Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
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Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Bem, venho aqui esclarecer uma questão com a qual me tenho deparado nos últimos dias.
Em Fevereiro, observei um casal de águias-d'asa-redonda com este comportamento:
Em Abril, observei este indivíduo com um ramo nas garras... Que estava a ser bastante incomodado por um destemido peneireiro.
Dado tudo isto, obviamente deduzi que o casal se preparava para nidificar.
Nos últimos dias, tenho ouvido um búteo a piar (?) muito alto, nuns pinheiros aqui perto. Ele está sempre no mesmo sítio, mas ontem vi-o voar de uns pinheiros para os outros enquanto outro voava perto dele. Por vezes ouvem-se vocalizações de mais do que um búteo.
Daqui mais uma vez deduzo que o indivíduo que está sempre no mesmo local é um juvenil desta ninhada. Ele pia realmente alto, e não é o som que estou habituado a ouvir por parte dos búteos... Quando ouvi pela primeira vez achei que andavam gaivotas por perto! Já procurei no xeno-canto e sem dúvida assemelha-se ao som dos juvenis.
Bom, penso que este juvenil é o culminar de toda esta jornada!
E tudo isto relativamente perto de Lisboa.
Aliás, este ano já tenho 18 nidificações confirmadas aqui na minha "tétrada", sendo que algumas delas não se encontram no Atlas das Aves Nidificantes em Portugal, como é o caso do rabirruivo-preto, do gaio, do andorinhão-preto, da estrelinha-real, do bico-de-lacre, do chapim-carvoeiro, da toutinegra-de-cabeça-preta e da própria águia-d'asa-redonda.
Em Fevereiro, observei um casal de águias-d'asa-redonda com este comportamento:
Em Abril, observei este indivíduo com um ramo nas garras... Que estava a ser bastante incomodado por um destemido peneireiro.
Dado tudo isto, obviamente deduzi que o casal se preparava para nidificar.
Nos últimos dias, tenho ouvido um búteo a piar (?) muito alto, nuns pinheiros aqui perto. Ele está sempre no mesmo sítio, mas ontem vi-o voar de uns pinheiros para os outros enquanto outro voava perto dele. Por vezes ouvem-se vocalizações de mais do que um búteo.
Daqui mais uma vez deduzo que o indivíduo que está sempre no mesmo local é um juvenil desta ninhada. Ele pia realmente alto, e não é o som que estou habituado a ouvir por parte dos búteos... Quando ouvi pela primeira vez achei que andavam gaivotas por perto! Já procurei no xeno-canto e sem dúvida assemelha-se ao som dos juvenis.
Bom, penso que este juvenil é o culminar de toda esta jornada!
E tudo isto relativamente perto de Lisboa.
Aliás, este ano já tenho 18 nidificações confirmadas aqui na minha "tétrada", sendo que algumas delas não se encontram no Atlas das Aves Nidificantes em Portugal, como é o caso do rabirruivo-preto, do gaio, do andorinhão-preto, da estrelinha-real, do bico-de-lacre, do chapim-carvoeiro, da toutinegra-de-cabeça-preta e da própria águia-d'asa-redonda.
PNicolau- Número de Mensagens : 7863
Idade : 30
Local : Lisboa
Data de inscrição : 28/12/2008
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Pedro,
Quando escreves tétrada querias dizer quadrícula certo?
O Atlas das Aves não tem representação por tétradas...
Quando escreves tétrada querias dizer quadrícula certo?
O Atlas das Aves não tem representação por tétradas...
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Sim, e não.Gonçalo Elias escreveu:Pedro,
Quando escreves tétrada querias dizer quadrícula certo?
O Atlas das Aves não tem representação por tétradas...
Todas as observações foram feitas na minha tétrada, no entanto no Atlas não existe nidificação confirmada dessas espécies na quadrícula onde se insere a tétrada (MC89).
Não sei se fui bem claro.
PNicolau- Número de Mensagens : 7863
Idade : 30
Local : Lisboa
Data de inscrição : 28/12/2008
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Ok, já percebi.
