Maçaricos-de-bico-direito

Ora viva a todos

Como alguns sabem, estão a decorrer em Portugal 3 doutoramentos sobre o Maçarico-de-bico-direito, Limosa limosa (também conhecido por Milherango), o meu , o do Zé Alves e o do Pedro Lourenço.
Nos últimos 23 anos (o que por coincidência corresponde ao recorde de longevidade da espécie) foram marcadas mais de 1500 aves com códigos de grupo e perto de 3500 com códigos individuais!!! A maioria foi anilhada nas zonas de nidificação, mas algumas foram anilhadas durante a migração e a invernada e, inclusivamente, em Portugal. Ainda esta semana foram marcados mais maçaricos no Tejo (mas isso deixo para o Zé Alves, que mais uma vez organizou com sucesso as capturas com o apoio do Farlington Ringing Group). Apesar de alguns esquemas serem antigos, sendo pouco provável que ainda estejam vivos algumas das aves anilhadas, é possível (pelo menos teoricamente) que coexistam actualmente maçaricos com 35 esquemas diferentes! Para por alguma luz sobre os esquemas e simplificar o contacto com os respectivos coordenadores, converti as descrições a desenhos. Assim, no caso de se cruzarem com uma limosa enfeitada este documento ajuda-vos a saber quem foi o artista. Este pode ser acedido (como pdf) no endereço:

http://limosa.no.sapo.pt

Os maçaricos já estão por ai aos montes, é mesmo só abrir os olhos.
Se bem que ainda não seja possível observar o espectáculo fascinante de mais de 20 mil aves (por vezes MUITO mais!) num único bando, o Estuário do Tejo e as salinas do Algarve já estão em grande.

Os registos de observação de maçaricos com anilhas de cor são muito importantes para os 3 trabalhos, pelo que venho apelar ao envio das observações que tiverem (mesmo que já tenham barbas brancas ) para os e-mails:

Nuno Cidraes Vieira limosalimosa@sapo.pt
José Alves j.alves@uea.ac.uk
Pedro Lourenço oceanblue@portugalmail.com

Abraços,
Nuno

P.S. O tamanho da anilha é por vezes fundamental para a identificação do esquema e alguns esquemas utilizam anilhas no tarso (por vezes pequenas e escuras) que podem ser MUITO DIFICEIS de observar. A maioria dos esquemas usa 4 anilhas de cor mas existem desde 1 a 6 anilhas de cor.

P.S. Pedia-vos que nos enviassem sempre aos 3 as observações que tiverem. Se não estiverem para gastar tempo a ver quem é o responsável pelo esquema, informem-nos que nós fazermos um fwd do vosso e-mail (o mesmo em relação à central portuguesa de anilhagem (CEMPA), se bem que ai seja só adicionar encarnacaov@icnb.pt na lista de endereços).

Caros colegas,

Como já anunciado neste fórum, venho trazer-vos boas novas sobre as recentemente tão badaladas, “limosas de Alcochete”.

Durante a passada semana, e com o apoio incansável de Peter Potts e o seu Farlington Ringing Group, sem esquecer a fundamental ajuda de todos os que quiseram participar, decorreram no estuário do Tejo várias sessões de captura de aves limícolas de redes canhão. Após vários disparos e duas sessões com redes verticais, contabilizamos um total de 125 aves anilhadas, com especial atenção para a captura de 40 C. ferruginea e 29 R. avosetta - pena é que não decorram trabalhos específicos, sobretudo com esta última espécie, em Portugal, pelo menos actualmente…
Elevamos também o número de indivíduos da espécie alvo, o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), marcados com anilhas de cor para 80! E, de facto, o trabalho tem corrido de vento em poupa.
A marcação do primeiro grupo destes maçaricos no decorrer do Inverno anterior permitiu desvendar parte do segredo da sua capacidade em ultrapassar os indivíduos da mesma subespécie que invernam mais a norte, nomeadamente no Reino Unido. Cerca de 60% dos maçaricos islandeses que optam por invernar em Portugal migram para a Islândia efectuando uma paragem na Holanda! Durante esse período, estas aves alimentam-se nos prados holandenses e na vasa do Waddenzee obtendo taxas de ingestão mais elevadas do que os seus congéneres que se encontram no Reino Unido.
Claro está, que o seguimento destes maçaricos até à Holanda para se perceber esta realidade foi apenas possível devido a contribuição de vários observadores holandeses que enviaram inúmeros registos durante a migração pré-nupcial dos maçaricos marcados no Tejo – “Dank u!”.

