Seres / espécies invasores ameaçam Portugal e Espanha

Seres / espécies invasores ameaçam Portugal e Espanha
07-12-2009
Fonte: agroportal.pt

Dezenas de cientistas portugueses e espanhóis identificaram no VI Congresso de Ornitologia as espécies exóticas invasoras como um dos maiores problemas ambientais e de ameaça à biodiversidade. Espécies introduzidas pelo Homem em ambientes naturais podem tornar-se pragas e colocar em risco a biodiversidade nacional. Este problema é ainda mais grave e notório nas ilhas de Açores e Madeira, onde algumas espécies, como o Priolo, estão ameaçadas de extinção.

As espécies introduzidas pelo Homem, quer de forma intencional quer por acidente, podem em circunstâncias particulares encontrar nos locais para onde são transportadas, condições excelentes para a sua multiplicação e desta forma rapidamente atingirem populações numerosas. Estas espécies que podem ser animais, como os ratos ou coelhos, plantas, como a acácia ou o chorão, ou insectos, podem-se tornar importantes pragas que podem provocar prejuízos para o Homem (por exemplo pragas agrícolas) ou colocar em causa a sobrevivência de espécies que apenas existem nas áreas onde foram introduzidas. A nível mundial a expansão de espécies exóticas é já considerada a segunda maior ameaça à Biodiversidade, e verifica-se que um numero cada vez maior de espécies de plantas e animais introduzidas pelo Homem se estão a tornar uma das maiores causas do desaparecimento de espécies, nomeadamente aves, muitas delas raras e únicas de locais muito específicos.

Um excelente exemplo dos prejuízos causados por espécies invasores são os efeitos das reintroduções de ratos e ratazanas em ilhas. Para além do impacto directo na qualidade de vida das populações humanas, pela destruição de culturas ou transmissão de doenças, os ratos provocam danos elevadíssimos em várias espécies de aves. Estes danos podem ser ao nível da predação de ovos e crias, mas também indirectamente através da eliminação de espécies vegetais importantes para algumas aves.

Algumas espécies de Aves que apenas existem em Portugal e Espanha estão actualmente em risco de desaparecer por causa de espécies exóticas. Esta situação esteve hoje em debate no Congresso Ibérico de Ornitologia a decorrer em Elvas sob a organização conjunta da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e da Sociedade Espanhola de Ornitologia. Segundo Luís Costa, director-executivo da SPEA, “o combate às espécies exóticas é das acções mais urgentes e importantes para evitar o desaparecimento de muitas espécies em Portugal e Espanha, principalmente nas ilhas”. A acção das espécies introduzidas sobre as aves pode ser de formas muito diferentes, Por exemplo, através da predação das próprias aves (ou ovos), por falta de alimento por desaparecimento de determinadas plantas causado pela expansão de espécies invasoras, ou devido a transmissão de doenças provenientes de outras áreas. A acção conjunta da SPEA com as autoridades regionais foi apontada como um exemplo de defesa da biodiversidade e uma luta pioneira e significativa no combate ao problema das espécies invasoras.

As ilhas pela sua menor dimensão territorial e por ser detentoras de uma vasta riqueza natural são das regiões mais afectadas por esta ameaça. Manuel Nogales, do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas, e um investigador de referência com base no Arquipélago das Canárias referiu que “aves como o Priolo dos Açores ou as aves marinhas das ilhas atlânticas são exemplos da urgência de actuação a nível ibérico”. A invasão de plantas introduzidas e a destruição de ninhos por ratos são as principais ameaças nestes casos. “Não investir na eliminação destas ameaças poderá

Gonçalo Elias escreveu:

Algumas espécies de Aves que apenas existem em Portugal e Espanha estão actualmente em risco de desaparecer por causa de espécies exóticas.

Boas, eles indicaram quais eram as especies de aves em risco de desaparecer e quais as exoticas responsaveis?

Olá Pedro,

Isso não sei. Só sei o que vem na notícia

Gonçalo Elias escreveu:Olá Pedro,

Isso não sei. Só sei o que vem na notícia

Ok, a noticia deixou-me curioso porque assim de repente não estou a ver nenhuma especie de ave portuguesa em risco de extinção devido as exoticas, não conheço a situação em Espanha, mas tambem não estou a ver nenhum caso de muito grave.

pedro121 escreveu:
Ok, a noticia deixou-me curioso porque assim de repente não estou a ver nenhuma especie de ave portuguesa em risco de extinção devido as exoticas, não conheço a situação em Espanha, mas tambem não estou a ver nenhum caso de muito grave.

Julgo que se pensarmos na destruição de habitats e de recursos alimentares pelo sobredesenvolvimento de certas espécies exóticas podemos assumir que venham a ocorrer quebras acentuadas nas populações de algumas aves.
Há várias plantas nativas que estão a regredir nos seus territórios naturais devido á expansão de exóticas invasoras (sistemas dunares carregados de austrálias e acacias (Acacia sp.) e de chorão-das-praias, galerias ribeirinhas com mimosas, lagoas e charcas com azola ou jacinto-de-água, etc.).
Também a nossa fauna autóctone de invertebrados aquáticos, alguns peixes e diversas espécies de anfíbios têm sofrido perdas consideráveis para o lagostim-americano, introduzido para fins sobretudo gastronómicos e que hoje é uma praga fora de controle.
A nível das aves estou a pensar sobretudo no jacinto-de-água que forma tapetes quase impenetráveis em muitas lagoas e charcas onde estas nidificam e se alimentam (problema muito frequente nas zonas humidas do litoral).
Na barrinha de Mira, por exemplo, há uma pequena braça na parte nascente que se encontra totaslmente coberta por esta espécie (o desenvolvimento de área livre de jacinto para a situação actual demorou 2 anos ) e nas áreas afectadas deixei de observar galinha-d'água, que observava anualmente (adultos e juvenis) nesse local.
Não acredito que uma exótica por si só possa conduzir à extinção de uma espécie autóctone. No entanto é irrefutável que os habitats nativos têm regredido bastante em função do desenvolvimento destas espécies.

