Aves das zonas agrícolas da Europa sofrem declínio alarmante, Portugal é excepção

Aves das zonas agrícolas da Europa sofrem declínio alarmante, Portugal é excepção
Filipa Alves (01-09-11)
Fonte: SPEA – CI / Naturlink

Os resultados do Esquema Pan-Europeu de Monitorização de aves, que analisou a evolução populacional de 36 espécies de aves rurais entre 1980 e 2009, revelou uma drástica redução de 48%, sendo Portugal uma excepção com uma tendência de aumento moderado de 13%.

Nas vésperas de serem divulgadas as propostas da Comissão Europeia para o futuro da Política Agrícola Comum (PAC), a SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves dá a conhecer os resultados de uma análise que pinta um cenário negro no que diz respeito à avifauna dos meios agrícolas.

Com efeito, o Esquema Pan Europeu de Monitorização de Aves comuns, que analisou as variações populacionais de 145 espécies de aves em 25 países do continente Europeu entre 1980 e 2009, mostra um declínio de 20 de 36 espécies de aves rurais como a Laverca, o Abibe, o Pintarroxo e o Trigueirão, o que se traduz num decréscimo de 48% no Índice de Aves Comuns das Zonas Agrícolas na Europa (IACZA).

No entanto, apesar da tendência generalizada de declínio há algumas excepções, uma das quais diz respeito a Portugal que, com um aumento de 13% do IACZA, revela uma tendência “de aumento moderado”, que “indica que, de uma maneira geral, as espécies de aves comuns dependentes de sistemas agrícolas portugueses apresentam populações estáveis ou em crescimento pouco acentuado”, explica a SPEA em Comunicado.”

Perante o panorama geral desolador, a SPEA realça a necessidade de uma reforma na PAC de forma a recompensar, através das medidas agro-ambientais, os agricultores que “praticam uma gestão favorável à Biodiversidade” em todo o território europeu, incluindo Portugal, onde Domingos Leitão, Coordenador do Programa Terrestre da SPEA salienta “o panorama mais favorável (…) não quer dizer que a (...) agricultura não necessita de medidas agro-ambientais”.

Segundo o responsável da SPEA, “Muitas das nossas explorações agro-silvo-partoris têm dificuldade em competir nos mercados internacionais, porque a sua produção é baseada na diversidade e na autenticidade dos produtos e não apenas na quantidade” .

A agricultura extensiva e diversificada de Portugal produz, no entanto, bens e serviços como a gestão do território e a protecção do solo, água e diversidade, que devem ser recompensados sob o riso de promover uma agricultura intensiva menos favorável para a Biodiversidade.

A SPEA conclui afirmando que a “a integração da conservação da natureza nas políticas sectoriais” como é o caso da PAC, é importante para atingir os objectivos europeus para a conservação de Biodiversidade em 2020.

http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=41948&bl=1