ESPÉCIE: Calhandrinha-das-marismas (Calandrella rufescens)

Caros,

Passei, na minha caça habitual aos registos de chegadas, por este registo que despertou a minha curiosidade:

http://www.biodiversity4all.org/index.cfm?event=getps&urln=/waarneming/view/63711332

Há mais registos de Cal ruf fora da sua área habitual de distribuição (marismas de Castro Marim)?

Alguém consegue confirmar a ID com base na foto?

Um abraço,

Henk

HenkFeith escreveu:Alguém consegue confirmar a ID com base na foto?

Com base na foto não punha de parte uma Alauda arvensis, o bico parece-me mais longo conico e cinzento...o jizz é tambem estranho, mas parece ter muito corpo e pouca cabeça, as cal ruf parecem mais rechonchudinhas

Quanto a registos tenho ideia de o Simon já as ter visto nos Salgados ou no Alvor, não me lembro bem

cumps,
Rui

"Com base na foto não punha de parte uma Alauda arvensis"

Aliás, está outra mais atrás, e um verdilhão à direita.....

Para além do já dito pelo Rui, é aparentemente demasiado grande e robusta.
Também diria Alauda arvensis.
Só observei a espécie na sua área de distribuição habitual (reserva de Castro Marim e salinas do Cerro do Bufo), mas também li sobre registos para o Alvor e mesmo Sagres.

Henk, concordo com o Rui e para mim é sem dúvida uma Laverca não surgindo minimamente uma C. rufescens. O Calandrinha-das-marismas é uma espécie "da estimação" para mim e connosco bem. Apesar de que ocupam diversas habitats, estes são sempre áreas enormes de escala paisagens e no sul da península Ibérica são restritas estritamente a grandes zonas de sapal seco com pouca ou nula influencia da maré e com esparsa vegetação halofítca. Os habitats a volta da Quarteira não enquadra - e tampouco em outras áreas do Algarve, salvo Castro Marim.

Eu não tenho visto estas espécie em Portugal, menos em Castro Marim. Havia um registo possível na Boca do Rio, mas nunca foi confirmado. No meu primeiro ano na Espanha em 1983 engano meu próprio com Lavercas - quando eles estão em "feeding posture" podem invitar confusão, mas acho só para quem não tem experiência previa com a C. rufescens (que foi o meu caso na altura).

Na "Atlas of Breeding Birds in the Algarve" existe algumas quadrículas em pastagens do sudoeste Algarve, mas penso que todos concordam que estes registos foram errados e que tratava de C. brachydactyla que é comum nesta zona e que tampouco existe habitats adequada para rufescens.

O C.rufescens é sedentária na Península Ibérica e não tende a ocorrer fora de suas zonas de nidificação na Espanha.

Um abraço

Simon

Estava convencido que havia registos teus Simon, fiz confusão...

O Habitat em Castro Marim é muito particular, e nunca percebi muito bem a sua formação, se seriam antigas zonas de pastagem agora abandonadas em que a sucessão da vegetação se encarregou de cobrir com plantas halofitas, e que em marés de Lua são por vezes inundadas com água salobra!!!????

Perto de minha casa no Estuário do Tejo, existe uma área, embora muito pequena com habitat muito semelhante. Eram antigos tanques de salinas que não são usados à já mais de 15 ou 20 anos .
Assim de cabeça lembro-me de outros locais, mas sempre áreas pequenas: Lagoa de Óbidos (Foz do Real,Acho!!!!!!!!), Alvor (junto ao aerodromo)

um abraço,
Rui Caratão

O denominado Sapal seco/alto Mediterrâneo (esqueço o nome oficial) é habitat protegido e ainda considerado prioritário nas diretivas Europeias. Acho, no caso de Castro Marim, pelo menos uma parte são natural, mas não ponho aparte que no passado existia tentativas (falhadas) de os cultivar - praticamente impossível devido o alto teor de sal nestas terras.

