Registo Abelharuco no Gavião

Caros,

Tomei conhecimento do registo de um abelharuco, no dia 27 de Janeiro, no Gavião, por Pedro Fernandes.

Este registo é espantoso, por se tratar de uma espécie com uma chegada médio no início de Abril, e cujo registo mais precoce nos dados do projecto Chegadas foi de 10 de Março, em 2006.

Este registo rivala em excepcionalidade com o da rola-brava de 31 de Janeiro de 2004 e do cuco-comum de 29 de Janeiro de 2007.

Aguardamos com expectativa a chegada de outras espécies migradores a Portugal!

Boas observações e, se as tiver, envie-sa!

Um grande abraço,

Henk

Caro Henk,

O registo é de facto excepcional em termos de datas, mas gostaria de lembrar que existem registos "soltos" para quase todas as espécies estivais (muitas vezes referentes a bichos feridos que não chegaram a migrar, como já aconteceu com algumas rolas-bravas). Será que devemos assumir que se tratou de uma chegada precoce ou, pelo contrário, poderá ser um bicho que nunca chegou a partir?
Acima de tudo, parece-me importante não deixarmos que estes registos "fora de época" mascarem a verdadeira tendência de uma eventual alteração das datas de chegada de uma espécie (se bem me lembro, já tens isso em conta, não considerando os registos que se afastam demasiado da média, não é?).

1 abraço,
Gonçalo

Caro Gonçalo,

Pois com a informação que temos nunca saberemos por certo. Mas, especulando, parece-me mais provável que seja uma ave que ficou por cá por algum motivo do que uma que regressou mais cedo. Ficar por ter sido forçado, por lesão ou doença, agora regressar mais cedo seria iniciativa da ave, e não vejo porquê.

Uma coisa é certa: não são os registos invernais destas que são indicadores de mudança de comportamento migratório das aves, ao contrário que já foi afirmado. Lembro-me que o registo do cuco-comum em 2007 até veio nos jornais como sinal que a Primavera chegava mais cedo. Que tontice. É muito mais indicador a antecipação da data média, baseada num número de registos estatisticamente interessante, de chegada de uma espécie com uma semana, por exemplo, que registos pontuais fora da época.

Mas não deixa de ser um registo extraordinário. E fica o registo para memória futura; vamos ver quando temos outro registo destes... É um pouco como as raridades: ecologicamente pouco relevante, mas faz nos correr o sangue um pouco mais depressa, não?

Um grande abraço,

Henk

PS, o projecto chegadas já acumulou até à data mais de 130 registos em 21 espécies! Nada mal para o inverno...