Qual a ave mais rara de Portugal?

pedro121 escreveu:

Filipe Martins escreveu:Dois candidados:
Pterocles orientalis
Tichodromma muraria

Sim, se bem que o cortiçol não é propriamente dificil de ver se estiveres disposto a pagar, e quanto á trepadeira, eu observo aves á 4 anos e nesse espaço de tempo foram vistos 5 individuos em Portugal, felosas palidas foram 2 (salvo erro, não tenho aqui os meus ficheiros portanto é de cabeça) e frangas pequenas 1-2. Claro que mais vale uma trepadeira na mão do que uma felosa a voar, mas mesmo assim...

Podes dizer-me onde?

Boas,

só para dar alguma informação sobre a felosa (na altura ainda pallida ). Se será ou não a mais rara não sei, mas registos conhecidos/(publicados em algum lado) nos últimos 15 anos são poucos.

Na altura dos estudos antes do enchimento da barragem de Alqueva a equipa do laboratório de ornitologia teve um projecto com esta espécie. Houve realmente um investimento grande na procura de individuos e se a memória não me engana apenas tivemos 1 registo de nidificação num dos anos (pelo João Tiago Tavares).

Houve prospecção dirigida a locais que pela bibliografia seriam potenciais, emissão de chamamentos, e adicionalmente todas as quadrículas 1x1km das 11 cartas militares 1:25000 prioritárias foram prospectadas para um conjunto de espécies (felosa incluída).

Abraços
Carlos

Olá Carlos,

Podes dizer-me qual a região (concelhos) onde foi feita essa procura dirigida?

1 abraço,
Gonçalo

VozdoBerço escreveu:

Podes dizer-me onde?

Loulé – 1 ind. observada por duas vezes na Travessa de S. Pedro (João Vale, José M. Pereira); 09 e 10-Nov-2008

Freixo de Espada à Cinta - 1 ind. no Penedo Durão 07-Abr-09

Tichodroma muraria, barr. de Santa Luzia, 25 e 26-Nov, por J. Antunes, D. Cortes e outros (ver fotos)

Tichodroma muraria, serra da Estrela, 21-Out, por F. Martins



De referir que na barragem foram vistos dois indivíduos ao mesmo tempo

Olá Gonçalo,

não tenho aqui comigo os relatórios dos projectos, mas na prática nos projectos pré-enchimento do Alqueva existiam 11 cartas militares prioritárias que iam desde da zona de Juromenha até ao paredão (452, 463, 474 depois um bloco de 6 que seriam as 481/82/83, 490/91, 92 e a 501).

Nestas cartas houve muitos observadores a trabalhar durante muito tempo (em várias tarefas), só associados ao laboratório realizaram quase 200 pontos em linhas de água (Miguel Lecoq), 80 montado (Domingos Leitão), 40 matos (João Tiago, Dinis Geraldes e eu).

Posso procurar o mapa com os locais onde emitimos playbacks e enviar-te se quiseres.

abraço
Carlos

Pedro121 escreveu:felosas palidas foram 2 (salvo erro, não tenho aqui os meus ficheiros portanto é de cabeça) e frangas pequenas 1-2

O ano passado, observei uma palida, salvo erro em Agosto, na Quinta do Lago, perto do observatorio.... um bichinho sempre muito activo. Acho que existem observações mais ou menos regulares na zona e inclusive chegou-se a desconfiar de que nidificava, perto de Quarteira, junto a uma lagoa, da qual eu não me lembro o nome.

cumps,
Rui

conspicillata escreveu:Olá Gonçalo,

não tenho aqui comigo os relatórios dos projectos, mas na prática nos projectos pré-enchimento do Alqueva existiam 11 cartas militares prioritárias que iam desde da zona de Juromenha até ao paredão (452, 463, 474 depois um bloco de 6 que seriam as 481/82/83, 490/91, 92 e a 501).

Nestas cartas houve muitos observadores a trabalhar durante muito tempo (em várias tarefas), só associados ao laboratório realizaram quase 200 pontos em linhas de água (Miguel Lecoq), 80 montado (Domingos Leitão), 40 matos (João Tiago, Dinis Geraldes e eu).

Obrigado Carlos,

Era o que eu imaginava - que seria sobretudo na zona de enchimento.

A ideia que eu tenho acerca da área potencial de ocorrência desta espécie é que a sua área de distribuição se situa consideravamente mais para sul, ao longo da margem esquerda do Guadiana, nomeadamente nos concelhos de Serpa, Mértola e Alcoutim (e eventualmente Moura e Castro Marim); esta zona é consideravelmente mais árida e, suponho eu, com mais condições para a felosa-pálida, do que a zona onde se situa a albufeira.

Pessoalmente nunca vi esta espécie em Portugal - a primeira vez que tomei contacto com ela foi em Marrocos, em Abril de 1993 - estava um macho alegremente a cantar num oásis.

