ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
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Filipe Canário
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Gonçalo Elias
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Fórum Aves :: Aves :: Aves de Portugal
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ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Hoje observei dois chapins-carvoeiros Parus ater na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa. Embora a ocorrência deste chapim em Lisboa não seja inédita, durante muitos anos esta espécie estava restrita à zona ocidental da cidade (Monsanto, Tapada da Ajuda e zonas circundantes).
Em 2007 observei esta espécie regularmente na zona do Oriente e hoje dei com estes dois na Alameda. Este registo, em conjunto com as recentes observações na Península de Setúbal, reforçam a ideia de que o chapim-carvoeiro esteja em expansão nesta região (que até recentemente constituía o limite sul da sua distribuição em Portugal).
Saudações,
Gonçalo
Em 2007 observei esta espécie regularmente na zona do Oriente e hoje dei com estes dois na Alameda. Este registo, em conjunto com as recentes observações na Península de Setúbal, reforçam a ideia de que o chapim-carvoeiro esteja em expansão nesta região (que até recentemente constituía o limite sul da sua distribuição em Portugal).
Saudações,
Gonçalo
Última edição por Gonçalo Elias em Sex Dez 04, 2015 9:01 am, editado 1 vez(es)
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
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Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Há uns anos atrás via-os, e até os fotografei ocasionalmente, no jardim Botânico, bem no centro de Lisboa...
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
No ano passado vi um casal com juvenis voadores nos pinheiros mansos do miradouro da Graça.
Abraço,
Filipe
Abraço,
Filipe
Filipe Canário- Número de Mensagens : 71
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Local : Lisboa
Data de inscrição : 06/07/2007
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Bom... não sei se é relevante, mas observei o ano passado (algures em setembro...) 2 indivíduos perto do Estádio Universitário.
Mas como frequento muito pouco Lisboa (excepto as idas ao CRAS-Monsanto), também não posso dar grande opinião sobre este assunto.
Mas como frequento muito pouco Lisboa (excepto as idas ao CRAS-Monsanto), também não posso dar grande opinião sobre este assunto.
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Em relação à distribuição do Parus ater em Portugal, convém referir que existem várias referências para o Algarve, nomeadamente para a Serra de Monchique, existindo inclusivamente fotos no www.flickr.com (depois eu ponho o atalho neste post).
Um amigo meu observou 1 ind. no Ludo à alguns anos, vou procurar a data e depois logo vos digo.
Um amigo meu observou 1 ind. no Ludo à alguns anos, vou procurar a data e depois logo vos digo.
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Viva,
É bom lembrar que o Parus ater é uma das espécies sobre a qual incidem mais erros de identificação. Penso que muitos destes erros ocorrem por desconhecimento sobre a identificação e sobre a distribuição da espécie (por exemplo, quantas pessoas sabem que os Parus major também podem ter a nuca branca?)
Deste modo, julgo que todos os registos fora da área de distribuição conhecida devem ser objecto de particular cuidado.
Quando em Maio do detectei a espécie no Parque Natural da Arrábida (zona onde observo regularmente há vinte anos) fiquei desconfiado, até e não desisti enquanto não vi os bichos (até porque o primeiro contacto foi auditivo). Procedi de igual forma nos registos posteriores, pois sabia que estava fora da área de distribuição normal e queria eliminar totalmente a hipótese de erro. Felizmente nas primeiras duas ocorrências estava acompanhado pelo Ricardo Guerreiro, que também observou as aves e confirmou a identificação. Desde então, já reuni um conjunto de registos que me permite afirmar com segurança que nos últimos anos a espécie colonizou a Península de Setúbal, havendo já registos recentes da sua ocorrência em diversos locais dos concelhos de Sesimbra e Setúbal.
Mas se neste caso se trata de uma expansão a partir da vizinha área de Lisboa, é bom lembrar que o chapim-carvoeiro é altamente sedentário e que não aparece normalmente muito longe da sua área normal de distribuição.
Acontece que, ao longo dos últimos anos ouvi falar de registos nos mais variados locais a sul do Tejo onde a espécie habitualmente não ocorre, nomeadamente:
- Coruche
- Grândola
- Rio Frio (concelho de Montijo)
- Comporta (concelho de Alcácer do Sal)
- Pinheiro da Cruz (concelho de Grândola)
- Amareleja (concelho de Moura)
- Ria de Alvor
Em nenhum destes locais parece haver uma presença regular da espécie e por isso todas estas situações me deixam na dúvida quanto à possibilidade de erros de identificação, motivados por desconhecimento.
