2 registos interessantes na Ota

Boas,

Deixo-vos 2 registos curiosos obtidos hoje, dia 24, na zona da Ota (concelho de Alenquer).

- Gyps fulvus : 14:30. O bicho atravessou a área no sentido sul/norte. Sobrevoou lentamente a zona do geodésico do monte Redondo, e após umas investidas de um casal de butios (pareciam uns pardalecos em comparação lol), afastou-se sempre para norte (direção Candeeiros), ganhando progressivamente altura.

- Milvus milvus : 15:45. Observado a sobrevoar a zona do canhão cársico da Ota, afastando-se no sentido nascente. Foi sempre seguindo a ribeira da Ota em direcção às lezírias do Tejo. Alguém opina acerca deste registo, tratar-se-á de um invernante tardio ou de um movimento dispersivo de um residente?

Além destes registos, algo peculiares, efectuei imensas observações dos casais residentes de açor, calçada e cobreira. Um autêntico hot spot..

A ajudar esteve um tempo espectacular, com boa formação de térmicas, algum vento e uma luminosidade muito favorável. Alguma sorte e uns binóculos gigantes 25x100 trataram do resto.

Já mais para o fim da tarde na zona de Manique do Intendente tb foi possível confirmar presença de uma calçada (fase clara) e de uma cobreira.
Também observei um macho de faisão numa zona de matos. Provavelmente proveniente da Reserva Caça Turística da Torre Bela, que é lá bem perto..

Abraços
Jorge

Boas

Toda aquela zona sempre me pareceu muito interesante, não só para rapinas diurnas, tambem deve ser boa para nocturnas.

bom dia! o casal de açores a que te referes já tem filhotes ou ainda está a incubar?
conheço alguns ninhos que ainda estão a incubar, mas um casal já conta com mais de um mês de choco portanto deve estar quase com crias

bom dia mais uma vez!
no teu texto referes que fizeste imensas observações de casais de açor, calçada e cobreira, mas referindo me aos açores, tens algum esconderijo ou andaram a voar por cima de ti?
Parece me pouco provável que te deixassem observá los por muito tempo pois fora as paradas nupciais, poucas vezes voam acima da copa das àrvores.

Olá,

Até ao momento, na zona da Ota, circunscrevi 2 territórios de açor (os territórios podem ser bastante grandes, ao nível de espécies de rapina de maior porte). No entanto nunca efectuei busca activa dos seus ninhos, raramente o faço.
Habitualmente, para detecção desta espécie, efectuo pontos de observação a partir de "vantage points" com boa visibilidade sobre as imediações, especialmente à 1ªs horas da manhã.

No dia 24 as observações que efectuei corresponderam a actividades de caça, excepto uma de parada por cima do canhão cársico.
É uma espécie bem discreta, mas nesta altura torna-se bastante visível.. Ainda para mais nestas zonas do Oeste, que seguramente possuem uma das mais densas sub-populações de açor do país...
Para ser sincero, sempre que vou para o mato no Oeste, obtenho pelo menos um relance desta espécie. Estão por todo o lado, tal como os seus parentes menores, os gaviões.

Pedro. É altamente provável que existam boas populações de nocturnas. Habitualmente existe uma relação directamente proporcional entre os dois grupos. Se um território é muito bom para diurnas, é garantido que o seja para nocturnas.
Por exemplo, existem registos de B. bubo e A. otus na zona, mas nunca tive o prazer de os detectar por ali.


Abraços,
Jorge

jvicente escreveu:
Pedro. É altamente provável que existam boas populações de nocturnas. Habitualmente existe uma relação directamente proporcional entre os dois grupos. Se um território é muito bom para diurnas, é garantido que o seja para nocturnas.
Por exemplo, existem registos de B. bubo e A. otus na zona, mas nunca tive o prazer de os detectar por ali.

Sim, também me parece, Bufos reais tenho-os mais perto de casa, mas Asio otus...... , ainda não consegui vislumbra-los, é uma espécie que me tem escapado, apesar de ter feito algum esforço dirigido para a sua detecção. Mas é como tudo, tive imensa dificuldade em ver o meu 1º Açor e hoje em dia passo a vida a tropeçar neles.

Tenho que ir dar uma volta á noite para esses lados.

Olá Pedro,

Se moras para os lados de Óbidos, estás mesmo em grande..
Na minha opinião é mesmo um dos melhores territórios, para rapinas, no Oeste. A diversidade de habitats, incluindo relevos cársicos e zonas húmidas, exponenciam a diversidade de espécies.

Só por curiosidade, nessa zona já tive o prazer de observar (só nos últimos 2 anos) as seguintes espécies de rapinas diurnas:
Accipiter gentilis
Accipiter nisus
Aquila fasciata
Aquila pennata
Buteo buteo
Circaetus gallicus
Circus aeruginosus
Elanus caeruleus
Falco columbarius
Falco peregrinus
Falco tinnunculus
Milvus migrans

Abraços,
Jorge

Humm, já observas-te mais do que eu, nomeadamente Bonellis ainda não as vi nesta zona, a unica especie para a zona que eu observei e que não consta na tua lista foi o Tartaranhão-azulado, isto para alem da pesqueira.

pedro121 escreveu:mas Asio otus...... , ainda não consegui vislumbra-los, é uma espécie que me tem escapado, apesar de ter feito algum esforço dirigido para a sua detecção.

Qual a técnica que tens usado para procurar Asio otus?