1 abraço,
Gonçalo

pedro121 escreveu:

De referir que na barragem foram vistos dois indivíduos ao mesmo tempo

E eu tava lá

Helder Vieira escreveu:

pedro121 escreveu:

De referir que na barragem foram vistos dois indivíduos ao mesmo tempo

E eu tava lá

Um daqueles casos em que mais valeu dois a voar do que um na mão...

Pois eu, que não tenho grandes conhecimentos para opinar neste assunto, voto na minha ave favorita, Gypaetus barbatus, e mais uma razão é que já observei nos Pirenéus Aragoneses e acho que por aqui é bem rara!!
Abraço
João

João Ferreira escreveu:Pois eu, que não tenho grandes conhecimentos para opinar neste assunto, voto na minha ave favorita, Gypaetus barbatus, e mais uma razão é que já observei nos Pirenéus Aragoneses e acho que por aqui é bem rara!!
Abraço
João

E segundo as últimas notícias passou por cá recentemente...

Pois parece que sim!!!!! Aqui por Trás-os-Montes temos muitos ossinhos, pode ser que se anime e nos visite!!

A ave mais rara é aquela que ainda não foi detectada! Estou a brincar.
Se formos incluir todas as alguma vez registadas em Portugal, incluindo as acidentais, há várias com apenas um registo no país e essa serão as mais raras.

No entanto, para mim, estas não se tratam de aves raras, mas sim de aves fora dos seus locais de ocorrência regular.
Raras, na minha perspectiva são aquelas que são (foram) ou começam a ser de alguma forma regulares e que isso faça algum sentido do ponto de vista de uma população, seja ela invernante, residente, estival ou mesmo migradora.
Assim, na minha opinião, a P. pusilla, o Pterocles alchata, a H. pallida serão as mais raras no nosso país. Também incluiria o Fulica cristata pelo lado das invernantes.

E a Gralha-calva (Corvus frugilegus)?

No espaço de algumas décadas (quantas ?) passou de invernante regular a ultra-raridade...

Pedro Cardia

Carlos Pacheco escreveu:
No entanto, para mim, estas não se tratam de aves raras, mas sim de aves fora dos seus locais de ocorrência regular.
Raras, na minha perspectiva são aquelas que são (foram) ou começam a ser de alguma forma regulares e que isso faça algum sentido do ponto de vista de uma população, seja ela invernante, residente, estival ou mesmo migradora.

Sim, concordo com tudo menos o foram.

Carlos Pacheco escreveu:Assim, na minha opinião, a P. pusilla, o Pterocles alchata, a H. pallida serão as mais raras no nosso país. Também incluiria o Fulica cristata pelo lado das invernantes.

Resta saber se todas estas espécies ainda ocorrem realmente de forma regular em Portugal, especialmente a franga e a felosa.[b]

pedrocardia escreveu:E a Gralha-calva (Corvus frugilegus)?

No espaço de algumas décadas (quantas ?) passou de invernante regular a ultra-raridade...

Pedro Cardia

Com esse exemplo fizeste-me lembrar um outro candidato: Turnix sylvatica

Gonçalo Elias escreveu:

pedrocardia escreveu:E a Gralha-calva (Corvus frugilegus)?

No espaço de algumas décadas (quantas ?) passou de invernante regular a ultra-raridade...

Pedro Cardia

Com esse exemplo fizeste-me lembrar um outro candidato: Turnix sylvatica

Pois, o Turnix creio que já deixou de ser regular. Que eu saiba há décadas que não ocorre nenhum registo da espécie. É certamente umas das espécies mais tímidas e difíceis de detectar, mas apesar disso se ainda os houvesse algo deveria aparecer, não? Também acompanhei os esforços levados a cabo por uma vasta equipa em Doñana (fui inclusive a uma formação sobre métodos de censo e técnicas de detecção del "torillo") e creio que não obtiveram confirmações seguras em vários anos de esforço. Creio que este já era.
Em breve voltaremos a tê-los, pois os espanhóis estão a fazer reprodução em cativeiro com uns indivíduos que foram buscar a Marrocos e mais tarde ou mais cedo eles aparecem por cá

pedro121 escreveu:

Sim, se bem que o cortiçol não é propriamente dificil de ver se estiveres disposto a pagar, e quanto á trepadeira, eu observo aves á 4 anos e nesse espaço de tempo foram vistos 5 individuos em Portugal, felosas palidas foram 2 (salvo erro, não tenho aqui os meus ficheiros portanto é de cabeça) e frangas pequenas 1-2. Claro que mais vale uma trepadeira na mão do que uma felosa a voar, mas mesmo assim...

O caso da felosa-pálida parece-me de dificil avaliação. é uma espécie que poderá ser mais abundante mas a dificuldade de identificação e o facto de haver poucos "carolas" à procura delas poderá enviesar a percepção quanto à sua raridade.

A trepadeira até será mais comum que esses 5 registos (julgo que o paulo tenreiro a observou num periodo mais prolongado de tempo na barragem de santa luzia). eu refiro-a porque dentro das raridades "regulares" será das que apresentará menos registos! é como referir as hyperboreus (sendo que estas são bem mais "comuns")