Fuselo bate recorde
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Fuselo bate recorde
Fuselo bate recorde com voo épico de 11.500 quilómetros sobre o Pacífico
14.09.2007 - 15h27 Marta Ferreira dos Reis
Um fuselo fêmea (Limosa lapponica) percorreu 11 mil e quinhentos quilómetros em oito dias sem vir a terra uma única vez. É a primeira e única prova de que uma ave costeira, que só se alimenta em terra, pode voar uma distância tão grande e sem escala. Mas o registo do recorde mundial da E7, como lhe chamaram os investigadores, foi uma mera coincidência.
Não houve um treino especial. Calhou à E7 ser uma entre os quinze fuselos capturados em Fevereiro, na Nova Zelândia, e monitorizados via satélite por uma equipa do Centro de Ciência do Alasca, da USGS, agência geológica dos Estados Unidos, e da PRBO, uma organização para a protecção das aves. Os investigadores estão desde o início do ano a seguir e a documentar as rotas de espécies de aves costeiras, como fuselos e maçaricos, de forma a compreender melhor as estratégias de migração e uma possível propagação da gripe das aves.
“Sobre esse assunto ainda não há conclusões”, explicou ao PÚBLICO Michael Gauldin, da USGS, "mas é a primeira vez que há registos de uma distância assim, que pode até ser usual mas até aqui não era conhecido", acrescentou.
Uma verdadeira odisseia, dizem os investigadores acerca da viagem da E7. Para a ave não terão passado dos cerca de 29.000 quilómetros anuais em migração, em busca das terras para fazer o ninho no Alasca. A viagem foi registada ao pormenor. O fuselo levantou voo no dia 17 de Março, no norte da Nova Zelândia e voou sem parar até Yalu Jiang, China (10.080 quilómetros). Passadas cinco semanas de pausa seguiu pelo Mar do Japão e Pacífico norte, na direcção do Alasca, onde poisou no delta do rio Yukon-Kuskokwim, zona de nidificação da espécie (mais 7200 quilómetros).
Mas só no regresso aconteceria o “voo épico”, explica o comunicado da USGS. No dia 29 de Agosto, a E7 deixou o Alasca de manhã e empreendeu uma viagem de oito dias sobre o oceano Pacífico até à Nova Zelândia, onde aterrou no dia 7 Setembro depois de 11.500 quilómetros, perto do local onde tinha sido capturada para participar no estudo. Os sinais do transmissor instalado na pata da "E7" espantaram os investigadores, mas a velocidade constante registada ao longo do voo prova que a ave não parou uma única vez.
Se os 29 mil quilómetros forem a média anual da rota migratória para a espécie, os fuselos fazem cerca de 580 mil quilómetros ao longo dos seus 20 anos de vida.
Fuselos em Portugal
Em Portugal, a “Limosa lapponica” costuma ser vista em grupo no Inverno, ao longo da costa, sobretudo em sapais onde procura alimento e em maior número na Ria de Faro, no Estuário do Tejo e na Ria Formosa.
“Sabia-se de espécies migratórias com voos enormes, acredita-se que a ave que fazia a migração mais longa era a Gaivina do Ártico, que ia do pólo norte ao pólo sul”, disse Luís Costa, director executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), mas até há bem pouco tempo não eram conhecidos estes voos longos sem escala.
Segundo o especialista, é normal os fuselos, cujas rotas de migração de Portugal para o norte da Europa (onde vão nidificar) são conhecidas, pararem em zonas costeiras húmidas à procura de alimento.
Apesar de não ser uma espécie em perigo, o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) alertou no ano passado para ameaças à “Limosa lapponica” e para o aumento da mortalidade de espécie em território nacional com a pressão urbanística da zona litoral, o abandono da actividade salineira, a poluição da água e a instalação descuidada de linhas eléctricas e parques eólicos.
“Estes estudos de monitorização são importante pois permitem pôr os problemas das aves e da natureza a uma escala global. Podemos fazer trabalho no nosso território mas a conservação das aves implica protegê-las fora das fronteiras, ao longo das suas rotas migratórias”, disse Luís Costa sobre o projecto que está ser desenvolvido nos Estados Unidos.
“Em relação às relações com a gripe das aves é uma especulação. Está provado que a principal fonte de propagação desta doença é o comércio de aves domésticas e não a migração das espécies”, acrescentou.
