CAC

Daniel concordo inteiramente com o que dizes e espero ter oportunidade de o fazer num futuro próximo.

Esta semana recebi uma circular da SPEA por e-mail na qual entre outras coisas se incluía um apelo à participação no CAC.

Depois tem um link para uma página onde entre outras coisas diz isto:

Conheça a metodologia e os últimos relatórios AQUI.

Clicando no "AQUI" vai para uma página onde se pode ver o último relatório, que é de... 2011.

Começo a achar que já seria altura de alguém assumir que não há realmente vontade em produzir quaisquer novos relatórios sobre os resultados deste projecto.

Os meses vão passando, os anos também, mas em relação ao CAC continua tudo na mesma - não há relatórios.

A mensagem que se passa aos sócios, aos colaboradores e demais interessados é que isto não é realmente importante...

Sobre o CAC não há qualquer alteração, o último relatório disponível é o de 2011. É uma pena, pois considero que este tipo de programas de monitorização são essenciais para conhecermos melhor as tendências das nossas populações de aves. Infelizmente, começo a acreditar que este projecto vai mesmo ser descontinuado.

Gonçalo Elias escreveu:Sobre o CAC não há qualquer alteração, o último relatório disponível é o de 2011. É uma pena, pois considero que este tipo de programas de monitorização são essenciais para conhecermos melhor as tendências das nossas populações de aves. Infelizmente, começo a acreditar que este projecto vai mesmo ser descontinuado.

Pois, ainda há pouco tempo pensei no mesmo. Ao menos que se publicite os resultados, embora sendo poucos, dos anos até agora.

Eu não devo de ir ao Congresso, mas será uma excelente oportunidade para abordar os responsáveis.

Eu também não vou lá estar. Tenho ideia que esse assunto terá sido abordado numa assembleia-geral, mas nada se alterou.

Gonçalo Elias escreveu:Eu também não vou lá estar. Tenho ideia que esse assunto terá sido abordado numa assembleia-geral, mas nada se alterou.

Exacto. Aliás, já foi abordado em alguns locais para além da assembleia-geral.

Interpreto como um problema, para o qual a SPEA não irá fazer nada de substancial para alterar o quer que seja.

Luis Reino escreveu:Interpreto como um problema, para o qual a SPEA não irá fazer nada de substancial para alterar o quer que seja.

pois não, porque manifestamente este assunto deixou de ser uma prioridade há muito tempo

Temos novidades sobre o CAC: foi publicado no site da SPEA um relatório actualizado (referente ao período 2004-2018).

O relatório pode ser consultado aqui

Numa primeira reacção, posso dizer que por um lado me congratulo com o facto de ter sido disponibilizado um relatório actualizado com os resultados deste projecto e que espero que no futuro estes relatórios possam retomar uma regularidade anual. O relatório apresenta alguns gráficos interessantes com a tendência de diversas espécies o que, considerando o período de amostra (15 anos) já permite estabelecer algumas tendências de médio-longo prazo.

Por outro lado não deixa de ser deprimente ver a participação no projecto a caminhar rapidamente para zero.



A quebra no número de visitas entre 2010 e 2018 foi de 80% (caiu de 75 para 16 no continente e caiu 97 para 18 no conjunto continente + ilhas). O relatório não esclarece o que pretende a SPEA fazer de modo a reverter esta tendência de diminuição que se tem verificado desde 2010. Para além de cinco linhas no final da secção "Considerações finais" em que se refere que é importante cobrir de forma heterogénea o território nacional e formar novos colaboradores, fica a sensação de que apesar da enorme diminuição no número de quadrículas visitadas os autores do relatório consideram que está tudo bem com o programa, isto é que os dados são estatisticamente válidos mesmo tendo em conta a dimensão reduzida da amostra.

Gonçalo Elias escreveu:Temos novidades sobre o CAC: foi publicado no site da SPEA um relatório actualizado (referente ao período 2004-2018).

