Larus audouinii - enigma
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Larus audouinii - enigma
LARUS AUDOUINII - ENIGMA
Desde o final de Outubro passado, controlei 51 Larus audouinii com anilha portuguesa (anilhas azuis com código começado por P). Os locais de observação foram o sotavento algarvio (concelhos de Olhão, Tavira e VRSA) e as salinas de Isla Cristina, que ficam em Espanha a cerca de 10 km da foz do Guadiana.
Após uma análise do histórico das aves, apercebi-me de um aspecto que me faz alguma confusão: mais de metade das aves que controlei aqui na região foram anilhadas em 2010 e 2011. Se a isto juntarmos as aves de 2012, então estes três anos contribuem com 79% do total. O número de controlos de aves anilhadas em 2013 e nos anos seguintes é muito baixo (vide gráfico anexo).
Esta situação é especialmente estranha se tivermos em conta que o número de aves anilhadas em cada ano:
2010 - 98 aves anilhadas - taxa de controlo de 10,2%
2011 - 196 aves anilhadas - taxa de controlo de 9,2%
2012 - 301 aves anilhadas - taxa de controlo de 3,7%
2013 - 266 aves anilhadas - taxa de controlo de 2,3%
Para os anos posteriores a 2013 não tenho os números de aves anilhadas, mas o gráfico evidencia que a taxa de recuperação deverá ser ainda mais baixa.
O grande enigma: porque não são recuperadas as aves dos anos mais recentes?
No caso das aves de 2017 e 2016 ainda posso compreender que se trate de juvenis / imaturos que ficam pelos seus quartéis de invernada nos primeiros dos anos de vida e não apareçam por cá. Mas isso não explica as taxas decrescentes de recuperação que se tem verificado mesmo entre as aves mais velhas (anos 2015 e anteriores). O que será feito delas? Será que morrem mais? Será que vão nidificar para outras paragens? Será que invernam sobretudo nas costas africanas e as aves mais velhas é que ficam mais por cá?
Desde o final de Outubro passado, controlei 51 Larus audouinii com anilha portuguesa (anilhas azuis com código começado por P). Os locais de observação foram o sotavento algarvio (concelhos de Olhão, Tavira e VRSA) e as salinas de Isla Cristina, que ficam em Espanha a cerca de 10 km da foz do Guadiana.
Após uma análise do histórico das aves, apercebi-me de um aspecto que me faz alguma confusão: mais de metade das aves que controlei aqui na região foram anilhadas em 2010 e 2011. Se a isto juntarmos as aves de 2012, então estes três anos contribuem com 79% do total. O número de controlos de aves anilhadas em 2013 e nos anos seguintes é muito baixo (vide gráfico anexo).
Esta situação é especialmente estranha se tivermos em conta que o número de aves anilhadas em cada ano:
2010 - 98 aves anilhadas - taxa de controlo de 10,2%
2011 - 196 aves anilhadas - taxa de controlo de 9,2%
2012 - 301 aves anilhadas - taxa de controlo de 3,7%
2013 - 266 aves anilhadas - taxa de controlo de 2,3%
Para os anos posteriores a 2013 não tenho os números de aves anilhadas, mas o gráfico evidencia que a taxa de recuperação deverá ser ainda mais baixa.
O grande enigma: porque não são recuperadas as aves dos anos mais recentes?
No caso das aves de 2017 e 2016 ainda posso compreender que se trate de juvenis / imaturos que ficam pelos seus quartéis de invernada nos primeiros dos anos de vida e não apareçam por cá. Mas isso não explica as taxas decrescentes de recuperação que se tem verificado mesmo entre as aves mais velhas (anos 2015 e anteriores). O que será feito delas? Será que morrem mais? Será que vão nidificar para outras paragens? Será que invernam sobretudo nas costas africanas e as aves mais velhas é que ficam mais por cá?
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Larus audouinii - enigma
será que ainda anilham de modo significativo?
pedro121- Número de Mensagens : 16049
Idade : 49
Local : Obidos
Data de inscrição : 14/02/2008
Re: Larus audouinii - enigma
Creio que sim, porque depois de terem chegado ao P999 começaram a usar letras (A e E) em várias posições. Mas mesmo que o número de aves anilhadas tivesse diminuído ligeiramente, a questão aqui é a diminuição progressiva da taxa de controlo.
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Larus audouinii - enigma
é de facto estranho, o numero de audoin tem aumentado muito na costa atlantica mas é raro ver uma anilhada, seja portuguesa ou espanhola
pedro121- Número de Mensagens : 16049
Idade : 49
Local : Obidos
Data de inscrição : 14/02/2008
Re: Larus audouinii - enigma
espanholas vejo bastantes quando vou a Isla Cristina mas do lado português muito poucas, acho que elas sabem onde está a fronteira, lol
quanto ao resto, eu creio que deve haver muita invernada em Marrocos, mas há poucos dados...
quanto ao resto, eu creio que deve haver muita invernada em Marrocos, mas há poucos dados...
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Larus audouinii - enigma
Quanto ao esforço não faço ideia o quanto varia de ano para ano.
Mas, reforçando o que já foi dito, ao que parece os 1º invernos (e talvez outras classes etárias?), invernam sobretudo Sara Ocidental, isso pode explicar as poucas observações.
Mas, reforçando o que já foi dito, ao que parece os 1º invernos (e talvez outras classes etárias?), invernam sobretudo Sara Ocidental, isso pode explicar as poucas observações.
