São Marcos da Ataboeira--«Cortiçois»

Existe um hotspot com o nome São Marcos da Ataboeira--«Cortiçois»

Alguém faz ideia a que se refere este hotspot e porque é que o nome Cortiçois está entre aspas?

Bem, eu criei o ponto e enviei com esse nome já que é um bom local para os ver, como é um ponto no meio de uma estrada de terra batida juntei o útil ao agradável.

a parte das aspas utrapassa-me

Pois, de facto estive a ver melhor o historial deste hotspot e fui eu que o aprovei em 2016. Admito que já não me lembrava disto (é possível que tenha sido eu a adicionar as aspas, não me recordo mesmo). Seja como for, independentemente de ter aprovado isto, sou da opinião de que deve haver alguma uniformização nas designações e que não deve haver hotspots com nomes demasiado criativos, digamos assim. Creio que as designações devem seguir a toponímia ou, na ausência de um topónimo claro, é desejável que seja referida uma característica do local que permita a qualquer pessoa reconhecer / identificar o mesmo.

Havia um precedente, que era a famosa "poça dos cavalos". O nome era mau, porque se referia a uma característica de habitat algo volátil - quando o habitat mudou, o hotspot deixou de fazer sentido. Se o nome se referisse ao local (e não ao habitat), provavelmente a questão de acabar com o hotspot não teria sido colocada da forma que foi.

O Monte não terá um nome?
Essa estrada já me rendeu algumas lifers

Existem alguns hotspot fora do país em que o nome inclui a espécie que mais destaca o local ( https://ebird.org/hotspot/L5152430 / https://ebird.org/hotspot/L5152737 ) e isso permite a quem procura essa espécie saiba exactamente os melhores locais a procurar, por isso não vejo mal nenhum em usar o nome da espécie emblemática do local, apenas a minha opinião.

Gonçalo Elias escreveu:
Havia um precedente, que era a famosa "poça dos cavalos". O nome era mau, porque se referia a uma característica de habitat algo volátil - quando o habitat mudou, o hotspot deixou de fazer sentido. Se o nome se referisse ao local (e não ao habitat), provavelmente a questão de acabar com o hotspot não teria sido colocada da forma que foi.

não entendo muito bem esta comparação, podes elaborar?

José Frade escreveu:Existem alguns hotspot fora do país em que o nome inclui a espécie que mais destaca o local ( https://ebird.org/hotspot/L5152430 / https://ebird.org/hotspot/L5152737 ) e isso permite a quem procura essa espécie saiba exactamente os melhores locais a procurar, por isso não vejo mal nenhum em usar o nome da espécie emblemática do local, apenas a minha opinião.

Pois, estou a ver que sim. Faz-me alguma confusão, especialmente no caso do bufo, pois está-se a promover as visitas ao bufo, e consequentemente a promover a perturbação, o que colide um pouco com a recente política do ebird de esconder registos de espécies sensíveis para não fomentar a perturbação. Não entendo.

No caso do hotspot dos cortiçóis, continuo a achar o nome desajustado - e porquê? Por duas razões:
- primeiro, porque a espécie não é exclusiva daquele ponto, nem nada que se pareça
- segundo, porque os hotspots à volta do mesmo têm mais observações da espécie e, nalguns deles, em quantidades superiores. A observação máxima no hotspot Cortiçóis foi de 14 ind., mas no vizinho São Marcos da Atabueira tem uma observação de 58 e várias de 40 ou 30, no de Belver tem uma de 32 e outra de 19, no da Benviúda tem uma de 45 e uma de 32, no de Aracelis tem uma de 29, no da Corte Pequena tem uma de 58 e outra de 25, no da Apariça tem uma de 40, no de Guerreiro tem uma de 22 e outra de 20, no de Figueirinha em uma de 25 e outra de 20 e no de Navarro tem uma de 21. Isto só para referir os hotspots que ficam nas redondezas a uma distância máxima de 7-8 km. Se a lógica é de dar ao hotspot o nome da espécie por ser um bom local para observar uma dada espécie há vários hotspots em redor que seriam bem mais merecedores dessa designação e onde se pode ver a espécie em números superiores.

Pelas razões expostas considero que não é uma boa abordagem.

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
Havia um precedente, que era a famosa "poça dos cavalos". O nome era mau, porque se referia a uma característica de habitat algo volátil - quando o habitat mudou, o hotspot deixou de fazer sentido. Se o nome se referisse ao local (e não ao habitat), provavelmente a questão de acabar com o hotspot não teria sido colocada da forma que foi.

não entendo muito bem esta comparação, podes elaborar?

O que eu quero dizer é que tanto a designação cortiçóis como a designação poça dos cavalos são designações dinâmicas - no primeiro caso porque a espécie pode facilmente deixar de frequentar o local e no segundo caso porque a poça pode desaparecer (por drenagem ou por outro motivo qualquer). Em minha opinião são preferíveis as designações estáticas, daí que eu seja mais favorável à utilização da toponímia.

Gonçalo Elias escreveu:

José Frade escreveu:Existem alguns hotspot fora do país em que o nome inclui a espécie que mais destaca o local ( https://ebird.org/hotspot/L5152430 / https://ebird.org/hotspot/L5152737 ) e isso permite a quem procura essa espécie saiba exactamente os melhores locais a procurar, por isso não vejo mal nenhum em usar o nome da espécie emblemática do local, apenas a minha opinião.

Pois, estou a ver que sim. Faz-me alguma confusão, especialmente no caso do bufo, pois está-se a promover as visitas ao bufo, e consequentemente a promover a perturbação, o que colide um pouco com a recente política do ebird de esconder registos de espécies sensíveis para não fomentar a perturbação. Não entendo.

Este bufo não considerada espécie sensível.

José Frade escreveu:Este bufo não considerada espécie sensível.

Eu sei que não é considerado espécie sensível pelo ebird. Aliás quem sugere as espécies sensíveis são, em muitos casos, as organizações existentes nos países (SPEA, etc.). Tal como o nosso Bubo bubo não é. E no entanto existe muito, como certamente sabes, preocupação em não divulgar excessivamente as localizações precisas de ocorrência das aves. E porquê? Porque apesar de não estar ameaçada, é uma espécie muito perseguida (como aliás acontece com vários predadores de topo). E o caso do Bubo ascalaphus não é muito diferente: a espécie tem sido usada para exibir em feiras, nomeadamente em Marrocos. Ver aqui.

Nota que eu não sou a favor de estar a esconder registos a torto e a direito. Acho que não é esse o caminho, conforme já comentei no tópico da imperial. Apenas me interroguei se esta história de dar aos hotspots nomes de espécies muito cobiçadas está em linha com a política do ebird de quererem ter um papel responsável em matéria de conservação.

Confesso que o do Bubo também me surpreendeu um bocado.
Pode ser um sítio onde se veja ao longe, não sei. Mas....

Frade, chegaste a ver o bufo no hotspot no bufo?

Gonçalo Elias escreveu:Frade, chegaste a ver o bufo no hotspot no bufo?

Não cheguei a ir a esse local, não haviam registos recentes e onde os havia também não o vi...