Gonçalo Elias escreveu:

pedro121 escreveu:mas Asio otus...... , ainda não consegui vislumbra-los, é uma espécie que me tem escapado, apesar de ter feito algum esforço dirigido para a sua detecção.

Qual a técnica que tens usado para procurar Asio otus?

Multiplas, no inverno faroladas em locais propicios (aparentemente), nesta altura ando a fazer escutas para ver se consigo ouvir as crias.

já vi um ninho de asio otus mas nesta epoca do ano ainda estava a incubar ocupou um ninho velho de gralha.já lá vão cerca de 5 anos.

Olá Nuno,

Esses registos de A. gentilis e A. otus foram todos obtidos na zona de Torres Novas?
Muito interessantes esses dados referentes à fenologia de reprodução de açor.. Infelizmente não existem muitos estudos dirigidos a esta espécie em Portugal.


Abraços
Jorge

não! foram também para oeste. Em março ia na A1 para Lisboa e a seguir à area de serviço de aveiras, 2Kms vi do lado esquerdo uma Fem.a.Gentilis pareceu me um bom território. quanto a A. Nisus também já vi nidificação desta especie o ano passado confirmei a reprodução com exito de onde resutaram três crias.

Um abraço, nuno

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:

pedro121 escreveu:mas Asio otus...... , ainda não consegui vislumbra-los, é uma espécie que me tem escapado, apesar de ter feito algum esforço dirigido para a sua detecção.

Qual a técnica que tens usado para procurar Asio otus?

Multiplas, no inverno faroladas em locais propicios (aparentemente), nesta altura ando a fazer escutas para ver se consigo ouvir as crias.

penso que a segunda semana de Maio será a melhor altura.

vou fazer umas pesquisas nos meus cadernos de campo a ver as datas em que detectei juvenis da espécie.

nuno mota escreveu: Em março ia na A1 para Lisboa e a seguir à area de serviço de aveiras, 2Kms vi do lado esquerdo uma Fem.a.Gentilis pareceu me um bom território.

Esse é um dos 2 territórios que mencionei na zona da Ota. O centro desse território específico parece situar-se na quinta do Archino, que é a grande mancha florestal que aparece à direita da A1, 1.5 kms da área de serviço de Aveiras, no sentido de Lisboa. Essa herdade é uma ZCT (zona caça turistica), extremamente rica em coelhame e perdiz. Óptimo habitat para açor, e não só..

O Archino é um dos poucos locais no Oeste (aquilo já é mais charneca Ribatejana), onde é possível observar charneco e pica-pau-galego.
Atenção, é absolutamente necessário obter autorização para entrar na quinta! Caso contrário não contem com amabilidades lol


Abraços,
Jorge

pedro121 escreveu:Humm, já observas-te mais do que eu, nomeadamente Bonellis ainda não as vi nesta zona, a unica especie para a zona que eu observei e que não consta na tua lista foi o Tartaranhão-azulado, isto para alem da pesqueira.

Circus cyaneus é um registo muito interessante para essa zona. Mesmo.. Até arrisco adivinhar que ocorreu nas várzeas do rio Real, entre a lagoa de Óbidos e Sobral da Lagoa.

Ainda não consegui foi observar ógea por essas bandas. No atlas é dada como nidificante, inclusive.
Estes danadinhos são difíceis de observar. Até hoje só os consegui vislumbrar em 3 localizações do Oeste: Alcobaça, Mafra e Ota.


1 abraço,
Jorge

Ok! também já vi a.gentilis em arruda quando seguia pela A10, assim como em belas. quanto à reserva de caça desde que não os abatam é um bom sitio já que as perdizes largadas são muito tenrinhas....

um abraço!

Gonçalo Elias escreveu:

penso que a segunda semana de Maio será a melhor altura.

vou fazer umas pesquisas nos meus cadernos de campo a ver as datas em que detectei juvenis da espécie.

Sim, mas existem registos de crias voadoras mais cedo, e depois, se conseguir encontrar as crias o mais cedo possível aumento as hipóteses de encontrar os adulto, o que é o objectivo.

jvicente escreveu:
Circus cyaneus é um registo muito interessante para essa zona. Mesmo.. Até arrisco adivinhar que ocorreu nas várzeas do rio Real, entre a lagoa de Óbidos e Sobral da Lagoa.

Ainda não consegui foi observar ógea por essas bandas. No atlas é dada como nidificante, inclusive.
Estes danadinhos são difíceis de observar. Até hoje só os consegui vislumbrar em 3 localizações do Oeste: Alcobaça, Mafra e Ota.

Pois...não, foi em Peniche nos campos entre a ETAR da Atouguia e o Sol VilageII-

Quanto as Ogea o melhor é nem falar nessas xxxxxxx , o ano passado suei mas lá consegui dois breves avistamentos, 1 em Sagres e outro perto da Ota curiosamente.

Olá Jorge,

Da última vez que estive contigo não calhou em conversa, mas tenho um registo de Circus cyaneus na zona, mas mais a Sudeste de Óbidos. Para os lados da Salgueirinha. Mas já é antigo, de 2009. Um macho adulto.

Abraço,

Hugo Zina

Olá Zina!

Obrigado pelo registo.. C. cyaneus só os tenho visto, no inverno, na serra do Montejunto. Mas tá visto que eles andam por outras andanças tb.

Temos de combinar mais uma voltinha aí por esses lados. Em breve a malta chateia-te


1 abraço,
Jorge

Seria tão bom se estes registos tivessem disponíveis no Biodiversity4All. É que o desconhecimento é uma ameaça muito maior às espécies protegidas que o conhecimento...

Henk Feith