Dúvida sobe visializacão de registos de águia imperial ibérica

Gonçalo Elias escreveu:Certamente a população não vai crescer ad infinitum... Acho que nem tu acreditas que alguma vez vamos ter 500 casais de imperial em Portugal, ou estou enganado?  

Claro que não. Há vários factores a impedir que se estabeleçam mais territórios, a perturbação é um deles e não é o mais importante. Mas incomoda-me saber que se perturba sem ter em conta o impacto negativo real que isso pode ter.

Quanto à disseminação de informação acho que estamos todos de acordo em ter contenção na partilha de localização de ninhos/territorios de reprodução. Não vejo problemas em partilhar outras observações de AII, terá virtualmente os mesmos problemas que partilhar observações de outras espécies mais comuns.

HL escreveu:Quanto à disseminação de informação acho que estamos todos de acordo em ter contenção na partilha de localização de ninhos/territorios de reprodução.

Sim.

Mas a campanha apela a que não se partilhe nada. Como se a partilha de uma observação do tipo "eu vi uma imperial perto de Castro Verde" tivesse algum tipo de consequência.

Em minha opinião o que devia ser feito era uma alteração legal para proibir a fotografia de ninhos de espécies ameaçadas (algo parecido com o que existe no UK). A partir do momento em que essas fotos, por serem proibidas, não pudessem ser exibidas em lado nenhum, o incentivo para fotografar ninhos dessas espécies cairia fortemente...

HL escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
Lendo aquilo que escrevemos, fica a sensação de que acreditas que se não fosse a perturbação (incluindo a que é causada pela observação / fotografia), já podíamos ir nos 30 ou 40...

Sinceramente, estamos longe dos 500 pares reprodutores de Espanha para os casos de perturbação serem negligenciáveis. Só não sou mais taxativo quanto à perturbação, porque não tenho dados.

Em Espanha existem abrigos para fotografar especificamente esta águia, se por lá elas estão bem então é porque os fotógrafos não estão a prejudicar...
Que me digam para não divulgar ninhos, de acordo e tem todo o meu apoio, agora não divulgar observações... enfim...
Ahh e pelo cartaz, a culpa é das rede sociais!! que é como dizer, dos grupos do Facebook, que é como dizer do APC...

HL escreveu:Por exemplo, tenho muitas dúvidas que a maioria dos membros do grupo de FB "Aves de Portugal Continental" saiba como se comportar quando encontra um ninho de imperial, ou de outra espécie muito sensível à perturbação. [/b].

Como referi, o cartaz não específica observações de ninhos, mas de qualquer modo, porque é que, em vez de esconder, não se educa?
O grupo APC já "educou" mais pessoas que muitas das associações de proteção da natureza o fizeram e essa educação passa por mostrar, por dar a conhecer, não por esconder.

Mas em muitos países como o UK o problema não são os fotógrafos, mas sim os coleccionadores de ovos.

PNicolau escreveu:Mas em muitos países como o UK o problema não são os fotógrafos, mas sim os coleccionadores de ovos.

Essa prática é ilegal no UK há mais de 50 anos.

Acresce que divulgar observações não é o mesmo que divulgar ninhos.

Acresce que se realmente se pretende proteger os ninhos de eventuais perturbações ou actividades ilegais há uma solução muito simples: é montar se uma rede de vigilância, tal como existe para os incêndios durante o Verão. Perto de cada ninho, num local estratégico, mete-se um posto de observação, onde fica um observador (voluntário ou não) cuja missão é a de vigiar o ninho e a de alertar imediatamente as autoridades no caso de haver actividades suspeitas.

@José Frade isto é como a caça, o problema não são os cumpridores são os incumpridores. Podes ver acima que já recomendei ir a Espanha, exactamente por achar que aqui não há actualmente condições.
Acho que o grupo tem um papel muito importante em educar, mas ainda há muitos inveterados em más práticas. E provavelmente não é no grupo que vão encontrar a luz, talvez precisem de ser confrontados com alguma consequência mais prática.
Refiro-me a fotografos e observadores de igual modo.

@Gonçalo Elias é preciso que quem realmente decide entenda que se trata de uma prioridade. E isso não acontece.
O Pedro tem razão quanto aos colecionadores de ovos. Havendo quem pague há quem pilhe, mesmo que seja ilegal. A ideia que tenho é que não existe uma real dimensão do problema.

Aqui não há condições nem nunca haverá enquanto a mentalidade for, esconder, esconder, esconder!!
Os incumpridores e os inveterados há em todos os lados e nunca deixarão de existir, por isso que referi em cima que "a educação passa por mostrar, por dar a conhecer, não por esconder." Quem não conhece não protege.

