As Andorinhas vêem mais cedo ou eu é que estou a ficar velho

Hoje (6 de Janeiro), observei uma Andorinha das chaminés (Hirundo rustica), em S. Facundo (Abrantes). Será uma chegada precoce ou eu é que estou desactualizado.

Caro Manuel,

Julgo que não estás velho nem desactualizado.

Pela minha experiência pessoal, as andorinhas-das-chaminés começam a chegar em pequenos número a partir de meados de Dezembro e em números mais consideráveis a partir de meados de Janeiro.

Claro que isto não permite determinar se há uma tendência de antecipação - para isso seriam necessária uma recolha de dados, feita de modo sistemático ao longo de vários anos, mas segundo julgo saber não há dados desses no nosso país.

1 abraço,
Gonçalo

Vivam

Não foi identificado a 100%, pois vinha a conduzir e estava algum nevoeiro, mas fiquei muito convencido de ter passado perto mas rapido do meu carro um cuco canoro. Ainda assim, não vou registar. Mas eles também já devem de estar também a chegar.

Saudações
A. Tomás.

Olá Agostinho,

Os cucos-canoros não costumam chegar tão cedo, raramente aparecem antes do início de Março.

Já os cucos-rabilongos (Clamator glandarius) são extremamente precoces, havendo bastantes observações em Janeiro. Consideraste essa hipótese?

1 abraço,
Gonçalo

Viva Gonçalo

Sim, ponderei de facto essa possibilidade e sei da sua chegada precoce (talvez até não devesse anular essa possibilidade), mas pareceu-me um pouco mais robusto, cinzento uniforme no dorso e nas asas e não notei o contraste da bochecha e da barganta brancas com o resto da cabeça cinzento.
Ainda assim, a visibilidade não era, nem de perto nem de longe, a melhor, nem é minha intenção registar o "bitcho" como identificado. Fico com o "bitcho" a morder.

Saudações
A. Tomás

Bom... observei ontem (07-01-2008) os primeiros 2 indivíduos de Hirundo rustica perto do Carregado, quando ia na A1 a caminho de Lisboa (Monsanto) com um Buteo ferido.
Não deu para grandes observações e não sei se vinham mais indivíduos. A única coisa que deu para perceber foi mesmo que se dirigiam para norte, paralelas à A1.
Neste momento e este ano, é a minha 1ª observação de estivais... que está muito aquem de anos anteriores...

... mas às tantas até posso ser eu que ando distraido...

no algarve onde passei o natal e passagem de ano, observei varias vezes H. rusticas e D. urbica. agora se eram invernantes ou ja migradores...??

thysvalkenburg escreveu:no algarve onde passei o natal e passagem de ano, observei varias vezes H. rusticas e D. urbica. agora se eram invernantes ou ja migradores...??

Pela minha experiência as andorinhas (ambas as espécies) são claramente mais frequentes em Janeiro que em Novembro ou Dezembro. Aliás, Novembro parece-me ser o mês em que há menos andorinhas, a partir daí vêem-se mais, por isso julgo que se trate de chegadas.

1 abraço,
Gonçalo

A Hirundo Rustica que vi no Domingo e revi no dia seguinte (seria a mesma?), deve ter rumado a outras paragens, é que de então para cá, e já lá vão 3 dias nunca mais lhe pus a vista em cima.

Um abraço

Manuel Matos

Afortunadamente, tendo ido bastante para o campo ver a bicharada desde o ínicio de Dezembro, e apenas tenho visto Hirundo rustica desde o ínicio de Janeiro (excepção feita a 3 inds. na Lagoa de Santo André, e alguns exemplares em Castro Marim e no Ludo).