Re: Larus audouinii - enigma
HL escreveu:
Mas, reforçando o que já foi dito, ao que parece os 1º invernos (e talvez outras classes etárias?), invernam sobretudo Sara Ocidental, isso pode explicar as poucas observações.
Mas, em Março-Abril o grosso das aves observadas na costa atlântica são imaturos, a teoria é que sobem para cima e são arrastados pelas fuscus.
Mas deveria causar também uma maior frequência dessas classes etárias no Algarve neste período, ou não?
pedro121- Número de Mensagens : 16049
Idade : 49
Local : Obidos
Data de inscrição : 14/02/2008
Re: Larus audouinii - enigma
a minha amostra vai de finais de Outubro a início de Março portanto apanha essencialmente o período de invernada, é possível que noutras épocas do ano apareçam outras classes etárias, talvez seja necessário recolher mais dados para perceber melhor o padrão
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Larus audouinii - enigma
A P215, anilhada em Junho de 2011, já foi reportada no Senegal em Outubro de 2014. Anexo mapa e histórico.
Tenho mais meia dúzia de controlos efectuados nas costas africanas, que irei colocando aqui, vamos ver se é possível concluir alguma coisa (a amostra é ainda muito pequena).
Tenho mais meia dúzia de controlos efectuados nas costas africanas, que irei colocando aqui, vamos ver se é possível concluir alguma coisa (a amostra é ainda muito pequena).
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Larus audouinii - enigma
Excelente e interessante trabalho, Gonçalo!
Gilberto Pinelas- Número de Mensagens : 4507
Idade : 61
Local : Cascais
Data de inscrição : 20/12/2015
Re: Larus audouinii - enigma
Gonçalo Elias escreveu:a minha amostra vai de finais de Outubro a início de Março portanto apanha essencialmente o período de invernada, é possível que noutras épocas do ano apareçam outras classes etárias,
Pois, pode ser esse o problema, eu não observo no Algarve, por isso não sei das diferenças, mas aqui entre Março e Maio aparecem os 2 e 3cy e muito de vez em quando 1 adulto, depois em Agosto os juvenis do ano.
pedro121- Número de Mensagens : 16049
Idade : 49
Local : Obidos
Data de inscrição : 14/02/2008
Re: Larus audouinii - enigma
Pois eu não estou cá em Agosto e por isso não sei como é a dispersão pós-nupcial, imagino que haja muita bicharada em dispersão (mas não deve ser fácil encontrar sítios pouco perturbados para observar, talvez nalgumas salinas).
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Larus audouinii - enigma
Gonçalo Elias escreveu:Pois eu não estou cá em Agosto e por isso não sei como é a dispersão pós-nupcial, imagino que haja muita bicharada em dispersão (mas não deve ser fácil encontrar sítios pouco perturbados para observar, talvez nalgumas salinas).
Bem, mas estás em Março e Abril, pode ser que consigas apanhar os imaturos nessa altura.
pedro121- Número de Mensagens : 16049
Idade : 49
Local : Obidos
Data de inscrição : 14/02/2008
Re: Larus audouinii - enigma
Sim, eu tenho notado alguma rotação de anilhas nos últimos dias, o que sugere que esteja a haver passagem, mas os dados ainda não são suficientes para concluir isso.
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Larus audouinii - enigma
Em Cascais onde não é fácil encontrares uma ave anilhada e onde até nem existem muitas gaivotas, neste momento está cheio delas...
Gilberto Pinelas- Número de Mensagens : 4507
Idade : 61
Local : Cascais
Data de inscrição : 20/12/2015
Re: Larus audouinii - enigma
pois, os bichos em passagem seleccionam locais diferentes dos bichos que estão a invernar
Eu costumo fazer a seguinte analogia: quando vais de férias, escolhes cuidadosamente o local da tua estadia, tem de ser um local que te ofereça um mínimo de condições, onde te sintas bem para passar algum tempo, onde haja comida, pouca perturbação, etc.; mas quando estás em viagem, e sobretudo se a viagem for longa, tens de parar para descansar e comer, e se não conheceres nenhum sítio bom pelo caminho, então paras onde for possível, mesmo que as condições não sejam as ideais; eu julgo que com as aves acontece o mesmo, isto é, as aves em migração têm de fazer paragens pelo caminho para se alimentarem, e os sítios onde fazem as paragens podem não ser os ideais, mas por vezes é o sítio possível, param lá algum tempo para descansar e comer e depois seguem viagem. Isso explica porque é que muitos locais podem ter muitas aves durante as passagens e depois no Inverno estão quase vazios.
Eu costumo fazer a seguinte analogia: quando vais de férias, escolhes cuidadosamente o local da tua estadia, tem de ser um local que te ofereça um mínimo de condições, onde te sintas bem para passar algum tempo, onde haja comida, pouca perturbação, etc.; mas quando estás em viagem, e sobretudo se a viagem for longa, tens de parar para descansar e comer, e se não conheceres nenhum sítio bom pelo caminho, então paras onde for possível, mesmo que as condições não sejam as ideais; eu julgo que com as aves acontece o mesmo, isto é, as aves em migração têm de fazer paragens pelo caminho para se alimentarem, e os sítios onde fazem as paragens podem não ser os ideais, mas por vezes é o sítio possível, param lá algum tempo para descansar e comer e depois seguem viagem. Isso explica porque é que muitos locais podem ter muitas aves durante as passagens e depois no Inverno estão quase vazios.
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25661
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
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