Dicas para uma mais rápida identificação de Aves

Como iniciante na ornitologia, sinto dificuldades na identificação de aves e, sobretudo, na comparação com outras. Sendo que o método de identificação deverá ser o de exclusão, a questão é: que características idiossincráticas possui uma ave que lhe permita ser facilmente identificável em relação às outras?  

1 - Rabirruivo-preto Phoenicurus ochruros - apresenta a cauda ruiva; plumagem preta (macho) e cinzenta-rato (fêmea).

2 - Pintarroxo - Carduelis cannabina - Bico de granívoro escuro; primárias possuem margens brancas; formato da cauda em "^"; fronte e peito vermelhos (macho); plumagem sem vermelho (fêmea e juvenil).

3 - Ferreirinha-comum Prunella modularis - Bico de insectívora fino e preto; cor cinzento-azulada no peito e cabeça; cores predominantes cinzenta e castanha.

nos de cauda ruiva existem mais. Na zoan onde observas há pelo menos mais 2 plausiveis de parecerem co ma cauda toda ruiva, o Phoenicurus ohoenicurus e a Luscinia megarhynchos

Luis Silva escreveu:nos de cauda ruiva existem mais. Na zoan onde observas há pelo menos mais 2 plausiveis de parecerem co ma cauda toda ruiva, o Phoenicurus ohoenicurus e  a Luscinia megarhynchos

Obrigado, Luís.
Já acrescentei (no 1º post) outra característica que julgo ser identificadora em relação às espécies que referiste.

Ricardo, na realidade um observador experiente não utiliza muito aquilo que os ingleses chamam de "field marks" ou seja as características que no campo permitem distinguir uma espécie em particular, eu quando olho para uma ave comum não penso que é um rabiruivo porque tem a característica x e y, eu simplesmente olho para a ave e vejo um rabiruivo, a id é automática não é preciso pensar. Mas e se não for uma espécie que esteja familiarizado? Bom, eu tenho uma imagem mental de basicamente todas as espécies que ocorrem ou podem ocorrer em Portugal e isso faz com que a id de muitas delas seja feita de forma automática, mas se eu não conseguir fazer a id de caras começo de imediato a tirar notas mentais. E o processo que sigo é basicamente este:

1º Não sendo claro qual a espécie ver de imediato qual o grupo taxonómico mais baixo a que consigo garantir que a ave pertence

2º Uma vez estabelecido o grupo ver logo as características diferenciadoras neste grupo, e aqui é necessário que saibas para onde olhar, por exemplo, aparece-te uma mobelha, vês logo que é uma mobelha, mas para onde é que tens que olhar para estabelecer a espécie? Muitas vezes não temos horas para estudar uma ave, temos momentos, e nesses momentos temos que ver não todas as características da ave mas sim as características relevantes para a sua id

3º Talvez a parte mais importante, avaliar se já tenho dados para chegar à id em casa ou não e se tenho que investir mais nessa ave em particular.

4º Assim que a aceleração passar colocar tudo em duvida, eu duvido sempre das minhas observações por sistema, se nós dizemos ao cérebro que estamos a ver a ave X ele faz um photoshop mental para encaixar a ave à força na espécie que queremos, por isso voltar atrás e pensar se não pode ser um individuo estranho de uma espécie comum, e voltar a analizar o que se viu.

Ricardo,
Seria melhor dizeres quais as dúvidas que tens para ajudarmos. O que falas estão nos livros
Rabirruivo - como disse o Luís, só vejo o rouxinol para baralhar-te um pouco mas mesmo assim são muito diferentes. Preto/cinza com asas brancas e cauda laranja. Som invulgar. O rabirruivo mostra-se enquanto o rouxinol é preciso procurá-lo
Pintarroxo - dificuldades pousados? Qual a ave que é mais parecida a este? Eu só vejo o pardal e o verdilhão
Em voo já compreendo que sejam complicados mas vais começar a perceber que eles fazer um som característico ao voarem.
Ferreirinha - agora eu penso que vais vê-las mais à vontade (a cantar) e aprendes a olhar para elas. Estes ''ratos'' dos arbustos são sempre complicados em dias de mais sol (são todos pretos) depois aprendes a distingui-las pelo voar quando trocam de arbusto

pedro121 escreveu:E o processo que sigo é basicamente este:

Obrigado pelas palavras e ajuda, Pedro.