Pelo menos algumas das observações indicadas foram efectuadas por pessoas com pouca experiência ou com desconhecimento quanto à área de distribuição da espécie e essas mesmas pessoas, quando com mais conhecimentos e experiência, não voltaram a ver Parus ater nos mesmos locais.
Outras das observações referidas (efectuadas no âmbito do atlas nacional!) foram efectuadas por observadores que "viam" muitos corvos em zonas onde apenas havia gralhas-pretas, evidenciando lacunas ao nível da capacidade de identificação.
Outras ainda houve (também no âmbito do atlas) em que um observador registou a presença de Parus ater em quase todas as "tétradas". Estas observações foram efectuadas numa zona que conheço bem e onde apesar de intensas prospecções por parte de diversos outros observadores não foi possível obter qualquer outro registo.
Por norma, desconfio de situações em que um observador vê repetidamente "coisas que mais ninguém vê". Não estou a falar de uma observação isolada, que pode acontecer com qualquer espécie ou em qualquer lugar, mas de situações em que uma dada espécie é vista repetidamente em diversos dias e locais de uma dada zona, sem que mais ninguém registe essa espécie. Não posso, obviamente, afirmar de forma objectiva e taxativa se houve ou não houve erro em nenhuma das situações descritas. Contudo, este acumular de situações "anormais" deixam-me naturalmente muito céptico relativamente aos registos de ocorrência de Parus ater fora da área de distribuição. Eu próprio, há 19 anos atrás e com a pouca experiência que então possuía, "vi" um Parus ater no estuário do Sado, local onde, posteriormente, não voltei a observar a espécie.
Deste modo, a fim de despistar possíveis erros, sou da opinião de que os registos de Parus ater fora da área de distribuição conhecida devem ser convenientemente documentados.
1 abraço,
Gonçalo
É bom lembrar que o Parus ater é uma das espécies sobre a qual incidem mais erros de identificação. Penso que muitos destes erros ocorrem por desconhecimento sobre a identificação e sobre a distribuição da espécie (por exemplo, quantas pessoas sabem que os Parus major também podem ter a nuca branca?)
Deste modo, julgo que todos os registos fora da área de distribuição conhecida devem ser objecto de particular cuidado.
Quando em Maio do detectei a espécie no Parque Natural da Arrábida (zona onde observo regularmente há vinte anos) fiquei desconfiado, até e não desisti enquanto não vi os bichos (até porque o primeiro contacto foi auditivo). Procedi de igual forma nos registos posteriores, pois sabia que estava fora da área de distribuição normal e queria eliminar totalmente a hipótese de erro. Felizmente nas primeiras duas ocorrências estava acompanhado pelo Ricardo Guerreiro, que também observou as aves e confirmou a identificação. Desde então, já reuni um conjunto de registos que me permite afirmar com segurança que nos últimos anos a espécie colonizou a Península de Setúbal, havendo já registos recentes da sua ocorrência em diversos locais dos concelhos de Sesimbra e Setúbal.
Mas se neste caso se trata de uma expansão a partir da vizinha área de Lisboa, é bom lembrar que o chapim-carvoeiro é altamente sedentário e que não aparece normalmente muito longe da sua área normal de distribuição.
Acontece que, ao longo dos últimos anos ouvi falar de registos nos mais variados locais a sul do Tejo onde a espécie habitualmente não ocorre, nomeadamente:
- Coruche
- Grândola
- Rio Frio (concelho de Montijo)
- Comporta (concelho de Alcácer do Sal)
- Pinheiro da Cruz (concelho de Grândola)
- Amareleja (concelho de Moura)
- Ria de Alvor
Em nenhum destes locais parece haver uma presença regular da espécie e por isso todas estas situações me deixam na dúvida quanto à possibilidade de erros de identificação, motivados por desconhecimento.
Pelo menos algumas das observações indicadas foram efectuadas por pessoas com pouca experiência ou com desconhecimento quanto à área de distribuição da espécie e essas mesmas pessoas, quando com mais conhecimentos e experiência, não voltaram a ver Parus ater nos mesmos locais.
Outras das observações referidas (efectuadas no âmbito do atlas nacional!) foram efectuadas por observadores que "viam" muitos corvos em zonas onde apenas havia gralhas-pretas, evidenciando lacunas ao nível da capacidade de identificação.