Penso que tanto as Hirundo rustica como as Delichon urbicum deverão contar com alguns exemplares invernantes no Algarve, Santo André e Estuário do Sado. Apenas algumas dezenas. Já os restantes, e aqui partilhando da opinião do Gonçalo Elias, penso que os exemplares observados em Janeiro são migradores arribando. Digo baseado na constante passagem por algumas zonas durante os meses de Dezembro e Janeiro (nomeadamente Odemira e Estuário do Mira), onde não observei qualquer andorinha durante o mês do Natal, e agora começam a aparecer alguns indíviduos a estabelecer (sendo observados todos os dias no mesmo local).

Eu também vi uma Andorinha das chaminés (Hirundo Rustica) em Salvaterra de Magos neste Sábado!


Cumprimentos,
João Dias

Tive a sorte de visitar Coto Doñana recentemente e no dia 22 de Dezembro. Açima da lagoa de Dehesa de Abajo durante chuvinha vi não menos de 300 Delichon urbica, e mais de 100 Hirundo rustica, 50 Riparia riparia e 2 Hirundo daurica. Eu ficou convencida que estas aves fossem invernantes. Acho este registo interessante na perspectiva Português devido a proximidade deste sítio ao Algarve. Abraço, Simon Wates

Simon Wates escreveu:Tive a sorte de visitar Coto Doñana recentemente e no dia 22 de Dezembro. Açima da lagoa de Dehesa de Abajo durante chuvinha vi não menos de 300 Delichon urbica, e mais de 100 Hirundo rustica, 50 Riparia riparia e 2 Hirundo daurica. Eu ficou convencida que estas aves fossem invernantes. Acho este registo interessante na perspectiva Português devido a proximidade deste sítio ao Algarve. Abraço, Simon Wates

Caro Simon,

Tem toda a razão, é um registo interessante, pelo número de aves envolvidas e pelo facto de não haver registo de concentrações semelhantes em Portugal.

Sobre a questão de se tratar de invernantes ou migradores, acho que não há resposta possível com o conhecimento actual. Não se sabe se as aves vieram de África, não se sabe quando chegaram e donde vieram. Aqui há todos os cenários possíveis. Podem ser aves locais que nunca saíram (então são residentes), podem ser aves de zonas da peninsula Ibérica que usam a zona como invernada (então são migradores Ibéricos), podem ser aves provenientes de Europa a norte dos Pireneus, assim são migradores europeus, podem ser migradores transsaarianas já no caminho de volta das zonas de invernada, utilizando a zona de Doñana para descansar e "reabastecer" depois da travessia do norte de África antes de voltar para as suas zonas de nidificação (quer onde que estas estejam).

Era interessante saber se há mais registos sobre estas aves no Parque de Doñana, que poderia eventualmente reforçar ou excluir certas hipóteses.

Um grande abraço,

Henk

mmm?

Henk Feith escreveu:Sobre a questão de se tratar de invernantes ou migradores, acho que não há resposta possível com o conhecimento actual.
Henk

Concordo contigo completamente, todo fica no "subjectivo" enquanto considero a questão de ser ou não ser invernantes. No entanto, acho que deve existir aves tardias e precoces que devem praticamente cruzar em caminho - por exemplo tenho visto pequenos números de Hirundo daurica durante Nov e Dez no mesmo local (Zavial, cerca de Sagres) e a aumentar para finais de Jan no Inv de 2005/6. No caso de Doñana é notório a quantidade de espécies supostamente migradoras nidificantes que permanecem durante o Inverno - há quem chama este lugar "o pequeno Africa na Europa".

Abraço,

Simon Wates

boas.

só para acrescentar que vi 5 Hir rus no Barreiro no passado dia 5 de Janeiro.

cumps,

rui

Viva,
Estou a puxar este tópico, pois após ter ontem divulgado pelo "pessoal de campo" o mail do Henk mandado para o PNSAC sobre o projecto "Chegadas", surgiu um registo "esquecido" de Hirundo rustica em Dezembro e que achei interessante.

