Uma espécie sul-americana em Almada.

RuiCaratao escreveu:
já me lixaste!!! mas não foram esses que estabeleceram as pop. selvagens?

Não, foram os "normais", não é frequente as espécies fortemente domesticadas conseguirem estabelecer populações ferais, o Ganso do Egipto não é de facto uma espécie fortemente domesticada porque são utilizados em parques/jardins em condições semi naturais e portanto altamente propensas a eventos de colonização.

Gonçalo Elias escreveu:
E mesmo com as categorias, a distinção entre os dois casos nem sempre é evidente. O caso mais óbvio será porventura o dos Lonchura malacca, que se pensava terem formado populações auto-sustentáveis mas que neste momento deixaram de ser vistos, por aquilo que sei... aliás o próprio conceito de auto-sustentável é subjectivo...

Sim, mas nesse caso, como noutros envolvendo outras espécies na Europa e nos USA considerou-se que a população estava em expansão e era autosustentavel e posteriormente essa população entrou em colapso e desapareceu, e isso devido a uma variadade de motivos, portanto é necessário critérios objectivos e testados para tentar reduzir o numero de casos em que espécies são consideradas auto-sustentaveis para depois... puff...

pedro121 escreveu:Sim, mas nesse caso, como noutros envolvendo outras espécies na Europa e nos USA considerou-se que a população estava em expansão e era autosustentavel e posteriormente essa população entrou em colapso e desapareceu

É um dado adquirido que a população entrou em colapso?

Eu apenas referi que deixaram de ser vistos, mas não sei se há dados quantitativos que permitam afirmar que entrou em colapso...

Gonçalo Elias escreveu:
Eu apenas referi que deixaram de ser vistos, mas não sei se há dados quantitativos que permitam afirmar que entrou em colapso...

Eu estava a falar de um modo geral e não especificamente do caso português, no entanto existe muito esforço dirigido para encontrar o lonchura nas zonas "tradicionais" e desde há algum tempo que nenhum é visto, portanto como eram aparentemente "faceis" de ver nessas zonas no passado, e actualmente com tanto ou mais esforço não se dá com eles, é razoável concluir que ou houve uma diminuição populacional ou a população deslocou-se para outras zonas.

Tal como não havia provavelmente dados quantitativos que afirmassem que a espécie era auto-sustentável e se tinha estabelecido!

RuiCaratao escreveu:Tal como não havia provavelmente dados quantitativos que afirmassem que a espécie era auto-sustentável e se tinha estabelecido!

De acordo quanto a isto. A fronteira é sempre algo ténue e o conceito de auto-sustentável tem o seu quê de subjectivo.

Uma vez que resido em Almada e visito frequentemente o Parque da Paz, acho que posso acrescentar alguma informação sobre os anatídeos "selvagens" deste parque.

Desde 2007 que tenho acompanhado estas populações, as quais, tanto quanto sei, surgem no parque por meios próprios (fugidos de cativeiro, como por exemplo de um vizinho parque de aves ornamentais) ou, ainda mais frequentemente, são aí introduzidas e mantidas por habitantes da zona. A Câmara Municipal de Almada não introduziu nenhum destes indivíduos, nem sequer mantem essas populações. São os visitantes do parque que os alimentam com regularidade, de forma espontânea.

Ao longo destes anos, registei um total de 12 espécies de anatídeos, algumas das quais sempre presentes, outras mais irregulares, outras ainda com reprodução confirmada etc.:

Cygnus olor (reprodução confirmada, já foram mais comuns que agora)
Coscoroba coscoroba (registos pontuais)
Anser anser (reprodução confirmada e hibridizados com A. cygnoides)
Anser cygnoides (hibridizados com A. anser)
Chloephaga picta (reprodução confirmada, já foram mais comuns que agora)
Alopochen aegyptiaca (regular)
Cairina moschata (regular)
Tadorna ferruginea (registos pontuais, selvagem?)
Anas platyrhynchos (regular, já foram mais comuns que agora, alguns selvagens?)
Calloneta leucophrys (registos pontuais)
Aix galericulata (registos pontuais)
Aix sponsa (registos pontuais)

Deste conjunto, eventualmente só parte dos A. platyrhynchos poderão ser de ocorrência natural, sendo a maior parte dos outros provenientes certamente de cativeiro (até pelo comportamento demasiado tolerante em relação à presença humana).