A verdade é que há cinco meses pouco ou nada sabia desta temática. Hoje, já observei cerca de 70 espécies de aves diferentes e julgo conseguir identificar uma grande parte delas de forma automática. A questão é que seria bom saber os truques de algumas espécies, nomeadamente as que surjam dúvidas (quanto mais não seja para deixar de vos chatear e começar a ajudar...). Disseste, e muito bem, que é realmente necessário saber previamente para onde olhar em determinada ave, saber quais as características relevantes... e foi por isso mesmo que criei este tópico.

Paulfer escreveu:Ricardo,

Obrigado pela ajuda, Paulo.
O livro é uma boa ferramenta teórica mas é insuficiente nalguns casos (pelo menos o meu é).  
À medida que surgirem dúvidas colocarei aqui.  

De forma a ficar autónomo relativamente às rapinas, sinto falta de uma página que contenha ilustrações de todas as que ocorrem em Portugal ou na Europa. O meu guia de aves tem rapinas em várias páginas e não dá para fazer uma comparação imediata. Algum de vós poderá colocar aqui uma imagem/digitalização com ilustrações ou silhuetas, por favor? Ou porventura indicar-me onde poderei consultar uma página deste género... Obrigado.

Ricardo Melo escreveu:De forma a ficar autónomo relativamente às rapinas, sinto falta de uma página que contenha ilustrações de todas as que ocorrem em Portugal ou na Europa. O meu guia de aves tem rapinas em várias páginas e não dá para fazer uma comparação imediata. Algum de vós poderá colocar aqui uma imagem/digitalização com ilustrações ou silhuetas, por favor? Ou porventura indicar-me onde poderei consultar uma página deste género... Obrigado.

Não sei se tens sorte, são demasiadas espécies, de qualquer modo a melhor maneira de ficares com mais à vontade para rapinas é ires passar uns dias a Sagres, desde que escolhas bem o período tens quase todas as que aparecem em Portugal e tens pessoal no local para tirares duvidas.

Não sei se tens sorte, são demasiadas espécies, de qualquer modo a melhor maneira de ficares com mais à vontade para rapinas é ires passar uns dias a Sagres, desde que escolhas bem o período tens quase todas as que aparecem em Portugal e tens pessoal no local para tirares duvidas.

Pois... Obrigado pela dica, Pedro.
Reformulando: em que literatura poderei consultar um maior número de ilustrações/silhuetas contidas num menor número de páginas?

Julgo que terei encontrado aquilo que pretendo:



Fonte: Loja online da SEOBirdLife (Espanha).

Mais informações aqui.

mas isso é um poster, não é propriamente para levar para o campo.

pedro121 escreveu:mas isso é um poster, não é propriamente para levar para o campo.

Sim, Pedro, eu sei.
Nesta fase ainda não consigo identificar em tempo real uma grande parte das aves, pelo que tenho que as fotografar para depois analisar em casa...

Ricardo Melo escreveu:
Sim, Pedro, eu sei.
Nesta fase ainda não consigo identificar em tempo real uma grande parte das aves, pelo que tenho que as fotografar para depois analisar em casa...  

Ok, eu não estou a tentar ser chato, mas achas mesmo necessário? se a ideia é fazer a identificação depois de ver a ave a partir das fotos parece-me suficiente o guia, tu deves conseguir em quase todas as situações reduzir o numero de possíveis candidatos a 5-6 espécies só pelo tamanho, depois devido ao local e à altura do ano consegues reduzir o nº de prováveis a 2-3 que provavelmente estão na mesma pagina do guia ou em paginas seguidas.

