Noticia: 1.226 espécies de aves em risco de extinção
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Noticia: 1.226 espécies de aves em risco de extinção
Noticia de hoje no Portugal Diário
1.226 espécies de aves em risco de extinção
http://diario.iol.pt/ambiente/aves-perigo-de-extincao-natureza-ambiente/954111-4070.html
1.226 espécies de aves em risco de extinção
http://diario.iol.pt/ambiente/aves-perigo-de-extincao-natureza-ambiente/954111-4070.html
kasko- Número de Mensagens : 105
Local : Litoral Centro
Data de inscrição : 02/07/2007
Re: Noticia: 1.226 espécies de aves em risco de extinção
Acho todas estas notícias preocupantes, mas não consigo deixar de pensar num ponto que segundo sei não tem resposta: o conceito de espécie.
Ora segundo o que me parece (sem grande conhecimento de causa) é que a maior parte das espécies em via de extinção se encontram em ilhas (frequentemente no sentido estrito do termo, outras num sentido mais lato, como o é a floresta tropical, por exemplo). Ora essas populações sofrem do problema das populações pequenas, muito sujeitas a extinções locais, tanto pior quanto a flutuabilidade ou capacidade de recuperação das populações .
As aves têm a característica interessante de haver uma forte "aprendizagem" de preferências sexuais, levando a que haja muitas vezes separação de populações por razões comportamentais muito antes de factores moleculares. Embora de forma muito menos marcada, mesmo aves que ocupam o mesmo local, por ligeiras flutuações no uso do habitat (algumas aves começam a preferir insectos e outras sementes) rapidamente se podem formar separações comportamentais criando populações separadas. Devido a estas características, e mesmo de forma surpreendente, existe um potencial de hibridização bastante elevado (mesmo entre espécies bastante distantes).
É então natural nesses casos que "rapidamente" se formem espécies novas, com a fixação de padrões ligeiramente distintos da espécie de base. O "truque" para formar uma espécie (sim, aqui estou a ser ultra-simplista) está num delicado equilíbro entre uma movimentação suficientemente importante para criar uma base populacional estável num habitat favorável e um fluxo populacional com a espécie base interrompido por tempo suficiente para que se crie uma separação comportamental e posteriormente molecular, o que depende da rapidez de "especiação" da espécie.
Por isso não me preocupa muito o número das espécies em vias de extinção (só se for para dar alegria a muitos chamados ornítólogos que pouco mais são do que colecionadores de raridades). O que me preocupa é a homogeneização e empobrecimento artificial (leia-se humanização) dos habitats, quebrando ainda mais as populações e fazendo com que haja muito mais extinções locais (levando à extinção de espécies vulneráveis e prevenindo o aparecimento de espécies novas). A homogeneização de habitats leva a uma ausência de "ilhas" e portanto a uma ausência de novas espécies. O que acontece então é que numa população totalmente ligada (por ausência de ilhas) vigora a lei do "winner take all", ou seja no final muito poucas espécies acabarão por restar.
Se novas ilhas forem criadas, certamente que novas espécies serão criadas, mas tudo o que se tiver perdido até lá será irrecuperável. O problema para mim não é o facto de perder espécies de forma irrecuperável, mas sim que a homogeneização nos deixa a nós humanos mais vulneráveis a uma expansão desenfreada dos vencedores (não esquecer o "take all"). É por isso que eu não quero perder a capacidade de manter/gerar variedade. Não é por gosto coleccionador nem por saudosismo mas sim porque essa variedade nos dá flexibilidade e alguma garantia de estabilidade.
Apenas para dar um exemplo, apesar de poder chocar muitas pessoas, não estou particularmente preocupado em que se salve o Priolo (que no fundo para mim é pouco mais que um Dom-fafe transviado). O que eu leio dos projectos para salvar o Priolo é que é mais fácil passar a mensagem de salvar o habitat do Priolo para salvar uma espécie do que para promover o desenvolvimento sustentável por si só, mesmo que se aceite que a longo prazo (e por razões naturais) o Priolo possa desaparecer, mas onde outras espécies, por uma razão ou outra, podem surgir (descobertas recentes com os tentilhões de Darwin levam-nos a crer que tal especiação pode ser bem mais rápida do que se possa pensar). Porque é que salvar o Priolo (ou outras espécies igualmente emblemáticas) será transmitido com mais ênfase do que o manter um ecossistema natural onde populações de aves possam evoluir nos seus ciclos de extinção / especiação. Apenas porque é mais fácil passar a mensagem? Então não acho que seja uma boa razão...
