Ambientalistas abrem novo movimento pelo mangal
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Ambientalistas abrem novo movimento pelo mangal
Ambientalistas abrem novo movimento pelo mangal
January 14, 2013
fonte:pontofinalmacau.wordpress.com
A Associação de Ecologia de Macau vai lançar uma campanha na Internet para saber o que as pessoas pensam sobre a construção de lagoas artificiais no mangal da Taipa e tentar travar as obras. O ambientalista Joe Chan diz que o projecto do Governo é “inútil”, “um desperdício” de dinheiro e um risco: “Muitos animais selvagens vão perder o seu habitat”.
Sónia Nunes
É a segunda tentativa dos ambientalistas para travar uma intervenção do Governo no mangal de garças da Taipa, em menos de um ano. A Associação de Ecologia de Macau opõe-se à construção de cinco lagoas artificiais na zona de nidificação de aves selvagens e espera ter o apoio da opinião pública. O grupo prepara-se para lançar esta semana uma campanha na Internet e perguntar às pessoas o que querem que seja feito no lago. À falta de uma consulta pública oficial, o movimento vai arriscar reproduzir o projecto em papel.
“O Governo, até hoje, não conseguiu entregar-nos o projecto completo, nem nenhum plano que permita ver qual vai ser o resultado final das obras. Como não nos deu nada, estamos nós a tentar fazer um esboço para mostrar o que vai acontecer no lago”, conta Joe Chan, vice-presidente da Associação de Ecologia. O professor de biologia explica que os ambientalistas estão a “tentar convencer” a Administração a avançar com mais detalhes sobre a construção das lagoas artificiais e não abrem mão de um princípio. A saber: “Este projecto tem de ter a aceitação das pessoas, não pode ser apenas o Governo a decidir. Os recursos naturais pertencem aos cidadãos de Macau. São eles que têm de decidir”, entende Chan.
O novo projecto do Governo para a zona húmida (e o único habitat de dezenas de subespécies de garças) foi anunciado no mês passado, depois de o secretário para os Transportes e Obras Públicas ter recuado na intenção de construir um Centro de Informação e Segurança Rodoviária no terreno, contestado por ambientalistas, deputados e cidadãos. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) alega que as lagoas artificiais vão melhorar a qualidade da água do mangal e afasta riscos de maior para o ecossistema alojado em frente às casas-museu da Taipa.
Joe Chan tem dúvidas: “Quais são os dados científicos? Há alguma investigação feita ou existem provas de que ao recorrer a lagoas artificiais a qualidade da água vai melhorar e atrair-se mais espécies de animais para a zona?”. A Associação de Ecologia diz que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental ainda não assumiu uma posição pública sobre o projecto do IACM e acusa o Executivo de “ignorar” as opiniões dos grupos ambientalistas.
Por que há oposição? “Temos dúvidas sobre as funções deste tipo de lagoas artificiais. Estas piscinas ecológicas estão absolutamente isoladas e excluídas do ambiente exterior. Estamos muito preocupados com o impacto deste projecto: a intervenção humana no local vai aumentar. E a área do mangal diminuir”, alterta Chan. Os ambientalistas esperam também uma redução do número de aves migratórias que passam por Macau e pernoitam no mangal.
Para turista ver
As obras no mangal já começaram. “Os trabalhos de construção vão ser feitos sem maquinaria pesada. O objectivo é reduzir o impacto do barulho e de outro tipo de poluição”, afirmou Leong Kun Fong, do conselho de administração do IACM, em declarações ao Canal Macau. O projecto do instituto prevê ainda a introdução de 1200 pinheiros de água ao longo de 300 metros do mangal – a ideia é reduzir o impacto da luz do sol e da poluição sonora, segundo Leong – e a colocação de plantas para impedir que o lixo chegue ao habitat dos animais.
