As Aves Invernantes de Portugal Continental

Tópico para discutirmos temáticas relacionadas com as aves invernantes que ocorrem em Portugal continental.

Segue uma proposta de lista das aves invernantes que ocorrem em Portugal continental organizada por ordem alfabética (65 espécies):

Abibe Vanellus vanellus
Airo Uria aalge
Arrábio Anas acuta
Borrelho-grande-de-coleira Charadrius hiaticula
Chapim-de-faces-pretas / Chapim-de-mascarilha Remiz pendulinus
Combatente Calidris pugnax
Coruja-do-nabal Asio flammeus
Escrevedeira-das-neves Plectrophenax nivalis
Esmerilhão Falco columbarius
Estorninho-malhado Sturnus vulgaris
Ferreirinha-alpina / Ferreirinha-serrana Prunella collaris
Fuselo Limosa lapponica
Gaivota-de-bico-fino Larus genei
Gaivota-de-bico-riscado Larus delawarensis
Gaivota-de-cabeça-preta Larus melanocephalus
Gaivota-parda / Famego Larus canus
Gaivota-prateada Larus argentatus
Gaivota-tridáctila Rissa tridactyla
Gaivotão-real Larus marinus
Galinhola Scolopax rusticola
Ganso-bravo Anser anser
Ganso-de-faces-pretas Branta bernicla
Garajau-grande Hydroprogne caspia
Grou-comum Grus grus
Lugre Carduelis spinus
Maçarico-bique-bique Tringa ochropus
Maçarico-galego Numenius phaeopus
Maçarico-real Numenius arquata
Marrequinha Anas crecca
Melro-de-peito-branco / Melro-de-colar Turdus torquatus
Merganso-de-poupa Mergus serrator
Mergulhão-de-crista Podiceps cristatus
Mergulhão-de-pescoço-preto / Cagarraz Podiceps nigricollis
Maçarico-de-bico-direito / Milherango Limosa limosa
Mobelha-grande Gavia immer
Moleiro-grande / Alcaide Stercorarius skua
Narceja-comum Gallinago gallinago
Narceja-galega Lymnocryptes minimus
Paínho-de-cauda-forcada Oceanodroma leucorhoa
Papagaio-do-mar Fratercula arctica
Pato-preto / Negrola-comum Melanitta nigra
Perna-verde-comum Tringa nebularia
Perna-vermelha-comum Tringa totanus
Petinha de Richard Anthus richardi
Petinha-marítima Anthus petrosus
Petinha-ribeirinha Anthus spinoletta
Piadeira Anas penelope
Pilrito de Temminck Calidris temminckii
Pilrito-das-praias Calidris alba
Pilrito-de-bico-comprido Calidris ferruginea
Pilrito-comum / Pilrito-de-peito-preto Calidris alpina
Pilrito-escuro Calidris maritima
Pilrito-pequeno Calidris minuta
Pisco-de-peito-azul Luscinia svecica
Rola-do-mar Arenaria interpres
Seixoeira Calidris canutus
Tarambola-cinzenta Pluvialis squatarola
Tarambola-dourada Pluvialis apricaria
Tentilhão-montês Fringilla montifringilla
Torda-mergulheira Alca torda
Tordo-ruivo Turdus iliacus
Tordo-zornal Turdus pilaris
Trepadeira-dos-muros / Trepa-fragas Tichodroma muraria
Zarro-bastardo / Negrelho Aythya marila
Zarro-negrinha / Negrinha Aythya fuligula

Agradeço ao Pedro Ramalho a ajuda preliminar disponibilizada que antecedeu à criação deste tópico.

Boas observações!

Está aberta a discussão!

O Perna-amarela-pequeno Tringa flavipes é uma raridade e não um invernate (gralha da minha parte)

Os Moleiro-pomarino / Moleiro do Árctico Stercorarius pomarinus
Moleiro-pequeno Stercorarius parasiticus são migradores de passagem, existem avistamentos de inverno, mas dai a serem invernantes vai uma distancia

Ricardo,

Convém ter presente que allgumas das espécies que referes não são apenas invernantes, mas são também migradoras de passagem.