Outras ainda houve (também no âmbito do atlas) em que um observador registou a presença de Parus ater em quase todas as "tétradas". Estas observações foram efectuadas numa zona que conheço bem e onde apesar de intensas prospecções por parte de diversos outros observadores não foi possível obter qualquer outro registo.
Por norma, desconfio de situações em que um observador vê repetidamente "coisas que mais ninguém vê". Não estou a falar de uma observação isolada, que pode acontecer com qualquer espécie ou em qualquer lugar, mas de situações em que uma dada espécie é vista repetidamente em diversos dias e locais de uma dada zona, sem que mais ninguém registe essa espécie. Não posso, obviamente, afirmar de forma objectiva e taxativa se houve ou não houve erro em nenhuma das situações descritas. Contudo, este acumular de situações "anormais" deixam-me naturalmente muito céptico relativamente aos registos de ocorrência de Parus ater fora da área de distribuição. Eu próprio, há 19 anos atrás e com a pouca experiência que então possuía, "vi" um Parus ater no estuário do Sado, local onde, posteriormente, não voltei a observar a espécie.
Deste modo, a fim de despistar possíveis erros, sou da opinião de que os registos de Parus ater fora da área de distribuição conhecida devem ser convenientemente documentados.
1 abraço,
Gonçalo
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
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Data de inscrição : 14/06/2007
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Estou particularmente interessado no registo na Ria de Alvor. Será que poderia fornecer mais informações.
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Parus ater em Monchique:
http://www.flickr.com/photos/67869894@N00/91094148/in/photostream/
http://www.flickr.com/photos/67869894@N00/91094148/in/photostream/
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Esse registo da Ria de Alvor que eu saiba nunca foi publicado. Foi-me dito verbalmente no local por uma observadora que tinha chegado nesse dias de Inglaterra e que me disse "há pouco vi um Parus ater no jardim". Quando eu lhe expliquei que não havia Parus ater na região e lhe perguntei se tinha identificado a ave pela nuca branca (ela confirmou que sim) e depois lhe disse que os Parus major também podiam ter a nuca branca, então ela admitiu que poderia ser esta última espécie que observou. Este é um caso claro em que a má identificação ocorreu por falta de informação.
Quanto ao registo de Monchique, já tinha conhecimento das fotos. É um registo muito interessante sem dúvida, mas é importante contextualizá-lo: Monchique é um sítio com características muito diferentes do resto do Algarve e é dos poucos locais no sul do país onde Parus ater tem condições para estabelecer uma população estável. Não é por acaso que aí nidificam diversas espécies que no resto do Algarve estão ausentes.
1 abraço,
Gonçalo
Quanto ao registo de Monchique, já tinha conhecimento das fotos. É um registo muito interessante sem dúvida, mas é importante contextualizá-lo: Monchique é um sítio com características muito diferentes do resto do Algarve e é dos poucos locais no sul do país onde Parus ater tem condições para estabelecer uma população estável. Não é por acaso que aí nidificam diversas espécies que no resto do Algarve estão ausentes.
1 abraço,
Gonçalo
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Relativamente à presença desta espécie no centro de Lisboa, tenho feito um acompanhamento algo persistente das aves do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências, mesmo por trás da Avenida da Liberdade, e posso afirmar que aí a espécie é relativamente frequente.
No ano passado confirmei a presença desta espécie (visualmente) a 26 de Janeiro (1ind.), 23 de Março (2ind.), a 23 de Abril (4ind.), a 13 de Agosto (2ind.) e a 1 de Outubro (2ind.). Em anos anteriores (eventualmente desde 2004 ou 2005) também já tinha registado a espécie, mas de momento não tenho as datas.
Estes dados apenas se referem ao Jardim, não querendo com isto afirmar que a espécie será igualmente frequente fora dele. Várias espécies aparecem neste jardim, mas serão dificeis de encontrar no resto de Lisboa (com excepção da zona de Monsanto), mesmo nas imediações do jardim, nomeadamente gaio, alvéola-cinzenta, pica-pau-malhado e até pombo-torcaz.
Também penso que o facto de não haver muita gente com experiência à procura de aves nos jardins de Lisboa pode estar a esconder o facto deste chapim ser mais comum do que se pensa (toda a gente pensa que não há, mas ninguém andou à procura...).
Para ajudar a esta teoria da expansão desta espécie, relativamente próxima de Lisboa, a Serra de Sintra é um dos sítios que conheço onde a espécie é mais comum, podendo estar a funcionar como uma base para a expansão da espécie mais a Sul, mas aqui entro obviamente no campo da especulação.