A quadrícula que referes (MC89) é a de Loures, que abrange também a parte norte de Lisboa.
Por acaso até fui eu que a visitei no atlas, por isso a maioria dos registos que lá aparecem são meus.
No que diz respeito às confirmações, devo referir que no caso das espécies mais comuns a nível nacional, eu não fiz geralmente um grande esforço para obter a confirmação, pois considero isso pouco relevante - trata-se de espécies com mais de 100 mil e nalguns casos mais de 1 milhão de casais no país todo e que provavelmente nidificam em todas ou quase todas as quadrículas do país, por isso estar a obter confirmações em todas elas traz pouco valor acrescentado. Daí que eu tenha investido sobretudo na obtenção de informação sobre presença para melhor delimitar a distribuição. Em minha opinião a confirmação mais é importante no caso de espécies raras ou ameaçadas, para ajudar a quantificar a população.
Não pretendo com isto estar a desvalorizar o interesse dessa informação (ela pode ser muito útil, nomeadamente para ajudar a perceber melhor a biologia da reprodução, calendário, etc.), apenas optei por não investir muito nisso, pois durante o atlas visitei um número muito elevado de quadrículas a nível nacional (perto de 100) e por isso não me restava muito tempo disponível para investir nesse tipo de informação.
Há outras zonas do país em que os observadores investiram mais em confirmações e isso ajuda a explicar algumas assimetrias que a esse nível existem nos mapas de distribuição.
De qualquer forma, três das espécies que referes são 'aquisições' recentes na zona, nomeadamente o rabirruivo, o chapim-carvoeiro e a estrelinha - todas estas espécies são hoje consideravelmente mais comuns na área do que eram no final da década de 1990; sendo mais comuns a confirmação torna-se mais fácil.
A quadrícula que referes (MC89) é a de Loures, que abrange também a parte norte de Lisboa.
Por acaso até fui eu que a visitei no atlas, por isso a maioria dos registos que lá aparecem são meus.
No que diz respeito às confirmações, devo referir que no caso das espécies mais comuns a nível nacional, eu não fiz geralmente um grande esforço para obter a confirmação, pois considero isso pouco relevante - trata-se de espécies com mais de 100 mil e nalguns casos mais de 1 milhão de casais no país todo e que provavelmente nidificam em todas ou quase todas as quadrículas do país, por isso estar a obter confirmações em todas elas traz pouco valor acrescentado. Daí que eu tenha investido sobretudo na obtenção de informação sobre presença para melhor delimitar a distribuição. Em minha opinião a confirmação mais é importante no caso de espécies raras ou ameaçadas, para ajudar a quantificar a população.
Não pretendo com isto estar a desvalorizar o interesse dessa informação (ela pode ser muito útil, nomeadamente para ajudar a perceber melhor a biologia da reprodução, calendário, etc.), apenas optei por não investir muito nisso, pois durante o atlas visitei um número muito elevado de quadrículas a nível nacional (perto de 100) e por isso não me restava muito tempo disponível para investir nesse tipo de informação.
Há outras zonas do país em que os observadores investiram mais em confirmações e isso ajuda a explicar algumas assimetrias que a esse nível existem nos mapas de distribuição.
De qualquer forma, três das espécies que referes são 'aquisições' recentes na zona, nomeadamente o rabirruivo, o chapim-carvoeiro e a estrelinha - todas estas espécies são hoje consideravelmente mais comuns na área do que eram no final da década de 1990; sendo mais comuns a confirmação torna-se mais fácil.
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Está certo Gonçalo, mas só fiz este reparo para demonstrar o potencial de uma zona muito provavelmente subvalorizada.
E ainda que tenha pouco interesse, é interessante confirmar o facto dessas 3 espécies se estarem, de facto, a expandir. No que toca aos rabirruivos, por exemplo, só na última semana observei 4 casais a alimentar crias aqui na zona. E se, há 10 anos, era uma espécie rara por estas partes, então acho notável. Queria só dizer que não observo estrelinhas com tanta frequência por aqui. Este ano não tive mais do que 4 ou 5 contactos visuais com a espécie.