No que se refere à lista propriamente dita, alguns comentários:

Abibe Vanellus vanellus - nidifica em números reduzidos, pelo que não é estritamente invernante
Gaivota-de-bico-fino Larus genei - não sei bem como descrever o estatuto desta espécie, mas não é invernante
Maçarico-galego Numenius phaeopus - este é essencialmente um migrador de passagem, embora alguns invernantes fiquem por cá
Mergulhão-de-crista Podiceps cristatus - essencialmente residente
Mergulhão-de-pescoço-preto / Cagarraz Podiceps nigricollis - já nidificou, mas ao contrário do abibe esse acontecimento parece ter sido excepcional
Moleiro-pomarino / Moleiro do Árctico Stercorarius pomarinus - sobretudo migrador de passagem, acho eu
Narceja-comum Gallinago gallinago - deverá ainda nidificar em números muito reduzidos no norte do país
Perna-amarela-pequeno Tringa flavipes - isto é acidental, não invernante
Perna-vermelha-comum Tringa totanus - nidifica em números reduzidos no Algarve e possivelmente no Tejo
Petinha-ribeirinha Anthus spinoletta - tem um casal nidificante em Trás-os-Montes
Pilrito-de-bico-comprido Calidris ferruginea - sobretudo migrador de passagem, com alguns indivíduos invernantes
Pilrito-pequeno Calidris minuta - idem
Seixoeira Calidris canutus - idem

Nota: não estou a sugerir que removas estas espécies da lista, mas talvez faça sentido criar umas subdivisões entre aquelas que são estritamente invernantes e aquelas que nidificam localmente ou ocasionalmente...

Retirei o perna-amarela-pequeno, o moleiro-pomarino e o moleiro-pequeno (65 espécies).

Gonçalo, a ideia de subdivisões agrada-me...

Pilrito-de-temminck?
Sim, há uns indivíduos invernantes, mas a maior parte da população é MP.

Gonçalo Elias escreveu:
Abibe Vanellus vanellus - nidifica em números reduzidos, pelo que não é estritamente invernante
Mergulhão-de-crista Podiceps cristatus - essencialmente residente
Moleiro-pomarino / Moleiro do Árctico Stercorarius pomarinus - sobretudo migrador de passagem, acho eu
Perna-amarela-pequeno Tringa flavipes - isto é acidental, não invernante
Narceja-comum Gallinago gallinago - deverá ainda nidificar em números muito reduzidos no norte do país

Concordo

Numa orientação geral da lista, não me faz nenhuma confusão manter espécies cuja população invernante seja pequena em comparação com o numero de migradores.

Gonçalo Elias escreveu:Gaivota-de-bico-fino Larus genei - não sei bem como descrever o estatuto desta espécie, mas não é invernante

E porque não?

Gonçalo Elias escreveu:Maçarico-galego Numenius phaeopus - este é essencialmente um migrador de passagem, embora alguns invernantes fiquem por cá
Pilrito-de-bico-comprido Calidris ferruginea - sobretudo migrador de passagem, com alguns indivíduos invernantes
Pilrito-pequeno Calidris minuta - idem
Seixoeira Calidris canutus - idem

Todas tem populações invernantes, mesmo que pequenas em relação aos indivíduos migratórios

Gonçalo Elias escreveu:Mergulhão-de-pescoço-preto / Cagarraz Podiceps nigricollis - já nidificou, mas ao contrário do abibe esse acontecimento parece ter sido excepcional
Perna-vermelha-comum Tringa totanus - nidifica em números reduzidos no Algarve e possivelmente no Tejo
Petinha-ribeirinha Anthus spinoletta - tem um casal nidificante em Trás-os-Montes

À dados recentes sobre a nidificação destas espécies, especialmente do Perna-vermelha?

.

PNicolau escreveu:Pilrito-de-temminck?
Sim, há uns indivíduos invernantes, mas a maior parte da população é MP.

pode não ser invernante regular, o haver alguns anos em que 2-3 indivíduos invernam não faz desta espécie um invernante, não há dados suficientes para o classificar como tal.

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:Gaivota-de-bico-fino Larus genei - não sei bem como descrever o estatuto desta espécie, mas não é invernante

E porque não?

Porque há muito mais registos entre Abril e Setembro. Em particular, os registos envolvendo grandes bandos são todos neste período.
Os registos de Outono e de Inverno dizem geralmente respeito ao indivíduos isolados.

Lá porque uma espécie não nidifica, isso não implica que seja invernante

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:Maçarico-galego Numenius phaeopus - este é essencialmente um migrador de passagem, embora alguns invernantes fiquem por cá
Pilrito-de-bico-comprido Calidris ferruginea - sobretudo migrador de passagem, com alguns indivíduos invernantes
Pilrito-pequeno Calidris minuta - idem
Seixoeira Calidris canutus - idem

Todas tem populações invernantes, mesmo que pequenas em relação aos indivíduos migratórios

Bem, mas por essa lógica porque não incluir as espécies estivais que invernam, tipo águia-calçada, torcicolo, cegonha-branca e preta, garçote?
E as espécies que nidificam no norte mas invernam por todo o território, tipo dom-fafe?

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:Mergulhão-de-pescoço-preto / Cagarraz Podiceps nigricollis - já nidificou, mas ao contrário do abibe esse acontecimento parece ter sido excepcional
Perna-vermelha-comum Tringa totanus - nidifica em números reduzidos no Algarve e possivelmente no Tejo
Petinha-ribeirinha Anthus spinoletta - tem um casal nidificante em Trás-os-Montes

À dados recentes sobre a nidificação destas espécies, especialmente do Perna-vermelha?
.

