Espécies mais reportadas - por distrito

Dei-me ao trabalho de ver quais as 5 espécies mais reportadas para cada um dos distritos do país.

Os resultados são engraçados e revelam bastante sobre as diferenças entre as várias regiões.

Aqui fica a lista para cada distrito, por ordem decrescente de frequência de ocorrência:

Aveiro - Pas dom - Tur mer - Mot alb - Lar fus - Cis jun
Beja - Emb cal - Stu uni - Pas dom - Sax tor - Car car
Braga - Tur mer - Pas dom - Eri rub - Tro tro - Ser ser
Bragança - Tur mer - Ser ser - Fri coe - Stu uni - Par maj
Castelo Branco - Tur mer - Fri coe - Ser ser - Cya cae - Par maj
Coimbra - Tur mer - Eri rub - Syl atr - Tro tro - Ser ser
Évora - Emb cal - Stu uni - Sax tor - Cya cae - Pas dom
Faro - Tur mer - Syl mel - Pas dom - Car car - Cis jun
Guarda - Tur mer - Fri coe - Par maj - Eri rub - Stu uni
Leiria - Tur mer - Pas dom - Lar mic - Pho och - Ser ser
Lisboa - Pas dom - Tur mer - Car car - Ser ser - Cis jun
Portalegre - Emb cal - Stu uni - Tur mer - Cya cae - Fri coe
Porto - Pas dom - Tur mer - Col liv - Lar mic - Mot alb
Santarém - Tur mer - Pas dom - Ser ser - Car chl - Cor crn
Setúbal - Pas dom - Tur mer - Car car - Ser ser - Cis jun
Viana do Castelo - Tur mer - Eri rub - Tro tro - Pas dom - Mot alb
Vila Real - Tur mer - Eri rub - Fri coe - Tro tro - Stu uni
Viseu - Tur mer - Eri rub - Pas dom - Syl atr - Ser ser

Açores - Tur mer - Pas dom - Lar mic - Fri coe - Ser can
Madeira - Tur mer - Ser can - Syl atr - Lar mic - Fri coe

Turdus merula aparece em todos excepto Beja e Évora

AndreVieira escreveu:Turdus merula aparece em todos excepto Beja e Évora

Sim, essa é uma das curiosidades que daqui resultam. Mas há outras:

Sylvia melanocephala só aparece em Faro.
Phoenicurus ochruros só aparece em Leiria.
Pombo fatela só aparece no Porto

Castelo Branco é o único distrito com dois chapins.
Santarém é o único distrito com duas espécies exclusivas.

Gonçalo Elias escreveu:

AndreVieira escreveu:Turdus merula aparece em todos excepto Beja e Évora

Sim, essa é uma das curiosidades que daqui resultam. Mas há outras:

Sylvia melanocephala só aparece em Faro.
Phoenicurus ochruros só aparece em Leiria.
Pombo fatela só aparece no Porto

Castelo Branco é o único distrito com dois chapins.
Santarém é o único distrito com duas espécies exclusivas.

Em relação a Leiria, mas também a Castelo Branco, são dois distritos em que um pequeno numero de observadores é responsável pela maior % das observações, e que são feitas num numero reduzido de locais

Poucos observadores+poucos locais= baixa representatividade

De todos, o mais estranho é o pombo só aparecer no Porto.

AndreVieira escreveu:De todos, o mais estranho é o pombo só aparecer no Porto.

Em que outros distritos esperarias que aparecesse no top 5?

pedro121 escreveu:Poucos observadores+poucos locais= baixa representatividade

No caso de Leiria tu certamente conheces melhor a realidade do distrito. Quanto a Castelo Branco não me parece que se possa falar de baixa representatividade. Mesmo que ignores as 1365 listas do David Holyoak, ainda tens 4000 listas, sendo por isso um dos distritos com mais listas na metade interior do país (atrás de Évora).

Distritos como Viana do Castelo ou Viseu estão muito pior nesse aspecto da representatividade.

Gonçalo Elias escreveu:Pombo fatela só aparece no Porto

O pessoal do Porto é de um rigor incomensurável. E não é que até a "fatelada" marcha para as listas!

AndreVieira escreveu:De todos, o mais estranho é o pombo só aparecer no Porto.

Pois...

AndreVieira escreveu:Melo"

AndreVieira escreveu:De todos, o mais estranho é o pombo só aparecer no Porto.

Pois...

Concordo que parece estranho à primeira vista, no entanto creio que este resultado é um reflexo das características de cada distrito.

Poderá existir a ideia de que "há pombo-fatela por todo o lado", mas isso não é bem assim. O Porto é um distrito fortemente urbanizado, isso contribui para a presença de muita pombalhada. Nos outros distritos a existência de mais áreas pouco povoadas, assim como de zonas húmidas, faz com que a percentagem de listas em zonas urbanas (e logo a presença de fatelas) seja menor.

A título de exemplo, aqui fica a posição do pombo noutros distritos do continente:

Vila Real - 61º
Coimbra - 46º
Lisboa - 8º
Évora - 48º
Faro - 33º

Como se pode ver, em vários distritos o pombo está "muito lá para baixo". Mesmo em Lisboa (o único distrito cuja densidade populacional supera o do Porto) aparece em oitavo lugar.


Voltando ao Porto, saliento que o resultado acima refere-se à totalidade do distrito; quando desagregamos por concelho começam a revelar-se as assimetrias dentro do próprio distrito.