“Este conceito está totalmente errado”, reage Joe Chan. O ambientalista explica: “O argumento do Governo é que quer evitar que os turistas atirem lixo para o lago. Isto faz-se com campanhas de educação e com fiscalização, não é construindo lagoas artificiais”. “O que se está a dizer é: ‘Pode atirar lixo aqui porque está afastado das zonas naturais. Não se preocupe em poluir porque é fácil limpar’. Este tipo de pensamento choca-nos. É absolutamente estranho. Em mais nenhum lugar do mundo se encontra esta medida antipoluição”, aponta Joe Chan.
A Associação de Ecologia diz não conseguir fazer um estudo de impacto ambiental desenvolvido do projecto do IACM por não ter “detalhes sobre o que vai ser feito”, mas a antevisão está feita. “Se construírem as cinco lagoas, o nível da água vai baixar e as lagoas vão acabar por secar. Ou seja, vai transformar-se num terreno para construção. É isto que nos preocupa”, reforça Chan.
Há mais críticas: “As espécies vão ser colocadas noutro tipo de lagoas só para os turistas e visitantes tirarem fotografias. Para manter a aparência bonita, vai ser preciso reabastecer as lagoas artificias com água durante a época seca. É completamente inútil e um desperdício de erário público”.
Com a campanha na Internet, a Associação de Ecologia quer “deixar que sejam as pessoas de Macau a decidir” o destino do mangal e se “querem realmente transformar a área natural numa zona artificial ecológica”. “Vamos dar opiniões e informações sobre o impacto do projecto. Muitas pessoas vêem no jornal que são lagoas ecológicas e podem pensar que talvez seja isso bom, é um conceito verde. O certo é que se quiserem mais detalhes do projecto, não vão ter. O Governo não diz nada de concreto”, reforça Chan.
Aves chegam em Fevereiro
O IACM quer ter as obras prontas em Fevereiro, antes da chegada das aves migratórias que usam o mangal para nidificação. “Queremos evitar o impacto na reprodução das garças e este é o momento certo para começarmos as obras porque é a época seca, em que as plantas de lótus não estão em fase de crescimento”, defendeu Leong Kun Fong. As flores de lótus foram plantadas pelo Governo segundo a Associação de Ecologia, que diz que a intervenção prejudicou a qualidade da água e resultou em perda de oxigénio no lago – o que alterou os hábitos dos pássaros e as características do mangal, de acordo com os ambientalistas que dão um prazo de cinco anos para a cadeia alimentar no lago ficar destruída.
O estudo que o IACM encomendou à Universidade de Sun Yat-seng, em Zongshan, confirmou a biodiversidade do mangal da Taipa e aconselhou cautela. “É uma zona natural que, com menos interferência humana seria mais saudável, mais ecológica. Se tivermos intervenção humana, vai demorar mais tempo para recuperar o estado original”, afirmou, em Outubro, o líder da equipa de 30 peritos, Tiangang Luan.
O mangal é hoje habitat para sapos – “muito sensíveis à mudança do ambiente, da qualidade do solo e da água”, segundo Tiangang Luan – mamíferos (ratos e morcegos), insectos (libelinhas, sobretudo), peixes, caranguejos e 33 tipos de aves, muitas delas migratórias. E podem ser mais: a equipa de especialistas da Sun Yat-seng disse acreditar existirem mais espécies no mangal do que aquelas que foram identificadas.
Os peritos recolheram também cinco amostras de água e concluíram que a a qualidade da água é média, a tender para o boa. Os resultados foram, porém, contestados pela Associação de Ecologia de Macau que observa o estado do lago desde 2007.
“A qualidade de água precisa realmente de ser melhorada. Mas, para isso, é preciso fazer pesquisas aprofundadas e não andar a correr: estão a acelerar com este projecto, a trabalhar 24 horas por dia, só para estar pronto antes da chegada das aves”, vinca Joe Chan. “Se as lagoas artificiais ficarem concluídas no próximo mês, o mangal vai parecer muito bem, verde, bom para tirar fotografias. Mas, e depois? O que nos preocupa são os efeitos a longo prazo”, remata.
