ID Gaivota no estuário do Cávado

Viva caríssimos!

Na cinzenta manhã do dia 11 de maio de 2012, ao “varrer” o bando de gaivotas que repousava na restinga do rio Cávado, retive-me na menor dimensão de um dos indivíduos.






Aproximei-me e fiquei convencido de que estava perante uma Gaivota-de-cabeça-preta (Ichthyaetus melanocephalus).






Mas, ao levantar voo, a ave exibiu um padrão na asa que me intrigou.






Será que me enganei na identificação?

Cumprimentos

Jorge

Boa tarde Jorge,

Sim, de facto enganaste-te na ID, para alem do tamanho, repara no padrão das asas, da cauda, do tamanho muito próximo de uma fuscus, do cinza muito claro do dorso, no típico formato da cabeça e bico e na cor das patas...

Tens que pensar um bocadinho para alem das espécies típicas da zona, mas deves conseguir chegar lá, se disser que é uma das espécies típicas do Algarve. Foi pena ter sido um 2º ano, apareceram na semana passada varias na costa ocidental de 3º ano que são mais interessantes.

E parabéns pela nova espécie para o distrito!

O quê? Uma audouinii?????

Araújo da Silva escreveu:O quê? Uma audouinii?????

Bingo!!!


Esta apareceu na lagoa de Obidos e em Peniche a semana passada:

http://www.flickr.com/photos/44092060@N08/7144342817/in/photostream

Mas apareceu pelo menos uma a norte do Cavado, na Galiza.

Ainda bem que isto se deu porque já devo ter deixado escapar bastantes destas pensando que eram melanocephalus.

PNicolau escreveu:Ainda bem que isto se deu porque já devo ter deixado escapar bastantes destas pensando que eram melanocephalus.

Bastantes talvez não, mas é fácil não reparar nos 1º invernos que aparecem na costa Ocidental em Agosto e Setembro, e mesmo nas aves de 2º ano, mais fácil são as outras idades, mas eu não estava nada á espera de ver uma na Lagoa em Maio. Para as aves de 2º ano a chave é o tom de cinzento+as patas cinzentas+a cauda preta com uropigio branco, e o tamanho.

pedro121 escreveu:

PNicolau escreveu:Ainda bem que isto se deu porque já devo ter deixado escapar bastantes destas pensando que eram melanocephalus.

Bastantes talvez não, mas é fácil não reparar nos 1º invernos que aparecem na costa Ocidental em Agosto e Setembro, e mesmo nas aves de 2º ano, mais fácil são as outras idades, mas eu não estava nada á espera de ver uma na Lagoa em Maio. Para as aves de 2º ano a chave é o tom de cinzento+as patas cinzentas+a cauda preta com uropigio branco, e o tamanho.

E já agora também o bico. Olhando bem não me lembro de nenhuma outra gaivota com um bico daqueles.

PNicolau escreveu:
E já agora também o bico. Olhando bem não me lembro de nenhuma outra gaivota com um bico daqueles.

Sim, o bico e a cabeça são muito caracteristicos, mas num bando de gaivotas a dormir...

pedro121 escreveu:

PNicolau escreveu:
E já agora também o bico. Olhando bem não me lembro de nenhuma outra gaivota com um bico daqueles.

Sim, o bico e a cabeça são muito caracteristicos, mas num bando de gaivotas a dormir...

Pois, tens razão!

Grande achado Jorge
Boas fotos, particularmente a última.

PNicolau escreveu:Ainda bem que isto se deu porque já devo ter deixado escapar bastantes destas pensando que eram melanocephalus.

Vem mesmo a propósito!

Ainda no último domingo discutia com o João Lourenço sobre o que é um “verdadeiro” observador de aves. O João faz parte dos poucos que se dedica ao estudo lúdico das aves desde tempos anteriores ao advento da fotografia digital e que, além dos apontamentos nos cadernos de campo, se limitam a registar na memória as belas imagens das nossas aves. Julgo que ninguém me levará a mal se confessar que olho para estes “bravos” numa perspetiva romântica – um bom guia de campo no bolso, bons binóculos pendurados ao pescoço, muito saber, paixão e… chega!

