Falco sp. no Cabedelo - foz do Douro

Olá,

Hoje de manhã bem cedo estive no Cabedelo (foz do Douro, lado Sul).
Quando estava a regressar vi que as todas as gaivotas levantaram voo, mas atribuí isso às pessoas que estavam no local e a um cão que por lá andava.
Quando cheguei à Afurada deu-se o mesmo fenómeno - todo o "gaivotedo" levantou voo, inclusive os 2 Larus marinus que por lá andavam. Só aí me apercebi que estava uma rapina a passar. No tempo que demorei a parar o carro, sacar dos binóculos e correr para a beira rio o bicho já se tinha afastado bastante, mas deu para ver que:

1) era um falcão;
2) em voo não se notavam diferenças óbvias de tamanho face às Larus fuscus e L. cachinnans;
3) não tinha a silhueta típica de peregrino, com o corpo "acharutado" e cauda relativamente curta - a cauda do bicho era bastante mais comprida do que eu estou habituado a ver em F. peregrinus;
4) a parte superior da ave era castanha, nem muito clara nem muito escura - não observei a face ventral;
5) a cauda era da mesma cor que o dorso nas rectrizes centrais, enquanto as mais externas tinham uma cor de fundo bem mais pálida e eram estriadas de castanho a todo o comprimento.

A ave afastou-se para montante, tomando altura em voo batido, até que a perdi de vista junto a um bosque de eucaliptos existente perto do tabuleiro da ponte da Arrábida (sempre na margem sul).
Esta combinação de características levou-me a pensar em Falco cherrug (Sacre), o que é, admito-o, uma improbilidade assim das mesmo muito grandes.
Como não observei a face ventral não deu para ver se haveria alguma indicação de a ave ser de cetraria (pelas correias que julgo que têm presas às patas). Uma "prova circunstancial" a favor de algo maior que o peregrino é o facto de também as Larus marinus terem sido assustadas pelo "bicho". No mesmo local já presenciei um peregrino a capturar um pombo e ele espantou todas as milhares de gaivotas que estavam a descansar na vaza, excepto as Larus marinus.

Fica o alerta para quem for "passarear" para aquelas bandas. Pode não ser nada, mas também pode ser que até haja algo interessante ...

Pedro Cardia

Boas a todos.
Atenção que se for uma ave perdida de algum falcoeiro, é muito natural que seja um híbrido, cruzam F. peregrinus com F. cherrug ou F. rusticolus com o objectivo de criar pássaros com a agilidade de um Peregrino mas com um porte maior, para assim alargarem o tipo de pressas de caça com maior porte.
Aquele abraço
João Ferreira

Olá!

Sim, a possibilidade de se tratar de um híbrido é bem real caso seja uma ave de falcoaria.
Um amigo disse-me que na Quinta de Sto. Inácio, em Avintes, há uma exibição de falcoaria, mas como nunca lá fui não sei que espécies/híbridos têm.

Pedro Cardia