Eu ficou bastante chateado/triste uma vez aqui no Paul de Lagos onde existem uns poucos hectares deste habitat onde o dono passou um tractor com a ideia de semear pastagens para os seus cavalos Claro, foi um trabalho em vão para ele e o sítio agora tem um perfil diferente pelas aves (um lugar favorito de Pisco-de-peito.azul, Alveola-amarela e muitas limícolas) - no-entanto agora depois uns 8 anos o habitat esta mais ou menos igual de antes.

Também, em Sagres, no Martinhal existe outra boa mancha desta habitat e no verão é utilizada como parque de estacionamento para a praia! O PN devem bloquear os acesos.

Alem de importância pelas aves, estes sítios são casa para varias plantas halofitas com distribuição muita restrita.

Um obrigado a todos. Vou alertar o autor do registo da descordância da ID por parte de observadores com muita experiência com esta espécie.

Um abraço,

Henk

RuiCaratao escreveu:Estava convencido que havia registos teus Simon, fiz confusão...

O Habitat em Castro Marim é muito particular, e nunca percebi muito bem a sua formação, se seriam antigas zonas de pastagem agora abandonadas em que a sucessão da vegetação se encarregou de cobrir com plantas halofitas, e que em marés de Lua são por vezes inundadas com água salobra!!!????

Perto de minha casa no Estuário do Tejo, existe uma área, embora muito pequena com habitat muito semelhante. Eram antigos tanques de salinas que não são usados à já mais de 15 ou 20 anos .
Assim de cabeça lembro-me de outros locais, mas sempre áreas pequenas: Lagoa de Óbidos (Foz do Real,Acho!!!!!!!!), Alvor (junto ao aerodromo)

um abraço,
Rui Caratão

Rui existe um registo publicado na ria de Alvor num dos relatórios d'A Rocha, salvo erro em 1989 ou 1990.


Entretanto reparei num registo algo estranho no e-bird, feito em Maio deste ano: 5 indivíduos em Sagres em Maio deste ano (?!?)
http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S18588654

Isto passou despercebido? Não há filtros activos para esta espécie?

Gonçalo Elias escreveu:Isto passou despercebido? Não há filtros activos para esta espécie?

Os filtros são a nível distrital, para o distrito se calhar 5 não é um valor elevado...

Sim, estive a confirmar, 5 passa à vontade, depois penso que o revisor distrital faz uma busca manual por essa espécie, e procede de acordo.

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:Isto passou despercebido? Não há filtros activos para esta espécie?

Os filtros são a nível distrital, para o distrito se calhar 5 não é um valor elevado...

Pois, se o filtro a a nível distrital, estas coisas passam em brancas nuvens. Quer isso dizer que se alguém colocar três Porphyrios na Fóia ou uma dúzia de Pyrrhocorax na Quinta do Lago, não há qualquer alerta... :

pedro121 escreveu:Sim, estive a confirmar, 5 passa à vontade, depois penso que o revisor distrital faz uma busca manual por essa espécie, e procede de acordo.

Hum, mas essas buscas manuais são sempre feitas? Para todos os registos?

Gonçalo Elias escreveu:
Pois, se o filtro a a nível distrital, estas coisas passam em brancas nuvens. Quer isso dizer que se alguém colocar três Porphyrios na Fóia ou uma dúzia de Pyrrhocorax na Quinta do Lago, não há qualquer alerta... :

Sim, e isso já aconteceu, não exactamente assim, mas semelhante, não há muito a fazer, em distritos com espécies muito especificas o revisor tem sempre a tarefa dificultada, eventualmente os distritos podem ter mais que um filtro, tal já é vulgar nos USA e noutros países, mas é mais complicado por causada das fronteiras.

pedro121 escreveu:
Hum, mas essas buscas manuais são sempre feitas? Para todos os registos?

Não, não para todos os registos, mas neste caso em particular desta espécie sim, a situação é mais controlada, mas não é só ela, por exemplo eu por vários motivos faço pesquisas manuais a nível nacional para varias espécies, e estou sempre a apanhar erros, quando isso acontece aviso o revisor distrital, muitas das vezes trata-se de listas introduzidas por estrangeiros que fazem uma única lista para Portugal e a colocam algures no centro do pais, dependendo das espécies pode não disparar nenhum alarme, e no entanto estar errada e ter que ser invalidada.

pedro121 escreveu:eventualmente os distritos podem ter mais que um filtro, tal já é vulgar nos USA e noutros países, mas é mais complicado por causada das fronteiras.