Recebi há pouco o dados desse registo:

Espécie: H. rustica - 3 ind.
Data: 23.12.2007
Observador: Gabriel Simões
Local: Polje de Minde
Freguesia: Minde
Concelho: Alcanena

Como se trata da área de residencia do observador, o qual não as tinha observado antes, não me parece tratar-se de possíveis "invernantes".

Olá Francisco,

É bem possível que se trate de chegadas, pois o número de andorinhas-das-chaminés começa geralmente a subir em meados de Dezembro.

1 abraço,
Gonçalo

Francisco Barros escreveu:
Recebi há pouco o dados desse registo:

Espécie: H. rustica - 3 ind.
Data: 23.12.2007
Observador: Gabriel Simões
Local: Polje de Minde
Freguesia: Minde
Concelho: Alcanena

Como se trata da área de residencia do observador, o qual não as tinha observado antes, não me parece tratar-se de possíveis "invernantes".

Obrigado pelo registo, que é de facto interessante. Trata-se de um registo a norte do Tejo, por ventura escassas, e com mais do que um indivíduo, que também não é habitual em registos de Inverno. Mas concordo com o Gonçalo que é provável que sejam migradores precoces.

E gostei muito da tua divulgação do projecto Chegadas junto do vosso "pessoal de campo".

Um grande abraço,

Henk

Viva,

Tenho a impressão de ter visto no dia 2 Março um bando de Andorinha das Ribeiras (Riparia riparia) nos areais ao pé da estação de comboio de Coina.

É normal ou devo estar equivocado?

Obrigado,
Daniel

Olá Daniel,

apesar de não ser um expert penso que essa observação é bem possível. Não conheço esses areais e não sei se são propícios à nidificação da espécie. Mas tb poderá ser um bando em migração!?

Em todo caso penso que é relativamente fácil identíficar a espécie pela banda escura no peito que separa o branco da garganta do branco da zona ventral.

Um pequeno reparo em relação ao nome comum,... Andorinha-das-barreiras!

Abraço
Marco Correia

daniel.sobral escreveu:Viva,

Tenho a impressão de ter visto no dia 2 Março um bando de Andorinha das Ribeiras (Riparia riparia) nos areais ao pé da estação de comboio de Coina.

É normal ou devo estar equivocado?

Olá Daniel,

Relativamente à data (náo sei se era essa a tua questão), eu diria que é normal, costumo ver as primeiras em finais de Fevereiro - este ano ainda não vi nenhuma porque não andei na zona delas .

1 abraço,
Gonçalo

Caro Daniel,

A sua observação enquadra-se perfeitamente no padrão de chegada da espécie. Os primeiros registos durante o mês de Fevereiro, e para a região de Vales do Tejo e Sado temos até à data 5 registos, com uma data média de chegada de 26 de Fevereiro.

Podia ser útil se pudesse confirmar a observação, por exemplo através de uma nova visita ao local (se há uma colónia lá perto vão andar por aí com certeza), para poder incluir a sua observação na BD do projecto Chegadas.

Um abraço,

Henk

Obrigado pelas respostas.
Eu tenho quase a certeza que eram Riparia riparia, só que não tava com binóculos e tava com pressa para apanhar o comboio. Infelizmente não vou poder passar pelo local tão cedo, mas para quem passar na zona é mesmo ao pé da estação, do lado onde passam os carros.

Ainda a respeito de andorinhas: aqui em Marselha as Andorinhas das rochas (Ptyonoprogne rupestris) invernam no centro da cidade, num jardim dum palácio que dá para o mar! De Verão elas andam pelas falésias marítimas que circundam a cidade (por esta altura já as vejo de novo nas falésias mas em Janeiro tavam aqui a sobrevoar a minha casa no centro!).

Também se verificam este género de movimentações em Portugal?

Daniel

Após me lembrar de consultar o Portal dos Observadores, vejo que a resposta é sim...

http://www.avesdeportugal.info/ptyrup.html