Nomes portugueses das aves do Paleártico Ocidental

Tenho uma questão sobre a variabilidade nos nomes das aves em português. Só para dar dois exemplos:

No décimo primeiro relatório do Comité Português de Raridades (CPR) – referente ao ano de 2010 mas publicado no Anuário Ornitológico 8: 3-52 (2011) que só ficou disponível online em novembro de 2012 – os nomes comuns portugueses seguem Costa et al. (2000a), com modificações ortográficas (segundo Gonçalves 1947).
Costa, H., A. Araújo, J.C. Farinha, M.C. Poças & A.M. Machado 2000a. Nomes Portugueses das Aves do Paleárctico Ocidental. Assírio & Alvim, Lisboa.
Gonçalves, R. 1947. Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa. Atlântida, Lisboa.

No portal http://www.avesdeportugal.info/avesdeportugal.html os nomes de muitas espécies parecem ser outros.

gaivina-de-bico-preto ou tagaz?
gaivota-parda, famego, ou fâmego?
maçarico-de-bico-direito ou milherango?
chamariz, serino ou milheirinha?

Existe consenso sobre a versão atual dos nomes portugueses das aves do Paleártico Ocidental?
Onde posso encontrar uma lista de nomes portugueses das aves do Paleártico Ocidental?

Boa tarde

Dado que o valor do nome comum é o mais relativo para a identificação das espécies, e que estas devem ser sempre identificadas pelo seu nome científico, a questão de qual nomenclatura adoptar é sempre alvo de discussão. A justificação mais aceite prende-se com os usos regionais que a língua portuguesa tem e uma certa "escola" de tradição muitas vezes usada. Penso que os autores mais recentes estão a ter uma preocupação de não repetir o nome das espécies infinitamente como o caso do uso indiscriminado do nome águia para todas as rapinas, o nome de maçarico para as límicolas, e outros exemplos semelhantes.
No dia-a-dia em contactos directos no campo a linguagem torna-se até muito colorida com o uso de nomes comuns, uso de restritivos específicos (segundo nome da espécie), uso de nomes locais e a lista de nomes para uma única espécie torna-se extensa.
Exemplo de um regionalismo muito restrito geograficamente é o uso do nome tarrotes para os pardais do telhado (Passer domesticus) em Vila do Conde e Póvoa do Varzim.

A minha sugestão é que sempre que possível use os nomes científicos, esses nunca causam confusão. Seguir a lista de nomes de Costa,H. será sempre uma boa opção.

Paulo,

Paulo Paixão escreveu:
Existe consenso sobre a versão atual dos nomes portugueses das aves do Paleártico Ocidental?

Esse é um tema polémico desde há muito. Sugiro uma leitura deste tópico.


David,

DavidSantos escreveu:A minha sugestão é que sempre que possível use os nomes científicos, esses nunca causam confusão.

Isto não é exactamente assim, porque há diferenças (cada vez mais) entre as várias autoridades.
Nem todas as autoridades consideram as mesmas designações taxonómicas.

Por outro lado, escreves:

DavidSantos escreveu:Penso que os autores mais recentes estão a ter uma preocupação de não repetir o nome das espécies infinitamente como o caso do uso indiscriminado do nome águia para todas as rapinas

Podes indicar uma lista que não apresente esse problema (o de usar indiscriminadamente o nome águia para todas as rapinas)?

Sim, Gonçalo tens razão nas falhas que apontas, apenas tentei fazer um ponto de situação e sei que as diferentes autoridades taxonómicas praticam, com os seus argumentos válidos, discussões acesas em relação aos nomes adoptados e, que existe sempre a necessidade de atualizarmos os nossos conhecimentos e até lermos as justificações de cada alteração, bem como um histórico das mesmas.

Sobre a questão das rapinas é também verdade isso. Mas seria fácil, por exemplo, se em Portugal se tornasse comum o uso do nome búteo em relação ao nome de águia de asa redonda, ou o de tartaranhão em relação ao uso de águia para as diferentes espécies de Circus. Só para citar dois exemplos. No entanto isto parece-me uma questão de senso comum e não de uma doutrina.

Os esforços feitos pelos diversos estudiosos para padronizar uma nomenclatura em linguagem não científica é de louvar e é muitas vezes inglório. Acho contudo que a necessidade de todos nos entendermos, quanto a qualquer espécie em questão, usando a linguagem que usarmos ou os termos mais técnicos ou de gíria é mais importante.