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Painho-de-Monteiro no "Top 10" da biodiversidade nacional

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Mensagem por Gonçalo Elias Qua Jan 12, 2011 10:18 am

AVE ENDÉMICA DA GRACIOSA - Painho-de-Monteiro no "Top 10" da biodiversidade nacional

Data: 12 de Janeiro de 2011
Fonte: auniao.com

O Paínho-de-Monteiro, ave marinha endémica da Graciosa, está entre o “Top10” das espécies portuguesas mais emblemáticas do país. A escolha foi feita através de votação dos portais Naturdata e da Biodiversidade dos Açores. Entre as dez espécies mais votadas, foram eleitos cinco aracnídeos, dois insectos, uma lesma-do-mar, um peixe e uma ave – o Paínho-de-Monteiro.

A votação terminou no final do ano passado e pretendeu apurar as mais emblemáticas espécies de Portugal descritas entre 2000 e 2010.
A iniciativa “Top 10 das Espécies Portuguesas” foi promovida, durante 2010 como forma de assinalar o Ano Internacional da Biodiversidade, pelos Portal Naturdata - biodiversidade online (www.naturdata.com) e pelo Portal da Biodiversidade dos Açores (www.azoresbioportal.angra.uac.pt).
Entre os dez mais votados, está o Paínho-de-Monteiro, uma ave marinha endémica do ilhéu da Praia, ao largo da Graciosa.
As votações foram feitas através da internet e abertas ao público. Ao todo, referem os promotores, foram recolhidos 303 votos.
Entre as dez espécies seleccionadas que constituem este “Top10” de biodiversidade nacional estão cinco aracnídeos, dois insectos, uma lesma-do-mar, um peixe e uma ave.
Segundo o docente da Universidade dos Açores (UA), Paulo Borges, investigador do CITA-A, Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores e responsável também pelo Portal da Biodiversidade, a escolha do o Paínho-de-Monteiro nesta avaliação nacional “mostra que as pessoas que votaram na internet conhecem essa espécie de ave. Havia mais cerca de cinco a seis espécies açorianas considerada nessa lista, mas só o Paím-de-Monteiro é que acabou por ser votado entre as melhores dez”.
O docente universitário refere tratar-se de um “património único dos Açores”: “Além do Priôlo, temos também o Paínho-de-Monteiro como as duas aves que são espécies endémicas dos Açores”.

Espécie protegida

Paulo Borges recorda que existe actualmente em curso um projecto para a preservação do habitat do Paínho-de-Monteiro, desenvolvido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) nos Açores.
Apesar de esclarecer que não se trata de uma espécie em risco de extinção, como o Priôlo, o investigador refere que “é uma ave que tem um efectivo populacional não muito elevado”.
Actualmente o ilhéu da Praia da Graciosa está classificado como Reserva da Biosfera e em curso, recorda Paulo Borges, está um processo de erradicação de roedores para evitar que se destruam os ninhos e os ovos destas aves.
“Pode não ser tão conhecida como o Priôlo”, mas a nível nacional, as pessoas reconheceram esta espécie.”

