Relógio biológico bate mais devagar para as fêmeas que escolhem bons companheiros

Relógio biológico bate mais devagar para as fêmeas que escolhem bons companheiros

Data: 21 Janeiro 2011
Fonte: naturlink.sapo.pt

Nas aves tal como nas pessoas, a fertilidade feminina diminui com a idade. Mas um novo estudo diz que algumas aves fêmeas podem retardar o “tique-taque” do seu relógio biológico, escolhendo os companheiros certos.

As aves fêmeas tornam-se progressivamente menos férteis com o avanço da idade, disse o co-autor Josh Auld do “National Evolutionary Synthesis Center” em Durham, Carolina do Norte (EUA). As fêmeas mais velhas põem menos ovos, e colocam-nos mais tarde na temporada, na altura em que há menos alimento para as suas crias, explicou.

Mas apesar das várias evidências da perda de fertilidade nas fêmeas, os cientistas sabem pouco sobre o papel desempenhado pelos seus companheiros. "O pensamento era que os machos não tinham influência", disse Auld. Para saber se os machos são um factor na fertilidade feminina, os autores analisaram um conjunto de dados de longo prazo dos pássaros conhecidos como chapins azuis. Desde o final dos anos 1970, os cientistas têm estudado milhares destas aves florestais na ilha francesa de Córsega.

Esta espécie acasala uma vez por ano e muitas vezes com um companheiro diferente em cada época. Ao fixar anilhas nas patas dos pássaros e ao monitorizar os seus ninhos, os cientistas foram capazes de acompanhar quais e quantos companheiros de cada fêmea, o número de ovos que põem e quando e como os acasalamentos acontecem.

Quando os autores analisaram os dados da vida de cerca de 600 fêmeas e de 600 machos, no período de 1979 a 2007, eles encontraram uma surpresa: a rapidez com que a fertilidade das fêmeas diminui com a idade depende em parte dos seus parceiros.

Os cientistas decobriram que o importante para o sexo feminino não é a idade ou a identidade dos seus companheiros, mas sim o passado paternal dos seus parceiros. “O historial dos machos tem influência”, afirmou a co-autora Anne Charmantier, do Centro Nacional de Investigação Científica de França, também conhecido pelas iniciais francesas CNRS. A fertilidade diminuiu menos rapidamente para as fêmeas cujos companheiros foram pais pela primeira vez jovens. "As fêmeas que repetidamente estão com machos que iniciaram a sua reprodução mais jovens têm maior sucesso. Elas não envelhecem tão depressa", disse Auld.

Os machos que têm maior sucesso reprodutivo no seu primeiro ano de vida, poderão ser companheiros mais saudáveis ou mais experientes do que os restantes. "Os machos que começam a reprodução precocemente podem estar em melhores condições físicas, ou terem uma menor carga parasitária", disse Charmantier, podendo ser melhores parceiros na criação dos filhotes. "O macho ajuda a fêmea construir o ninho e traz a comida, enquanto a fêmea está a incubar os ovos. Ele também ajuda a cuidar das crias", disse Auld.

http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=29472&bl=1