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2013/01/14/ambientalistas-abrem-novo-movimento-pelo-mangal/
January 14, 2013
fonte:pontofinalmacau.wordpress.com
A Associação de Ecologia de Macau vai lançar uma campanha na Internet para saber o que as pessoas pensam sobre a construção de lagoas artificiais no mangal da Taipa e tentar travar as obras. O ambientalista Joe Chan diz que o projecto do Governo é “inútil”, “um desperdício” de dinheiro e um risco: “Muitos animais selvagens vão perder o seu habitat”.
Sónia Nunes
É a segunda tentativa dos ambientalistas para travar uma intervenção do Governo no mangal de garças da Taipa, em menos de um ano. A Associação de Ecologia de Macau opõe-se à construção de cinco lagoas artificiais na zona de nidificação de aves selvagens e espera ter o apoio da opinião pública. O grupo prepara-se para lançar esta semana uma campanha na Internet e perguntar às pessoas o que querem que seja feito no lago. À falta de uma consulta pública oficial, o movimento vai arriscar reproduzir o projecto em papel.
“O Governo, até hoje, não conseguiu entregar-nos o projecto completo, nem nenhum plano que permita ver qual vai ser o resultado final das obras. Como não nos deu nada, estamos nós a tentar fazer um esboço para mostrar o que vai acontecer no lago”, conta Joe Chan, vice-presidente da Associação de Ecologia. O professor de biologia explica que os ambientalistas estão a “tentar convencer” a Administração a avançar com mais detalhes sobre a construção das lagoas artificiais e não abrem mão de um princípio. A saber: “Este projecto tem de ter a aceitação das pessoas, não pode ser apenas o Governo a decidir. Os recursos naturais pertencem aos cidadãos de Macau. São eles que têm de decidir”, entende Chan.
O novo projecto do Governo para a zona húmida (e o único habitat de dezenas de subespécies de garças) foi anunciado no mês passado, depois de o secretário para os Transportes e Obras Públicas ter recuado na intenção de construir um Centro de Informação e Segurança Rodoviária no terreno, contestado por ambientalistas, deputados e cidadãos. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) alega que as lagoas artificiais vão melhorar a qualidade da água do mangal e afasta riscos de maior para o ecossistema alojado em frente às casas-museu da Taipa.
Joe Chan tem dúvidas: “Quais são os dados científicos? Há alguma investigação feita ou existem provas de que ao recorrer a lagoas artificiais a qualidade da água vai melhorar e atrair-se mais espécies de animais para a zona?”. A Associação de Ecologia diz que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental ainda não assumiu uma posição pública sobre o projecto do IACM e acusa o Executivo de “ignorar” as opiniões dos grupos ambientalistas.
Por que há oposição? “Temos dúvidas sobre as funções deste tipo de lagoas artificiais. Estas piscinas ecológicas estão absolutamente isoladas e excluídas do ambiente exterior. Estamos muito preocupados com o impacto deste projecto: a intervenção humana no local vai aumentar. E a área do mangal diminuir”, alterta Chan. Os ambientalistas esperam também uma redução do número de aves migratórias que passam por Macau e pernoitam no mangal.
Para turista ver
As obras no mangal já começaram. “Os trabalhos de construção vão ser feitos sem maquinaria pesada. O objectivo é reduzir o impacto do barulho e de outro tipo de poluição”, afirmou Leong Kun Fong, do conselho de administração do IACM, em declarações ao Canal Macau. O projecto do instituto prevê ainda a introdução de 1200 pinheiros de água ao longo de 300 metros do mangal – a ideia é reduzir o impacto da luz do sol e da poluição sonora, segundo Leong – e a colocação de plantas para impedir que o lixo chegue ao habitat dos animais.