No entanto, compreendo completamente o que queres dizer até porque, com 100 quadrículas para cobrir, não há literalmente tempo para pormenores.
Mas, já agora, podias mencionar as espécies mais interessantes cuja nidificação confirmaste, nesta quadrícula?
E ainda que tenha pouco interesse, é interessante confirmar o facto dessas 3 espécies se estarem, de facto, a expandir. No que toca aos rabirruivos, por exemplo, só na última semana observei 4 casais a alimentar crias aqui na zona. E se, há 10 anos, era uma espécie rara por estas partes, então acho notável. Queria só dizer que não observo estrelinhas com tanta frequência por aqui. Este ano não tive mais do que 4 ou 5 contactos visuais com a espécie.
No entanto, compreendo completamente o que queres dizer até porque, com 100 quadrículas para cobrir, não há literalmente tempo para pormenores.
Mas, já agora, podias mencionar as espécies mais interessantes cuja nidificação confirmaste, nesta quadrícula?
Obrigado André. Pena que os registos fotográficos não sejam assim tão bons.lameiras escreveu:Muito bem Nicolau!! que reportagem
PNicolau- Número de Mensagens : 7863
Idade : 30
Local : Lisboa
Data de inscrição : 28/12/2008
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
A lista não tenho comigo, mas posso digitalizar as minhas notas de campo referentes à visita a essa quadrícula, estão lá assinaladas as confirmações e as tétradas em que observei cada espécie.
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
No aeroporto tens um casal
Jorge Saraiva- Número de Mensagens : 1032
Idade : 66
Local : Lx
Data de inscrição : 16/08/2009
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Nidificação peri-urbana é uma temática muito interessante.
B. buteo, espécie muito adaptável e oportunista, nidifica em contextos extremamente humanizados, mas não é a única..
Na Grande Lisboa, e um pouco por todo o Oeste, ocorre tb nidif. de Accipiters em contextos pouco habituais.
A título de exemplo conheço um casal de açores que nidifica regularmente num eucalipto ao lado de um caminho de um circuito de manutenção (onde o pessoal vai correr e ginasticar) e outro que nidifica num grande cipreste ornamental que bordeja o estradão de acesso a uma quinta particular.
Do que tenho visto nos últimos anos fico com a sensação que os bichos têm menos preconceitos que nós!
Abraços
B. buteo, espécie muito adaptável e oportunista, nidifica em contextos extremamente humanizados, mas não é a única..
Na Grande Lisboa, e um pouco por todo o Oeste, ocorre tb nidif. de Accipiters em contextos pouco habituais.
A título de exemplo conheço um casal de açores que nidifica regularmente num eucalipto ao lado de um caminho de um circuito de manutenção (onde o pessoal vai correr e ginasticar) e outro que nidifica num grande cipreste ornamental que bordeja o estradão de acesso a uma quinta particular.
Do que tenho visto nos últimos anos fico com a sensação que os bichos têm menos preconceitos que nós!
Abraços
jvicente- Número de Mensagens : 215
Idade : 48
Local : Alverca do Ribatejo
Data de inscrição : 08/01/2008
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Aqui fica uma cópia das anotações da 2ª volta do Atlas à quadrícula MC89.
Os números à esquerda do nome das espécies são os códigos de nidificação (ver lista aqui)
Os números à esquerda do nome das espécies são os códigos de nidificação (ver lista aqui)
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
Re: Nidificação de Búteos ao pé de Lisboa
Mais algumas anotações da mesma quadrícula.
Como poderás verificar o número de confirmações é muito baixo, uma consequência do pequeno investimento que fiz nesse tipo de informção.
Como poderás verificar o número de confirmações é muito baixo, uma consequência do pequeno investimento que fiz nesse tipo de informção.
Gonçalo Elias- Número de Mensagens : 25662
Idade : 56
Data de inscrição : 14/06/2007
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