Não percebi muito bem a parte das fronteiras

Gonçalo Elias escreveu:
Não percebi muito bem a parte das fronteiras

O programa tem que ser capaz de reconhecer as fronteiras entre filtros, com os de base distrital é relativamente facil, com os de base em concelhos seria possível mas mais difícil, mas e se forem de habitat a coisa complica, onde começa e onde acaba... eles estão agora a fazer filtros com base na altitude para áreas montanhosas, o que é genial, mas basicamente é uma carga de trabalho

[quote="Gonçalo Elias"]

RuiCaratao escreveu:Entretanto reparei num registo algo estranho no e-bird, feito em Maio deste ano: 5 indivíduos em Sagres em Maio deste ano (?!?)
http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S18588654

Isto passou despercebido? Não há filtros activos para esta espécie?

Pois - o observador não menciona C.brachydactyla, mas vi C.rufescens e Galerida cristata! Obviamente o registo não é da confiança.

Um abraço

No fim do verao/ principio de outono de 2012 ou 2013 fui com o Thijs á procura de raridades na ilha da culatra ou da armona. vimos um bando de ca 15 ind de C. rufescens. Estava convencido de que o Thijs teria feito relato desta observação, pelos vistos nao fez. Penso que ele até tenha fotos da altura.
A ver se ele esclarece quando voltar da Turquia.
Abraço
Joost

Este registo de 5 C. rufescens em Sagres datado de Maio de 2014 continua online...

http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S18588654

Gonçalo Elias escreveu:Este registo de 5 C. rufescens em Sagres datado de Maio de 2014 continua online...

http://ebird.org/ebird/view/checklist?subID=S18588654

Algo para os revisores distritais resolverem.

De acordo Pedro, só há uma coisa que para mim não é clara (e não me refiro apenas ao distrito em causa, mas sim a todos em geral): como é que os revisores regionais tomam conhecimento destas situações antigas como esta? Quer dizer, neste caso eu reparei e coloquei aqui, mas de outra forma é quase impossível encontrar tudo, a menos que sejam feitas pesquisas exaustivas, não é?

Gonçalo Elias escreveu:De acordo Pedro, só há uma coisa que para mim não é clara (e não me refiro apenas ao distrito em causa, mas sim a todos em geral): como é que os revisores regionais tomam conhecimento destas situações antigas como esta? Quer dizer, neste caso eu reparei e coloquei aqui, mas de outra forma é quase impossível encontrar tudo, a menos que sejam feitas pesquisas exaustivas, não é?

Sim, a unica forma é fazer pesquisa dirigida, ou seja procurar à mão os registos, eu faço isso por exemplo para gralha-de-bico vermelho e corvo para apanhar registos fora das zonas de ocorrência

Devia ser possível aplicar os filtros às próprias espécies, de modo a que se elas fossem registadas fora de uma certa área estipulada, eles disparassem.

PNicolau escreveu:Devia ser possível aplicar os filtros às próprias espécies, de modo a que se elas fossem registadas fora de uma certa área estipulada, eles disparassem.

Certo, mas eu não me estou a referir aos registos recentes e sim aos históricos.

Creio que para certas espécies os filtros não deveriam ser distritais mas sim concelhios (partindo do princípio que isto é possível).

Gonçalo Elias escreveu:
Creio que para certas espécies os filtros não deveriam ser distritais mas sim concelhios (partindo do princípio que isto é possível).

É, mas ainda ninguém teve coragem para se lançar nessa

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
Creio que para certas espécies os filtros não deveriam ser distritais mas sim concelhios (partindo do princípio que isto é possível).

É, mas ainda ninguém teve coragem para se lançar nessa

Não dá para fazer isso em regime experimental, isto é, apenas para meia dúzia de espécies, só para ver o resultado?

Por exemplo, aí no teu distrito imagino que espécies como ostraceiro, pilrito-das-praias ou corvo-marinho-de-crista não sejam raros nos concelhos costeiros mas seriam certamente raros no interior.