Id Calidris (minuta)

Viva caríssimos!

A confirmar-se, esta é a segunda vez que observo um Calidris minuta no estuário do Cávado.





Peço opinião a quem estiver mais habituado a observar a espécie.

(Ave observada na margem direita daquela zona húmida a jusante da ponte velha em 23SET2013).

Grato e bem-hajam.

Jorge

Sim Jorge, concordo com Calidris minuta. Bico relativamente curto e direito, fronte pálida, lista supraciliar "dupla" (dividida), riscas brancas no dorso, penas das coberturas com tons ferrugíneos e orlas brancas. Diria que é um juvenil...

Sim, um minuta juvenil fresco.

Interessante, eu esperaria que a espécie fosse vista com mais regularidade...

Gonçalo Elias escreveu:Interessante, eu esperaria que a espécie fosse vista com mais regularidade...

Eles não parecem ser regulares nos pequenos estuários, que não tenham salinas como zona de refugio, na lagoa de obidos também é 1-2 de cada vez, são mais fáceis nas garagens aqui do que propriamente na lagoa que é um estuário "semelhante" ao cavado.

bem vista a questão das salinas (no Alvor, como há salinas, a espécie é mais frequente, ainda que raramente numerosa); mas não percebi a referência às garagens...

Gonçalo Elias escreveu:mas não percebi a referência às garagens...

   Barragens... dislexia...

Gonçalo:
Receio que relativamente a várias espécies haja alguns problemas de cobertura na foz do Cávado. Ao contrário do que possa parecer, conheço poucos bem preparados, ou melhor, interessados em fazer verdadeira observação de aves neste estuário (a proliferação gente a fazer fotografia de aves poderá estar a contribuir para o equívoco de que aqui haja muitos birdwatchers).
Posso, porém, garantir que o Calidris minuta é efectivamente escasso nesta zona húmida. É uma das espécies a que tenho estado muito atento e de facto é apenas a segunda vez que observo um exemplar (em 17 anos).

Talvez a gente que faz fotografia tenha também um bocadinho de "Observador de aves" muitas pessoas que fazem fotografia acabam por cobrir um bocadinho aqui e ali, tá bem tá bem alguns como nós não sabem destinguir muitas espécies, mas para isso contamos com ajuda de pessoas mais experientes para ajudar...
Acho que também vamos aprendendo...

Patrícia e Luís

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:mas não percebi a referência às garagens...

   Barragens... dislexia...

lol

Grande foto Araujo. Pensei que tinha fotografado um no outro dia mas ...
Um abraço

O que o Jorge queria dizer, se bem entendi, nada tem de depreciativo para os fotografos. É claro que têm que ter um pouco de observador de aves, mas a abordagem que muitos têm com os locais que visitam é apenas do ponto de vista do que é fotografável e não tanto de ter uma preocupação em ver tudo o que há, como por exemplo a composição de bandos de limícolas a grande distância no meio do estuário.
Ainda recentemente estive em Sagres, no famoso P1 e apareceram por lá alguns fotografos, munidos unicamente de câmara. Uns tiveram 10 min outros 20 e como não havia circulação intensa de rapinas, foram em busca de outros "alvos". Nada de mal nesta abordagem, mas como é óbvio não viram nem 1/10 do que eu vi, que estive lá todo o dia. Podia ter coincidido a sua estadia com os 30 segundos em que 1 F. eleanore adulto andou à bulha com 2 peneireiros, ou com a pesqueira que passou pertíssimo, tal como os falcões abelheiros, ou com os 3 abutres do Egipto que passaram razovelmente perto às voltinhas, etc. etc., já para não falar que tudo os que lhes passava longe simplesmente "não interessava". Penso que era a isto que o Jorge se referia, mas ele que me corrija se estiver errado.

Araújo da Silva escreveu:Gonçalo:
Receio que relativamente a várias espécies haja alguns problemas de cobertura na foz do Cávado. Ao contrário do que possa parecer, conheço poucos bem preparados, ou melhor, interessados em fazer verdadeira observação de aves neste estuário (a proliferação gente a fazer fotografia de aves poderá estar a contribuir para o equívoco de que aqui haja muitos birdwatchers).

Uiii, tema polémico, mas muito interessante, logo para começar teríamos que definir o que é um verdadeiro birdwatcher.

Bom, eu vou definir como fotografo as pessoas que começam a ver aves devido a um interesse previo em fotografia, e que devido a isso começam a fotografar aves.

Os fotógrafos podem ser bons observadores, especialmente a nível local, o facto de estarem sempre a fotografar na mesma zona e as mesmas aves faz com estejam mais atentos quando aparece algo fora de normal, não quer disser com isso que saibam o que é, ou pensem em documentar convenientemente a ocorrência, mas o nível de sensibilidade dos fotógrafos vais aumentando com o tempo.

Um fotografo não precisa de saber identificar tudo o que lhe aparece á frente, mas um fotografo experiente se vir alguma ave estranha deve encher o cartão, just in case. 