Boa pergunta, vou ver se descubro alguma coisa.

Gonçalo Elias escreveu:
Porque há muito mais registos entre Abril e Setembro. Em particular, os registos envolvendo grandes bandos são todos neste período.
Os registos de Outono e de Inverno dizem geralmente respeito ao indivíduos isolados.
Lá porque uma espécie não nidifica, isso não implica que seja invernante  

Certo, sai a genei

Gonçalo Elias escreveu:
Bem, mas por essa lógica porque não incluir as espécies estivais que invernam, tipo águia-calçada, torcicolo, cegonha-branca e preta, garçote?

Humm, bem considerar a cegonha-branca uma estival é actualmente muito dúbio, mas entendo a lógica, tira-se portanto as espécies que são mais abundantes em passagem.

Mas repara no maçarico-galego

http://ebird.org/ebird/GuideMe?cmd=decisionPage&speciesCodes=whimbr&getLocations=countries&countries=PT&bYear=1900&eYear=2015&bMonth=1&eMonth=12&reportType=species&

Ele tem um pico na migração primaveril, mas depois mas tem apenas esse pico, é giro, mas sim, não tem o perfil de um invernante, mesmo porque tem registos durante todo o ano

Já o pilrito-pequeno tem um perfil de invernante

http://ebird.org/ebird/GuideMe?cmd=decisionPage&speciesCodes=litsti&getLocations=countries&countries=PT&bYear=1900&eYear=2015&bMonth=1&eMonth=12&reportType=species&

Gonçalo Elias escreveu:
Boa pergunta, vou ver se descubro alguma coisa.

Para o perna-vermelha, no eBird só há alguns possíveis por habitat apropriado no Algarve, mas as datas não são particularmente conclusivas.

No caso da petinha, tambem não há nada conclusivo, há registos em Abril em habitat apropriado, mas nada depois disso.

No mergulhão então nem sinal de nidificação.

No mergulhão há apenas um caso de nidificação perto de Montemor-o-Novo (não está no e-bird).

De qualquer forma, a ponto importante aqui é que temos dois ou três subconjuntos:

- espécies que são unicamente invernantes e nada mais (ex: tordo-ruivo)
- espécies que são principalmente invernantes, mas que podem nidificar em números muito reduzidos (ex: abibe)
- espécies que são sobretudo migradoras de passagem, mas que invernam em pequenos números (ex: maçarico-galego)

E depois tens casos de fronteira entre estas categorias (ex: pilrito-pequeno, mergulhão-de-pescoço-preto)

E depois tens o flamingo, que não se enquadra em categoria nenhuma

Gonçalo Elias escreveu:
E depois tens o flamingo, que não se enquadra em categoria nenhuma

Tens tantos casos de nidificação de flamingo como tens de mergulhão... vamos em quantos 1-3?

pedro121 escreveu:

Gonçalo Elias escreveu:
E depois tens o flamingo, que não se enquadra em categoria nenhuma

Tens tantos casos de nidificação de flamingo como tens de mergulhão... vamos em quantos 1-3?

Não é bem assim... de flamingo tens 2 casos, de mergulhão tens 1.

Acresce que o mergulhão aparece por cá no Inverno, o flamingo anda o ano todo...

Gonçalo Elias escreveu:
Não é bem assim... de flamingo tens 2 casos, de mergulhão tens 1.

Acresce que o mergulhão aparece por cá no Inverno, o flamingo anda o ano todo...

residente e nidificante ocasional? Agora a serio, o flamingo é daqueles que não se encaixa, a espécie é por natureza nómada só assenta para se reproduzir, e as deslocações que faz tem mais a ver com disponibilidade alimentar do que com estações do ano.

pedro121 escreveu:as deslocações que faz tem mais a ver com disponibilidade alimentar do que com estações do ano.

certo mas isso é verdade para uma data de espécies, fora da época dos ninhos têm movimentos erráticos em função da disponibilidade alimentar. O caso do flamingo é mais evidente, mas acontece com muitas outras espécies.

Gonçalo Elias escreveu:
certo mas isso é verdade para uma data de espécies, fora da época dos ninhos têm movimentos erráticos em função da disponibilidade alimentar. O caso do flamingo é mais evidente, mas acontece com muitas outras espécies.

Sim, mas o que torna a situação dos flamingos mais evidente é existir um grande numero de aves não reprodutoras que fica em Portugal durante a época de reprodução (vou assumir que se movem de um lado para o outro), é certo que isso acontece com outras espécies, gaivotas por exemplo, mas nos flamingos é mais evidente.

Olha! Um tópico com uma das listas que eu questionei ali ao lado!