Entretanto e regressados que estão estes incansáveis migradores (primos aliás dos grandes recordistas), gostaria de solicitar aos membros deste fórum que mantenham os olhos nas patinhas dos maçaricos pois a probabilidade de se cruzarem com um mais colorido é cada vez maior! Uma vez vislumbrado um maçarico marcado basta registar a ordem das anilhas de cor em cada pata, não esquecendo que algumas destas podem ser bandeiras - sendo por isso anilhas de cor com um prolongamento horizontal.
Aproveito também a deixa para indicar que o cenário não é tão assustador como se possa pensar. Existem vários esquemas de marcação de maçaricos com anilhas de cor, contudo apenas dois são comuns em Portugal: o esquema islandês que consiste em 4 anilhas de cor (sendo que uma anilha pode ser uma bandeira), e o esquema holandês com 5 anilhas de cor, sendo que uma destas é obrigatoriamente uma bandeira.
Há obviamente variações dentro destes esquemas, os sub-esquemas, como é o caso dos maçaricos islandeses anilhados em Portugal que possuem todos eles uma bandeira verde escura, mas que juntamente com as restantes 7 variações compõem um só esquema: quatro anilhas coloridas. O mesmo se passa para o esquema holandês, com 4 variações possíveis para a combinações de 5 anilhas de cor (sendo uma delas bandeira).
Felizmente para todos, os líderes destes esquemas de marcação estão em contacto próximo e assim qualquer registo válido de um maçarico anilhado será devidamente encaminhado para o devido esquema com a consequente recepção do historial da dita ave.

Termino com a indicação que durante este Inverno pretendemos dar especial atenção aos movimentos dos maçaricos em território nacional, tanto à escala estuarina bem como à escala regional. Não para saber se teremos maçaricos a colidir com aviões em Alcochete mas sim para perceber em maior detalhe como se processam as movimentações entre os habitats e entre as zonas húmidas nacionais. Assim, todas as contribuições serão muito bem vindas pois irão certamente ajudar a desvendar estes processos.

Bons registos a todos e até breve!

José Alves

Caros,

Ampliei recentemente o site que tinha criado para albergar a chave dos esquemas de anilhas de cor dos Maçaricos-de-bico-direito. É agora um site exclusivamente dedicado a esta espécies com informações diversas e links para outros sites (especialmente sobre limosas claro )


Cá fica mais uma vez o endereço:
http://limosa.no.sapo.pt

Caros colegas,

Coloquei no site http://limosa.no.sapo.pt um ranking dos observadores de Maçaricos-de-bico-direito com anilhas coloridas. O ranking refere-se apenas a observações feitas em Portugal e é ainda uma versão provisória, faltando registos a alguns observadores (e provavelmente também observadores).
Duas coisas saltam logo à vista:
como seria de esperar (de estranhar seria o contrário), a maioria dos lugares cimeiros correspondem a pessoas que trabalham com o Maçarico-de-bico-direito.
Menos de esperar seria o facto da maioria (na realidade 2/3) dos observadores que enviam registos de Portugal serem estrangeiros.

Estamos numa altura excelente para a observação desta espécie: aquelas aves que realizaram uma longa viagem para aproveitarem o calor das terras africanas estão agora de passagem em Portugal no regresso aos locais de nidificação. Aquelas que não são grandes fãs de longas viagens e que acharam que o nosso clima já era suficientemente ameno para passarem o inverno ainda estão por cá. Esta é portanto a época do ano em existem mais Maçaricos-de-bico-direito em Portugal e em que estes apresentam uma distribuição mais ampla.

P.S. Em breve adicionarei um ranking anual para as observações realizadas em 2008

Todos os anos, por volta de meados de Fevereiro, os arrozais do Tejo e do Sado são utilizados por cerca de 40.000 Maçaricos-de-bico-direito, que desaparecem destes arrozais no final de Fevereiro ou início de Março. Uma situação semelhante ocorre nos arrozais da Estremadura espanhola. A maioria destas aves demora 3 semanas a aparecer nas suas zonas de nidificação na Holanda.
Onde estão durante estas 3 semanas? Esta é uma questão por resolver.
Alguém tem registos desta espécie durante o mês de Março?
(todos os dados ajudam, mesmo as observações de pequenos bandos)

Nuno