiiiirrrrrrrrrrrr"
A: pallidus: "iiiiiiiiiijjjjjjjjjjjjjjjj"

José Frade escreveu:São tramados, não são?

Em todos os aspectos! Pessoalmente não consigo distinguir a vocalização, pormenores em voo... até nas fotos às vezes é uma guerra!!!!

PNicolau escreveu:Eu não consigo distinguir as vocalizações dos dois. Alguém tem alguma dica para me ajudar a fazê-lo?

O xeno-canto é nosso amigo , e lá vais conseguir distinguir o exemplo que o Gonçalo deu .

Eu sei que não devia por esta imagem aqui... depois das anteriores,

Mas gostava muito de saber se há pálidos por aqui...

É possível identificar esta mancha?

A mancha é realmente muito grande, mas não creio que esse critério seja 100% definitivo.

Muito obrigado Gonçalo, proporcionaste-me um momento Eureka!

Gonçalo Elias escreveu: embora possam surgir misturadas nos locais de alimentação, existe uma segregação nos locais de nidificação

GRANDE AJUDA GONÇALO!!!

Ainda ontem, mas de tarde, coloquei-me num local mais elevado aqui da urbe e percebi claramente o significado destas tuas palavras:

As aves claras vêm sempre de outra vertente para a “mesa” e, por mais que se baralhem com as aves mais escuras, ambas acabam sempre por seguir em direções distintas. Implacavelmente!

Num dos casos, descobri a “ruína” onde supostamente o indivíduo da foto que se segue instalou o ninho, mas não foi possível observá-lo pousado.





Ainda hei-de fazer-lhe o “teste das vocalizações”, mas já estou seguro, depois de tanto tempo a observá-lo, de que é um A. pallidus.

Grato pela ajuda!

Jorge

Ainda bem que fui útil.

Bela foto, by the way