Agora, é difícil fazer um percurso ornitológico sem tropeçar num fotógrafo da natureza bem camuflado e imóvel durante horas à espera de conseguir as deliciosas imagens com que nos presenteiam diariamente. Belos guarda-rios, belas poupas, belos chapins e trepadeiras, cuidadosamente selecionados para nos alimentarem o nosso sentido de estética, algumas descobertas interessantes, mas também tanta coisa passada ao lado e ignorada só porque a luz naquele dia não era a melhor e não valia a pena estar a carregar para o campo a pesada teleobjetiva, o tripé e sei lá quantos apetrechos mais.

Cá para mim, gosto de me colocar entre ambos. Pouco percebo de fotografia e considero-me um simples aprendiz de ornitologia. E tenho muita vontade de descobrir. Perder-me à espera de uma boa imagem? Não, há muito mais para ver. Mas a minha modesta máquina fotográfica tem-me dado cá um proveito… É que in loco nem sempre é fácil registar algumas caraterísiticas essenciais para o correto diagnóstico de uma espécie observada. Não fosse esta “companheira”, não teria seguramente descoberto esta e outras gaivotas e já tantas outras espécies que vocês me ajudaram a identificar através das imagens que com ela obtenho.

Um grande bem-haja a quem neste espaço me tem ajudado no meu percurso de aprendizagem, em particular ao Pedro Ramalho que não se cansa de partilhar os seus preciosos conhecimentos.

E um abraço,

Jorge

pedro121 escreveu: Mas apareceu pelo menos uma a norte do Cavado, na Galiza.

Segundo a Sociedade Galega de Ornitoloxía (SGO): «En Galicia apareceron dous exemplares diferentes (Pontevedra e Coruña)»

Helder, põe a malta da foz do Douro atenta!

Araújo da Silva escreveu:
Mas a minha modesta máquina fotográfica tem-me dado cá um proveito… É que in loco nem sempre é fácil registar algumas caraterísiticas essenciais para o correto diagnóstico de uma espécie observada. Não fosse esta “companheira”, não teria seguramente descoberto esta e outras gaivotas e já tantas outras espécies que vocês me ajudaram a identificar através das imagens que com ela obtenho.

A maquina fotografica é para mim uma ferramenta essencial para o observador, faz parte do kitt minimo a levar para o campo, isto para os observadores que pretendem evoluir, em tempos os cadernos de campo e alguma capacidade para o desenho eram imprescindiveis hoje em dia o mesmo efeito é obtido com uma maquina, nem sempre é possivel tirar fotos (maritimas por exemplo), mas quando temos duvidas é só fazer click e depois pensar no assunto, e acreditem que só de gaivotas estranhas eu tenho MUITOS megas de fotos!!! Para ir pensando...

Araújo da Silva escreveu:

PNicolau escreveu:Ainda bem que isto se deu porque já devo ter deixado escapar bastantes destas pensando que eram melanocephalus.

Cá para mim, gosto de me colocar entre ambos. Pouco percebo de fotografia e considero-me um simples aprendiz de ornitologia. E tenho muita vontade de descobrir. Perder-me à espera de uma boa imagem? Não, há muito mais para ver. Mas a minha modesta máquina fotográfica tem-me dado cá um proveito… É que in loco nem sempre é fácil registar algumas caraterísiticas essenciais para o correto diagnóstico de uma espécie observada. Não fosse esta “companheira”, não teria seguramente descoberto esta e outras gaivotas e já tantas outras espécies que vocês me ajudaram a identificar através das imagens que com ela obtenho.

Um grande bem-haja a quem neste espaço me tem ajudado no meu percurso de aprendizagem, em particular ao Pedro Ramalho que não se cansa de partilhar os seus preciosos conhecimentos.

E um abraço,

Jorge

Penso exactamente assim.
Embora já tenha sido criticado por fotografar tudo e mais alguma coisa, não vou deixar de o fazer, pois foi assim que consegui algumas raridades sem o saber.
Ainda bem que existe pessoas como o Pedro, entre outros, sempre dispostos a ajudar, embora alguns achem que devia-mos estar mais atentos no campo, mas nem todos têm o conhecimento que já atingiram uma grande maioria.

Abraço.

Araújo da Silva escreveu:
Helder, põe a malta da foz do Douro atenta!

Vou tentar estar atento, infelizmente só lá posso dar um salto no fim de semana.