Quanto à situação da espécie no Algarve, apesar de também conhecer alguns relatos da espécie no Algarve, alguns deles publicados, nomeadamente na área da Serra de Monchique, ela não é referida no Atlas de Aves Invernantes do Mark Bolton, nem em nenhuma outra publicação d'A Rocha (Associação que trabalha sobretudo na área da Ria de Alvor).
Este ano repeti o trabalho de campo realizado pelo Mark Bolton e em cerca de 150horas de observação não registei a espécie uma única vez, o que me leva a crer que se a espécie existe tem que ser muito escassa.
Cumprimentos,
RICARDO Lima
No ano passado confirmei a presença desta espécie (visualmente) a 26 de Janeiro (1ind.), 23 de Março (2ind.), a 23 de Abril (4ind.), a 13 de Agosto (2ind.) e a 1 de Outubro (2ind.). Em anos anteriores (eventualmente desde 2004 ou 2005) também já tinha registado a espécie, mas de momento não tenho as datas.
Estes dados apenas se referem ao Jardim, não querendo com isto afirmar que a espécie será igualmente frequente fora dele. Várias espécies aparecem neste jardim, mas serão dificeis de encontrar no resto de Lisboa (com excepção da zona de Monsanto), mesmo nas imediações do jardim, nomeadamente gaio, alvéola-cinzenta, pica-pau-malhado e até pombo-torcaz.
Também penso que o facto de não haver muita gente com experiência à procura de aves nos jardins de Lisboa pode estar a esconder o facto deste chapim ser mais comum do que se pensa (toda a gente pensa que não há, mas ninguém andou à procura...).
Para ajudar a esta teoria da expansão desta espécie, relativamente próxima de Lisboa, a Serra de Sintra é um dos sítios que conheço onde a espécie é mais comum, podendo estar a funcionar como uma base para a expansão da espécie mais a Sul, mas aqui entro obviamente no campo da especulação.
Quanto à situação da espécie no Algarve, apesar de também conhecer alguns relatos da espécie no Algarve, alguns deles publicados, nomeadamente na área da Serra de Monchique, ela não é referida no Atlas de Aves Invernantes do Mark Bolton, nem em nenhuma outra publicação d'A Rocha (Associação que trabalha sobretudo na área da Ria de Alvor).
Este ano repeti o trabalho de campo realizado pelo Mark Bolton e em cerca de 150horas de observação não registei a espécie uma única vez, o que me leva a crer que se a espécie existe tem que ser muito escassa.
Cumprimentos,
RICARDO Lima
RicardoLima- Número de Mensagens : 66
Idade : 41
Local : Lancaster / Cascais / Sao Tome
Data de inscrição : 29/06/2007
Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Olá Ricardo,
Na tua mensagem abordas diversos aspectos interessantes que gostaria de comentar:
A ideia que eu tenho é que nos últimos anos a espécie se espalhou por quase toda a cidade de Lisboa (nas décadas de 1980 e 1990 apenas havia na parte ocidental da cidade).
No início dos anos 90, quando fiz o Guia das Aves de Lisboa (em conjunto com o Luís Reino) andei a prospectar todas as zonas verdes de Lisboa por isso tenho a exacta noção da distribuição dessa e doutras espécies nessa época. E é por isso que afirmo que nessa altura a espécie não ocorria na zona oriental, pelo menos com a frequência com que hoje ocorre. Nos últimos anos não tenho feito esse tipo de prospecção, mas acredito que a situação se tenha alterado, nomeadamente pelo facto de já ter detectado a espécie por diversas vezes na zona de Cabo Ruivo, Parque das Nações, etc.
Concordo. De qualquer forma convém frisar que o chapim-carvoeiro sempre foi muito mais comum em Sintra que em Lisboa, pelo menos desde que eu observo aves.
Essa ausência de registos não é surpreendente, se tivermos em conta que, em todos os atlas de aves é habitual as espécies mais raras ou de distribuição muito localizada escaparem à detecção nas visitas sistemáticas e só serem vistas se for realizada uma prospecção dirigida a essa espécie em zonas de habitat favorável (são os chamados registos suplementares). Por isso é muito possível que a espécie exista na Serra de Monchique em apenas dois ou três sítios e só a consigas detectar se fores procurá-la àqueles sítios exactos.
1 abraço,
Gonçalo
Na tua mensagem abordas diversos aspectos interessantes que gostaria de comentar:
RicardoLima escreveu:Relativamente à presença desta espécie no centro de Lisboa, tenho feito um acompanhamento algo persistente das aves do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências, mesmo por trás da Avenida da Liberdade, e posso afirmar que aí a espécie é relativamente frequente.