Pronto... se alguém se quiser dar ao trabalho, gostava de ver argumentos contrários (e certamente mais sabedouros do que eu).
Ora segundo o que me parece (sem grande conhecimento de causa) é que a maior parte das espécies em via de extinção se encontram em ilhas (frequentemente no sentido estrito do termo, outras num sentido mais lato, como o é a floresta tropical, por exemplo). Ora essas populações sofrem do problema das populações pequenas, muito sujeitas a extinções locais, tanto pior quanto a flutuabilidade ou capacidade de recuperação das populações .
As aves têm a característica interessante de haver uma forte "aprendizagem" de preferências sexuais, levando a que haja muitas vezes separação de populações por razões comportamentais muito antes de factores moleculares. Embora de forma muito menos marcada, mesmo aves que ocupam o mesmo local, por ligeiras flutuações no uso do habitat (algumas aves começam a preferir insectos e outras sementes) rapidamente se podem formar separações comportamentais criando populações separadas. Devido a estas características, e mesmo de forma surpreendente, existe um potencial de hibridização bastante elevado (mesmo entre espécies bastante distantes).
É então natural nesses casos que "rapidamente" se formem espécies novas, com a fixação de padrões ligeiramente distintos da espécie de base. O "truque" para formar uma espécie (sim, aqui estou a ser ultra-simplista) está num delicado equilíbro entre uma movimentação suficientemente importante para criar uma base populacional estável num habitat favorável e um fluxo populacional com a espécie base interrompido por tempo suficiente para que se crie uma separação comportamental e posteriormente molecular, o que depende da rapidez de "especiação" da espécie.
Por isso não me preocupa muito o número das espécies em vias de extinção (só se for para dar alegria a muitos chamados ornítólogos que pouco mais são do que colecionadores de raridades). O que me preocupa é a homogeneização e empobrecimento artificial (leia-se humanização) dos habitats, quebrando ainda mais as populações e fazendo com que haja muito mais extinções locais (levando à extinção de espécies vulneráveis e prevenindo o aparecimento de espécies novas). A homogeneização de habitats leva a uma ausência de "ilhas" e portanto a uma ausência de novas espécies. O que acontece então é que numa população totalmente ligada (por ausência de ilhas) vigora a lei do "winner take all", ou seja no final muito poucas espécies acabarão por restar.
Se novas ilhas forem criadas, certamente que novas espécies serão criadas, mas tudo o que se tiver perdido até lá será irrecuperável. O problema para mim não é o facto de perder espécies de forma irrecuperável, mas sim que a homogeneização nos deixa a nós humanos mais vulneráveis a uma expansão desenfreada dos vencedores (não esquecer o "take all"). É por isso que eu não quero perder a capacidade de manter/gerar variedade. Não é por gosto coleccionador nem por saudosismo mas sim porque essa variedade nos dá flexibilidade e alguma garantia de estabilidade.
Apenas para dar um exemplo, apesar de poder chocar muitas pessoas, não estou particularmente preocupado em que se salve o Priolo (que no fundo para mim é pouco mais que um Dom-fafe transviado). O que eu leio dos projectos para salvar o Priolo é que é mais fácil passar a mensagem de salvar o habitat do Priolo para salvar uma espécie do que para promover o desenvolvimento sustentável por si só, mesmo que se aceite que a longo prazo (e por razões naturais) o Priolo possa desaparecer, mas onde outras espécies, por uma razão ou outra, podem surgir (descobertas recentes com os tentilhões de Darwin levam-nos a crer que tal especiação pode ser bem mais rápida do que se possa pensar). Porque é que salvar o Priolo (ou outras espécies igualmente emblemáticas) será transmitido com mais ênfase do que o manter um ecossistema natural onde populações de aves possam evoluir nos seus ciclos de extinção / especiação. Apenas porque é mais fácil passar a mensagem? Então não acho que seja uma boa razão...
Pronto... se alguém se quiser dar ao trabalho, gostava de ver argumentos contrários (e certamente mais sabedouros do que eu).
Re: Noticia: 1.226 espécies de aves em risco de extinção
"...a desflorestação ligada ao desenvolvimento dos agrocarburantes..."
Pois, a eterna faca de dois gumes
Pois, a eterna faca de dois gumes
RuiC- Número de Mensagens : 265
Idade : 57
Local : Lisboa
Data de inscrição : 20/06/2007
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