De Paínho-da-Madeira a Paínho-de-Monteiro

Segundo descreve o biólogo Joël Bried, do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da UA, a espécie “Paínho-de-Monteiro” foi descrita apenas em 2008.
“Antigamente, era conhecido como Paínho-da-Madeira-de-época-quente Oceanodroma castro. Contudo, o investigador Luís Monteiro mostrou durante o seu doutoramento que as duas formas sazonais de Paínho-da-Madeira nos Açores, para além de se reproduzirem em épocas diferentes, tinham uma morfologia e uma dieta diferentes (…) Recentes estudos genéticos mostraram que o Paínho-da-Madeira-de-época-quente dos Açores era geneticamente distinto, não só do Paínho-da-Madeira-de-época-fria dos Açores, mas também de todos os outros Paínhos-da-Madeira do Atlântico norte e do Pacífico. A combinação dessas diferenças (morfológicas, ecológicas, vocais e genéticas) levou a considerar que o Paínho-da-Madeira-de-época-quente dos Açores era mesmo uma espécie distinta”.
A mais pequena ave marinha, de coloração preta, deve ao seu nome em homenagem ao investigador Luís Monteiro, falecido num acidente de avião em 1999.
O Paínho-de-Monteiro mede apenas 18-20 cm e tem peso entre 35 e 60 gramas.
“Segundo Gaspar Frutuoso, os paínhos eram muito abundantes no arquipélago durante o século XVI. No entanto, foram intensamente explorados para alimentação e extracção de óleo nessa altura. Actualmente, a população está muito reduzida, com apenas 250-300 casais reprodutores. As colónias de nidificação desta espécie localizam-se em pequenos ilhéus desabitados, situados ao largo da ilha Graciosa (ilhéus de Baixo e da Praia)”.
O investigador refere suspeitar da nidificação desta ave igualmente no ilhéu da Baleia (Ponta da Barca).
“Actualmente, considera-se que este ilhéu alberga a maior colónia de Paínhos-de-Monteiro do mundo, com ligeiramente mais do que 100 pares”.


Listagem nacional

No “Top 10 das Espécies Portuguesas” figuram, com a seguinte ordenação, o Ruivaco-do-oeste (Achondrostoma occidentale), uma espécie de peixe apenas conhecida de três ribeiras na Estremadura Portuguesa, classificada como estando em perigo de extinção; a Aranha-de-Tolkien (Amphiledorus ungoliantae), que só se encontra perto da aldeia de Corte da Velha (Mértola); a Aranha-cavernícola-do-Frade (Anapistula ataecina), descoberta em 2005 durante as actividades do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul, apenas descrita em 2009. Trata-se da aranha mais pequena da Europa (0.43-0.58mm) e uma das mais pequenas do mundo, recentemente classificada com o estatuto de “Em Perigo Crítico de Extinção (CR)" pela União Internacional para a Conservação da Natureza”; a mosca-áptera-lusitânica (Ariasella lusitanica), descoberta pela primeira vez num terreno privado no Norte de Portugal. Este pequeno insecto pode-se confundir com uma formiga devido ao seu pequeno tamanho e andar a grande velocidade pelo solo, tratando-se de uma mosca perdeu a capacidade de voar ficando com as asas atrofiadas; Escorpião-ibérico (Buthus ibericus), uma das espécies mais comuns de escorpião no país; Lesma-do-mar-lusitânica (Calma gobioophaga) conhecida da costa de Portugal Continental e Mediterrâneo Ocidental; Aranha-buraqueira-de-Machado (Iberesia machadoi), que encontra-se em quase todo o país. Trata-se de uma das maiores aranhas de Portugal (até 30mm), que vive durante quase toda a sua vida em tubos escavados no solo; o já referido Paínho-de-Monteiro (Oceanodroma monteiroi), espécie de ave descrita há apenas dois anos, apesar de desde a década de noventa Luís Monteiro, biólogo, ter sugerido a existência desta espécie críptica na ilha Graciosa; Pseudoescorpião-cavernícola-da-madeira (Paraliochthonius cavalensis), espécie cavernícola conhecida exclusivamente das Furnas do Cavalum, na ilha da Madeira. Esta espécie não possui olhos e tem membros especialmente alongados; e Mosca-das-dunas (Tethina lusitanica), pequena mosca com cerca de 2 mm que habita as dunas costeiras portuguesas, encontrada pela primeira vez em 2008 nas praias da Apúlia, em Esposende. Trata-se de uma mosca muito atraente, que mimetiza a areia envolvente.

Humberta Augusto
haugusto@auniao.com

Foto: Paulo Henrique Silva/SIARAM

http://www.auniao.com/noticias/ver.php?id=22563

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