Gonçalo Elias escreveu:Acresce que se realmente se pretende proteger os ninhos de eventuais perturbações ou actividades ilegais há uma solução muito simples: é montar se uma rede de vigilância, tal como existe para os incêndios durante o Verão. Perto de cada ninho, num local estratégico, mete-se um posto de observação, onde fica um observador (voluntário ou não) cuja missão é a de vigiar o ninho e a de alertar imediatamente as autoridades no caso de haver actividades suspeitas.

Isso é feito no UK em alguns casos.

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:Acresce que se realmente se pretende proteger os ninhos de eventuais perturbações ou actividades ilegais há uma solução muito simples: é montar se uma rede de vigilância, tal como existe para os incêndios durante o Verão. Perto de cada ninho, num local estratégico, mete-se um posto de observação, onde fica um observador (voluntário ou não) cuja missão é a de vigiar o ninho e a de alertar imediatamente as autoridades no caso de haver actividades suspeitas.

Isso é feito no UK em alguns casos.

Exacto, e eu estou a sugerir que seja feito cá. Só não é feito se não houver vontade.

Isso não foi feito no âmbito do Life Imperial?

José Frade escreveu:Aqui não há condições nem nunca haverá enquanto a mentalidade for, esconder, esconder, esconder!!
Os incumpridores e os inveterados há em todos os lados e nunca deixarão de existir, por isso que referi em cima que "a educação passa por mostrar, por dar a conhecer, não por esconder." Quem não conhece não protege.

Enquanto não se criarem condições para realizar certas actividades mitigando a perturbação não irei promovê-las. Caso contrário estou a contribuir para o problema.

Se nunca deixarão de existir, vale a pena educá-los de forma consecutiva, sem produzir resultados? Acho que em alguns casos têm que existir consequências práticas para certas ações.
Acho que só vale a pena educar quem quer aprender.

PNicolau escreveu:Isso não foi feito no âmbito do Life Imperial?

Voluntários a vigiar ninhos?

HL escreveu:Se nunca deixarão de existir, vale a pena educá-los de forma consecutiva, sem produzir resultados?

Não sei se percebi que resultados pretendes ao certo. Com 24 casais em menos de vinte anos eu acho que o resultado é excelente.

Gonçalo Elias escreveu:Não sei se percebi que resultados pretendes ao certo. Com 24 casais em menos de vinte anos eu acho que o resultado é excelente.

Também acho excelente, mas esse crescimento e expansão tem pouco a ver com observadores/fotografos.
O público alvo da mensagem do ICNF são os observadores e fotógrafos (se não estou em erro). Na época de reproduçao há abusos e não são tão pontuais quanto se possa esperar. É evidente que não se aplica a toda a comunidade.
A conservação da AII tem problemas maiores mas este tópico não é sobre isso.

HL escreveu:Na época de reproduçao há abusos e não são tão pontuais quanto se possa esperar.

Eu sei que há abusos, aliás há abusos com essa espécie e com muitas outras.

Eu apenas estou a tentar perceber o impacto desses abusos na conservação da espécie.

Gonçalo Elias escreveu: Eu sei que há abusos, aliás há abusos com essa espécie e com muitas outras. Eu apenas estou a tentar perceber o impacto desses abusos na conservação da espécie.

Conheces este trabalho? Na minha opinião vale a pena ler.
https://www.researchgate.net/publication/227737495_Effect_of_Human_Activities_on_the_Behaviour_of_Breeding_Spanish_Imperial_Eagles_Aquila_adalberti_Management_Implications_for_the_Conservation_of_a_Threatened_Species

Agradeço o link e vou ver.

No entanto, mesmo antes de ler, noto que o artigo é de 2006 e que a enorme expansão de A. adalberti se dá depois disso, mais ou menos em pararelo com o aumento do número de observadores e fotógrafos de natureza.

@HL: já li o artigo na totalidade e está muito interessante, sem dúvida.

A principal questão que me suscita é esta: sabes se as medidas preconizadas (criação de buffer zones) chegaram a ser implementadas?

@Gonçalo Elias em que contexto?

Em Espanha. Ou seja, os autores defendem a implementação de zonas de protecção como forma de reduzir a perturbação e aumentar o sucesso reprodutor e eu estou a questionar se essas medidas terão chegado a ser aplicadas nalgum lado.

Um colega autor do artigo confirma que as zonas tampão foram aplicadas e continuam a ser aplicadas em Espanha.

Esta parte acrescento eu: isto não impede que em determinadas situações e locais especificos se permita uma maior proximidade para fotografia e observação. Mas não será de todo na maioria dos casos (para a maioria dos territórios).

Em PT foram estabelecidos acordos com os gestores/proprietários para a interdição de certas actividades no interior da área tampão, e condicionaram-se algumas actividades em determinados períodos do ano.

ok obrigado