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LOCAL: Mina de São Domingos (Mértola)

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Mensagem por Gonçalo Elias Seg Set 12, 2016 2:33 pm

Parece que vai  haver aqui grandes mudanças...


Governo lança concurso de 20 milhões para Minas de São Domingos
Cátia Simões
10.09.2016 / 00:00



Desativadas há 50 anos, as Minas de São Domingos, na zona de Mértola, vão ser alvo de um processo de requalificação ambiental para devolver à região devastada pela exploração mineira o equilíbrio ambiental.

O projeto dá hoje o primeiro passo, com o lançamento do concurso público para a primeira fase de recuperação ambiental. Lançado pelo Governo, o concurso público, promovido pela Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), entidade pública responsável pela reabilitação das áreas mineiras abandonadas, prevê um investimento global a rondar os 20 milhões de euros, dividido entre investimento público e o acesso a fundos do Portugal 2020, explica ao Dinheiro Vivo fonte oficial da secretaria de Estado da Energia.

A primeira fase da empreitada, lançada hoje e que contará com o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, prevê um investimento de 4 milhões de euros para a recuperação do sistema de drenagem de água, para diminuir a contaminação. “A primeira fase para apresentação das candidaturas, por partes das empresas de construção civil, termina no final do mês de setembro”, diz a mesma fonte. A expectativa é que a obra fique concluída em 14 meses fonte do gabinete admite que poderá haver uma extensão até 18 meses.

O financiamento será repartido entre o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), do Portugal 2020, que será responsável por 85% do financiamento elegível. Os restantes 15% serão da responsabilidade da EDM.

O projeto em seis fases prevê também, na última fase e depois da requalificação ambiental estar concluída, o aproveitamento do potencial cultural e turístico da antiga área mineira. Em cima da mesa está a aposta em novos empreendimentos turísticos, numa parceria entre a Câmara de Mértola e operadores privados, diz ao Dinheiro Vivo Luís Madeira, chefe de gabinete do presidente da Câmara de Mértola, Jorge Rosa. “A câmara tem feito muitos investimentos na região. São Domingos é já a segunda localidade do conselho de Mértola com mais população”, explica.

“Esperamos que os investimentos que foram feitos e estes novos investimentos possam aparecer parceiros privados para trazer mais benefícios para este território do interior”, explica o responsável. “A requalificação ambiental da envolvente da mina de São Domingos, que ficou completamente ao abandono depois de encerrada, é uma ambição antiga da Câmara de Mértola, que tem vindo a apostar na promoção turística”, diz.

Encerrada em 1966 devido ao esgotamento das reservas, a mina de São Domingos tinham como principal produto de exploração o cobre e o enxofre (para a produção de ácido sulfúrico) e ainda o ouro e a prata como produtos secundários, entre outros. Desde o início da exploração da mina, em 1855, foram retirados da área cerca de 25 milhões de toneladas de minério, sempre com mais de mil trabalhadores até perto do seu encerramento. Foi a maior exploração mineira portuguesa até à década de 1930, quando as Minas da Panasqueira, de volfrâmio, arrancaram com a exploração moderna.

O Governo tem apostado no sector mineiro nacional, tendo aprovado, em julho, 13 contratos de concessão mineira: oito novos contratos de pesquisa e prospeção e a formalização de mais cinco, em vários concelhos de norte a sul do país.

As minas de Moura-Ficalho foi concessionada à Green Arrow Resources, a de Vale de Guizo à EPA, a Ester à Minerália e as minas do Caramulo à Medgoldminas. Já a exploração de Freixeda foi entregue à Minaport, as minas de Monforte foram concessionadas à Iberian Resources e as de Trás-os-Montes à Expertisemorning. Ouro, prata, cobre, zinco mas também volfrâmio e chumbo são alguns dos minerais extraídos das minas portuguesas.


Veja mais em: https://www.dinheirovivo.pt/economia/governo-lanca-concurso-de-20-milhoes-para-minas-de-sao-domingos/?utm_content=DinheiroVivo&utm_medium=Social&utm_campaign=Echobox&utm_source=Facebook&utm_term=Autofeed#link_time=1473467965
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Mensagem por Gonçalo Elias Ter Set 15, 2020 5:26 pm

Mata da Mina de S. Domingos está a desaparecer para dar lugar a uma central solar
ICNF diz que lhe foi comunicada a intenção de instalar uma central solar mas ainda não foi apresentado qualquer tipo de projecto nesse sentido. Entretanto, dezenas de hectares de eucaliptos já foram cortados.

Carlos Dias 15 de Setembro de 2020, 7:00

“Chegaram de mansinho em Março”, refere ao PÚBLICO Joaquim Cavaco, presidente da Comissão de Moradores da Mina de S. Domingos, sem que ninguém soubesse a razão do abate de centenas de eucaliptos, que formavam uma mata plantada no século XIX e que era “o pulmão verde” da população da antiga comunidade mineira, observa. Até agora, a população permanece sem informação. Ao PÚBLICO o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) confirmou a intenção da empresa proprietária do terreno de ali instalar uma central solar.

