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Fazer melhor pelas alterações climáticas

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Mensagem por C. M. Elias Qua maio 27, 2009 8:06 am

Dizem-nos muitas vezes que o combate ao aquecimento global é a tarefa que define a nossa era. Um exército de peritos diz-nos que precisamos de reduzir, imediata e drasticamente, as emissões. Mas este argumento está, claramente, a perder poder.

Fazer melhor pelas alterações climáticas Global-warming-4

O aquecimento global passou a ser a menor das prioridades entre os norte-americanos, de acordo com uma pesquisa da Pew. Outro estudo realizado pela Pew mostra que a China, o maior emissor do mundo, preocupa-se ainda menos do que os Estados Unidos com o aquecimento global. Apenas 24% dos chineses consideram o aquecimento global um problema sério, o que torna a China o país menos preocupado com esta questão. No Reino Unido, um estudo da Opinium mostra que a maioria dos eleitores acredita que o objectivo principal dos impostos verdes é aumentar as receitas, e não proteger o ambiente, e sete em cada dez não estão dispostos a pagar mais impostos para combater as alterações climáticas.

Ao mesmo tempo, as soluções propostas para combater o aquecimento global têm sido péssimas. No Rio de Janeiro em 1992, os políticos dos países mais ricos prometeram reduzir as emissões em 2000, mas não o fizeram. Os líderes políticos voltaram a reunir-se em Quioto, em 1997, e prometeram reduções ainda mais rigorosas em 2010. No entanto, as emissões continuam a aumentar e Quioto não fez nada para alterara isso.

O mais trágico é que quando líderes se voltarem a reunir em Copenhaga, no próximo mês de Dezembro, vão adoptar a mesma solução: promessas de reduções de emissões ainda mais drásticas que, mais uma vez, não deverão ser cumpridas. Medidas dispendiosas, que sistematicamente prometem muito e alcançam pouco, não são populares em épocas boas. E, claramente, esta não é uma época boa.

Felizmente, temos uma opção melhor, com melhores hipóteses de sucesso: devemos tornar as fontes de energia com baixas emissões de carbono, como a energia solar, uma alternativa real e competitiva às antigas fontes de energia, em vez de manter a posição das pessoas mais ricas que apenas se querem sentir "mais verdes".

Devemos, assim, investir na investigação de novas tecnologias. Ao contrário do que poderíamos pensar, o Protocolo de Quioto não impulsionou essa investigação. De facto, o investimento em investigação caiu drasticamente desde os anos 80 e não voltou a aumentar, mesmo entre os países participantes de Quioto.

Realizar elevados investimentos na investigação e desenvolvimento de energias de baixas emissões de carbono, como a energia solar ou outras novas tecnologias, tornar-se-á rapidamente mais barato do que os combustíveis fósseis. Estimativas económicas mostram que por cada dólar gasto, poderíamos obter benefícios de 16 dólares.

Todos os países deviam concordar em gastar 0,05% do produto interno bruto na investigação e desenvolvimento de energias com baixas emissões de carbono. O custo total seria 15 vezes superior ao gasto actual em investigação de fontes de energias alternativas mas, ainda assim, seis vezes inferior ao custo de Quioto. Um acordo deste género poderia ser um novo Tratado de Quioto - com a diferença de que este tratado poderia, realmente, fazer a diferença e ter boas hipóteses de ser aceite a nível mundial.

Porque não fazer as duas coisas: investir em investigação e desenvolvimento e prometer reduzir as emissões de carbono? As políticas de Quioto são uma distracção dispendiosa da tarefa real de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Há duas razões fundamentais para a redução de emissões ser a resposta errada para o aquecimento global.

Primeiro, o uso dos combustíveis fósseis continua a ser a única forma dos países em desenvolvimento saírem da pobreza. O carvão fornece metade da energia do mundo. Na China e na Índia, representa cerca de 80% da geração de energia e está a ajudar os trabalhadores chineses e indianos a terem uma qualidade de vida que os seus pais não podiam imaginar. Limitar as emissões significa o fim desta história de sucesso para milhões de pessoas. Não existe uma fonte de energia "verde" que seja suficientemente barata para substituir o carvão num futuro próximo. Em vez disso, o aumento da investigação fará com que a energia "verde" seja mais barata que os combustíveis fósseis em meados do século.

Segundo, as reduções imediatas do carbono são dispendiosas - e o custo supera largamente os benefícios. Se o Protocolo de Quioto tivesse sido totalmente implementado ao longo deste século, teria reduzido as temperaturas apenas uns insignificantes 0,2ºC, a um custo de 180 mil milhões de dólares por ano. Em termos económicos, Quioto representa apenas um benefício de 30 cêntimos por cada dólar gasto.

E reduções mais elevadas como as que são propostas pela União Europeia - 20% abaixo dos níveis de 1990 dentro de 12 anos - vão baixar a temperatura global apenas um sexto de um grau Celsius em 2100, a um custo de 10 biliões de dólares. Por cada dólar gasto, obteríamos apenas quatro cêntimos de benefício.

O mais triste sobre o debate do aquecimento global é que a maioria dos principais protagonistas - políticos, activistas e peritos - já sabem que o acordo que actualmente está sobre a mesa para a reunião de Copenhaga, em Dezembro, não terá efeitos significativos nas temperaturas. A não ser que se altere a direcção e se tornem as acções mais realistas e exequíveis, é óbvio que as declarações de "sucesso" em Copenhaga não vão ter sentido. E vamos perder outra década. Em vez disso, devemos desafiar a ortodoxia de Quioto. Podemos fazer melhor.

Bjorn Lomborg - ©️ Project Syndicate, 2008 www.project-syndicate.org
Artigo in Jornal de Negócios As imagens não fazem parte do artigo.

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C. M. Elias
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