Assim, nos vários concelhos do distrito o pombo aparece na seguinte posição:

Porto - 1º
Matosinhos - 4º
Lousada - 6º
Maia - 7º
Felgueiras - 7º
Vila Nova de Gaia - 8º
Paredes - 9º
Santo Tirso - 9º
Valongo - 11º
Vila do Conde - 11º
Trofa - 11º
Amarante - 15º
Póvoa de Varzim - 18º
Penafiel - 19º
Paços de Ferreira - 23º
Marco de Canaveses - 31º
Gondomar - 32º
Baião - 65º

Vemos assim que há grandes assimetrias entre os concelhos do distrito.

Acontece que quase metade (1500) das listas do distrito (3100) foram nos concelhos do Porto e de Gaia, que assim têm um grande peso na determinação da posição global do fatelas.

Gonçalo Elias escreveu:
Acontece que quase metade (1500) das listas do distrito (3100) foram nos concelhos do Porto e de Gaia, que assim têm um grande peso na determinação da posição global do fatelas.

Sim, esse ponto para mim é claro, em muitos Distritos ou a espécie não está presente fora dos centros urbanos ou há um grande volume de listas feitas sem incluir a espécie, como é o caso de Leiria, em que a espécie é difícil de ver na zona da Lagoa de Obidos, e outros locais com muitas listas, o que faz com que os números para o distrito sejam baixos.

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
Acontece que quase metade (1500) das listas do distrito (3100) foram nos concelhos do Porto e de Gaia, que assim têm um grande peso na determinação da posição global do fatelas.

Sim, esse ponto para mim é claro, em muitos Distritos ou a espécie não está presente fora dos centros urbanos ou há um grande volume de listas feitas sem incluir a espécie, como é o caso de Leiria, em que a espécie é difícil de ver na zona da Lagoa de Obidos, e outros locais com muitas listas, o que faz com que os números para o distrito sejam baixos.

Acresce, no caso particular desta espécie, que poderá haver observadores que não registem os pombos, se isto se verificar será um factor adicional de enviesamento.

Gonçalo Elias escreveu:

Acresce, no caso particular desta espécie, que poderá haver observadores que não registem os pombos, se isto se verificar será um factor adicional de enviesamento.

Sim, eu próprio não o faço se forem correios ou tiverem pombal.

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:

Acresce, no caso particular desta espécie, que poderá haver observadores que não registem os pombos, se isto se verificar será um factor adicional de enviesamento.

Sim, eu próprio não o faço se forem correios ou tiverem pombal.

Desde 1999 que registo todos os que estão livres (antes desse ano não registava essa espécie, excepto se fossem "das rochas nas rochas").

Se formos ver ao nível do concelho, também há algumas diferenças, neste caso listo apenas o top 3.

Comecemos por ver a situação no distrito da capital:

Distrito de Lisboa

Alenquer - Tur mer, Car car, Syl mel
Amadora - Tur mer, Col liv, Pas dom
Arruda dos Vinhos - Tur mer, Car car, Syl mel
Azambuja - Cis jun, Ser ser, Car chl
Cadaval - Tur mer, Eri rub, Ser ser
Cascais - Tur mer, Mor bas, Lar mic
Lisboa - Pas dom, Tur mer, Col liv
Loures - Tur mer, Pas dom, Lar rid
Lourinhã - Cis jun, Tur mer, Pas dom
Mafra - Tur mer, Ser ser, Car chl
Odivelas - Tur mer, Pas dom, Syl mel
Oeiras - Tur mer, Pas dom, Col liv
Torres Vedras - Tur mer, Pas dom, Car car
Vila Franca de Xira - Cis jun, Pas dom, Sax tor
Sintra - Tur mer, Tro tro, Syl atr
Sobral M. A. - Tur mer, Pas dom, Ser ser

Notas:
- Tur mer é a espécie com mais entradas (aparece no top 3 em 14 dos 16 concelhos)
- Cis jun aparece apenas em 3 concelhos mas em todos eles é a espécie mais reportada
- Mor bas é a segunda espécie em Cascais (efeito Cabo Raso?)
- Lar rid aparece unicamente em Loures (efeito Parque do Tejo?)
- Col liv aparece apenas em Lisboa, Amadora e Oeiras, reflectindo a elevada densidade populacional, todos os outros concelhos têm muitas zonas agrícolas ou florestais onde esta espécie é menos abundante


vejamos o que se passa no interior alentejano:

Distrito de Évora

Alandroal - Emb cal, Cya cae, Stu uni
Arraiolos - Sax tor, Cor crn, Stu uni
Borba - Stu uni, Cya cae, Car car
Estremoz - Tur mer, Cya cae, Stu uni
Évora - Stu uni, Pas dom, Emb cal
Montemor-o-Novo - Emb cal, Cya cae, Fri coe
Mora - Sax tor, Fri coe, Pas dom
Mourão - Stu uni, Emb cal, Ard cin
Portel - Emb cal, Stu uni, Car car
Redondo - Sax tor, Emb cal, Pas dom
Reguengos de Monsaraz - Stu uni, Gal the, Cya cae
Vendas Novas - Pas dom, Sax tor, Fri coe
Viana do Alentejo - Emb cal, Fri coe, Cya cae
Vila Viçosa - Cya cae, Syl mel, Tur mer

Notas:
- Stu uni é a espécie mais representada, aparecendo em 8 dos 14 concelhos
- seguem-se Emb cal e Cya cae com 7  presenças cada (alguém tinha noção de que houvesse tanto chapim-azul no Alentejo?)
- contrastando com a situação no distrito de Lisboa, Tur mer aparece em apenas 2 concelhos
- Ard cin é a única ave aquática e aparece apenas no concelho de Mourão (efeito Alqueva?)
- Col liv não aparece no top 3 em nenhum dos municípios
- os vizinhos concelhos de Mora e Vendas novas apresentam as mesmas três espécies, embora por ordem diferente
- o mesmo acontece com o par Montemor-o-Novo / Viana do Alentejo