O silêncio da Câmara de Mértola e da empresa La Sabina – Sociedade Mineira e Turística, SA deu terreno livre à especulação. Uns diziam que o corte de eucaliptos era parte de um projecto para a instalação de novos eucaliptos destinados à produção de pasta de papel. Outra versão garantia a plantação de um amendoal em regime superintensivo e que a água para rega seria captada da albufeira da Tapada Grande, onde foi instalada em 2011 uma praia fluvial que tem hoje bandeira azul. Neste jogo entre o quente, frio ou morno, houve quem avançasse para um projecto turístico ou uma central solar. De facto, em 2004, a empresa La Sabina avançou com um projecto nesse sentido que cobriria de painéis solares uma extensão superior a 400 hectares, apresentado como sendo o maior do mundo. A iniciativa foi chumbada pelo Governo de então, sem que se conheçam as razões, mas a intenção parece continuar de pé.

Requalificação da Mina de São Domingos vai avançar

O PÚBLICO, acompanhado por Joaquim Cavaco, percorreu boa parte dos cerca de 2200 hectares do território que está sob concessão da La Sabina e confirmou uma intensa actividade da empresa espanhola com recurso a máquinas de grande porte, que abriam caminhos onde é proibido, derrubavam eucaliptos para serem reduzidos a estilhas. Até as raízes estão a ser arrancadas. Toda a matéria lenhosa é levada para Espanha, revelou um trabalhador envolvido na operação, natural do país vizinho de onde também vieram as máquinas que derrubam e cortam as árvores.

A abertura de caminhos coloca a nu a rocha de um solo esquelético e delgado, propício à erosão com chuvadas mais intensas. Nos pontos mais altos do antigo couto mineiro, observa-se a extensa dimensão da mata que terá cerca de 600 hectares. As clareiras já abertas demonstram a dimensão da limpeza que está a ser realizada. “Inevitavelmente vai provocar a erosão dos solos, aumentar a desertificação, reduzir a qualidade ambiental”, realça o membro da comissão de moradores. “Vivemos numa terra de extremos: ou não chove durante anos, ou quando chega é de enxurrada.” E aponta para o solo revolvido pelas máquinas que qualquer pequena passada transforma em pó.

Já foi solicitado “inúmeras vezes” à Câmara de Mértola a realização de uma sessão de esclarecimento à população sem que obtivessem qualquer resposta. “As pessoas têm o direito de saber o que é vão fazer à porta das suas casas”, sobretudo quando são privadas de um espaço verde que sempre compensou a “herança tóxica” deixada por 112 anos de exploração mineira.

Embora reconheça que o antigo couto mineiro é propriedade privada, “o interesse público também tem de ser respeitado”, acentua Joaquim Cavaco, dando conta dos efeitos que a desflorestação da mata já está a ter “em dezenas de apiários”, uma das fontes de rendimento da população. Também a caça está a desaparecer num coberto vegetal onde “existiam veados, perdizes, lebres e javalis”. A população anda apreensiva porque “estão-lhes a tirar o pulmão verde”.

Projecto fotovoltaico

O PÚBLICO solicitou esclarecimentos ao presidente da Câmara de Mértola, Jorge Rosa, sobre os motivos que estão por detrás do abate de eucaliptos, mas o autarca sugeriu que fossem solicitadas informações ao Parque Natural do Vale do Guadiana, alegando que a questão “não é do âmbito da Câmara Municipal de Mértola”.

Diz que a autarquia não tem conhecimento de qualquer projecto. “No entanto, já interrogámos formalmente o ICNF sobre as intenções da intervenção”, acrescentou, sem adiantar se já teria obtido resposta.

Ao PÚBLICO o ICNF adiantou ter recebido, “em Junho de 2020”, um pedido de autorização da empresa SolCarport Portugal, Unipessoal, Lda “para o arranque de zona florestal de eucalipto existente na Mina de S. Domingos, com referência de que esta seria substituída pela implantação de central fotovoltaica em três módulos”.

A empresa Solcarport Portugal, Unipessoal Lda foi constituída em 12 de Julho de 2019, tem sede no concelho de Cascais, e um capital social de 5000 euros. Exerce a actividade de produção de electricidade de origem eólica, geotérmica e solar, apurou o PÚBLICO, que, no entanto, não conseguiu chegar ao contacto com os responsáveis da empresa.

O ICNF adianta que apenas conhece a intenção da Solcarport de ali instalar uma central fotovoltaica. Neste sentido, o ICNF emitiu um parecer onde refere que o “destino final do eucaliptal não carece de autorização”, acrescentando que “até ao momento não foi submetido qualquer tipo de projecto para aprovação na área em apreço.”

A extensa mata de eucaliptos que rodeia a aldeia da Mina de S. Domingos, plantada entre 1860 e 1889 para fornecer lenha às operações industriais do couto mineiro, reduzir os efeitos da poluição atmosférica e combater as “febres” que debilitavam os habitantes, está agora a desaparecer. Pensa-se que nesse período do século XIX tenham sido plantadas em redor da mina de S. Domingos cerca de dois milhões de árvores.
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