Dúvida sobre pombos

Vi estes pombos na Carrapateira, a sobrevoar as falésias. Posso assumir que são pombos-das-rochas selvagens?...

à partida são selvagens no que diz respeito ao habitat, ao modo de vida e à plumagem, mas isso não implica necessariamente que sejam "the genuine thing"

Gonçalo Elias escreveu:à partida são selvagens no que diz respeito ao habitat, ao modo de vida e à plumagem, mas isso não implica necessariamente que sejam "the genuine thing"

Partindo do princípio que por "the genuine thing" entendes uma população geneticamente pura, a minha pergunta é: isso existe em Portugal?

Daniel Raposo escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:à partida são selvagens no que diz respeito ao habitat, ao modo de vida e à plumagem, mas isso não implica necessariamente que sejam "the genuine thing"

Partindo do princípio que por "the genuine thing" entendes uma população geneticamente pura, a minha pergunta é: isso existe em Portugal?

Uii, tema complicado, eu acho que é um bocado irrelevante o genótipo de um pombo-das-rochas, se as aves da população são ok no fenótipo e estão no local certo e a fazer as coisas certas, então são "the real deal".

Mesmo porque esta é uma discussão que só tem lógica no curto prazo, a pressão da selecção natural vai acabar por formatar todas as populações costeiras para o fenótipo selvagem, e vai faze-lo porque a pressão contraria que é a selecção humana vai aos poucos e poucos perdendo relevância.

Daqui a 100 anos os pombos-das-rochas de Peniche serão provavelmente muito parecidos com os de Sagres.

pedro121 escreveu:... se as aves da população são ok no fenótipo e estão no local certo e a fazer as coisas certas, então são "the real deal". 

Parece-me uma definição excelente. Agora faz o mesmo para os platyrhynchos, pf.

pedro121 escreveu:a pressão contraria que é a selecção humana vai aos poucos e poucos perdendo relevância.

Dizes isso porque? a columbofilia está a diminuir?

pedro121 escreveu:Daqui a 100 anos os pombos-das-rochas de Peniche serão provavelmente muito parecidos com os de Sagres.    

Isso significa que os genes das raças ditas domésticas são recessivos?

Gonçalo Elias escreveu:
Dizes isso porque? a columbofilia está a diminuir?

Sim, mas mais importante a manutenção para fins de consumo está a diminuir, os pombos-correios são um problema menor, já que pela sua própria natureza em principio não andam a passear pelas arribas de Portugal, o problema são os inúmeros pombais de aves mantidas para fins ornamentais e de consumo, que são mais propensas a fugas e que são muitas vezes mantidas em regime livre.

E tudo isso tendencialmente está a diminuir.

pedro121 escreveu:
Isso significa que os genes das raças ditas domésticas são recessivos?

Depende claro, tens de tudo, mesmo porque as raças domesticas não tem apenas 1 gene diferente, tem conjuntos de genes, mas os pombos que normalmente anda por aí ou são "rafeiros" ou pombos-correios, falando só nos rafeiros, eles não são particularmente diferentes dos selvagens em termos de tamanho e estrutura nem em termos de comportamento (há raças de pombos-domésticos com comportamentos radicalmente diferentes), o que varia são pequenas diferenças a nível de cor, e isso é facilmente absorvido com o tempo, mesmo que os genes sejam dominantes é irrelevante, as fêmeas não vão favorecer cores que destoem .

Ou seja, imagina uma situação numa costa rochosa a norte de Sagres, nalgum sitio sem pombais, a população é mista, mas a tendência da população será dar preferência ao fenotipo selvagem, quantos maior for o numero de aves de fenotipo selvagem mais dificuldades terão as outras em arranjar par. As fêmeas em particular vão ser muito selectivas, portanto mesmo sem um peregrino a ajudar a tendência natural de uma população é reverter completamente ao fenotipo selvagem a não ser que haja uma vantagem num dos fenotipos mutantes.

Entendido, obrigado.

A propósito deste assunto verifiquei que nas escarpas a jusante da barragem do Maranhão há um grupo grande de pombos das rochas que está ali frequentemente. Não sei se nidificam ali. Provavelmente são adaptados mas seria possível fazer algo mais para perceber se é o caso, isto é para perceber se são domésticos que se adaptaram ao sitio ou se são pombos das rochas originais que ficaram por ali (mesmo misturando-se com domésticos)?

Não é possível saber, o melhor que podes tentar fazer é ver se todos os pombos apresentam o fenótipo selvagem ou se há alguns domésticos pelo meio.

Da próxima vez que for para ali vou tentar perceber isso e tentar tirar umas fotos.