(in Público ONLINE)
14.09.2007 - 15h27 Marta Ferreira dos Reis
Um fuselo fêmea (Limosa lapponica) percorreu 11 mil e quinhentos quilómetros em oito dias sem vir a terra uma única vez. É a primeira e única prova de que uma ave costeira, que só se alimenta em terra, pode voar uma distância tão grande e sem escala. Mas o registo do recorde mundial da E7, como lhe chamaram os investigadores, foi uma mera coincidência.
Não houve um treino especial. Calhou à E7 ser uma entre os quinze fuselos capturados em Fevereiro, na Nova Zelândia, e monitorizados via satélite por uma equipa do Centro de Ciência do Alasca, da USGS, agência geológica dos Estados Unidos, e da PRBO, uma organização para a protecção das aves. Os investigadores estão desde o início do ano a seguir e a documentar as rotas de espécies de aves costeiras, como fuselos e maçaricos, de forma a compreender melhor as estratégias de migração e uma possível propagação da gripe das aves.
“Sobre esse assunto ainda não há conclusões”, explicou ao PÚBLICO Michael Gauldin, da USGS, "mas é a primeira vez que há registos de uma distância assim, que pode até ser usual mas até aqui não era conhecido", acrescentou.
Uma verdadeira odisseia, dizem os investigadores acerca da viagem da E7. Para a ave não terão passado dos cerca de 29.000 quilómetros anuais em migração, em busca das terras para fazer o ninho no Alasca. A viagem foi registada ao pormenor. O fuselo levantou voo no dia 17 de Março, no norte da Nova Zelândia e voou sem parar até Yalu Jiang, China (10.080 quilómetros). Passadas cinco semanas de pausa seguiu pelo Mar do Japão e Pacífico norte, na direcção do Alasca, onde poisou no delta do rio Yukon-Kuskokwim, zona de nidificação da espécie (mais 7200 quilómetros).
Mas só no regresso aconteceria o “voo épico”, explica o comunicado da USGS. No dia 29 de Agosto, a E7 deixou o Alasca de manhã e empreendeu uma viagem de oito dias sobre o oceano Pacífico até à Nova Zelândia, onde aterrou no dia 7 Setembro depois de 11.500 quilómetros, perto do local onde tinha sido capturada para participar no estudo. Os sinais do transmissor instalado na pata da "E7" espantaram os investigadores, mas a velocidade constante registada ao longo do voo prova que a ave não parou uma única vez.
Se os 29 mil quilómetros forem a média anual da rota migratória para a espécie, os fuselos fazem cerca de 580 mil quilómetros ao longo dos seus 20 anos de vida.
Fuselos em Portugal
Em Portugal, a “Limosa lapponica” costuma ser vista em grupo no Inverno, ao longo da costa, sobretudo em sapais onde procura alimento e em maior número na Ria de Faro, no Estuário do Tejo e na Ria Formosa.
“Sabia-se de espécies migratórias com voos enormes, acredita-se que a ave que fazia a migração mais longa era a Gaivina do Ártico, que ia do pólo norte ao pólo sul”, disse Luís Costa, director executivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), mas até há bem pouco tempo não eram conhecidos estes voos longos sem escala.
Segundo o especialista, é normal os fuselos, cujas rotas de migração de Portugal para o norte da Europa (onde vão nidificar) são conhecidas, pararem em zonas costeiras húmidas à procura de alimento.
Apesar de não ser uma espécie em perigo, o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) alertou no ano passado para ameaças à “Limosa lapponica” e para o aumento da mortalidade de espécie em território nacional com a pressão urbanística da zona litoral, o abandono da actividade salineira, a poluição da água e a instalação descuidada de linhas eléctricas e parques eólicos.
“Estes estudos de monitorização são importante pois permitem pôr os problemas das aves e da natureza a uma escala global. Podemos fazer trabalho no nosso território mas a conservação das aves implica protegê-las fora das fronteiras, ao longo das suas rotas migratórias”, disse Luís Costa sobre o projecto que está ser desenvolvido nos Estados Unidos.
“Em relação às relações com a gripe das aves é uma especulação. Está provado que a principal fonte de propagação desta doença é o comércio de aves domésticas e não a migração das espécies”, acrescentou.
(in Público ONLINE)
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