O relatório pode ser consultado aqui

Numa primeira reacção, posso dizer que por um lado me congratulo com o facto de ter sido disponibilizado um relatório actualizado com os resultados deste projecto e que espero que no futuro estes relatórios possam retomar uma regularidade anual. O relatório apresenta alguns gráficos interessantes com a tendência de diversas espécies o que, considerando o período de amostra (15 anos) já permite estabelecer algumas tendências de médio-longo prazo.

Por outro lado não deixa de ser deprimente ver a participação no projecto a caminhar rapidamente para zero.



A quebra no número de visitas entre 2010 e 2018 foi de 80% (caiu de 75 para 16 no continente e caiu 97 para 18 no conjunto continente + ilhas). O relatório não esclarece o que pretende a SPEA fazer de modo a reverter esta tendência de diminuição que se tem verificado desde 2010. Para além de cinco linhas no final da secção "Considerações finais" em que se refere que é importante cobrir de forma heterogénea o território nacional e formar novos colaboradores, fica a sensação de que apesar da enorme diminuição no número de quadrículas visitadas os autores do relatório consideram que está tudo bem com o programa, isto é que os dados são estatisticamente válidos mesmo tendo em conta a dimensão reduzida da amostra.

Em 2018 apenas foram feitas 18 quadriculas ao nível do CAC?

Luis Reino escreveu:Em 2018 apenas foram feitas 18 quadriculas ao nível do CAC?

É o que diz no relatório, e a imagem que coloquei foi retirada de lá!

Gonçalo Elias escreveu:

Luis Reino escreveu:Em 2018 apenas foram feitas 18 quadriculas ao nível do CAC?

É o que diz no relatório, e a imagem que coloquei foi retirada de lá!

É muito pouco e o declínio foi muito abrupto desde 2014...

Gonçalo Elias escreveu:A quebra no número de visitas entre 2010 e 2018 foi de 80% (caiu de 75 para 16 no continente e caiu 97 para 18 no conjunto continente + ilhas). O relatório não esclarece o que pretende a SPEA fazer de modo a reverter esta tendência de diminuição que se tem verificado desde 2010. Para além de cinco linhas no final da secção "Considerações finais" em que se refere que é importante cobrir de forma heterogénea o território nacional e formar novos colaboradores, fica a sensação de que apesar da enorme diminuição no número de quadrículas visitadas os autores do relatório consideram que está tudo bem com o programa, isto é que os dados são estatisticamente válidos mesmo tendo em conta a dimensão reduzida da amostra.

Pois, vamos ver daqui para a frente qual será a estratégia. Caso não haja mudanças o censo caminha rapidamente para o fim, senão está já praticamente morto neste momento.

Sempre que se começa a escavar em questões relacionadas com o CAC aparecem mais minhocas.

Na página sobre o CAC que se encontra no site da SPEA (aqui) pode ler-se:

Os principais objetivos deste projeto são:
(...)
- Contribuir anualmente para o Esquema Pan-Europeu de Monitorização de Aves Comuns (PECBMS), com os dados das tendências populacionais das espécies portuguesas;
(...)

O referido PECBMS tem um site oficial que está aqui: https://pecbms.info/
Neste site podemos consultar o gráfico de tendência de qualquer espécie a nível europeu. Deixo como exemplo o gráfico de Acrocephalus arundinaceus.



Junto ao gráfico, do lado esquerdo, aparece um link 'Countries', o qual serve para consultar lista de países que contibuíram com dados para o gráfico daquela espécie. Clicando na lista de países do gráfico de Acr aru aparece isto:



Ao lado de cada país indica-se o intervalo temporal correspondente (isto é, quais os anos para os quais aquele país contribuiu com dados). Ora aqui há algo que salta logo à vista: porque é que os dados dos vários países vão quase todos até 2017 (dois terminam em 2016) e os de Portugal só vão até 2014?

Para perceber se era uma situação pontual com esta espécie, seleccionei diversas outras espécies, mas o resultado foi sempre o mesmo: os dados de Portugal só vão até 2014., ao passo que todos os outros países vão até 2017 (com uma pequena minoria a terminar em 2016).