“Este conceito está totalmente errado”, reage Joe Chan. O ambientalista explica: “O argumento do Governo é que quer evitar que os turistas atirem lixo para o lago. Isto faz-se com campanhas de educação e com fiscalização, não é construindo lagoas artificiais”. “O que se está a dizer é: ‘Pode atirar lixo aqui porque está afastado das zonas naturais. Não se preocupe em poluir porque é fácil limpar’. Este tipo de pensamento choca-nos. É absolutamente estranho. Em mais nenhum lugar do mundo se encontra esta medida antipoluição”, aponta Joe Chan.
A Associação de Ecologia diz não conseguir fazer um estudo de impacto ambiental desenvolvido do projecto do IACM por não ter “detalhes sobre o que vai ser feito”, mas a antevisão está feita. “Se construírem as cinco lagoas, o nível da água vai baixar e as lagoas vão acabar por secar. Ou seja, vai transformar-se num terreno para construção. É isto que nos preocupa”, reforça Chan.
Há mais críticas: “As espécies vão ser colocadas noutro tipo de lagoas só para os turistas e visitantes tirarem fotografias. Para manter a aparência bonita, vai ser preciso reabastecer as lagoas artificias com água durante a época seca. É completamente inútil e um desperdício de erário público”.
Com a campanha na Internet, a Associação de Ecologia quer “deixar que sejam as pessoas de Macau a decidir” o destino do mangal e se “querem realmente transformar a área natural numa zona artificial ecológica”. “Vamos dar opiniões e informações sobre o impacto do projecto. Muitas pessoas vêem no jornal que são lagoas ecológicas e podem pensar que talvez seja isso bom, é um conceito verde. O certo é que se quiserem mais detalhes do projecto, não vão ter. O Governo não diz nada de concreto”, reforça Chan.
Aves chegam em Fevereiro
O IACM quer ter as obras prontas em Fevereiro, antes da chegada das aves migratórias que usam o mangal para nidificação. “Queremos evitar o impacto na reprodução das garças e este é o momento certo para começarmos as obras porque é a época seca, em que as plantas de lótus não estão em fase de crescimento”, defendeu Leong Kun Fong. As flores de lótus foram plantadas pelo Governo segundo a Associação de Ecologia, que diz que a intervenção prejudicou a qualidade da água e resultou em perda de oxigénio no lago – o que alterou os hábitos dos pássaros e as características do mangal, de acordo com os ambientalistas que dão um prazo de cinco anos para a cadeia alimentar no lago ficar destruída.
O estudo que o IACM encomendou à Universidade de Sun Yat-seng, em Zongshan, confirmou a biodiversidade do mangal da Taipa e aconselhou cautela. “É uma zona natural que, com menos interferência humana seria mais saudável, mais ecológica. Se tivermos intervenção humana, vai demorar mais tempo para recuperar o estado original”, afirmou, em Outubro, o líder da equipa de 30 peritos, Tiangang Luan.
O mangal é hoje habitat para sapos – “muito sensíveis à mudança do ambiente, da qualidade do solo e da água”, segundo Tiangang Luan – mamíferos (ratos e morcegos), insectos (libelinhas, sobretudo), peixes, caranguejos e 33 tipos de aves, muitas delas migratórias. E podem ser mais: a equipa de especialistas da Sun Yat-seng disse acreditar existirem mais espécies no mangal do que aquelas que foram identificadas.
Os peritos recolheram também cinco amostras de água e concluíram que a a qualidade da água é média, a tender para o boa. Os resultados foram, porém, contestados pela Associação de Ecologia de Macau que observa o estado do lago desde 2007.
“A qualidade de água precisa realmente de ser melhorada. Mas, para isso, é preciso fazer pesquisas aprofundadas e não andar a correr: estão a acelerar com este projecto, a trabalhar 24 horas por dia, só para estar pronto antes da chegada das aves”, vinca Joe Chan. “Se as lagoas artificiais ficarem concluídas no próximo mês, o mangal vai parecer muito bem, verde, bom para tirar fotografias. Mas, e depois? O que nos preocupa são os efeitos a longo prazo”, remata.
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cumprimentos José Heitor
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