Aves Estivais de Portugal

Gonçalo Elias escreveu:Não é bem assim, já nidificaram pelo menos duas vezes (embora sejam claramente eventox excepcionais)

O terem nidificado em duas ocasiões não quer dizer que tenham criado, e não o fizeram, podem ter construido ninho e incubado, mas não nasceu nada.

Gonçalo Elias escreveu:A Ardeola não sei se nidifica todos os anos.
Em ambos os casos estamos pois a falar de espécies que podem nidificar

Este é o ponto critico, cria ou não o Papa-ratos todos os anos em Portugal?

Gonçalo Elias escreveu:É certo que espécies como águias-calçadas, andorinhas-das-chaminés ou borrelhos-pequenos-de-coleira (só para citar alguns) podem ser vistos o ano todo, especialmente no sul, mas não sabemos se há individuos residentes ou se, pelo contrário, as aves que vistas no Inverno são na verdade indivíduos de origem alóctone.

Certo, não devia ter usado o termo população, bom, digamos então que em algumas espécies é possível encontrar indivíduos dessas espécies durante todo o ano em Portugal, admitindo como possível e nalguns casos até como certo que os indivíduos que cá estão no inverno não são os que cá estão no período de reprodução.

Gonçalo Elias escreveu:No que se refere aos flamingos, tenho grandes dúvidas sobre isso. Não tenho números recentes, mas lembro-me que na década de 1990 os números máximos de aves eram registados em Maio e em Outubro. Isto não é propriamente aquilo a que eu chamaria invernante.

E porque não? Uma espécie invernante é uma em que o maior numero de indivíduos chega à área de invernada fora do período reprodutor e que não se reproduz na área de invernada, o problema claro é que os flamingos são por natureza nómadas e só criam em determinados anos, influxo de aves em Maio não são de estranhar, são alias de esperar basta ser um ano de seca ou muito chuvoso para falhar a reprodução e as aves retornarem em Maio, nada disso é anómalo tendo em conta as especificidades da ecologia da espécie.

pedro121 escreveu:
O terem nidificado em duas ocasiões não quer dizer que tenham criado, e não o fizeram, podem ter construido ninho e incubado, mas não nasceu nada.

Numa das ocasiões foram vistas crias. Isto sucedeu em Castro Marim há cerca de 25 anos.

pedro121 escreveu:Este é o ponto critico, cria ou não o Papa-ratos todos os anos em Portugal?

Não sei. E não sei se alguém sabe.

pedro121 escreveu:E porque não? Uma espécie invernante é uma em que o maior numero de indivíduos chega à área de invernada fora do período reprodutor e que não se reproduz na área de invernada, o problema claro é que os flamingos são por natureza nómadas e só criam em determinados anos, influxo de aves em Maio não são de estranhar, são alias de esperar basta ser um ano de seca ou muito chuvoso para falhar a reprodução e as aves retornarem em Maio, nada disso é anómalo tendo em conta as especificidades da ecologia da espécie.

Entendo o raciocínio mas continuo a ter alguma dificuldade em chamar invernante a uma espécie que anda por cá durante todo o ano em números que nem sequer são máximos no Inverno.

Gonçalo Elias escreveu:
Entendo o raciocínio mas continuo a ter alguma dificuldade em chamar invernante a uma espécie que anda por cá durante todo o ano em números que nem sequer são máximos no Inverno.

Mas isso é porque as classificações classicas de estival, invernante e residente são limitadas e não é possível encaixar algumas espécies nelas.

Olha o painho-da-madeira, é residente, estival ou invernante

pedro121 escreveu:Mas isso é porque as classificações classicas de estival, invernante e residente são limitadas e não é possível encaixar algumas espécies nelas.

Pois são, e não vale a pena tentar encaixar todas as espécies à força numa dessas categorias.

pedro121 escreveu:Olha o painho-da-madeira, é residente, estival ou invernante

Não tenho muita informação sobre essa espécie para te poder dar uma resposta convicta.
Talvez a espécie seja parcialmente residente, não sei? Talvez "residente ou dispersivo".
Estival parece-me fora de questão, uma vez que o período de nidificação é no Outono e no Inverno.
No livro que já citei vem referido "Nidificante raro e muito localizado".

Gonçalo Elias escreveu:
Estival parece-me fora de questão, uma vez que o período de nidificação é no Outono e no Inverno.
No livro que já citei vem referido "Nidificante raro e muito localizado".

Que é muito localizado estamos todos de acordo, mas os últimos censos indicam uma população nidificante com mais de uma centena de casais, não sei os números exactos, mas seguramente tem mais casais do que outras espécies "mais comuns" .

pedro121 escreveu:Que é muito localizado estamos todos de acordo, mas os últimos censos indicam uma população nidificante com mais de uma centena de casais, não sei os números exactos, mas seguramente tem mais casais do que outras espécies "mais comuns" .

Estás a sugerir que uma espécie que tenha mais de 100 casais nidificantes não deve ser considerada "rara"?

Gonçalo Elias escreveu:
Estás a sugerir que uma espécie que tenha mais de 100 casais nidificantes não deve ser considerada "rara"?

Quem, eu Nota que ela nem rara é, é mesmo raridade CPR...

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
Estás a sugerir que uma espécie que tenha mais de 100 casais nidificantes não deve ser considerada "rara"?

Quem, eu  Nota que ela nem rara é, é mesmo raridade CPR...

Não é bem uma raridade... tem uma categoria esquisita, a que poderíamos chamar "raridade regional".

Nem sei bem quais são os limites em que é ou deixa de ser raridade...

Gonçalo Elias escreveu:
Não é bem uma raridade... tem uma categoria esquisita, a que poderíamos chamar "raridade regional".

O assunto já foi discutido aqui algures, se antes achava estranho depois fiquei a achar que era absurdo.

É este tópico certo?

Pois eu concordo totalmente contigo.

Aliás acho que o conceito de "raridades regionais" não faz lá muito sentido...

Gonçalo Elias escreveu:
Aliás acho que o conceito de "raridades regionais" não faz lá muito sentido...

Pelo menos não ao nível do CPR que já tem trabalho a mais com as raridades administrativas, e com as raridades reais para estar a validar raridades regionais (não confundir com raridades na Madeira e Açores).