Tenta usar o tamanho como 1º filtro, escolhe 2-3 espécies com que tenhas muita familiaridade, e em rapinas o melhor é ser o Buteo, Peneireiro-comum e o Grifo, se te aparece uma rapina com o tamanho de um peneireiro tens basicamente como hipóteses os Falco sp e o Gavião (Peneireiro-cinzento é inconfundível), imagina que a observações é feita em Maio algures no Porto, ficas logo reduzido a 3 espécies prováveis, só tens que ver se é uma dessas mais prováveis. Como sistema este que indiquei tem algumas falhas, logo a começar por usar o tamanho como 1º filtro, se nos enganamos nunca mais conseguimos dar com a resposta, mas para quem está a começar é a maneira mais simples de reduzir as hipóteses. Mas volto a frisar, nada como ir observar aves com alguém com experiência é para mim fundamental para aprender a processar as hipóteses.

Ok, eu não estou a tentar ser chato

Continua a tentar que ainda não o conseguiste.

se a ideia é fazer a identificação depois de ver a ave a partir das fotos parece-me suficiente o guia, tu deves conseguir em quase todas as situações  reduzir o numero de possíveis candidatos a 5-6 espécies só pelo tamanho, depois devido ao local e à altura do ano consegues reduzir o nº de prováveis a 2-3 que provavelmente estão na mesma pagina do guia ou em paginas seguidas.

A ideia inicial é essa, mas no futuro gostaria de não utilizar o guia...
Quanto ao local e altura do ano os conhecimentos ainda são muito diminutos...  

imagina que a observações é feita em Maio algures no Porto, ficas logo reduzido a 3 espécies prováveis, só tens que ver se é uma dessas mais prováveis.

 

Quais?

Mas volto a frisar, nada como ir observar aves com alguém com experiência é para mim fundamental para aprender a processar as hipóteses.

Pois... a questão é que não conheço ninguém desta área.
Se alguém quiser fazer de cicerone, que se acuse...
Atenção que vão começar "chover" mensagens privadas para o mitranço!

Obrigado pela partilha de conhecimentos, Pedro.

Mas alguém já deixou de utilizar ''o livro''?

Com experiência vais lá.
Se fores fazer viagem avisa para onde vais que pode ser que alguém te faça companhia.
Sagres é sem dúvida o melhor local para ganhares experiência.

Paulfer escreveu:Sagres é sem dúvida o melhor local para ganhares experiência.

Concordo, mas convirá esclarecer que isto apenas é verdade na migração outonal (de meados de Setembro a meados de Outubro).

No resto do ano dá para treinar peneireiro, peregrino e pouco mais

Paulfer escreveu:Mas alguém já deixou de utilizar ''o livro''?
.

O meu anda sempre no carro, bem o que resta dele que a capa e a lombada já foram...

Ricardo Melo escreveu:

imagina que a observações é feita em Maio algures no Porto, ficas logo reduzido a 3 espécies prováveis, só tens que ver se é uma dessas mais prováveis.

 

Quais?

Peregrino, peneireiro-comum e gavião

Com experiência vais lá.
Se fores fazer viagem avisa para onde vais que pode ser que alguém te faça companhia.
Sagres é sem dúvida o melhor local para ganhares experiência.

Obrigado pelas palavras, Paulo. A ida a Coimbra (Choupal) não está esquecida...

Concordo, mas convirá esclarecer que isto apenas é verdade na migração outonal (de meados de Setembro a meados de Outubro).
No resto do ano dá para treinar peneireiro, peregrino e pouco mais

Thanks for the intel, Gonçalo. Se for para esses lados já sei quem chatear...

Peregrino, peneireiro-comum e gavião

Obrigado, Pedro.