O nivel de cobertura a norte está a aumentar, isso não quer dizer que hajam na zona grandes observadores, ou muitos observadores, mas quer dizer que o numero de observadores/fotografos aumentou e o nível está também a aumentar.

Este ano no Douro já foram encontradas 6-7 raridades, a maioria delas por fotógrafos e varias delas bem identificadas.

na zona norte nos últimos anos foram encontradas 6-7 Tarambolas-douradas-americanas, constituindo o grosso dos registos da espécie para esse período de tempo, e no entanto antes de 2010 não havia nenhum registo nessa zona. o que aconteceu com as gaivotas é também significativo.

Portanto, pode não haver muitos observadores, mas em termos de boas aves, alguém as anda a encontrar, e não são poucas...

Carlos Pacheco escreveu:
Ainda recentemente estive em Sagres, no famoso P1 e apareceram por lá alguns fotografos, munidos unicamente de câmara. Uns tiveram 10 min outros 20 e como não havia circulação intensa de rapinas, foram em busca de outros "alvos". Nada de mal nesta abordagem, mas como é óbvio não viram nem 1/10 do que eu vi, que estive lá todo o dia. Podia ter coincidido a sua estadia com os 30 segundos em que 1 F. eleanore adulto andou à bulha com 2 peneireiros, ou com a pesqueira que passou pertíssimo, tal como os falcões abelheiros, ou com os 3 abutres do Egipto que passaram razovelmente perto às voltinhas, etc.

Sim, mas isso eu também faria, investir tempo em rapinas num dia de fraca passagem não faz particularmente sentido, assim como não faz sentido investir tempo em marinhas num dia morto, embora eu saiba perfeitamente que podem passar boas aves nessas condições, a probabilidade é que não passem...

E nada de mal com essa abordagem, mas o que entendi do comentário do Jorge é que muitas vezes quem lá vai não olha para todos os locais ou pelo menos para tudo o que fica fora do alcance das lentes e isso leva a que possa escapar muita coisa, que até pode lá ocorrer de forma regular

Já para não referir que as raridades também ocorrem em dias "fracos" :-)

Carlos Pacheco escreveu:E nada de mal com essa abordagem, mas o que entendi do comentário do Jorge é que muitas vezes quem lá vai não olha para todos os locais ou pelo menos para tudo o que fica fora do alcance das lentes e isso leva a que possa escapar muita coisa, que até pode lá ocorrer de forma regular

Sim, isso é típico, um fotografo que vá fotografar um guarda-rios, pode ter todo tipo de aves a passar-lhe ao lado que mantém-se fixo no poleiro á espera que a ave chegue...  

Por outro lado um observador que goste de ler anilhas de gaivotas pode ficar tão entretido com isso que não repara que no outro lado do bando está uma gaivota rara...  

A verdade é que escapam muitas aves, e não estou a falar de raridades, aves escassas para os "quintais" passam facilmente despercebidas, este ano por exemplo não tenho ido muito á poça da amoreira, a malta da fotografia já lá viu 2-3 espécies que nunca vi no local, uma das quais é escassa na zona...

Já agora podes adiantar quais são, pois esse local é bastante interessante.

Só é preciso estar no local certo no momento certo, se não fosse isso eu não teria 262 espécies fotografadas, sem contar com as observadas, em pouco mais de dois anos. 

Entre as quais algumas verdadeiras raridades. É como o Ronaldo, o que ele precisa é que a bola vá ter com ele, depois ele faz o resto  

Carlos Pacheco escreveu:Já agora podes adiantar quais são, pois esse local é bastante interessante.

Nada de especial a nivel nacional Carlos, mas de interesse para o sitio:

Pilrito-comum,
Combatente,

E o mais interessante para a zona

1 pilrito-pequeno   


O local seria mais interessante se não passassem a vida a despejar lixo na entrada sul, e se a zona norte não secasse...

E se as aves não tivessem tanto medo das pessoas, mas pronto, isso é o menos, não é que tenham muitos patos para caçar, mas deve ir dando para o gasto... 

José Frade escreveu:Só é preciso estar no local certo no momento certo, se não fosse isso eu não teria 262 espécies fotografadas, sem contar com as observadas, em pouco mais de dois anos. 

Sim, mas tu foste aos locais certos nas alturas certas, isso faz a diferença.

O Carlos entendeu-me plenamente e exprimiu ipsis verbis o que eu pretendia dizer. Assim, nada mais há mais a acrescentar, além de que tenho aprendido muito sobre aves à conta dos muitos fotógrafos desta e de outras regiões do país. Eu, que não sou fotógrafo, estou-lhes muito grato por isso.

Cumprimentos

Jorge

E eu também! Aliás o que seria deste forum sem as fotos dos pedidos de ID e da galeria? Sempre dá para aliviar uns momentos dos assuntos mais maçudos do dia a dia

E eu diria o contrario, que seria de nós, fotógrafos, se não fossem vocês a dizer o que fotografamos