No ano passado confirmei a presença desta espécie (visualmente) a 26 de Janeiro (1ind.), 23 de Março (2ind.), a 23 de Abril (4ind.), a 13 de Agosto (2ind.) e a 1 de Outubro (2ind.). Em anos anteriores (eventualmente desde 2004 ou 2005) também já tinha registado a espécie, mas de momento não tenho as datas.
A ideia que eu tenho é que nos últimos anos a espécie se espalhou por quase toda a cidade de Lisboa (nas décadas de 1980 e 1990 apenas havia na parte ocidental da cidade).
RicardoLima escreveu:Também penso que o facto de não haver muita gente com experiência à procura de aves nos jardins de Lisboa pode estar a esconder o facto deste chapim ser mais comum do que se pensa (toda a gente pensa que não há, mas ninguém andou à procura...).
No início dos anos 90, quando fiz o Guia das Aves de Lisboa (em conjunto com o Luís Reino) andei a prospectar todas as zonas verdes de Lisboa por isso tenho a exacta noção da distribuição dessa e doutras espécies nessa época. E é por isso que afirmo que nessa altura a espécie não ocorria na zona oriental, pelo menos com a frequência com que hoje ocorre. Nos últimos anos não tenho feito esse tipo de prospecção, mas acredito que a situação se tenha alterado, nomeadamente pelo facto de já ter detectado a espécie por diversas vezes na zona de Cabo Ruivo, Parque das Nações, etc.
RicardoLima escreveu:Para ajudar a esta teoria da expansão desta espécie, relativamente próxima de Lisboa, a Serra de Sintra é um dos sítios que conheço onde a espécie é mais comum, podendo estar a funcionar como uma base para a expansão da espécie mais a Sul, mas aqui entro obviamente no campo da especulação.
Concordo. De qualquer forma convém frisar que o chapim-carvoeiro sempre foi muito mais comum em Sintra que em Lisboa, pelo menos desde que eu observo aves.
RicardoLima escreveu:Quanto à situação da espécie no Algarve, apesar de também conhecer alguns relatos da espécie no Algarve, alguns deles publicados, nomeadamente na área da Serra de Monchique, ela não é referida no Atlas de Aves Invernantes do Mark Bolton, nem em nenhuma outra publicação d'A Rocha (Associação que trabalha sobretudo na área da Ria de Alvor).
Este ano repeti o trabalho de campo realizado pelo Mark Bolton e em cerca de 150horas de observação não registei a espécie uma única vez, o que me leva a crer que se a espécie existe tem que ser muito escassa.
Essa ausência de registos não é surpreendente, se tivermos em conta que, em todos os atlas de aves é habitual as espécies mais raras ou de distribuição muito localizada escaparem à detecção nas visitas sistemáticas e só serem vistas se for realizada uma prospecção dirigida a essa espécie em zonas de habitat favorável (são os chamados registos suplementares). Por isso é muito possível que a espécie exista na Serra de Monchique em apenas dois ou três sítios e só a consigas detectar se fores procurá-la àqueles sítios exactos.
1 abraço,
Gonçalo
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
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Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Arade escreveu:Parus ater em Monchique:
http://www.flickr.com/photos/67869894@N00/91094148/in/photostream/
Sobre este registo já fiz várias tentativas de contacto com o observador, mas sem qualquer sucesso...
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
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Re: ESPÉCIE: Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
O chapim-carvoeiro tem-se revelado bastante frequente na Costa de Caparica, essencialmente em zonas de pinhal. Conheço 3 pontos em particular onde não falha. E muito sinceramente posso afirmar, com base no que tenho observado, que é tão ou mais fácil de ver do que as outras 4 espécies de chapins que existem cá. Detecta-se mais facilmente do que o chapim-azul e do que o chapim-rabilongo, penso que também do que chapim-real e do que o chapim-de-poupa, embora este último seja o mais sonoro nos pinhais.
E hoje observei 10 exemplares, contados um a um, apenas distribuídos por apenas 3 pinheiros de médio porte na Mata do Inatel, na Costa de Caparica. É este o registo
http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S26138521
E hoje observei 10 exemplares, contados um a um, apenas distribuídos por apenas 3 pinheiros de médio porte na Mata do Inatel, na Costa de Caparica. É este o registo
http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S26138521
Miguel Berkemeier- Número de Mensagens : 1374
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