Identificação de ave do género Tringa

Viva caríssimos!

No decorrer do último mês de maio dirigi-me a este fórum a pedir ajuda na identificação de duas aves que se confirmou serem MAÇARICOS-DE-DORSO-MALHADO Tringa glareola (ver aqui https://aves.forumeiros.com/t8568-id-tringa-no-estuario-do-cavado). Naquela altura passei algumas horas a observar aquelas “raridades” que entretanto regressaram ao estuário do Cávado no final do mês de julho. Aliás, para ser mais preciso, na segunda oportunidade apenas identifiquei um glareola, que acompanhava um pequeno bando de totanus e outros dois Tringa que não consegui identificar (tão efémera foi a sua permanência), mas enquanto abalavam para montante desta zona húmida, fiquei com a sensação de que eram em quase tudo semelhantes ao glareola, porém tinham o bico aparentemente mais comprido e fino e eram mais escuros na parte superior, o que causava maior contraste com a região ventral branca.

Ficou-me a ideia de que eventualmente seriam dois MAÇARICOS-BIQUE-BIQUE (Tringa ochropus), mas a única “foto” obtida (a uma grande distância) não me satisfez a curiosidade…






Os nevoeiros que nas últimas manhãs têm coberto o estuário do Cávado levaram-me hoje (29.08.2012) até às minas desativadas de Barqueiros, já no concelho de Barcelos, não muito longe da margem esquerda do Cávado e que se caraterizam por várias lagoas com alguma vegetação palustre. Entre muitas espécies de hábitos aquáticos que já estou habituado a observar naqueles ricos habitats semi-naturais, avistei quatro Tringas muito parecidos com os glareola que já me habituei a ver mais perto da foz mas, tal como aqueles dois que me ficaram por identificar, muito mais escuros no dorso, com o bico mais delgado, ligeiramente maiores e mais vocais e a oscilarem com frequência a cauda, assim como o fazem os hypoleucos. Outra diferença relativamente aos “malhados” é que não me permitiram a mínima manobra de aproximação, daí os grandes crops que a seguir apresento.


















Apesar disto, será possível confirmar se estas aves são MAÇARICOS-BIQUE-BIQUE? Ou alguém tem mais alguma sugestão?

Grato

Cumprimentos

Jorge

Sim, são maçaricos Bique bique.

Só mais uma coisa, o habitat tambem é tipico, eu raramente os vejo em zonas de aguas salobras é quase sempre em poças, barrajens ou canais, sempre agua doçe

Viva caríssimos!

Mais uma vez estou-te grato pela ajuda, bem-hajas Pedro.

Ainda relativamente aos ochropus nas imediações do estuário do Cávado:

- numa sempre agradável conversa com o Sérgio Esteves, um dos mais atentos e competentes fotógrafos da aves que conheço, falávamos sobre as nossas mais recentes “descobertas aladas” até que o Sérgio se referiu à observação de um hypoleucos na chamada «Lagoa de Gemeses» no dia 18 de agosto; ora, esta zona húmida a meia dúzia de metros da margem direita do Cávado (ainda no concelho de Esposende) não está sujeita à influência das marés, logo, a água dali é doce – o tal habitat a que o Pedro se refere; assim pedi ao Sérgio para me enviar um registo fotográfico daquela observação e que me autorizou a colocar aqui






Não tenho grandes dúvidas de que é mais um Bique-bique. O que dizem?

Cumprimentos

Jorge

PS: as minas de caulinos de Barqueiros ficam praticamente na margem oposta.

Sim, nota a diferença na estrutura para o das-rochas, mais alto e elegante, numa escala de menos elegante para mais elegante tens:

Rochas-Bique-bique-Bastardo

Já agora, fiquei com curiosidade em relação ao spot, tens fotos do habitat?

A imagem não é a minha área, mas cá vão duas tentativas de fotografia de paisagem:









Abraço

pedro121 escreveu:Só mais uma coisa, o habitat tambem é tipico, eu raramente os vejo em zonas de aguas salobras é quase sempre em poças, barrajens ou canais, sempre agua doçe

Sobre esta questão gostaria de dar um contributo: é um facto que o maçarico-bique-bique é uma limícola menos ligada a zonas de água salobra, mas não se pense que as evita completamente. Já vi a espécie tanto em águas doces (rios, ribeiras, açudes, charcas), como em águas salobras (salinas, valas próximas de estuários...). Ainda ontem vi dois no paul da Barroca, na vala mais conhecida por ribeira das Enguias e onde chega o efeito da maré, logo a água ali alguma salinidade deve ter. Também me lembro que na ria de Alvor a espécie é regular e ali não há água doce.

Gonçalo Elias escreveu:
Já vi a espécie tanto em águas doces (rios, ribeiras, açudes, charcas), como em águas salobras (salinas, valas próximas de estuários...).

E como disse no primeiro texto, estou quase certo de que no final de julho vi dois no estuário do Cávado. Só que isto não me chega, no caso destes Tringa tenho de os fotografar para não haver dúvidas e ainda não perdi a esperança ...

Gonçalo Elias escreveu:[
Sobre esta questão gostaria de dar um contributo: é um facto que o maçarico-bique-bique é uma limícola menos ligada a zonas de água salobra, mas não se pense que as evita completamente. J

Eu penso (sem ir ver na literatura) que eles param em zonas de agua salobra nas migrações mas não ficam muito tempo, pelo menos por aqui não me lembro de ver 1 dois dias seguidos na lagoa de Óbidos (se bem que a lagoa é quase agua salgada) enquanto em zonas de agua doce é normal ver uma ave durante alguns dias.

Araújo da Silva escreveu:
A imagem não é a minha área, mas cá vão duas tentativas de fotografia de paisagem:

Um aspecto muito simpatico para Porzana sp. e nesta altura do ano com ventos nocturnos de leste eu pensava em Felosa-aquatica, não é propriamente o habitat ideal mas deve ser o melhor que se arranja na zona.

pedro121 escreveu: muito simpatico para Porzana sp. e nesta altura do ano com ventos nocturnos de leste eu pensava em Felosa-aquatica

Isso entusiasma-me

E, já agora, parabéns pela tua 'aquática' de Salreu! Para lá dos habituais scirpaceus, o "máximo" que vi por aqui foi uma schoenobaenus...

Quanto às 'frangas'... seria um sonho (qualquer uma).

Estarei atento!