Desculpem o testamento,

Abraço
Filipe

Boas Felipe.

Eu concordo com tudo o que escreveste mas eu li a noticia como sendo sobre espécies de AVES exóticas a porem em perigo as espécies de aves autóctones em Portugal, dai a minha estranheza, agora em termos de exóticas em termos gerais, penso que provavelmente todos estamos de acordo em como tem efeitos nefastos.

As aves exóticas que frequentam habitats como os caniçais, frequentemente ocupam os territórios ocupados pelas espécies paludícolas como os Acrocephalus sp. Na minha experiência de observação de aves, por várias vezes detectei espécies exóticas a expulsar de áreas de caniçal tanto Acrocephalus, como Passer sp. e mesmo Ixobrichus minutus.

Não faço ideia das abundâncias de espécies paludicolas de caniçais repletos de espécies exóticas como os Ploceus sp e os Euplectes sp, mas deduzo que sejam baixas.

Já ouvi, (sem confirmação até ao momento) que a presença dos Estrildas pode ter algo a ver com a diminuição das Emberiza schoeniclus lusitanica.

Penso que é provável que uma tese de doutoramento prevista para iniciar-se em 2010 exactamente dedicada a este assunto sobre o impacto das exóticas sobre as espécies "naturais", possa lançar alguma luz sobre este assunto

Abraço

Paulo

Boas!
Lembrei-me dos casos de hibridação de Pato-de-rabo-alçado com o Pato-de-rabo-alçado-americano em Espanha...


Abraço

pedro121 escreveu:Eu concordo com tudo o que escreveste mas eu li a noticia como sendo sobre espécies de AVES exóticas a porem em perigo as espécies de aves autóctones em Portugal

Pedro, eu faço exactamente a leitura oposta, vejo a notícia referir-se a tudo menos aves:

Estas espécies que podem ser animais, como os ratos ou coelhos, plantas, como a acácia ou o chorão, ou insectos, podem-se tornar importantes pragas que podem provocar prejuízos para o Homem (por exemplo pragas agrícolas) ou colocar em causa a sobrevivência de espécies que apenas existem nas áreas onde foram introduzidas.

Gonçalo Elias escreveu:

Pedro, eu faço exactamente a leitura oposta, vejo a notícia referir-se a tudo menos aves:

Pois, eu li muito por alto á primeira, numa segunda leitura concordo que não eram as aves exoticas o cerne do artigo.

Paulo Alves escreveu:Boas!
Lembrei-me dos casos de hibridação de Pato-de-rabo-alçado com o Pato-de-rabo-alçado-americano em Espanha...

Boas

Sim o caso dessa hibridação é muito conhecido, mas no entanto com a subida da população dos Pato-de-rabo-alçado o problema da hibridação diminui de importância, lembro que os híbridos em patos são comuns e não é por isso que as espécies que hibridizam facilmente (os zarros de uma maneira geral) extinguem-se, o problema com os patos de rabo alçado era que a população era diminuta e com o aumento da população americana era possível que a americana comprometesse a europeia, com o equilibrar da situação o risco diminui.

scirpaceus escreveu:Penso que é provável que uma tese de doutoramento prevista para iniciar-se em 2010 exactamente dedicada a este assunto sobre o impacto das exóticas sobre as espécies "naturais", possa lançar alguma luz sobre este assunto

Boas

Exelente, é um estudo que faz sem duvida falta.

scirpaceus escreveu:Já ouvi, (sem confirmação até ao momento) que a presença dos Estrildas pode ter algo a ver com a diminuição das Emberiza schoeniclus lusitanica.

Curioso, essa nunca tinha ouvido, mas eu pensava que as E. schoeniclus no resto da Europa tiveram uma diminuição em linha com as restantes espécies dependentes (ou parcialmente dependentes) dos sistemas agrícolas tradicionais, ou seja quando se deu a intensificação das praticas agrícolas ouve um crash populacional até aos níveis actuais, não seria portanto possível que a diminuição da população ibérica estivesse também ela ligada a modificação das praticas agrícolas nas zonas contíguas aos caniçais onde nidifica?

scirpaceus escreveu:
Não faço ideia das abundâncias de espécies paludicolas de caniçais repletos de espécies exóticas como os Ploceus sp e os Euplectes sp, mas deduzo que sejam baixas.

A questão dos Ploceus é sem duvida preocupante, para mim é bastante mais preocupante que a dos Euplectes, mas mesmo assim eu gostava de ver dados concretos, densidades das nativas em habitats similares com ou sem exóticas, e de preferência densidades no mesmo habitat antes e depois, e isto porque nos sítios onde acompanho minimamente a situação, o Paul de Tornada e a Barroca de Alva a situação não me parece completamente negra, no Paul de tornada os Ploceus parecem estar estáveis, podes andar lá um dia inteiro sem ver um, e as aves dos caniçais continuam lá, resta saber em que densidades, e mesmo na barroca que está completamente infestada continuo a ver scirpaceus a criar em territórios ocupados com euplectes e Ploceus, mas mais uma vez voltamos a ter o problema de saber em que densidades e com que sucesso, por isso acho que está mais que na hora de se fazer estudos para avaliar o real impacto dos tecelões.