Isto significa que de 2015 em diante os dados de Portugal não estão a ser considerados. Será que alguém se esqueceu de enviar os dados para lá? Ou será que pelo facto de a amostra se ter tornado muito reduzida, ela já não é considerada representativa? Seja qual for o motivo, isto é um bocado deprimente...

Gonçalo Elias escreveu:Isto significa que de 2015 em diante os dados de Portugal não estão a ser considerados. Será que alguém se esqueceu de enviar os dados para lá? Ou será que pelo facto de a amostra se ter tornado muito reduzida, ela já não é considerada representativa? Seja qual for o motivo, isto é um bocado deprimente...

De facto é triste e tb gostava de entender essa situação. Colocaste a questão a quem de direito?

Pois, era porreiro entender essa situação, de facto era uma questão pertinente a ser colocada na apresentação do estado das aves.

Daniel Raposo escreveu:Colocaste a questão a quem de direito?

Até ao momento não coloquei a questão a ninguém. Apenas partilhei aqui estas dúvidas, na expectativa de obter outras opiniões que ajudem a explicar esta situação.

Gonçalo Elias escreveu:Isto significa que de 2015 em diante os dados de Portugal não estão a ser considerados. Será que alguém se esqueceu de enviar os dados para lá? Ou será que pelo facto de a amostra se ter tornado muito reduzida, ela já não é considerada representativa? Seja qual for o motivo, isto é um bocado deprimente...

É sem dúvida uma situação que deveria ser explicada porque caso contrário poderá ainda ter um efeito mais negativo na pouca participação que o projecto tem neste momento.

Ou será apenas que são tão poucos os dados...

Luis Reino escreveu:Ou será apenas que são tão poucos os dados...

Sim, mas se estivessem a ser utilizados (mesmo sendo poucos) não aparecia lá a data de 2014. Tal com está, sugere que os dados portugueses não estão a ser considerados.

Pode ser que alguém da SPEA possa dar uma explicação...

Luis Reino escreveu:Pode ser que alguém da SPEA possa dar uma explicação...

A SPEA tem conta neste Forum e por isso tem a via aberta para comentar o tema neste espaço, se assim o entender.

Boa noite,

Bom Ano Novo para todos os participantes no fórum.

Não há nenhuma fragilidade no CAC, nem nos dados do CAC, para além das que são públicas e conhecidas: dificuldade ou incapacidade, se quiserem, da SPEA em manter o nível de participação, e consequente redução do número de quadrículas.

A verdade é que estamos a trabalhar arduamente para reverter esta situação, como acho que se notou no último ano, e estou em crer que vai continuar a notar-se.

A questão que o Gonçalo levanta relativamente à última atualização do índices específicos pan-europeus é relevante. Mas colocar hipóteses pouco lisonjeiras sem perguntar diretamente não ajuda muito a revitalizar o CAC.

Para esclarecimento de todos os interessados, não há qualquer desconsideração pelos dados do CAC por parte do PECBMS. Apesar da amostra atual ser bastante mais pequena do que já foi, os dados CAC continuam a ser válidos para calcular índices pan-europeus. O que aconteceu na última atualização foi uma falha da equipa do PECBMS que pediu à SPEA os dados CAC num novo formato, e no final acabou por desistir desse formato e usou apenas dos dados que tinha no formato antigo. Uma coisa estúpida, à qual somos alheios, e já motivou um protesto da nossa parte.

Quero dizer que na próxima atualização dos índices pan-europeus serão usados todos os dados CAC até à atualidade. Valorizando o trabalho e o esforço de todos, os que fazem os censos no campo e os que processam o enorme volume de dados que o CAC já reuniu.

Sempre que tiverem questões relativamente CAC, por favor, coloquem-nas também à SPEA.

E se tiverem vontade de fazer uma quadrícula do CAC, não se acanhem. Eu faço-o há 16 anos. E espero continuar a fazê-lo enquanto tiver pernas, braços, olhos e ouvidos.  

Obrigado e abraço.