Guarda-rios

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Já observo Guarda-rios há anos e durante todo o ano, juvenis e adultos, mas nunca vi nenhum com estas cores.
Alguém me pode esclarecer?

Não te sei esclarecer, mas a foto está excelente!!!

Aparentemente houve uma redução na quantidade de pigmento laranja na ave, teríamos que saber se esse pigmento é adquirido através da dieta ou não para ver depois se é resultado de uma mutação cromática ou não, existem varias mutações cromáticas que poderiam provocar este efeito nomeadamente as da serie azul.

lameiras escreveu:Não te sei esclarecer, mas a foto está excelente!!!

E que excelência!!!

Parabéns venham mais fotos se não for incómodo Carlos

Abraço Luscinia

Excelente foto.

Boa tarde

Eis mais um "bitaite" para a discussão sobre a coloração do guarda-rios.

O resumo deste artigo http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22071186 parece ajudar no esclarecimento acerca da pigmentação. É dito (de acordo com a minha tradução) que as penas laranjas possuem estruturas de pigmentação (grânulos de pigmentos nas barbas, divisão principal a partir da raquis da pena). Para as penas azuis e esverdeadas fala em nanoestruturas esponjosas com tamanho ligeiramente variável que produz diferentes espectros de reflexão. Assim a estruturas pigmentosas reflectem difusamente o laranja, as nanoestruturas produzem iridiscência, causando a variação de cor azul e esverdeado.

Extrapolando parece-me que efectivamente a cor branca do peito será uma qualquer forma de leucismo (penas leucísticas) de origem genética. As restantes variações de cor apenas ao ângulo de incidência da luz.

Ainda é possível ver aqui: http://www.imagesofnature.it/Feathers.html uma imagem ampliada da pena de guarda-rios onde se nota a variação de cor já referida.

o foto esta muito boa ..

Excelente foto

Trata-se de uma ave adulta com coloração normal, mas está muito desgastada. Vê-se muito bem o desgaste acentuado que tem as primárias mais exteriores. Também se percebe que algumas das penas estão muito "queimadas" do sol.
A cor laranja viva uniforme das patas, a ausência de colar escuro e o desgaste são indicadores seguros que se trata de uma ave adulta. Sem certezas, dado não ter tido a ave na mão, atrever-me-ía a dizer que provavelmente é uma fêmea nascida no ano passado. Esse facto justificaria o elevado desgaste da plumagem.

Obrigado a todos pelas opiniões.
Neste local segui uma fêmea durante praticamente todo o ano passado, até já tinha nome, era a Amélia. Deixei de frequentar esse abrigo uns meses e agora voltei ao local e mantém-se por lá esta fêmea. A minha dúvida era se seria um indivíduo novo ou se seria a Amélia com o tal desgaste que fala o Carlos Pacheco. Também penso que será a Amélia, porque os comportamentos são exactamente os mesmos que observei anteriormente.

Olá Carlos (Rio),

Embora não tendo elementos que permitam dizer se se trata da Amélia ou não, gostaria de referir uma história curiosa que testemunhei há uns anos, nos meus primeiros tempos de observador.

Estávamos em 1990. Um dos locais onde então me deslocava regularmente para ver aves era a ria de Alvor (Algarve), onde aprendi a anilhar. Era frequente eu e outros observadores darmos umas voltas pela ria e quase sempre se via um guarda-rios algures na área, em geral junto ao estuário. A dedução lógica era a de que haveria um indivíduo "residente" no local.

No entanto, nesse Verão teve início um projecto de anilhagem num caniçal adjacente à ria, e aí anilhou-se diariamente durante perto de dois meses. Ao longo desse período foram frequentes as capturas de guarda-rios (em geral um ou dois por dia, no máximo). Ora, contrariamente ao que se poderia esperar, não se tratava sempre do mesmo indivíduo. Na verdade, ao longo do período de estudo foram capturados mais de 30 guarda-rios diferentes naquela pequena zona húmida, sendo raras as recapturas. A maioria das aves capturadas era juvenil, provavelmente em dispersão.

A conclusão que daqui se pôde retirar foi a de que existia uma elevada rotatividade de guarda-rios pela zona. Esta descoberta não teria sido possível sem a anilhagem e daqui se depreende também que a simples observação de indivíduos isolados (não identificados individualmente) pode facilmente conduzir a conclusões erradas.

1 abraço,
Gonçalo

Tenho exactamente a mesma opinião que o Carlos Pacheco: desgaste extremo (queimado do sol) em plumagem não mudada, como já tinha partilhado com o Gonçalo. Sem ter a ave na mão é de facto difícil dizer mais qualquer coisa, mas parecem haver coberturas/escapulares novas nas asas (e noutras partes do corpo) misturadas com outras penas que estão quase só reduzidas à ráquis, indicando que com a muda a ave deverá adquirir coloração normal.

Mais uma vez obrigado por todas as informações.
Vou continuar a acompanhar e ver como evolui esta transformação.